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História O Paraíso que Espere - Primeira e Última


Escrita por: vixen

Notas do Autor


Desculpe a demora. Boa leitura!

Capítulo 8 - Primeira e Última


Fanfic / Fanfiction O Paraíso que Espere - Primeira e Última

...James soltou os braços do moreno contra a parede e levou sua mão direita na nuca de Kirk. Começou a passar sua mão esquerda no corpo dele por cima da roupa, sentindo que algo estava prestes a acontecer.

Andou alguns passos pra trás e deitou o garoto lentamente sobre o altar, sem cessar o beijo, que julgou estar muito bom. Desabotoou lentamente a camisa branca do garoto, revelando seu corpo singular, e de poucos músculos. Finalmente largou os lábios do moreno, partindo lentamente pelo caminho do seu pescoço, beijando-o delicadamente.

Kirk arrepiava-se, mal conseguia respirar. Não acreditava que há poucos minutos estava varrendo o altar a pedido do Padre Superior, e agora sendo beijado pela pessoa que mais desejava receber aqueles beijos. Sentia os lábios pequenos do loiro descendo pelo seu pescoço e indo ao seu peito, deixando-o excitado. Há quanto tempo não se sentia excitado? Há anos. As vezes acordava assim e sentia-se mal por não ter feito nada para estar daquele jeito. “Pobre Kirk” pensava de si próprio, mas aquela excitação ele pedia, implorava por um desfecho.

Deitados em pleno altar da capela, James descia pelo corpo do moreno, sentindo seu corpo pulsar com desejo. Não pensava em nada, só na vontade que cercava a sua mente. O loiro abriu o zíper da calça do moreno, revelando o membro ereto do garoto, preparado para qualquer coisa. Retirou sua roupa intima e começou a suga-lo delicadamente, de olhos fechados. Kirk ficou arrepiado com tal audácia, e quem não ficaria? Foi pego de surpresa pela terceira vez no dia; Aquele homem ainda tinha muito o que mostrar.

James começou a lambe-lo com a ponta da língua, fazendo-o cerrar o punho. O moreno custava a acreditar no que estava acontecendo. Refletiu que estava muito bom pra ser verdade – ou não. O loiro apagou as luzes da igreja, deixando apenas o pequeno clarão de luz das janelas cristalizadas iluminarem o altar. Ambos não viam nada – e sentiam tudo.

Começou a despir-se rapidamente enquanto masturbava o membro do moreno com a mão esquerda, estava mais arrepiado que ele. Tirou os sapatos e logo a calça, Kirk se levantou, apoiando as duas mãos no altar, inclinando-se para frente, como James esperava. O loiro se inclinou para a sua calça, tirando um preservativo do bolso. Sem cortar o momento, James penetrou-o com delicadeza, fazendo-o morder o lábio inferior automaticamente. Kirk se assustou de inicio, tentando ignorar a dor inicial.

Dor inicial. Era isso que James evitava a cada movimento. Sentia-se preocupado com ele e, ao mesmo tempo, preocupado com o seu próprio prazer. Estar tentando já era prazeroso o suficiente – agora mais ainda. A cada instante, tentava conter os gemidos graves que se prendiam na garganta, respirando fundo e fechando os olhos com força. Ouviram do lado de fora da igreja alguns gritos de felicidade e sons fortes vindos da musica alta, provavelmente Deanna e Andrew cortaram o bolo sem James estar presente.

A velocidade dos movimentos aumentava gradativamente, e Kirk sentia as pequenas pontas de prazer que tomavam o seu corpo de assalto. Soltava gemidos curtos e graves, como uma tosse desfaçada. Queria evitar barulho, o que não parecia ser uma tarefa difícil. James sentia que estava sendo medíocre ao dar a primeira experiência de forma medíocre ao garoto – que não é tão garoto assim – e começou a pegar pesado. Trouxe-o para mais perto de seu corpo, fazendo-o apoiar-se no altar enquanto permanecia de costas para ele. Acariciava o corpo minúsculo dele de forma carinhosa, dando arrepios mais insanos nos sentidos do moreno.

Aumentando gradativamente a velocidade, o loiro beijava a nuca do filipino com graça e delicadeza. Aquele momento tinha tudo para ser eterno, se não fosse o pequeno espaço de tempo que circulava as mentes excitadas de ambos. James chegou ao seu extremo dando um urro grave, parcialmente abafado, fechando os olhos com força, focando na posição do moreno. Kirk não demorou muito para chegar ao ápice tão esperado, tendo a mesma reação do parceiro.

