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História O Peso da Coroa - Capítulo 12.1 - O começo do Fim - Parte II


Escrita por: LyraRocha

Notas do Autor


Oi gente,
Falei que ia postar no máximo até segunda, mas além de ter ficado sem internet esse dia eu empaquei em um pedaço muito importante da história.
Quando vocês lerem tenho certeza que vão entender. Foi difícil, mas saiu.
Meu coração está bem pequeninho.
Lembra da musica que falei no capítulo anterior?
Just a Kiss - Lady Antebellum, versao dueto com Boyce Avenue do youtube. Ouvi sem parar nesse capítulo!
Então... Vamos lá....Boa leitura e nao me matem.

Capítulo 21 - Capítulo 12.1 - O começo do Fim - Parte II


O que era para ser um dos melhores dias da minha vida, o dia que eu escolheria Kile de uma vez por todas e anunciaria a toda Illéa quem seria o meu futuro marido, terminou em tragédia. Uma catástrofe causada por mim. Eu poderia ter evitado tudo isso, mas não consegui, fui fraca e agora pagarei o preço disso.

O dia da escolha foi cancelado devido a morte do Henri. Só restaria Kile de qualquer forma, mas desde o dia que Henri se foi, eu não conseguia conversar com ele. Toda vez que o via sentia a culpa da minha escolha pesar em meus ombros e desde então tenho o evitado.

Kile não tinha culpa no que aconteceu, eu era a culpada. Mas eu não conseguiria viver meu amor e esquecer que uma vida foi embora por uma atitude impensada da minha parte. Me sentiria mais egoísta do que já havia sido. Precisava de um tempo para me afastar.

Mamãe havia passado mal novamente com toda essa agitação e eu sentia o peso de mais uma situação em minhas costas. O povo não parava de pressionar sobre meu casamento com Kile, já que era o único que sobrava para mim e nesse tempo só o que me confortava era ter Erik comigo.

No início eu não queria conversar com ele também, olhá-lo me lembraria do Henri, mas ele forçou a sua presença na minha vida e disse que não deixaria de ser meu amigo e me servir apesar de tudo o que aconteceu. Suas palavras sempre me confortavam, mas ainda não era o suficiente para me tirar desse lamaçal.

- Ele está sofrendo Eady. – disse Erik.

- Eu sei Erik, eu também estou, talvez ainda mais que ele. – refutei.

- Eady... - disse com cuidado. – Mas ele não sabe o que se passa. Você apenas o afastou. Não deu nenhuma explicação, apenas o evita, o que quer que ele pense?

- Eu não consigo Erik. Droga. Toda vez que olho para ele na mesa de jantar eu acho que estou sendo pecaminosa em desejar ser feliz enquanto o Henri se foi por nossa causa. – desabafei tristemente.

Erik tocou minha mãe para me confortar e olhou complacente para mim.

- Eadlyn, eu conheci bem o Henri nos dias que estive aqui, não acho que ele iria querer ver você sofrendo sozinha o resto da vida. Quem ama quer ver a outra pessoa feliz.

- Então por que ele se foi Erik? – disse raivosamente me levantando. – Diga-me? Se ele queria me ver ser feliz com o Kile ele não deveria ter partido, deveria estar aqui para me ver ser feliz então.

- As coisas não são assim. – considerou - O fato dele querer que você fosse feliz não quer dizer que ele pudesse lidar com isso. Sua morte é a prova disso. Se ele tivesse a plena consciência que era assim que ficaria, com certeza suas ações seriam outras. Eu confio no Henri o suficiente para dizer por ele.

Olhei para ele pensativa. Será que ele estaria certo? Era tão difícil deixar essa culpa ir embora.

- Eu preciso pensar Erik, vou respirar novos ares e arejar a cabeça. – disse retirando-me da sala e caminhando em direção ao jardim.

Encontrei-me com Marcus no corredor e ele ficou em minha frente interrompendo minha passagem.

- Olá princesa como está?

- Bem, na medida do possível, Sr. Illéa. – respondi endireitando minha coluna.

