História O pêndulo da incerteza. - Ponto de vista.

❝Um deus assustador, Yatty matava Shinkis e até mesmo pessoas, Hiyorin.❞                        

'Mal consigo imaginar como ela pôde me contar isso sem nenhuma reação maior, talvez Kofuku não pense muito nas coisas que diz, pelo menos eu espero que seja alguma brincadeira sem graça ou modo de me assustar por estar em um lugar como aquele. No fim das contas, aquilo me perturbaria por um bom tempo, se ela estivesse certa, não só Yukine como eu também estamos em risco, isto é, o que fez Yato mudar? Ou melhor dizendo, o que nos diferenciaria das pessoas que ele já matou?' 

'Os pensamentos que tive desde aquela noite foram os piores de muito tempo, o que tornou nossas tardes indiretamente desconfortáveis, sendo hora ou outra difícil de encara-lo nos olhos sem imaginar quantas pessoas sequer puderam o fazer; e as vezes, enquanto ele tomava atitudes como puxar Yukine ou se aproximar da forma atrapalhada que tem em grande maioria do tempo, eu me pegava pensando nisto e tomando atitudes diferentes do que seria ideal para "discreto", embora, tudo o que me faça questionar essa situação é o por quê dele agir dessa forma, como alguém que tem um passado desses e age de forma tão... Bem, aquilo é muito longe do normal. Se comportando como uma criança, de onde vem aquele ingenuidade? 
Desde que Yukine passou a viver com ele, ele tem ficado cada vez mais lento, ainda que tenha um comportamento infantil, é como se Yato estivesse se tornando recluso, como se soubesse que eu sei, me pergunto se Kofuku o informou sobre ter me contado de seu passado.' 

'Yukine parece o odiar, como uma coceira, e isso se tornou constante. Tivemos o azar de nos encontrar com Bishamon, e ela realmente feriu Yato durante sua perseguição; pelo menos agora eu sei de quem foram as Shinkis que Yato matou, estranhamente, não consigo culpa-lo depois do que vi. Bishamon estava tentando mata-lo, então... Isso é o que chamamos de legítima defesa, não é? Eu poderia apostar dez yens que ele as matou durante um desses chiliques. 
Eu pude reparar que um dos shinkis dela parou para reverenciar Yato, foi um ato curioso de certa forma, depois de tanto tentarem o matar, por que ele faria isso? Ainda que sua mestra estivesse errada, Yato foi a causa da morte de seus irmãos, não foi? Outra vez, levei yukine para casa, ele adormeceu bem até o outro dia.' 

❝Durante a noite nenhum monstro pode se esconder.❞                

Naquela tarde, Hiyori havia esperado seus pais no terraço do hospital de sua família, estes estariam ainda a trabalhar e como não queria voltar sozinha para casa, esperar ali era a melhor opção. Enquanto esperava, a garota acabou por sentir um cheiro doce e suave, ainda que não fosse tão bom quanto o cheiro do Deus de rua, era realmente similar; para sua surpresa e espanto, se tratava de Bishamon. 
Enquanto respirava tremulamente, seus ombros pareciam retrair para o corpo, aquela sensação de medo, como se a deusa fosse simplesmente voltear seu leão e acabar por tentar mata-la também, então poderia culpar Yato, afinal, de quem mais seria a culpa por uma morte destas? 

— ....!? — Ao tentar se virar e seguir para as escadas, tentando escapar de chamar qualquer tipo de atenção da deusa, teve sua boca tapada e foi puxada para trás. Enquanto parada, em um acesso de pânico e medo da parte da garota, ouviu o shinki dizer algo baixo, isso antes de sentir todo seu corpo travando sem seu concedimento, fechou seus olhos, que pareciam ser juntamente a seu pulmão, obedecerem sua dona.

Abrir os olhos não passou de uma ideia pior, dando primeiramente de encontro com a tão temida deusa, sentiu um soluço subir por sua garganta mas lhe faltou coragem para solta-lo, ela apenas fez um breve diálogo com seu shinki e o leão, que por sinal também era uma das divinas ferramentas. 
— Se eu fosse você, não me aprofundaria nestes assuntos, Iki Hiyori. — Disse o mesmo Shinki, assim que sua mestra se fora com o leão. Ele pareceu sussurrar alguma outra coisa antes que a garota pudesse se mover novamente, esta que tomou uma pose assustada. 
— O que quer dizer e como sabe o meu nome!? — Perguntou, mexendo as mãos, como se estivesse testando se estavam completamente normais, fazia uma expressão encabulada com o que acontecera enquanto esperava impacientemente a resposta do castanho. 
— Eu posso interagir com qualquer coisa a minha volta — Este respondeu, enfiando uma das mãos no que parecia ser o uniforme de sua equipe. — E com isso, tenho acesso a todo tipo de objeto. — Disse, retirando então um tipo de carteira colegial com a foto da garota. 

Irritada, assustada e em um de seus acessos de nervos, pegou a carteira e se afastou enquanto encarava o castanho que dava um suspiro. O restante da conversa fora completamente estranho, algo sobre Yato estar doente e a culpa ser de seu Shinki. Enquanto o Shinki nomeado como Kazuma saíra, Hiyori voltava para dentro do hospital; talvez fosse o que este lhe disse em ultimo momento, talvez fosse a possibilidade de Yato matar Yukine, no momento, não pareciam ter muita diferença, mas com impactos excruciantes para a mente da garota.