Permaneceram na mesma posição durante longos segundos, respirando fundo e cerrando o punho com força. O cenário não era propicio. Algumas peças de roupas estavam jogadas no chão, ao lado do altar que, há pouco tempo, era conhecido pela santificação da alma. Os santos permaneciam virados para a parede, como se não quisessem presenciar a cena, o que era algo bom, afinal, nenhum dos dois precisava de plateia. O lugar permanecia sujo. Kirk ia demorar para limpa-lo pois permanecia em pé, segurando as pontas do altar e inclinando-se para frente em uma posição confortável.

James deitou-se no altar como se fosse uma cama – e de certa forma era, graças aos panos vermelhos e macios estendidos sob ele. Kirk fez o mesmo, mas decidiu vestir as calças antes de algo. O céu começará a escurecer e a igreja refletia a falta de luz naquela escuridão poética - um momento propicio para tais climas. Os pequenos clarões de luzes refletidos sobre as janelas cristalizadas e coloridas davam cores frias ao local, deixando-o especial a cada segundo.

Eis que alguém toma alguma atitude sobre o silencio instalado no lugar.

 

- Como foi? – pergunta James.

 

Aquela pergunta deixaria qualquer um incomodado, afinal, foi sexo ou uma performance?. O moreno dava os ombros, sabendo que o loiro era exatamente aquele tipo de pessoa que dá o seu melhor para causar uma boa impressão.

 

- Foi ótimo. – respondeu.

- Tem certeza? Não incomodou?

- Um pouco, mas esqueci da dor.

- Vai me dizer que “a dor deu lugar ao prazer”?

 

Kirk riu. Realmente, aquele momento não era propicio para piadas – e acabou se tornando.

 

- De onde tirou isso? – pergunta ele, após gargalhar.

- Li em algum lugar.

- Costuma ler?

- Quando não tenho nada pra fazer (o que é muito raro) eu leio.

- Deve ser uma pessoa muito ocupada.

- Nem tanto. Não vou perguntar a você o que você lê porque imagino que lê muito a bíblia.

 

Kirk corou, franzindo o cenho e mordendo o lábio inferior. Não era uma boa hora de lembrar da bíblia, afinal, sempre que pensava no livro sagrado, lembrava-se do semblante bruto do Padre Joseph, acompanhando-o nas aulas de teologia avançada.

Padre Joseph. Queria evitar pensar nele...

Missão impossível.

Não via o Padre Superior desde o dia de ontem. Ele nem se deu ao trabalho de lhe acordar esta manhã. O que causou essa mudança repentina? O Padre era uma peça de quebra-cabeças que a gente nunca encontra, pois está debaixo do nosso nariz – como o homem loiro e parcialmente nu ao seu lado. Comparação fútil. Não devia comparar ninguém com ninguém – isso foi algo que aprendeu na catequese. De um lado, um homem grosso, bruto, rude, perseguidor e sem sentido, do outro, James. Irônico.

 

- No que está pensando? – pergunta o loiro, tirando-o do transe.

- Nem eu sei.

- Diga a primeira coisa que surgir à sua cabeça.

 

Perguntas sem nexo. Estranho. Kirk achou aquilo fofo e, como sempre, nada propicio para o momento sexual onde foi levado.

 

- Na festa. – respondeu o filipino.

- Que festa?

- Nessa festa. O casamento da sua irmã.

 

O choque. James lembrou-se que estava no casamento da irmã, e que não havia visto ela cortar o bolo. Ouvira os xingamentos da irmã até o tumulo por não ter acompanhado uma das melhores horas de sua vida. Tentou não pressionar-se tanto, afinal, estava precisando de um descanso favorável como este, ao lado daquele homem – antes menino.

 

- E você? – pergunta o moreno.

- Eu o que?

- No que está pensando?

- Depois do que você disse, acho que estou pensando na minha irmã. Você ouviu os gritos vindos do salão de festas?

- Não, acho que estava ocupado.

 

James riu. “A melhor resposta que ele poderia me dar”.

 

- Acho que estavam cortando o bolo. – diz o loiro, contando as risadas.

- Muito provável. Uma pena você não estar lá para pegar o buque.

- Que coisa estupida.

- O que é estupido?

- Buques de flor. É ridículo fazer as mulheres pegarem aquela merda.

