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História O Pacto - Nem tão gorda assim


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 12 - Nem tão gorda assim


Ele estava deitado em sua cama lendo uma revista quando ouviu alguém batendo na janela do seu quarto.

 

- Mônica? Magali? Por que não bateram a campainha?

- Tá cheio de repórter, fãs e paparazzi na porta da frente, credo! Como é que você agüenta? – Mônica respondeu pulando a janela, sendo seguida por Magali. – tá aqui o álbum que você pediu.

 

Por pouco Melina não deu um grito de raiva ao ver aquelas duas dentro do quarto, local que tinha se tornado o seu território. Xaveco pegou o álbum e começou a folhear, olhando bem as fotos.

 

(Magali) – O que você tá procurando?

- Sabe, eu tive uma idéia pra ajudar a Maria e pra isso vou precisar de uma foto dela. Acho que essa aqui tá boa. Acha que ela vai reconhecer?

 

Ele mostrou uma foto de Maria usando um biquíni. A foto tinha sido tirada na praia, em um feriado prolongado e ela saia sozinha na foto tendo o céu e o mar ao fundo.

 

(Mônica) – É claro que ela vai reconhecer, né? A foto é dela!

- Eu vou tampar o rosto dela.

(Magali) – Pra quê?

- Quero que ela veja o quanto está magra. Vou ver se dou um jeito de cobrir o biquíni também. Ainda bem que o cabelo dela está preso, vai ficar mais fácil. Posso pegar a foto emprestada? Depois devolvo.

(Mônica) – Pode. Só toma cuidado pra não arrumar mais encrenca pra Maria, tá? Ela já tá sofrendo muito na escola porque as meninas tão virando a cara pra ela.

- Eu sei, caramba! Não sei o que tá dando no pessoal pra ficar desse jeito! Será que todo mundo endoidou?

(Magali) – Tá parecendo, viu? As meninas nunca foram daquele jeito, nem a Denise! Credo, parece até feitiço!

 

Magali tinha falado por falar, sem nenhuma segunda intenção em suas palavras. No entanto, Xaveco sentiu uma coisa ruim no estomago ao ouvir aquilo e ficou pensando se aquela loucura toda não era por causa do encanto da moeda. Talvez ele tivesse ficado tão popular, tão amado que as pessoas devem ter perdido o juízo.

 

Se pudesse, Melina teria expulsado aquelas duas a pontapés. Era para evitar aquilo que ela tentava afastá-lo dos amigos. Se ele saísse do seu controle, todos os seus planos iriam por água abaixo. Para sua sorte, elas não pretendiam se demorar muito na casa dele e foram embora minutos depois.

 

- Querido, por que você perde tempo com essa garota?

- Porque ela é minha amiga e eu quero ajudá-la!

- Só ajudamos quem quer ser ajudado e ela não parece querer nenhuma ajuda!

- Ela não quer porque ainda não viu que tá com um problema. A Maria tá muito mal e eu não vou deixar barato.

- Por favor...

- Ô Melina, eu sei que você tá fazendo muita coisa pra mim e tals, mas não fica me tratando como criança não, valeu? Eu tô de boa!

 

Ela teve que se controlar muito para não explodir de raiva e sua vontade foi de sugar de uma vez tudo o que ele tinha e acabar logo com aquilo. No entanto, se fizesse aquilo poderia acabar com toda a diversão e ela decidiu que ia jogar sujo. Se aquele moleque pensava que ia passá-la para trás, ele estava muito enganado!

 

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- Então vocês foram até a casa do Xaveco? E entraram no quarto dele?

- Ai, Cebola, não começa!

- E se eu fosse na casa da Irene e entrasse no quarto dela?

- Blé, seu bobo! Isso não funciona mais. Esqueceu que eu fiz as pazes com ela?

- Pindalolas! – antes, era fácil fazer ciúmes na Mônica com a Irene. Com as duas sendo amigas, aquilo não era mais possível. Naquele dia o plano parecia perfeito, mas como sempre o tiro acabou saindo pela culatra.

- Fica assim não! A gente só foi lá porque o Xaveco quer ajudar a Maria, só isso! fizemos isso por ela.

 

Ele pareceu se acalmar.

 

- Se for assim. Eu não sabia que ele ainda se preocupava com alguém além dele.

(Magali) – Claro que ele preocupa! O Xaveco nunca foi egoísta.

(Cebola) – Ah, tá! Só mesmo quando não quis deixar a gente tocar no show dele. Aquilo não foi nada egoísta, né?

