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História O Paraíso que Espere - Anseio de Fogo


Escrita por: vixen

Notas do Autor


Lembrando que a fic está na reta final. Boa leitura!

Capítulo 10 - Anseio de Fogo


Fanfic / Fanfiction O Paraíso que Espere - Anseio de Fogo

A noite daquele mesmo dia surgiu num piscar de olhos, e Kirk, sentindo-se esquecido e inferior, dormiu como uma pedra afim de não estragar aquelas últimas horas.

Acordou entorpecido, sem saber que dia era ou que horas são. Olhou para a porta do quarto e fitou o calendário que mercava 20 de setembro, sábado. Virou-se para a cômoda ao lado da cama e ainda eram nove horas da noite, pra ser exato, nove e vinte e dois. Torcia para que o dia acabasse logo, mas agora que dormiu durante horas, a noite tomaria o lugar da tarde.

Levantou-se lentamente, sentindo um calor intenso invadindo o quarto por completo. Tirou uma de suas blusas, abriu a janela e fitou a escuridão do outro lado. As luzes dos postes voltaram a funcionar repentinamente, dando uma vasta iluminação a estrada de terra que contornava a propriedade da igreja, além das fazendas a sua volta. Há tempos não via essa paisagem, e isso era suficiente para acalma-lo.

Sua atenção foi tomada por um carro estacionando em frente a capela. Um carro verde e novo, com aspecto diferente. Observou quem desceu do carro e chegou a conclusão que era o Bispo Carl, acompanhado de outros três homens. Os acompanhantes eram rústicos, brutos e carrancudos, com passos firmes, trajando roupas grandes, negras e perfeitas para a ocasião – seja ela qual for. Eram integrantes da arquidiocese central, provavelmente da elite da igreja. Pessoas acima do Padre e do Bispo. Pessoas importantes para o catolicismo de San Francisco.

Kirk lembrou da cena que teve neste mesmo dia, envolvendo seus colegas de classe e o Bispo inocente. Não imaginava que a situação pudesse ser tão seria quanto aparentava, mas acabou se tornando. A acusação era tão seria que chamaram os membros da central para debater sobre o caso. Kirk sentia que devia estar lá, afinal, fora o pivô da situação sem ao menos perceber.

O único sentimento que o moreno não podia fugir naquele instante era o nojo. Sentia nojo por estar ali, passando pelo que passava.

Chegou a conclusão que estava cansado de levar a vida que levava. Se visse o rosto de mais algum padre, bispo ou aluno, ia surtar.

Kirk era uma bomba-relógio armada. Sem pavio ou fios que pudessem ser cortados, pronto para explodir.

O estresse se misturava com a ansiedade a cada instante, ao ouvir vozes pelos corredores. Vozes finas, risos e gesticulações entre os quartos. Reconhecia voz por voz, torcendo para que não lembrassem onde era seu quarto. Tarde demais. Um dos alunos abriu fortemente a porta, deixando um grande feixe de luz invadir o cômodo, assustando o moreno. Kirk agarrou-se na janela rapidamente.

 

- Vamos ver o que está acontecendo lá embaixo, Kirk? – pergunta um dos alunos, intimidador.

- Podem ir sem mim, estou com sono... – responde o moreno.

- Anda! Vai ser divertido! – interrompe o outro.

- Depois eu vou, tudo bem? – diz Kirk, evitando demonstrar impaciência.

 

Dando os ombros, os garotos saíram do quarto. Kirk sentiu uma fúria sem tamanho invadindo seu corpo ao ver deixaram a maldita porta aberta. Como odiava esses tipos de falta de respeito passiva por parte dos garotos. Andou rapidamente até o outro lado da parede e, descontando toda a raiva em suas mãos, bateu a porta com vontade, ecoando um estrondo sem tamanho pelo corredor.

Foi até o banheiro, ligou o chuveiro, tirou as roupas e mergulhou na minúscula banheira de mármore em seu quarto. Sentindo a água fria cobrir parcialmente seu corpo, queria permanecer ali até o fim dos tempos. Aquela sensação refrescante era um vicio. Desligou a luz do banheiro, observando a pequena janela entreaberta acima da parede, que iluminava a parte direita da banheira - a única luz que podia ver. Afundou-se na água fria, afim de acordar daquele acesso de fúria há pouco tempo atrás. Estava, enfim, totalmente molhado. A luz que refletia do feixe apagou-se de repente, não restando mais nenhuma iluminação no refrescante cômodo. Kirk sentiu-se incomodado com a escuridão. Era acostumado com a falta de luz nos quartos, mas não total. A escuridão que tentava lutar para não sucumbir era constante; Devia reverter o quadro.

