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História O Paraíso que Espere - De Frente com o Herege


Escrita por: vixen

Notas do Autor


Bem vindos a mais uma fanfic! Essa é uma fic yaoi do James e Kirk, um casal que nunca havia escrito antes. Aproveitem, critiquem e comentem, se puder!
Boa leitura!

Capítulo 1 - De Frente com o Herege


Fanfic / Fanfiction O Paraíso que Espere - De Frente com o Herege

- Acorde, Kirk. – disse Padre Joseph, demonstrando irritação em plena manhã. – Hoje teremos visita.

- Visita? Mas hoje é quarta-feira, Padre Joseph.

- Não questione, apenas levante.

 

O moreno não questionou, sabia que qualquer discussão com o padre superior era inútil. O padre vencia-o pela experiência na arte da ignorância, além de ser o mais velho. E do mesmo modo, Kirk ainda detinha o respeito por ele.

Saiu da cama cansado, a noite passada não havia sido das melhores. Estava estudando o suficiente para mostrar aos superiores que merecia continuar ali com a força de sua convicção. Todo o ano ele tinha que mostrar aos padres como Joseph como ele era aplicado nas lições ensinadas, principalmente nas aulas de teologia prática, que eram as principais. Kirk achava que a pior parte de tudo aquilo era ter que dar aula aos pequenos, mas a timidez foi um medo que ele esqueceu há alguns anos.

Escovou os dentes e arrumou os cabelos, além de por a velha batina. Kirk odiava aquela roupa, achava que os padres poderiam usar outros trajes sem serem tão chamativos como aquele roupão preto com detalhes brancos. Tentou explicar o seu lado para o padre Joseph, mas foi ridicularizado pelos mais velhos, além de castigado. Que mal havia em perguntar o ‘porquê’ daquela roupa quente? Desceu as escadas e prendeu o cabelo. Jurou com os dois joelhos que quando se formar, iria corta-los por completo, como o do padre superior. Por que jurou algo tão insignificante? Nem ele sabia. Uma vez, durante a aula, um dos professores perguntou por que ele ainda deixava os cabelos crescerem, e Kirk tinha a resposta na ponta da língua, quando foi cortado pela onda de zombarias do professor. Prometeu que iria cortar.

Chegando no primeiro andar na igreja, se deparou com a presença de algumas pessoas estranhas. Estavam lá um casal de loiros, conversando com o padre Joseph em frente ao altar: um casal diferente, pensou Kirk. Um casal que lembrava ele antes de entrar para a igreja e se entregar de corpo e alma ao seu espirito. Sentou-se ao lado do padre superior e fitou o casal de cima-a-baixo, com cautela. A moça estava com uma camisa social azul, era um pouco acima do peso, sendo menor que o homem ao seu lado. Era loira de olhos azuis e um rosto parcialmente cheio, além das maças do rosto serem enormes e avermelhadas. Kirk olhou para frente, fitando aquele homem ao lado da mulher. Era loiro, de olhos azuis e mais alto que a moça. O cabelo longo lhe chamou a atenção, pois há anos não via alguém assim já que praticamente já ‘morava’ e ficava dentro da igreja. Observou suas vestimentas e percebeu de que se tratava de um punk de rua, malvestido e de aparência rude, além de não ter postura alguma ao se sentar.

 

- Este é o nosso diácono – apresenta padre Joseph, apontando para Kirk, ao seu lado. – Ele nos ajudará com os preparativos da cerimônia.

- Cerimônia? – pergunta o garoto para o padre.

- Teremos um casamento aqui nesta sexta-feira.

- E tudo ocorrerá nos devidos detalhes, como planejamos? – perguntou a mulher, demonstrando interesse.

 

Assustou-se de primeira, mas ignorou, Kirk não estava se importando tanto com a festa. Já havia ido em muitos casamentos nessa vida como um simples convidado. Sentia que devia se preparar, pois desta vez iria à um casamento como um líder da igreja, e não como um amigo do casal.