(Mônica) – Aff, tem hora que você me estressa, viu?

 

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Ele teve muito trabalho para despistar a Denise, que naquele dia tinha cismado em ficar grudada no seu pé. Era impressionante como ela não acreditava em nada do que ele dizia e fazia perguntas e mais perguntas. Pior foi sua teimosia, se recusando em deixá-lo sair sozinho. Ainda foi preciso um cuidado extra para não ser seguido por ela, que era especialista em andar atrás dos outros sem ser vista.

 

Os dois estavam no parquinho, onde a turma costumava se encontrar para brincar na infância. Havia ali um lugar cercado por arvores e arbustos onde eles poderiam conversar sossegados. Apesar de não ter a intenção de fazer nada de errado, Xaveco tentou tomar todas as precauções para não piorar ainda mais as coisas para Maria, que ainda estava tendo alguns problemas com as amigas na escola.

 

- E aí, porque você me chamou?

- É que eu quero te mostrar uma coisa. Olha só!

- O que é isso? – ela perguntou pegando a foto e examinando sem entender nada. A garota da foto estava com o rosto escondido e também havia pedacinhos de papel escondendo o biquíni. Ou será que ela estava sem roupa?

- O que você acha do corpo dessa garota?

- Hã? Por acaso você tá gostando dela?

- Não, nada disso! Só quero saber o que você acha do corpo dela!

 

Ela voltou a olhar a foto e sentiu grande inveja daquele corpo magro e bonito. A barriga era perfeitamente reta, sem uma grama de gordura e aquele corpo seria perfeito para desfilar nas passarelas vestindo a roupa de algum estilista famoso.

 

- É lindo, perfeito!

- Você acha?

- Claro! É até mais bonito que o corpo da Magali! Nossa, se eu tivesse um corpo assim, estaria desfilando a um tempão. Que inveja!

- Então você gostaria de ter esse corpo?

- E muito, nossa! É por isso que eu faço tanto regime e exercício, mas acho que nunca vou ficar tão magra e bonita assim...

- Tem certeza?

- Absoluta!

 

Ele deu um sorriso enigmático e falou.

 

- Tira o papelzinho que cobre o rosto dela.

- Pra que tudo isso? Você quer me motivar ou me matar de inveja?

- Tira o papelzinho que você vai entender. Pode tirar os do biquíni também.

 

Maria fez como ele falou e quase caiu para trás ao ver quem era a pessoa daquela foto.

 

- Não! Não pode ser! Isso só pode ser brincadeira! É montagem, não é?

- Não, Maria. Você pode ver que essa foto não teve edição nenhuma. Foi a Mônica que me deu do álbum dela e acho que é bem recente.

- Mentira! – ela gritou com o corpo tremendo. – Eu não sou magra desse jeito! pensando bem... agora estou vendo como a barriga é enorme, as coxas são muito...

- Ô Maria, para com isso agora mesmo! Antes de saber quem é a garota da foto, você ficou babando de inveja e até queria ter um corpo igual.

- Mas eu não sabia que a garota da foto sou eu!

- Exato! Quando pensou que era outra garota, ficou com inveja. Mas quando viu que é você, agora tá pondo um monte de defeito que não existe! Não acha que tem alguma coisa errada aí!

 

Sua cabeça começou a dar voltas e de repente seu mundo pareceu ter virado de cabeça para baixo. Uma parte dela dizia que o Xaveco tinha razão. Quando ela não sabia quem era a garota, achou o corpo bonito. Então por que tudo mudou quando ela descobriu que era uma foto sua? Foi como se a imagem tivesse inchado diante dos seus olhos.

 

- Xaveco, eu não tô entendendo nada!

- Acontece que você tem uma imagem distorcida do seu corpo, é isso! Você não tá se vendo como realmente é. Toda essa gordura que você diz ter não passa de imaginação sua.

- Claro que não é imaginação! É muito real!

- Então porque antes de saber que a foto é sua, você achou esse corpo bonito?

 

Ela não soube responder e começou a chorar, insistindo que estava mesmo gorda e que tudo aquilo era um engano. Após alguns minutos de negação, ela voltou a olhar para sua foto com os olhos cheios de água.

 

- Você acha mesmo que eu tô imaginando coisas? Não faz sentido! Se eu tô tão magra assim, então porque ninguém me aceita nas agencias de modelos?

- Exatamente porque você tá magra demais, é isso! Até meu empresário já notou!

- O Moreira? Sério que ele falou de mim?

