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História O Outro Lado de Pan - A Gota D'água


Escrita por: VRB

Notas do Autor


Oii pessoal! Demorei um tempo pensando como ia escrever esse capítulo, por isso ele está mais longo. Escrevi tudo com muito carinho e espero que vocês tenham aproveitado a calmaria na história, porque agora a ação vai começar.
Desejo a todos uma boa leitura!
VRB

Capítulo 7 - A Gota D'água


Fanfic / Fanfiction O Outro Lado de Pan - A Gota D'água

A cerimônia ocorreu como o planejado. Tirando a supresa nas faces presentes ao verem o vestido de Vanessa. Mas quem ligava? Ela estava linda, radiante, e tinha um noivo amoroso e feliz ao seu lado. 

Como sempre, Diana conseguia azedar a doçura do momento. Seu olhar venenoso de inveja sobre minha irmã me fazia queimar em ira. A vontade era ir até ela e dizer umas boas verdades. Falar que ela não me enganava, que eu podia ver o fel oculto atrás daquelas íris de cor celeste. Eu queria desmascarar aquele lobo em pele de cordeiro, contudo me contive, eu não ia estragar o noivado de uma irmã tão amada.

Daniel e Sebastian conversavam algo e pareciam disputar quem lançava mais olhares sobre o decote nas costas do vestido da minha irmã. Eu me senti incomodada com aquilo, mais por causa do Daniel, já que Sabastian era previsível nesse quesito.

 Ao perceber minha vista emburrada, Daniel para com os olhares e cutuca o ser indiscreto ao seu lado. Ambos mudam o foco para mim. Mal, isso era mal. Eu pretendia passar a tarde desapercebida pela dupla, porém sentia algo diferente com os olhares de Daniel. Ele era tão bonito! Não  Katherine! Nem pense nisso! Mas, pensando bem, ele é primo por consideração. Quando a Tia Bianca se casou com o Tio Carlos, ele já tinha o Daniel e era viúvo. Não era de todo mal pensar em Daniel de um jeito diferente, mas era melhor evitar, ia ser estranho de qualquer modo. 

Desviamos os olhares rapidamente e Sebastian  passa a nos encarar de cara amarrada. Não entendemos. Ele apenas se afastou de Daniel e foi até meu pai, este conversava com meus tios. Após a atitude peculiar de Sebastian, Daniel veio em minha direção e começo a puchar assunto. Depois disso não paramos mais, passamos  o resto da tarde conversando. Ele era inteligente e contava histórias incríveis sobre suas aventuras nos negócios e sobre as novidades tecnocientíficas da época. Era muito bom conversar com alguém que não pensava em coisas fúteis o tempo todo.

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De noite, antes da janta, subo as escadas em direção ao meu quarto para me arrumar. Chegando ao topo sinto uma mão puxar meu braço com força. Era Diana. Ela estava com um olhar sério e os lábios também. 

- Preciso falar com você Katherine. É importante.

- Primeiro solte meu braço.

- Claro, desculpe, nem percebi que ainda o segurava.- diz forçando um sorriso amarelo.

- O que você quer falar comigo Diana?

- É sobre nossa relação como primas. Quero que a gente possa se dar bem, digo, nunca fomos muito próximas, mas quero mudar isso.

- Diana, não quero parecer grossa, mas não pretendo que a gente se torne grandes amigas. Estamos bem desse jeito. Cada uma no seu espaço. Se não somos próximas hoje, é graças a ações suas do passado, você sabe disso. - ela me analisa mantendo a expressão séria, parecia frustada e impaciente.

- Ai Kate! Eu sei que tenho minha parcela de culpa, mas você também nunca foi a melhor prima do mundo. Sempre ficava sozinha em um canto, calada, nunca aceitava brincar comigo e com o Sebastian. Só falava com o Daniel!

- Eu tive minhas razões pra me manter afastada de vocês, e pelo que eu me lembro, eu não fazia falta nas brincadeiras de vocês. 

- Tudo bem. Vamos esquecer o passado. Eu quero ser sua amiga, ou pelo menos ter um relacionamento melhor com você. Pucha Kate, você é minha prima!

Falou fazendo cara de mansa. Ela achava que eu era boba? Não podia me enganar! Ninguém muda tanto.

- Apenas me trate com respeito, e farei o mesmo com você. É só isso que eu quero de você Diana.