- Realmente... – fez uma pausa breve. – Você vai se vestir?

- Não. Você vai?

- Acho que sim, preciso continuar o serviço.

- Depois eu te ajudo.

 

Não ouvindo a última fala dele, Kirk levantou-se e sentou-se no altar, inclinado para frente.

 

- Por que está com pressa? – pergunta o loiro, levantando-se também.

- Não estou com pressa.

- Parece que está. Fique mais um pouco, eu logo te ajudo.

 

Ambos deitaram-se novamente no altar. James estava virado para o lado direito, observando Kirk, que permanecia virado para frente, fitando o teto. Seu corpo parcialmente nu sofria com o frio que chegava junto com a noite. Permaneceu sem camisa, só de calças, enquanto o loiro, totalmente ao contrario, sem calça e de camisa. Os dois pareciam ser um o complemento um do outro. O que um não tinha, o outro preenchia de forma excessiva. Era essa a definição do relacionamento perfeito? Kirk, o dono da situação, parecia não entender.

A cartada final seria perguntar a ele se aquilo era ou não um relacionamento. Ambos queriam a mesma coisa sem saber.

 

- Você me contaria um segredo seu se eu contasse um segredo meu? – perguntou o loiro, virando-se de costas para o teto, de barriga no altar.

- Estamos jogando Verdade ou Consequência?

- Não, não é um jogo.

- Só aceito se você começar.

 

James fitou os olhos negros dele. A cada instante o lugar ficava mais escuro, deixando aqueles olhos invisíveis a visão clara do loiro. Sorriu maliciosamente.

 

- Tudo bem. – fez uma pausa breve, observando o outro lado da capela, pensando em algo. – Que tipo de segredo você quer ouvir?

- Você tem tantos assim?

- Acho que sim.

- Você quem começou a brincadeira, comece da forma que quiser.

- Isso não é uma brincadeira.

- Pois parece bastante.

 

James fez uma breve pausa, estava mais vermelho que o moreno.

 

- Vou começar com uma coisa leve.

- Certo.

- Eu não gosto de comida japonesa.

- Isso é um segredo? – perguntou Kirk, rindo.

- Estamos começando aos poucos.

- Tudo bem, tudo bem. Eu gosto de comida japonesa. Vejamos... meu segredo... eu nunca sai do país.

- Nunca?

- Nunca.

- Você tem cara de mexicano.

- Sou filipino.

- Eu sei, é que vocês tem muito em comum.

- Continue.

- Certo... bem... sempre odiei cálculos. Principalmente na escola.

- Adoro calculo.

- O QUE?

 

Kirk riu da expressão exageradamente engraçada do loiro.

 

- Você é uma caixinha de surpresas, Kirk. Sua vez.

- Eu nunca votei.

- Nunca votou? Você tem idade pra isso?

 

Kirk franziu o cenho. “Droga” pensou James.

 

- Desculpa. – diz o loiro, pausando a fala. – Você parece ser bem democrata.

- Não entendo absolutamente nada de política.

- Eu também não.

- Sua vez.

- Vou esquentar um pouco nessa rodada. Lembrando que isso não é um jogo.

- Tudo bem.

- Meu primeiro beijo foi com oito anos, em uma das primas que estão no casamento.

 

Kirk começou a rir. Seu riso era suave e abafado pelos dedos da mão direita, que tentava tapa-lo.

 

- O meu também foi. – disse o moreno, cortando a gargalhada.

- Foi bom?

- Absolutamente não.

- Nunca é. Agora é a sua vez.

- Já contei um segredo meu.

- Você só comentou o meu segredo, isso não vale.

- Hã... acho que não tenho nada desse nível pra comentar.

- Claro que tem, todos temos.

- Lembrei de algo, mas não sei se vai ser uma boa ideia.

- Por que acha isso?. Sabe que não vou contar pra ninguém.

- Certo... – fez uma pausa significativa, mordendo o lábio inferior. – Ontem, na festa, pode parecer estranho e até engraçado, mas eu não cheguei a transar com a Audrey.

- O que?

 

James franziu o cenho enquanto Kirk sorria com o canto esquerdo da boca. A expressão do loiro ficou bruta, severa e rude, como se o filipino tivesse lhe ofendido.

Num momento rápido, quase momentâneo, o loiro desceu daquele altar bruscamente, buscando suas roupas.