Kirk desencostou-se do mármore da banheira, esticando seus braços até o bidê ao seu lado, abrindo-o e retirando uma vela. Acendeu a vela com um fósforo e grudou-a no outro canto da banheira, próximo a janela. Observava a luz amarelada e alaranjada que refletia no cômodo triste e vazio, uma luz que não era tão bonita e pura como a que refletira a fresta de vidro pela janela.

Observava a vela acesa e deu-se conta que a caixa de fósforos estava entre seus dedos molhados. Fitou a caixa azulada e com detalhes vermelhos, escrita um nome indecifrável, graças ao longo tempo que permaneceu naquele armário sujo. A caixa estava cheia. Não usará nada durante tantos anos, nem mesmo para acender as velas da comunhão usou. Padre Joseph não devia lembrar-se do dia que deu-a para o garoto, e se lembrasse, tomaria o objeto em questão . “Fogo é perigoso” dizia ele. Interessante como costumava fugir do fogo.

A água da banheira não estava mais fria, provavelmente graças ao calor do corpo franzino de Kirk, que deixou-a morna. Cantarolou uma musica qualquer, que tentava lembrar o nome do grupo que escreveu a letra. ‘Life’s Like a River’ é o nome da musica, mas o nome da banda... droga... seu pai ouvia tanto que não conseguia lembrar... . É heavy metal, isso ele tinha certeza. Esse estilo lhe trazia tantas lembranças, sejam elas passadas ou atuais. Pegou-se pensando em James pela primeira vez naquela noite. As lembranças não eram tão tristes, até pareciam ser de um passado distante. O que estaria fazendo ele agora? Queria conhece-lo melhor para ter uma resposta exata. A única dedução que poderá fazer é que ele estaria ocupado – extremamente ocupado.

Pensar em James sem lembrar do que passaram era um ato extremamente masoquista, que iria machuca-lo mais e mais.

Continuava com o fósforo entre os dedos, iluminado pela vela na banheira e pela constante solidão naquele banheiro. Não ouvia vozes, nem risos ou murmúrios entre os corredores, e agradecia pelo momento de paz. Depositou a caixa de fósforos no bidê, abriu o ralo para a água descer, levantou-se, secou-se, vestiu-se e pegou a caixinha no bidê, depositando-a no bolso da calça. Se recompôs com classe, respirando fundo e evitando qualquer pensamento que pudesse causar-lhe novamente um acesso de fúria contra quem quer que fosse.

Desceu as escadas e deixou a igreja, passando pela capela completamente vazia. Onde quer que possa estar os alunos ou os bispos da arquidiocese não lhe interessava, torcia para não ser visto andando pelo jardim atrás da capela. Caminhava lentamente pelo campo forrado com uma fina grama, observava as propriedades ao lado do terreno, todos da igreja. Nunca questionou o porquê da igreja ter tantas terras, e só refletiu isso agora. À sua frente estava o velho galpão, que um dia fora transformado em um salão de luxo por uma família humilde. O lugar ainda era o mesmo, a única diferença é a limpeza intensiva que permanecia intacta, com poucos resquícios de poeira e lama.

Havia coisas novas lá, coisas que o próprio Kirk não reconheceu quando limpou o lugar há poucos dias, como latões de lixo e fios de cobre por toda parte, além de uns galões de gasolina próximos da janela. “Espere, galões de gasolina?” Foi o que se perguntou. Por que haveria galões de gasolina no galpão, se há espaço suficiente para o combustível nas garagem dos ônibus? Mais uma indagação que seria inútil questionar aos superiores. Aquele lugar impunha que perguntas eram sinônimo de rebeldia, o que lhe deixava aflito em tamanha circunstancia.

Deu alguns passos próximo aos galões pequenos e médios, balançando-os levemente, chegando a conclusão que estavam cheios. O cheiro era extremamente forte, como se misturassem gasolina, óleo e querosene num mesmo lugar. Quanta toxicidade. Toxicidade, que palavra engraçada. Agachou-se para observar melhor os galões menores, deixando a caixa de fósforos cair no chão, fazendo um leve eco. Observou a caixinha por alguns segundos e guardou-a nos bolsos, lembrando que estava frente-a-frente com todos os instrumentos precisos para um incêndio bruto.