- Não precisa me chamar de senhor Alteza, sou poucos anos mais velho que você.

- Ok Sen... desculpe, Marcus. Agora se me dá licença, estava indo até o jardim.

- Poderia acompanhá-la princesa?

Arqueei a sobrancelha por não entender o interesse repentino pela minha presença. Nós não trocávamos muitas palavras além das reuniões conjuntas que participávamos, mas consenti.

- Soube de tudo que aconteceu e sinto muito por ter perdido alguém tão importante. Apesar que, se parar para pensar, embora fosse escolhê-lo, não sei se seria uma ideia boa tê-lo como futuro rei. Ele não poderia conversar com os súditos e que tipo de regente seria se não pudesse dialogar com o povo? E o outro, a segunda opção – que agora obrigatoriamente tornou-se primeira – não chega ao páreo do que é necessário para tal. O garoto não deve saber nem o que significa a palavra tributo, como poderia ajudá-la em tal tarefa? – foi falando enquanto caminhávamos até o exterior do palácio.

Olhei para ele ultrajada. Era muito petulância da parte dele achar que poderia opinar sobre minhas escolhas ou não.

- Como ousa dizer quem pode ser bom ou não para estar comigo Sr. Marcus? Em primeiro lugar, eu decido e eu sei quem é melhor para o cargo. Em segundo lugar, nenhum dos dois seria rei, mas sim príncipe consorte. Eu sou a futura Rainha de Illéa e não há aqui ninguém mais poderoso que eu. – falei fortemente cravando meus olhos nele. – Terceiro, quem lhe disse que Henri era o meu escolhido?

- Ora princesa – disse sem nem vacilar pelas minhas palavras, era como se já esperasse ou já estivesse acostumado comigo. – eu vi vocês no dia do passei a cavalo e vocês pareciam bem íntimos. Além do que, a conversa que tive com você aquele dia deu-me a entender isso. – completou.

- Pois está muito enganado Sr. Marcus – ele abriu a boca para dizer algo, mas o interrompi. – Não precisa dizer nada, para você será sempre senhor, prefiro não ter nenhuma informalidade com tipo de gente que nem você. - constatei - Apesar de eu ter carinho pelo Henri, é o Kile que eu amo e era ele quem eu iria escolher. Aliás, é ele quem eu vou escolher. E o garoto que acha que não está páreo, é exatamente aquele que vai reinar sobre você. – disse e saí marchando em frente dispensando qualquer companhia que ele quisesse me fazer.

Continuei caminhando em direção ao meu banco favorito que ficava em frente a um jardim de flores muito bonito, na lateral do castelo. Ao longe avistei os cabelos dourados que eu amava tocar e meu coração vacilou.

Estanquei e não consegui dar mais nenhum passo. Minha vontade era correr, me jogar em seus braços e esquecer tudo o que tinha acontecido, mas meu coração pesava toda vez que eu pensava nisso e eu sentia vontade de jogar para longe todo sentimento que me permitisse ser feliz. Eu me autoflagelava e estava levando comigo as pessoas que eu amava.

A aparência de Kile era triste, tinha olheiras como se não dormisse há dias, a expressão cansada demonstrava que estava tão péssimo como eu, apesar de ser por motivos diferentes.

Criei coragem para dar um passo a mais a fim de me aproximar, até que cheguei bem perto. Kile notou a minha presença e me olhou um pouco chocado. Não esperava que eu tivesse ali já que eu o evitava há dias.

Logo que a notícia de Henri chegou aos seus ouvidos ele correu para me consolar. Lembro dele chegando na porta querendo conversar comigo, mas eu pedi meu pai para informá-lo que não queria conversar com ninguém no momento. No outro dia a mesma coisa, e assim sucessivamente até que ele entendeu que o problema era ele. Eu já estava conversando com várias pessoas, mas não com ele. Eu não conseguia. Eu apenas o afastei sem explicação. Foi a minha forma de lidar com o luto e a culpa que me amargava.

- Não esperava te ver aqui. - falou olhando para mim e estendendo a mão para me convidar a sentar no banco com ele.