 

- Que houve? – perguntava Kirk, sem entender.

 

James vestia suas calças quando o moreno desceu do altar, indo em sua direção. Queria ter a força que ele teve para prensa-lo contra a parede, mas não tinha. O que lhe restou foram as palavras sem um tom significativo que saiam de sua boca seca.

 

- O que eu disse? James, por favor, me responda.

- Você disse que tinham ficado junto. – disse o loiro, calçando os sapatos.

- E que mal há nisso?

- QUE MAL? – exclamou James com fúria na voz, fazendo um eco ensurdecedor na capela.

 

Após sua fala furiosa, calou-se, deixando Kirk mais apreensivo que o normal.

 

- Achei que fosse gostar de saber disso, James.

- Pois eu não gosto. Isso que aconteceu aqui não devia ter acontecido, não desse jeito.

- Você foi o meu primeiro e achei que...

- VOCÊ NÃO DEVIA ACHAR NADA. – grita ele mais uma vez, em pé, olhando-o de cima à baixo. – Eu não devia ser o seu primeiro. Não é assim que as coisas funcionam.

- Por que está se vestindo, James? Eu devia ter ficado com a Audrey? É isso?

- Devia. Você ainda é uma criança.

 

Essas palavras doeram no pobre coração de Kirk, que cerrou o punho, controlando a lágrima precoce que surgiu no seu olho esquerdo. Palavras duras para serem ditas neste momento. Respirou fundo e soltou tudo o que tinha pra dizer.

 

- Por que continua me chamando de criança? ME RESPONDA, JAMES.

- Esqueça. – disse o loiro, passando por ele e indo em direção a porta.

- O QUE? – quem exclamou foi Kirk, possesso. – POR QUE QUANDO ESTAVAMOS JUNTOS HÁ MENOS DE VINTE MINUTOS VOCÊ NÃO ME CHAMAVA DE CRIANÇA? HÃ? RESPONDA.

 

James cessou os passos, ficando de costas para ele e de frente para a porta.

 

- Sabe quantos sacrifícios fiz pra tê-lo agora como tive agora? – pergunta Kirk, em lágrimas. – Sabe quantos pecados cometi? O problema é comigo ou com você? Por que não olha pra mim, só por um instante?

 

Cerrando ambos os punhos, o loiro fechou os olhos com força, respirando fundo e caminhando até a porta. Saiu de lá em um tom melancólico, deixando Kirk de joelhos, livre para chorar o quanto pudesse.

Seu dia estava arruinado. Sua vida também.

 

                                                                                 [...]

 

Kirk via a festa se acabar pela janela do quarto, trancado, completamente solitário. Queria isolamento. Via os convidados indo embora após um dia inteiro comemorando aquele casamento aparentemente tão perfeito.

Nada fazia-o tirar o ocorrido de hoje da cabeça. Absolutamente nada.

Não vira o loiro depois daquilo. Estava sentado no peitoril da janela há horas e até agora seu vulto alto e esguio não aparecera. Julgou que provavelmente já terá ido embora. Queria entender o que se passava pela cabeça dele, e também na sua. Sentiu um frio desconforto ao lembrar que ele terá ido embora para sempre de sua vida, deixando marcas irreparáveis. O que faria para se redimir? Viveria infeliz, como todos os desiludidos neste mundo.

Todos foram embora. Não havia nada na parte da frente da igreja, nem na pequena garagem ao lado. O silencio retornou a aquele lugar tão pouco cultuado. Sentiu uma breve falta daquelas luzes fortes e coloridas do galpão, além da decoração branca e delicada que estava lá. Desceu a pequena escada que dava para a capela, saindo para fora, observando a pouca iluminação da rua. O ambiente tornou-se rural novamente. Triste, melancólico e, de alguma forma, em paz. Deu passos em direção ao velho galpão atrás da igreja, vendo-o no mesmo estado que estava há dias atrás: empoeirado, escuro e abandonado; Pareciam terem muito em comum.

Caminhou pelo lugar com a iluminação ambiente da lua e com a pequena lâmpada acima, que havia sido deixada lá, caso algum padre ou bispo quisesse se reunir. Toda a decoração fora levada embora. As mesas, o pequeno palco, as peças de mármore, o background minúsculo de cor branca para tirar fotos com os noivos, tudo isso foram levados, não sobrara mais nada, nem mesmo uma lembrança daquele dia especial para uns e terrível para outros.