Olhou novamente para o loiro desengonçado com as calças rasgadas na parte dos joelhos, típico. Que pessoa tem coragem de vestir-se assim para ir à uma igreja? Isso é uma coisa que Kirk questionou em seguida. A verdade é que aquele homem não parecia estar muito interessado na conversa do Padre Joseph com a mulher. Seu olhar estava voltado para o outro lado da igreja, onde algumas estatuas de mármore e janelas cristalizadas iluminavam a capela. O garoto não tirou os olhos daquela personificação da rebeldia. Ele, de alguma forma, lhe chamava a atenção. Muito provável seria a forma rude com que se portava, ou porque lembrava como ele tentou ser no passado.

 

- Começaremos os preparativos amanhã, certo? – pergunta o padre.

- Com certeza! – a mulher assentiu, animada.

 

Padre Joseph tirou uma caneta e um pequeno papel dos bolsos e começou a escrever algo, além de perguntar-lhes:

 

- Serão quantas pessoas?

- Serão... bem... trinta e três famílias, totalizando cento e quinze pessoas. – respondeu a mulher, fazendo as contas.

- Como é o nome do casal?

- Deanna e Andrew.

 

Kirk então adivinhou que o nome daquele loiro misterioso era Andrew e, ao olha-lo, percebeu que o mesmo fitava-o como havia feito há minutos atrás. O moreno corou. Odiava essa sensação de estar sendo observado por alguém – principalmente quando essa pessoa está a menos de três metros.

 

- Deanna e Andrew, dia dezenove de setembro de mil novecentos de oitenta e seis. - disse o Padre Joseph, enquanto escrevia no papel. – Que horas começará a cerimônia?

- Os convidados vão chegar às três e a cerimonia começa às quatro e meia. – a garota respondeu.

- Ótimo. Então, vocês irão deixar os preparativos e a decoração aqui na igreja para que o casamento se realize depois de amanhã, correto?

- Correto.

 

Kirk se sentia deslocado naquele local. Não entendeu o porquê sua presença naquela discussão era necessária. O Padre Joseph tomava as rédeas de tudo, sem precisar de sua ajuda. O garoto imaginou que essa era mais uma das lições que o padre queria lhe dar. Teria de ficar ali e ouvir a conversa chata sobre um casamento estranho. Estranho porque aquele homem não parecia estar preparado para se casar, muito menos combinava com a noiva. Ele parecia estar tão desligado com o assunto que não abriu a boca uma vez, e sequer prestava atenção no que o padre dizia.

 

- Terá ensaio? – perguntou o padre, cortando os seus pensamentos.

- Acredito que amanhã iremos ensaiar. – respondeu a garota.

- Então teremos que acertar alguns detalhes do local.

 

Padre Joseph, ao dizer isso, levantou-se e a mulher foi junto a ele, afim de mostrar-lhe algumas partes da igreja para que sejam vistas. O padre deixou-o próximo daquele homem quieto e rude, além de introvertido. Ambos pareciam ser tímidos, mas o loiro não era. Aquele moço tinha um aspecto diferente, um aspecto que não via há anos trancado naquele convento.

 

- Você é padre? – perguntou o homem, virando-se lentamente e revelando sua voz bruta.

- Ainda não. – respondeu Kirk, nervoso com a pergunta, avermelhando seu rosto imediatamente. – Sou diácono.

 

Aquele homem balançou a cabeça, entendendo o que havia escutado. Kirk não compreendeu o porquê da pergunta, e evitou continuar com outras. O loiro cruzou os braços e permaneceu a fitar as estátuas de mármore do outro lado da capela, abrindo suas pernas e demonstrando a sua falta de respeito em um lugar sagrado.

Em alguns momentos, Kirk vira aqueles olhos azuis observando os seus, como se fossem mais interessantes que os santos no local. Como se sentir bem deste jeito? A ansiedade do moreno voltava à tona. Por que ele estava fazendo isso?

 

- Por que você amarra os cabelos? – pergunta ele, novamente, apontando para a sua cabeça.

- Bem... são normas... – respondeu Kirk, envergonhado.