- Nem eu. - respondi sincera suspirando.

- Desculpe pegar o seu lugar secreto, eu precisava de algo fizesse sentir você, já que não posso ter sua presença. - disse amargurado.

Encarei Kile, ele merecia alguém melhor, não era justo o que eu estava fazendo com ele. Mas eu o amava tanto, eu queria que tudo entre nós se resolvesse. Me faltaram palavras, eu só conseguia olhá-lo e analisar cada detalhe daquele rosto. Ele percebeu o meu silêncio e tomou a iniciativa de quebrar o abismo instalado entre nós.

- Eady, não me afaste – pediu em tom baixo em forma de súplica. - Eu sei que você é fechada em relação a seus sentimentos, eu sei que está sofrendo, mas não se permita viver isso só. Eu te amo Eady e quando se ama a gente compartilha. Na alegria e na tristeza... eu quero fazer parte da sua vida, eu quero te ajudar passar por isso e acima de tudo eu quero você. - terminou segurando minha mão.

- Me desculpe – falei com pesar por tudo aquilo que eu havia provocado nele. - Está sendo muito difícil para mim Kile, eu não consigo... Eu não consigo me conceder a felicidade sabendo que Henri não teve a dele por minha culpa. - uma lágrima rolou pelo meu rosto.

Kile segurou minha mão e me puxou para um abraço recostando minha cabeça em seu peito.

- Eady, o Henri fez uma escolha. Ele poderia ter feito muitas outras, mas ele escolheu seguir esse caminho, você não mudaria nada. Isso poderia ter acontecido quando você conversasse com ele sobre nós, ou ele descobrindo como descobriu, tanto faz, a escolha dele não mudaria se as palavras que ele disse na carta era realmente o que pensava.

- Mas Kile... se eu tivesse feito diferente... - comecei dizer em meio a um choro silencioso, porém ele me interrompeu.

- Não tem “mas” Eady. O que poderia ter feito diferente? Escolhido ele? Porque me parece que só assim ele realmente estaria satisfeito. Sacrificaria sua vida e sua felicidade para se casar com outro por que ele ama você? E os outros que também te amam? Iria se casar com todos então? Erik? Eu?

- Claro que não Kile – Levantei-me do seu encosto e olhei para ele deixando claro que não era isso o que pensava. - Você sabe que minha escolha era você. E Erik não me ama, não como você pensa, somos amigos.

- É o que você pensa – resmungou ele me puxando novamente para seu abraço e colocando seu queixo sobre minha cabeça e seus braços em torno de mim.

- Tanto faz. - dei de ombros para que esse assunto morresse. Não queria uma discussão desnecessária por ciúmes. Tínhamos que resolver problemas muito maiores entre nós agora.

- Promete que vai tentar? - perguntou Kile para mim.

- Hum? - indaguei-o.

- Nós... - apontou para mim e para ele - Promete que vai tentar voltar para mim. Eu te dou o tempo do mundo Eadlyn, eu sempre dou. Mas me prometa que quando organizar seus pensamentos você voltará para meus braços. - disse beijando minha testa e olhando no fundo dos meus olhos.

- Eu prometo. - fechei meus olhos e fui em direção a sua boca lhe dando um selinho formalizando a minha promessa.

A confiança que Kile tinha na gente me fazia ter forças para poder encarar qualquer coisa. Eu sentia que podíamos dar certo. Eu conseguiria superar as minhas tormentas interiores e quando eu conseguisse não restaria nada que fizesse que me manteria longe de Kile. Estaríamos libertos para viver a plenitude de todo nosso amor.

Ficamos ali, no silêncio, aproveitando o calor um do outro e a paz que o lugar transmitia até mais tarde. Em seguida fui até a pessoa que eu precisava conversar, além de ver como estava a sua saúde.

Quando entrei em seu quarto mamãe estava deitada em sua cama, porém acordada. Conversava e ria com madame Marlee no momento que entrei. Logo me notaram e as duas pareceram surpresas com a minha entrada. Acho que por causa do tempo reclusa muitos ficavam surpresos em me ver andando agora pelo palácio.