Percebendo que eu não cederia facilmente, fica evidente a raivaem sua face. Prevendo uma reação ruim dela, continuo seguindo reto pelo corredor em direção ao meu quarto. Então a voz dela me impede de continuar, novamente.

- Você nunca foi uma menina boazinha, não é mesmo Katherine? A culpa de tudo é sempre S-U-A.

Termina com aquelas palavras amargas. As mesmas ditas a mim na infância. Ela tinha um tom calmo, extremamente irritante. Me viro pra ela e vejo o brilho cruel nos seus olhos, me relembrando o episódio da boneca. A cena se resumiu em minha cabeça e me continha para não avançar meus dedos naqueles cabelos loiros cacheados.

- O que você disse? - respondi entre dentes.

- Que a culpa é sempre sua. Quando meus planos dão errado é sempre por sua causa. Eu até tentei ser simpática, mas você continua a mesma tola de sempre.

- Eu sabia que você não tinha mudado! Sua falsa! Achou mesmo que eu ia cair na sua conversa de boa moça?

- Se fosse tão esperta quanto pensa, teria ao menos fingido acreditar. Como pretende unir as nossas famílias sem ter meu apoio?

- Não estou entendendo, do que você está falando?

- Do seu casamento querida! Do que mais seria? Sebastian está animado. Não sei o que ele viu em você, mas te acha bonita e além disso seu pai tem contatos com pessoas muito influentes que podem ajudar nos negócios da minha família.

- Sebastian? Não vou me casar com ele! Ele é meu primo! E não quero me casar agora.

- Realmente fala sério? Acha que eu fui a primeira a aprovar essa união? Mas francamente, pode ser vantagioso para todos. Pretende desistir agora, inventando pretextos?

- Como vou desistir de algo que nem teve início! Estás louca!? Da onde tirou essa ideia!

Ela me olha surpresa, então compreende o que acabara de acontecer e começa a rir da situação. Despeja todo o seu fel com desdém e ar de superioridade

- Sua mãe não te contou, não é! Hahaha Tem que ser muito tonta pra própria mãe esconder algo assim da filha!

- O que você está insinuando!?

- Nossa que cômico! Querida prima, você pode até estar certa em relação ao meu temperamento, nunca vou mudar totalmente, mas ao menos, isso te serve de algo. Sempre fui uma pessoa sincera, e agora, irás saber através de mim, a pessoa que menos tem contato, a verdade. Pois bem, nossos pais querem juntar as famílias com um casamento entre você e meu irmão. Isso já era cogitado a tempos, mas resolveram fazer um teste com o noivado da sua irmã, pra ver se ambos se davam bem. Ao que tudo indicava, até agora tudo ocorria bem... Até agora hahaha

Ela se perdia em risos, saiu entrando em seu quarto e me deixou sozinha e perplexa dentro do escuro corredor. Eu estava abismada demais para me mover ou retrucar algo. Meu próprio casamento e nem eu sabia, pior, não sabia nem quem era o noivo. Corri para dentro do meu quarto, tranquei a porta, me joguei na cama e comecei a chorar. 

Como aquilo estava acontecendo? Fazia meses que eu não chorava por causa da barreira que a própria Diana causara e agora a mesma conseguia ultrapassar esses muros erguidos. Meses guardados e sendo sufocados dentro do meu peito, meses de raiva, injustiça e enganação sendo transbordados e escorridos em minha face.

Por que me esconderam? Por que Vanessa não me disse nada!? Por quanto tempo pretendiam me enrolar, continuar com aquilo? Quando iriam parar de tentar controlar minha vida como se estivessem controlando um fantoche? Eram tantas dúvidas e incertezas, tanta dor, tanto sentimento guardado e misturado. Ódio,  mágoa, decepção e enganação. Me sentia traída e queria sumir daquele lugar, sumir daquela vida. Ter recebido a notícia por Diana,  piorava tudo. Eu queria ir embora.

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Durante a janta permaneci em silêncio. Diana me olhava de relance com uma malícia escondida. Aquela situação me fazia sentir náuseas  e a intensidade do sabor ácido da bebiba era mais perceptível. O líquido escorria queimando em minha garganta. Eu podia sentir o amargo amarrando minha boca e o doce da uva muito sutil, quase inesistente. 