Levantou-se lentamente e ouviu passos próximo ao galpão, surpreendendo-se com tamanha rapidez.

 

- Estava te procurando.

 

A pessoa que disse isso encontrava-se em frente a porta de entrada do galpão, parada, sendo parcialmente iluminada pelos postes atrás. Kirk virou-se e viu quem era: David, o ruivo de aspecto desajeitado e jeito infantil.

 

- O que houve? – pergunta Kirk.

- Os alunos estavam te esperando, viadinho.

 

Kirk cerrou o punho, esperando não tomar uma reação absurda ao insulto.

 

- O que querem? – perguntou ele, impaciente.

- Querem que você veja o circo formado na sala do Padre Joseph sobre o preservativo que você esqueceu de jogar fora ontem.

- Eu?

- Você.

 

Kirk franziu o cenho, aquele garoto tornou-se assustador rapidamente. Como ele sabia? O filipino evitava perguntar-se, afinal, não podia dar a entender que desistiu de lutar. David provavelmente estava blefando, e precisava de uma resposta rápida.

 

- Não fui eu. Acha que sou doido a esse ponto? – redige Kirk, cerrando os dentes.

- Foi você sim, e não minta.

- Tudo bem, se você acha... – diz Kirk, esquivando-se com classe, cansado de aguentar desaforo.

- Acha que estou blefando, não é? – comenta Dave, entrando lentamente pelo galpão a passos suaves. – Acredite, não estou. Eu lembro quando o Padre Joseph pediu para você limpar a capela após o casamento, e lembro que vi um dos convidados entrar repentinamente na igreja, pelo lado de fora. Depois de trinta minutos, o mesmo homem saiu de lá correndo, com as roupas amassadas e semblante triste. – fez uma pausa breve. – Estou juntando as peças, gayzinho.

 

Kirk cerrou os punhos com mais força, respirando fundo.

 

- Besteira. – comenta o moreno, tomando alguma voz.

- Não é besteira. – continua o menino, chegando cada vez mais próximo de Kirk, como um vilão pronto para atacar. – Depois que você subiu para o seu quarto, fui até a capela ver o que aconteceu e pude ver os resquícios da nojeira que vocês fizeram. Adivinha quem contou sobre o preservativo no lixo para o Padre Joseph?

 

Enfim, Kirk explodiu, de uma forma completamente desesperadora e inesperada, sem encostar um fio em Dave, pegou o fósforo no bolso e acendeu-o rapidamente, fitando o ruivo.

 

- Que está fazendo, idiota? – exclama Dave.

- Está vendo isso aqui, ruivo babaca? – pergunta Kirk, ameaçador. – São malditos galões de gasolina, álcool, querosene e óleo. Agora é a minha vez de perguntar: adivinha o que acontece quando isso entra em contato com o fogo que estou segurando.

- Kirk... por favor... – implorava Dave, de olhos arregalados.

 

                                                                                           [...]

 

Do outro lado da ponte Golden Gate, James estava preso em um engarrafamento infernal, próximo ao seu destino. Há horas havia saído de casa, afim de resolver um problema mental que estava pregando-lhe o coração. Sabia que esse problema tinha nome e sobrenome, além de uma profissão.

Quando finalmente pode correr pelas ruas sem ter que parar em qualquer via, deixando os carros lhe ultrapassar, James sentia-se em paz e em conflito, simultaneamente. Não tirou o último semblante do moreno da cabeça desde que saiu de casa. O que estaria ele fazendo? Estaria ele passando bem? Que pergunta assoladora. Queria tanto chegar lá e dizer-lhe o que sente, sem quaisquer problema.

Dobrando a esquina e andando pela estrada de terra que dá para as propriedades da igreja, James estava aflito. Mas aflito com o que? Era só chegar e conversar, não há segredo algum nisso. O loiro estava aflito com a reação de Kirk, que poderia ser inesperada. Talvez o garoto – que não é mais garoto, e sim um homem de verdade, e merecia ser tratado como tal – tivesse mudado de ideia sobre seus sentimentos e lhe esquecido com rapidez, trancando seu coração a sete chaves. Mas ninguém vive de ‘talvez’ como resposta, e James torcia para o contrario.

Correndo a 100km/h na estrada e desviando das pedras no caminho, conseguia ver o prédio da igreja de longe, com todas as luzes acesas. Todas as luzes acesas? Pra que? James sentiu que aquela não era uma boa hora para aparecer - e não dava a mínima para isso. A conversa ia ser rápida e sigilosa.