Mamãe deu um sorriso tenro ao me ver e abriu os braços me chamando para ir até ela. Andei apressadamente e me joguei em seu abraço sentindo todo o conforto que uma mãe pode oferecer-nos quando precisamos de um colo. Sentia o calor da sua pele, os dedos delicados que passavam em meus cabelos e o carinho maternal que exalava de si. Ela segurou meu rosto com as duas mãos e me deu um longo beijo na bochecha seguido por um na testa e pude sentir uma lágrima sua escorrer cair em meu rosto.

- Oh meu amor, eu te amo tanto. - disse para mim me puxando para mais um abraço apertado.

Percebi quando madame Marlee abriu um pequeno sorriso e saiu de fininho me deixando ter um momento a sós com minha mãe.

- Você está melhor? - perguntou para mim.

- Tentando – respondi com franqueza e vi seu rosto de preocupação por mim.

- Filha, eu sinto tanto. - disse com pesar – Tudo o que eu sempre quis foi te ver feliz, achei mesmo que pudesse encontrar o amor em meio a tudo isso, jamais imaginei a proporção que as coisas pudessem tomar.

Percebi a culpa invadir sua mente e seus olhos azuis brilharem com as lágrimas que chegavam aos seus olhos. Eu já sentia culpa suficiente para o mundo todo, não deixaria que minha mãe se sentisse assim também.

- Mãe, não se preocupe. Você estava certa, eu realmente encontrei a minha própria história, descobri a pessoa a quem vou contar para meus filhos assim como me contam todo amor de você e papai. - dito isso vi sua expressão suavizar e um sorriso abrir em seu rosto.

- Você nunca havia sido aberta assim. - ela fez uma nota sobre mim.

- Eu sei. Mas creio que depois de tudo que aconteceu você merecia saber que nem tudo foi perdido – ri tentando quebrar o clima pesado e fazer uma piada sobre a situação.

- Kile é um ótimo garoto e vocês tem minha benção para seguir em frente – disse deduzindo que o garoto seria ele já que Henri havia morrido.

- Sim ele é – concordei.

- Mas então o que tanto te aflige? Além da tristeza de ter perdido um selecionado, claro. - ela me perguntou lendo através dos meus olhos.

Suspirei pensando em como explicaria para ela o que se passava comigo.

- É difícil seguir em frente quando eu carrego a culpa da morte de Henri em minhas costas.

- Meu amor.. - ela me afagou em um novo abraço. - Culpa por que querida? Não há nada que pudesse ter feito.

- Eu podia ter liberado ele antes mãe, ter contado que não era ele quem eu amava de verdade, não devia ter mantido ele aqui, talvez se eu tivesse mandado para casa mais cedo ele pudesse ter tido um caminho diferente.

- Filha...você não pode trabalhar com achismos querida. É isso que a seleção é. Seu pai me amou desde o primeiro dia que me viu e nem por isso ele dispensou as garotas no mesmo instante.

Ouvi atenta, não era sempre que eles me contavam os detalhes da seleção deles, mas se tivesse algo ali que serviria para mim, então eu gostaria de escutar.

- Claro que teve outros fatores que o fizeram perdurar a seleção, mas mesmo quando estávamos bem ele fez tudo corretamente passando pela elite e até a escolha. Eu poderia ter muitas escolhas na vida Eadlyn, mas aquela era a única e inteira chance do seu pai encontrar uma companheira que estivesse com ele por toda a vida. Ele precisava ter certeza do que ele fazia, não podia simplesmente escolher a primeira que viu e que fez seu coração bater mais forte. Também me doeu quando vi seu pai com outra. - choquei-me imaginando a cena e o sentimento terrível que minha mãe deve ter passado. Imaginei ela vendo o papai sair com as selecionadas, se revezando em meio a várias garotas. Preferi interromper meu pensamento, só queria imaginar ele com minha mãe, não gostaria nem de pensar que outras passaram por sua vida.