- Olha, eu não quero te deixar triste, mas outro dia tentei convencer ele a deixar você participar do meu próximo clipe.

- E ele não deixou, não é? Vai ver achou que eu sou uma baleia!

- Não deixou porque falou que você é magra demais. Você não se alimenta direito e tá com cara de doente, é isso!

 

Aquilo foi um choque para ela, que até então não via nada de errado em sua aparência além dos excessos imaginários de gordura.

 

- Acha mesmo que eu tô com cara de doente?

- Tem um espelho aí?

 

Ela tirou do bolso um espelhinho para maquiagem e olhou seu reflexo.

 

- Olha só essas olheiras! E essa palidez!

- Eu...

- Maria, você tá parecendo um retrato preto e branco!

- Você também está muito pálido e ninguém fala nada!

- Sei disso, mas o meu caso não é falta de comida porque eu como muito bem!

- Eu também como...

- Não come não! Viver de água e alface não é comer bem nem aqui nem na China! Olha, tá na hora de você buscar ajuda, fazer alguma coisa, sei lá! Se não fizer nada, vai acabar ficando doente.

- Eu... eu...

 

De repente, ambos ouviram som de passos e vozes vindo de longe.

 

- Eu vi ele vindo nessa direção.

- Ai, que fofo! Eu quero dar um beijo nele!

- E eu quero uma mecha do cabelo!

 

“Essa não! Se elas verem a Maria comigo, vão dar uma surra nela!”

 

Melina sorria maldosamente ao ver que aquilo estava dando certo. Se dependesse dela, Xaveco sempre seria encontrado por uma multidão de fãs. Não adiantava se esconder.

 

- Xaveco, eu tô com medo!

- Fica aqui que eu vou distrair a atenção delas, depois você vai embora.

- Tá bom.

- E Maria, pensa no que eu falei viu?

 

Ele saiu dali rapidamente e logo foi notado pelas fãs que correram em disparada atrás dele. Quando tudo ficou calmo, Maria saiu do seu esconderijo e saiu dali o mais rápido possível ainda segurando a sua foto. Seria mesmo verdade que ela estava tão magra assim? Era tão estranho!

 

Mesmo que aquilo fosse verdade, mesmo que ela estivesse realmente magra, ainda assim ela pensou que não ia conseguir comer direito. Se ela estava magra, era bom, mas se comesse poderia engordar!

 

“Não, eu preciso resistir! Posso até estar magra, mas preciso manter meu peso sob controle para não engordar mais.”

 

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Quando conseguiu despistar aquele grupo, ele se deparou com outro, e mais outro. Uma garota veio até ele tentando lhe dar um beijo e ele a empurrou. Ela caiu sentada no chão e ele logo se arrependeu.

 

- Poxa, foi mal!

- Sua vaca, como você pode ir pra cima do Xaveco desse jeito? – outra garota gritou, sendo apoiada pelas outras.

- Desculpa, Xaveco! Eu não queria ofender!

- Quê? Peraí, também não é assim não!

- Ofendeu sim, ela ofendeu o Xaveco! – as outras gritaram.

 

Apavorado, ele ajudou a menina a se levantar para que ela pudesse sair correndo dali. Ao ver que ela tinha escapado, ele também deu um jeito de sair correndo e foi com muito custo que ele conseguiu chegar em casa e mesmo assim uma pequena multidão se formou em sua porta, levando cartazes e gritando pelo seu nome. Sua mãe teve muita dificuldade para entrar na própria casa e foi assediada por repórteres e fãs malucas que queriam a todo custo ser a sua nora.

 

Quando alcançou a porta, ainda teve que expulsar dali a Denise que esmurrava a porta feito doida.

 

- Xaveco, abre! Eu sou sua namorada, você tem que me deixar entrar!

- Deixa o meu filho em paz, você tá doida!

- Ele é meu namorado. Xaveco, eu te amoooo!!!

 

Dentro do seu quarto, ele deitou-se na cama e cobriu a cabeça com um travesseiro tentando não ouvir os gritos que vinham do lado de fora. Pela primeira vez em muito tempo, ele desejou ser novamente o rapaz ignorado por todos. Ao menos naquela época ele tinha algum sossego. Toda aquela atenção o estava sufocando.


Notas Finais


Bom, eu sei que não é meu costume postar dois capítulos de uma vez, mas acontece que no início desse ano eu comecei uma fanfic que foi programada para ser publicada por volta da segunda metade de outubro e tem que ser mais ou menos nessa época pra fazer sentido.


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