Estacionou o Mustang atrás de um carro verde, em frente a capela. Nunca tinha visto tal carro antes, e nunca percebeu os outros veículos da igreja. Ao descer do carro, ouviu um forte estrondo, seguido de muito fogo atrás da igreja. Assustado, viu que o galpão estava em chamas. Ouviu gritos e muita correria para a parte de trás da igreja, onde os bispos e padres corriam para ver o que tinha acontecido.

 

- MEU DEUS, O QUE HOUVE? – exclamava um dos homens, aterrorizado.

- TEM GENTE DENTRO! – grita uma das irmãs, em pânico.

-DOIS ALUNOS ENTRARAM LÁ. – dizia um dos garotos, correndo.

                               

James tremia ao ver tanto desespero, precisava fazer algo. Mordendo o lábio inferior fortemente, correu até onde estavam, sem se preocupar com o que pensariam de sua presença repentina. Foi até a porta do galpão, onde todos estavam, perguntando:

 

- QUEM ESTÁ LÁ? – pergunta, assustado, vendo o fogo aumentar cada vez mais.

- DOIS ALUNOS. – respondeu o mesmo garoto, esperando alguém ajuda-los.

- QUEM SÃO?

- NÃO VI QUEM ERAM, MAS ELES ENTRARAM NO MEIO DA NOITE.

 

E então o loiro teve uma reação inesperada. Ouviu outra explosão e um forte cheiro de óleo domar a enorme porta do galpão, tapou o nariz com as costas do cotovelo e entrou dentro do lugar.

 

- NÃO ENTRE – suplicava o menino, chorando. – É MUITO PERIGOSO.

 

James ignorou o pedido do garoto, alguém tinha que tomar as providencias necessárias em meio ao incêndio. Não conseguia ver nada, só fogo e fumaça, além de objetos em chamas e um cheiro infernal de óleo com gasolina. Ia se desviando do fogo e tentava encontrar passagem entre os pedaços de telha estirados no chão, e então viu um corpo deitado embaixo de um pedaço de madeira, sujo e queimado. Correu até o corpo e levantou-o com facilidade, levando-o rapidamente até a porta do galpão, evitando machuca-lo ainda mais. Quando conseguiu salvar o corpo, James percebeu que o garoto era ruivo, e que estava desmaiado.

 

- LEVE-O PARA DENTRO. – disse James, depositando o corpo do garoto no chão, enquanto os padres e bispos tentavam acalmar o fogo do lado de fora com extintores.

- FALTA MAIS UM. – responde o menino, apontando para dentro.

 

James entrou no galpão novamente, enfrentando o mesmo fogo e evitando respirar tal fumaça. A cada momento torcia para que o garoto em meio ao incêndio não fosse Kirk, mas estava enganado, e só percebeu ao ver que Kirk estava em pé, próximo a janela, tentando escapar.

 

- KIRK! – gritou James, tentando chegar perto.

 

O garoto sentiu um leve arrepio na espinha, reconhecendo a voz automaticamente. Olhou para trás e viu o loiro em pé, próximo do foco do incêndio, tapando o rosto com as costas da mão.

 

- JAMES! – responde ele, desacreditado.

- SAIA PELA PORTA! – exclamou James.

- TENHO MAIS UMA COISA A FAZER. – responde Kirk, inclinando-se sobre o peitoril da janela.

 

Ao subir na fresta, Kirk voltou-se para trás, pegando dois galões de gasolina e descendo da janela, pulando para o lado de fora.

 

- ESPERE. – grita James, indo atrás.

 

O loiro seguiu seus passos pelo lado de fora do galpão, longe de onde os padres e bispos estariam controlando o fogo. Kirk corria rapidamente, como se fugisse da cena com os dois garrafões de gasolina em mãos. James perdeu-o de vista quando o mesmo entrou dentro da capela, ligeiro, com algo em mente. Dentro de igreja, Kirk pode por sua paranoia pessoal em ação, despejando boa parte dos galões entre os bancos e no altar.

 

- O QUE ESTÁ FAZENDO? – pergunta James, passando pela porta e segurando-o pelos braços. – ESTÁ MALUCO?

- Me deixe em paz... – pedia o garoto, soltando-se das mãos fortes do homem.

- JÁ NÃO É O BASTANTE? – repreendeu James, assustado com as ações do moreno.