No meio da caminhada observou algo brilhoso no chão, que se iluminava a cada passo que o moreno dava. Parecia ser um pedaço de vidro quebrado, mas vidro não brilhava com tanta intensidade em luz ambiente, como as que janelas de três metros refletiam. Agachou-se para ver o que era e viu algo que parecia ser um anel. Observou a peça por longos segundos. Deduziu rapidamente se tratar do anel encontrado no dia que havia limpado o galpão com James. Lembrou daquele momento com uma nostalgia tremenda – afinal, como esquecer?. Fitava aquele acessório com o coração na mão, sentindo que aquela era a única parte dele ainda existente no físico. Seus olhos novamente se encheram de lágrimas, tristes lágrimas.

Ouvia passos firmes vindo do gramado e fechou sua mão rapidamente, sendo assustado pela presença de alguém na porta do salão.

 

- O que faz aqui? – pergunta Padre Joseph, observando o vulto moreno agachado no chão, de costas para a porta.

- Nada, Padre. – respondeu Kirk, levantando-se e se virando para a porta, onde Joseph estava.

- Precisamos conversar.

- Precisamos? – retrucou ele, curioso.

 

Andou em direção a porta e saiu de lá seguindo o Padre Superior até a capela, onde subiram as escadas e pararam na pequena sala de Joseph, próximo dos dormitórios.

Sentado na confortável cadeira de madeira de pluma vermelha, Kirk estava de frente para o Padre Superior, fitando seu semblante alto próximo à janela, como se estivesse preparado para atacar. O moreno não entendia porque estava lá. Já havia resolvido todos os problemas com o Padre no dia de ontem, quando atacou o menino David após longas provocações por parte do mesmo. Queria fazer a temida pergunta, mas sabia que uma hora ou outra o Padre ia começar o falatório. Seria breve, como sempre fora. Severo, rustico, destemido e, de uma certa forma, extremista. Essas características lembrava alguém que queria esquecer.

 

- Onde estava ontem à noite? – perguntou o Padre com a mesma voz fina que fazia quando ia dar um sermão ou punir algum aluno.

- Na Arquidiocese Central, como combinamos.

- Não, você não estava. Contei o número de alunos varias vezes e todas davam o mesmo número: onze. Eu sei quantos alunos tenho, Kirk. Não minta pra mim.

 

O moreno abaixou a cabeça lentamente, cruzando os braços contra o corpo, esperando o melhor.

 

- Não vou fazer nada se me contar a verdade. – disse o Padre, andando pelo escritório.

- Eu sai ontem.

- Com quem?

- Uns amigos.

- Amigos? Tem amigos fora daqui?

- Alguns...

- Quem são?

 

Engoliu seco a pergunta. Devia ter cuidado ao citar nomes.

 

- Conheci eles na nossa Missão Missionária mês retrasado. Moram em San Francisco.

 

Padre Joseph começou a rir. Era uma gargalhada estridente e severa, com a intensão de ofender. Kirk sentia-se ofendido há horas, nada poderia abala-lo.

 

- Não sou tolo, garoto. A última missão que fizemos não foi em San Francisco, e a propósito, você não foi nessa. – fez uma breve pausa. – Me fale da sua relação com os amigos dos noivos que se casaram hoje.

- Não os conheço...

 

Mais uma gargalhada, essa parecia ser pior que a outra. Era o tipo de risada que o vilão dava ao capturar o mocinho para dominar o mundo no meio do filme.

 

- Se não os conhece, por que vi vocês atravessando a sexta avenida juntos, como uma gangue, na noite de ontem?

 

Engoliu a seco novamente. Dessa vez não tinha escapatória.

 

- Você se tornou uma pessoa péssima, Kirk. – comenta o Padre, parando em frente a sua mesa, observando o garoto de cabeça baixa. – Acha que Jesus gosta disso?. Nunca imaginei que pudesse mentir, muito menos que pudesse mentir para mim TRÊS VEZES. Esse tipo de coisa deixa qualquer um decepcionado.

 

Padre Joseph abriu a pequena gaveta da escrivaninha, retirando uma vara de marmelo de cor preta com uma corda amarrada na ponta. Se tivesse visto o instrumento, Kirk deduziria se tratar de um chicote, mas não olhou. Sabia que agora seria a sua maior punição. A punição Romana, de quarenta chibatadas.

O moreno não ligava. A dor que sentia era outra.


Notas Finais


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