- Não vou dizer que lidei da melhor forma, ou que entendi completamente no momento. - ela continuou. - Mas depois eu compreendi. Eu não passava a certeza para Maxon que se ele me escolhesse eu o escolheria de volta, entende? Muitas vezes pensei em desistir da seleção, mas no final eu quis lutar por ele, sabe por quê? Porque eu amo seu pai. E no final eu entendi. Entendi porque ele precisava manter as outras e não ser precipitado. Ele precisava ter certeza dos meus sentimentos. Claro que no seu caso é ao contrário, você que precisa desse tempo, você nunca pensou em um casamento Eadlyn, é natural se sentir assustada e precisar compreender o que se passa no seu coração – falou tocando em meu peito, mostrando o que suas palavras significavam. - Um amor não pode ser construído com incertezas filha, você precisava disso, você não poderia ser antecipada. Você não está errada em manter o Henri aqui querida, faz parte. Ele entrou sabendo de tudo. Não vou dizer que é fácil estar no outro lado porque eu estive e sei como é, mas assim como Henri não seria escolhido, teve várias outras garotas que seu pai dispensou e uma em especial que o amava e tenho certeza que faria de tudo para o fazer feliz. Elas seguiram suas vidas assim como Henri deveria ter seguido a ele. Ninguém deve ser obrigado a amar ninguém meu amor. O coração é algo que não conseguimos comandar e se ele lhe diz que deve bater por outra pessoa, você deve apenas segui-lo. Não coloque um julgo sobre si que você não pode carregar.

Abracei-a com força me sentindo muito mais leve. Suas palavras suavizaram meu coração. Era muito bom conversar com alguém que entendia de alguma forma. Meus pais viveram muitas coisas – por mais que eu ainda não saiba tudo – na seleção deles. Se tinha pessoas que poderiam me ajudar de alguma forma eram eles.

Mãe sempre é aquela que vai nos amar incondicionalmente, nos abraçar, dizer que vai ficar tudo bem e ter os melhores conselhos quando nossos olhos escurecerem e não soubermos o caminho. Ter esse momento com ela foi completamente especial. Eu sentia o peso da culpa se esvair de mim em um sopro de palavras singelas.

- Por que não te procurei antes – murmurei entre seus braços com meu rosto no meio dos seus cabelos avermelhados.

- Por que você não quis querida – ela riu contra mim me dando um beijo estalado na bochecha.

- Obrigada mãe. - respondi rindo um pouco também e me levantei para voltar ao meu quarto.

Me sentia leve, me sentia feliz. Já sabia o que deveria fazer e amanhã logo cedo eu gostaria de dizer as boas novas a Kile. Não queria esperar, não queria dar chance a minha louca mente voltar a confabular contra mim.

Corri para o meu quarto com um sorriso largo de orelha a orelha. Queria saltitar, pular e extravasar minha alegria porque finalmente eu poderia viver em paz. A esperança que eu finalmente podia ser feliz estava em minha mente e eu retribuiria a Kile toda paciência cuidado e carinho que teve por mim.

Se eu poderia derrotar o que eu mesma pensava e os meus próprios temores, nada nos impediria então.

Já imaginava o beijo avassalador que Kile me daria quando eu finalmente entregasse meu coração de volta a ele. Comecei a sonhar todos nossos momentos juntos, tudo o que nosso amor construiu e ainda poderia construir... Ia entrando no meu quarto e rodopiando com meus pensamentos dos seus braços sobre mim.

Parei de frente ao espelho da minha penteadeira vendo o meu rosto mais tranquilo, a áurea pesada não estava sobre mim mais e eu sentia a leveza da minha decisão sem um apertar no peito.

Foi quando notei algo estranho na ponta do espelho. Havia um papel dobrado e colado no local. Olhei para um lado e para outro sem entender quem havia colocado aquilo ali. Peguei o papel e abri. Senti algo estranho ao ver aquelas letras em recortes e fiquei em dúvida no momento que eu li o que estava escrito se meu coração havia disparado ou parado completamente.