- Jesus tinha os cabelos soltos. Por que vocês não?

 

Aquelas indagações eram típicas de ateístas hereges. O padre superior havia lhe comentado sobre isso em sua última aula pratica. O moreno corou profundamente, sem saber o que dizer. Balançou a cabeça e deu os ombros para esta pergunta que pareceu ser pessoal.

 

- Desculpe as minhas curiosidades estranhas. Faz muito tempo que não piso em uma igreja e tinha me esquecido como era.

- Por que largou? – perguntou Kirk, tentando tomar iniciativa.

- Porque percebi que isso não coisa para mim.

- E acredita em alguma coisa hoje em dia?

- Bem... ando fazendo muita coisa ultimamente que me faz acreditar.

 

Kirk entendeu o que aquele homem misterioso disse. Acabou se tornando uma das pessoas mais estranhas que havia cruzado o seu caminho. Além de não ter muita educação, era debochado e com um perfil totalmente ateísta, flertando com aquilo que o Padre Joseph chamava de ‘profano’.

O garoto logo compreendeu que estava frente-a-frente com alguém que devia beber, fumar, usar drogas e se render à desejos impuros, como um idólatra, dada às roupas que estava vestindo. O homem tirou sua jaqueta de couro e deixou-a em seu colo, revelando uma regata branca com ‘Misfits’ escrito em preto na frente. Ele era bronzeado, com braços parcialmente fortes e não muito largos. Aquilo tomou a atenção do filipino, que ficou paralisado com o físico dele. Percebeu que há anos não tirava um tempo para cuidar de sua aparência, coisa que aquele loiro devia fazer com frequência. “Ele curte o estilo de música pecaminoso” pensou.

Olhou para os lados e lá estava Padre Joseph acompanhado da loira baixinha, voltando a senta-se onde estavam.

 

- Está tudo combinado? – pergunta o padre, apertando as mãos daquela moça.

- Com certeza! Amanhã estaremos de volta.

 

O loiro a sua frente levantou-se, pegando sua jaqueta e segurando-a em seguida. Kirk fez o mesmo, permanecendo ao lado do padre superior, esperando a despedida. Ambos estenderam suas mãos em um gesto amistoso de respeito. Aquele homem estendeu seu braço direito para Kirk, que correspondeu, sorrindo simpaticamente, como sempre fizera. Percebeu que os braços dele eram mais torneados do que achou na hora que o mesmo havia retirado sua jaqueta, tomando sua atenção. Permaneceu quieto, fitando-o a cada instante, antes dele se virar e ir com aquela mulher.

Ao vê-lo sair com a moça loira, entendeu que os dois faziam um casal realmente estranho, pois o homem não se deu ao trabalho de segurar sua mão, como um casal comum geralmente faz.

 

- Eles são estranhos, Padre Joseph. – comentou Kirk, vendo-os passar pela porta de saída.

- São filhos de Deus, Kirk. É isso que importa.

- O casamento vai ser amanhã?

- Depois de amanhã, garoto.

- E quem vai abençoa-los?

- Eu pensei em me oferecer para tal feito, mas decidi que o Padre Ben irá dar as honras ao casal.

- Por que eles vão se casar na sexta-feira?

- Bem... a noiva disse que a lua-de-mel será em Las Vegas e as reservas que sobraram são as de sábado.

- Eles são ricos?

- Bastante.

 

Kirk ouviu um motor fazendo eco do lado de fora da igreja, assustando-se ao ouvir. Olhou rapidamente para a porta e viu um carro potente saindo do estacionamento à frente, em alta velocidade. Entendeu que este casamento será o mais longo e o mais difícil a se cumprir.

 

- E o que eu devo fazer? – perguntou o garoto, por fim.

- Certifique-se que todos estão se divertindo, além de ajudá-los nos preparativos. – respondeu o Padre Joseph, virando-se para o garoto. – E Kirk, me faz um favor?

- Claro, Padre Joseph.

- Tire essa batina. Hoje é quarta-feira!


Notas Finais


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