Daniel me olhava e o calor do vinho subia para minhas bochechas, mas quando Sebastian me olhava, eu só conseguia sentir meu estômago recebendo o impacto do álcool. A bile trabalhava e a sensação era de pedras rasgando a glute a cada pedaço de carne ingerido, depois atirados contra o ácido estomacal, era a revolta, nojo e repúdio sendo manifestado do meu âmago. Encarar minha mãe era pior. Ela mal desfarçava a felicidade quando Sebastian tentava puchar assunto comigo. Era horrível perceber que estava sendo controlada novamente.

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Os dias se passaram e eu evitava falar com meus pais e até mesmo com Vanessa. Estava braba demais pra falar qualquer coisa com eles. Minha compania nos últimos dois dias foi Daniel, que se mostrou uma pessoa adorável, apesar de as vezes discordamos em pontos, como a necessidade de uma maior participação da mulher em assuntos políticos e sociais.

Quando todos foram embora, Sebastian disse que ia me escrever e Daniel também disse o mesmo. Mamãe foi atenciosa com todos e Diana apenas se despediu.

Naquela noite minha irmã se mudou pra casa de Edgar Ryan. Os pais dele achavam que Vanessa devia se adequar a rotina dos Ryan's, então ela se mudou pra lá e eu me mudei pro quarto dela, ou pelo menos deveria. Era estranho dormir no quarto de Vanessa. Me sentia invadindo o espaço dela, então convenci meus pais a usar o quarto só depois de completar de desesseis anos, ou seja, em breve.

Duas semanas depois minha mãe  resolveu abrir o jogo em relação a Sebastian. Eu não concordava em fazer parte daquele plano nojento, só pra melhorar os negócios da família. Fui contra meus pais, que ficaram decepcionados comigo, principalmente papai, ele havia gostado muito de Sebastian, não sei como. Eles não desistiram da ideia, e me deram um prazo pra pensar no assunto e encontrar causas justificáveis para não assumir o compromisso. Eu tinha duas opções. Arranjar um noivo melhor, ou, aceitar Sebastian.

Eu tentei contestar, mas meus pais foram taxativos e não havia mais o que fazer. Me sentia presa nas conveniências novamente.

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No dia do meu aniversário de dezesseis anos, não fizemos nenhuma comemoração grandiosa, apenas um chá da tarde, com bolo e salgados para os mais íntimos.

Voltei a falar com Vanessa, pois fiquei sabendo, tardiamente, que ela não sabia da história do noivado com Sebastian. Minha mãe ao perceber meu afastamento, tentou se reaproximar me dando um delicado relicário de presente. Ela disse que o objeto era muito estimado por ela e que a antiga dona tinha uma personalidade forte como a minha, não podendo dar aquela jóia a ninguém mais merecedora que eu. Eu adorei o colar! Era encantador! Uma peça de ouro em formato de coração, com o uma rosa vermelha esculpida por cima. Tentei abrir, mas estava emperrado, então achei melhor não forçar e tentar novamente mais tarde.

Na noite do meu aniversário passei para o quarto de Vanessa definitivamente. 

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 Na tarde do outro dia, tive uma pequena discussão com meu pai, que me precionou por respostas em relação ao meu noivado. Eu rearfimei minha opinião sobre o assunto e disse que nossa família tinha outros meios de se fortalecer e ganhar prestígio, sem recorrer a uma união indesejada. Meu pai, sem paciência para me ouvir, disse que a única solução para mim era através de um bom casamento. Eu discordei e disse que podia mostrar meu valor com um trabalho digno. Quase apanhei quando propus minha ideia. Meu pai ficou completamente exaltado e disse palavras rudes como, "Você está louca! Perdeu o juízo!", "Quer passar a vida envergonhando sua família e sendo mal falada!", ou pior, "Onde foi que eu errei para ter uma filha que pensa como um homem."

As palavras machucaram e eu tive a certeza que Londres não era o lugar certo para eu conseguir minha autonomia e mostrar meu valor. A sociedade era preconceituosa e vivia uma constante contradição entre desenvolvimento tecnológico e atraso de ideais morais.

Eu tinha que ir embora de lá para provar que estava certa e se não quisesse casar com qualquer um. Só estava esperando a oportunidade certa. Aquela tinha sido a gota d' água.

 

 


Notas Finais


Meus queridos leitores. Sei que demorei pra escrever dessa vez, mas tinha muitos detalhes da fanfic que precisavam ser acertados e decididos. Resolvi só retornar quando todos já estivessem resolvidos e consegui.
Esse foi o último capítulo antes do Peter. No próximo, o Pan já vai aparecer pra mudar o rumo dessa história.
Abraços VRB


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