Deixei o papel cair das minhas mãos e minhas pernas cambalearam me fazendo sentar imediatamente na cadeira que estava atrás de mim. Coloquei a mão sobre a boca atônita com o que estava vendo.

Isso mudaria tudo.

E quando eu achava que poderia desfrutar da minha felicidade eu recebia outro golpe que me faria pegar um caminho completamente diferente. Eu estava tão farta de sofrer, cansada de tentar remar contra a maré que me afogava. Será que nada da minha vida poderia dar certo e ser da forma que eu queria?

Eu não sabia o que fazer, revirei a noite tentando achar uma solução plausível para aquela bagunça. O medo batia à porta do meu coração e eu precisava proteger aqueles que eu amava. Eu não poderia colocar Kile em uma situação de risco, não queria trazer mais uma preocupação para meu pai que tinha um aspecto cansado e abatido com tudo e muito menos diria alguma a minha mãe que poderia deixá-la instável novamente correndo o risco de sofrer outro infarto. Não! Eu precisava resolver isso.

Eu era a futura rainha, não poderia esperar que outros fizesse coisas por mim e não poderia ficar chorando pelos cantos. Eu precisava fazer o que deveria ser feito. Eu sabia que ia partir o coração de Kile da pior maneira possível eu meu também, mas era necessário.

Tudo começou fazer sentindo na minha cabeça, as minhas desconfianças viraram certezas e agora eu precisava me afastar de Kile o mais rápido possível.

No restante do dia não saí do meu quarto. Estava me preparando psicologicamente com o que eu teria que fazer no outro dia, se é que tem como se preparar para partir um coração.

No outro dia não consegui nem tomar café da manhã. O almoço foi servido no meu quarto, pois não tinha coragem de encarar ninguém até que fosse o momento certo. Meu estômago embrulhava e minhas mãos suavam com o nervoso e a ansiedade. Fui com passos incertos até o quarto de Kile esperando encontrá-lo lá para acabar com isso de uma vez por todas.

Entrei no quarto sem esperar que ele atendesse. Lembranças da última vez que estive ali pairavam sob minha mente. Conseguia sentir o toque e o calor de Kile como se tivesse sido hoje. Fechei os olhos pensando que agora minha imaginação seria a única coisa que restaria de nós.

- Eadlyn – abri os olhos ao ouvir a voz de Kile me chamar. Olhei para ele e o vi caminhar em minha direção com um sorriso largo no rosto. Ele me envolveu com seus braços me dando um abraço afetuoso e eu só consegui suspirar com o pesar do que faria ali. - Não esperava que viesse tão rápido – ele disse quando me abraçava.

Não consegui responder. Estava parada do mesmo jeito de quando Kile me abraçou. Ele percebeu minha estranheza e se afastou permanecendo com as mãos em meus ombros. O sorriso que tinha no rosto foi trocado por uma expressão de confusão.

- Precisamos conversar – tomei coragem para iniciar a conversa que teria que ter. Andei uns passos entrando no quarto enquanto Kile fechava a porta atrás de mim.

Ele me olhava intrigado e vi que passava as mãos na calça em sinal de agitação. Ele sabia que se fosse algo bom eu teria corrido para seus braços ou mesmo retribuído seu abraço.

Andei pelo local dando as costas para ele enquanto tentava me revestir de uma máscara de força e coragem que eu havia deixado de usar faz tempo.

- Você me deu tempo para pensar e aqui estou então. – disse séria me virando para ele. – Acabou Kile. – soltei de uma só vez.

- O que!? – perguntou exasperado.

- É exatamente o que você ouviu. Acabou. – tentei soar o mais fria que consegui a fim de terminar aquela dor imediatamente. Quanto mais rápido menos sofrido seria.

- Calma lá Eadlyn, como assim? Ontem mesmo estávamos bem, como pode chegar hoje do nada e me dizer isso sem mais nem menos? – Kile me indagou sério. Ele não acreditava, não colaria esse término repentino, não depois da esperança que viu em meus olhos ontem.