- Me ajude com isso. – diz Kirk, entregando um dos galões a James.

- O QUE? – pergunta o loiro, assustado, segurando o galão.

- JAMES, NÃO DIFICULTE. – grita Kirk, surtando completamente. – VOCÊ JÁ CAUSOU ESTRAGOS DEMAIS NA MINHA VIDA PARA APARECER ASSIM DO NADA, JULGANDO MEUS ATOS, COMO SE FOSSE DIGNO.

- E foi justamente sobre isso que vim conversar com você. – diz James.

 

Kirk cerrou o punho, engolindo aquelas palavras. Sua raiva era tão incontrolável que havia esquecido de perguntar a si mesmo o que James fazia ali, num momento tão indecente como este.

 

- Eu não aguento mais, James... – disse ele, em prantos.

- E eu te entendo perfeitamente. – confirma James, vendo lágrimas escorrer no rosto do filipino.

- Olhe só o que eu causei... – murmura ele, apontando para a janela onde o galpão em chamas se encontrava.

- Continue o que estava fazendo. Aqui não é lugar pra você.

 

Kirk ficou surpreso com a reação amistosa de James, acalmando-o na hora. Ambos se abraçaram fortemente e se beijaram, como se fosse uma despedida.

 

- Ouvi sons de sirene, - comenta James no ouvido esquerdo de Kirk. – melhor irmos logo.

- Eu fico com o segundo andar.

 

Se desprenderam do abraço e o moreno entregou alguns fósforos ao loiro, que guardou-os no bolso rapidamente. Kirk subiu as escadas, deixando um rastro de gasolina por onde quer que passasse. Correu entre os quartos jogando o líquido inflamável, revirando tudo. Ao chegar no gabinete do Padre Superior, quebrou os vidros e quebrou todos os móveis possíveis. Passou a andar lentamente pelo corredor dos dormitórios, sendo ovacionado pelo cheiro de queimado e gasolina do lado de fora. Chegando em seu quarto, não jogou gasolina, – pois estava em falta – apenas guardou algumas coisas importantes no bolso da calça: algumas fotos, o seu caderno e uma vela, como lembrança. Jogou pela janela qualquer resquício católico, como crucifixos e a sua bíblia; Estava pronto para atear fogo no local.

 

- VAMOS! – gritou James, correndo pelo corredor.

- JÁ ESTOU INDO!

 

Fechou a porta do quarto e despejou as últimas gotas de gasolina no fim do corredor, sentindo que o estrago seria gigantesco. Desceram a escada, indo em direção a capela. James ascendeu um fósforo em frente a porta da igreja, observando as imagens de santos por toda a parte.

 

- Me concede esta honra? – pergunta Kirk, irônico, apontando para o fósforo.

- Com prazer. – diz James, entregando o fogo a ele.

 

Fitando aquele pedaço minúsculo de madeira em chamas, Kirk sentiu uma onda de adrenalina tomar o seu corpo. Uma adrenalina intensa e excitante, que jamais sentira de novo na vida.

 

- Quando estiver pronto, me avise. – comenta James, com uma das mãos segurando a porta de saída do lugar.

 

Respirando fundo e aproveitando os últimos segundos naquele lugar maldito, Kirk teve um breve flashback sobre o que havia passado lá. Coisas boas, obviamente, mas no geral, ruins – e coisas ruins não são muito boas de se lembrar. Sorrindo, Kirk disse:

 

- Agora.

 

Num momento rápido, deixou o fósforo cair, vendo o fogo seguir por todo o rastro de gasolina que James despejará no lugar. Viram bancos incendiando-se lentamente e as imagens derretendo, perdendo sua santidade. O loiro abriu a porta instantaneamente, puxando-o de lá e fechando-a.

Correram até o carro de James, estacionado em frente, ouvindo gritos histéricos do lado de fora.

 

- A CAPELA ESTÁ EM CHAMAS! – grita um dos alunos.

 

Neste instante, padres e bispos correram até o lugar, assolados com a situação. James e Kirk não puderam ficar até o final daquela história incendiaria, James ligou o motor do carro e saiu de lá o mais rápido possível.

No meio do caminho, ambos se entreolharam, sorrindo de orelha-a-orelha. Sabiam que estavam marcados para sempre, e que não podiam fugir daquilo.

Kirk deu uma olhada para o clarão de luz e fogo formada na antiga igreja do outro lado da estrada.

Estava indo embora, pra nunca mais voltar.


Notas Finais


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