- Kile... – respirei fundo – Nunca daria certo. Olhe para mim? Veja o tanto que já te fiz sofrer. Minhas inseguranças e indecisões, minha vida quebrada e a culpa que carrego – falei mesmo sabendo que já estava aliviada em relação a última questão. Porém precisava convencê-lo de que o fim seria melhor para nós.

- Eadlyn, eu te amo da forma que é, eu te conheci com cada trejeito e você com os meus. Se eu estou aqui é porque eu quero você como desse jeito. – disse se aproximando.

- Não Kile. – engoli em seco e lutei para que meus olhos não enchessem de água. – Estamos iludidos vivendo algo que não é para ser. Eu não consigo me imaginar casada com ninguém nem mesmo com você, desculpa, não dá. – menti.

- Eadlyn você esses dias me disse com todas as letras que estava pronta e agora fala isso para mim? Não está certo. O que você está me escondendo? O que houve? – disse ele um pouco exaltado.

- Kile, eu não posso fazer isso comigo nem mesmo com você. Entenda, por favor. – falei já quase me perdendo na minha luta interna. – Veja bem, eu estou quebrada Kile, eu não consigo olhar para você sem que sinta culpa por tudo que aconteceu. – menti novamente. Antes seria verdade, mas já não era mais o motivo que me levava ali. - Além do mais, eu pude pensar de ontem para hoje, e olhe em volta – abri os braços apontando para todos os papéis que ele tinha espalhado pelo quarto com seus desenhos e projetos.

- Eu não quero limitar sua vida Kile. Você nunca quis isso, você sempre quis deixar esse castelo e viver sua própria vida.

- Mas os nossos planos mudam Eadlyn – me interrompeu com uma voz carregada de sentimentos.

- Eu sei – suspirei. – Mas o que garante que isso não é apenas uma grande paixão e que depois que nós casarmos você não se arrependerá de viver a sombra de uma rainha. Você pode ser grande Kile, você tem talento, não tem motivos para ficar do meu lado sendo um príncipe consorte.

- Te amar não é motivo suficiente para querer você? – perguntou ele ressentido.

Não soube o que responder. Sim, seria suficiente sim Kile. Era isso que eu queria responder, mas não era o que eu poderia dizer.

- Não deveria ser...- foi o que consegui falar. – Você não deveria diminuir os trajetos que tem para sua vida nem por um amor Kile, não um amor jovem como o nosso. Não conhecemos nada da vida, somos imaturos, podemos estar sendo tão tolos.

Nem eu mesma acreditava nas palavras que dizia, mas tentei todo o tempo soar firme e não vacilar.

Kile aproximou-se de mim tocando em minha bochecha e eu vacilei. Seu toque me fez estremecer e temi que a mentira que eu despejava pela minha boca fosse completamente pelo ralo naquele momento.

- Diga que foi tudo uma mentira. Diga-me que não me ama e que somos apenas jovens bobos apaixonados. Diga-me que amanhã você pode não me amar mais? Diga-me Eadlyn! – falou tocando meu rosto com delicadeza, mas com uma expressão penetrante e séria sobre mim. – Diga olhando nos meus olhos tudo isso e eu saio por aquela porta agora e dou o fora desse castelo ... mas eu quero ouvir da sua boca. - terminou dizendo com seu rosto muito próximo do meu.

Eu poderia inventar a maior mentira do mundo, mas dizer que não amava Kile? Isso era impossível. Eu tinha plana certeza que no momento que ele se fosse meu coração se quebraria, eu sabia que poderia se passar 100 anos e o amor que eu sentia por ele seria igual. Era a única certeza que eu tinha na vida, que eu jamais o esqueceria.

- Eu não posso – murmurei abaixando a cabeça.

- Não pode o que Eadlyn?

- Não posso dizer que não te amo? – levantei meu rosto para olhar para ele de novo, agora com os olhos embargados sem conseguir segurar as lágrimas que queriam subir ali.

- Então porque esta fazendo isso com a gente Eady? – perguntou em meio ao sofrimento, mas com ternura recostando sua testa da minha e alisando meu braço com a mão esquerda e minha bochecha com a direita.

- Porque eu sei que é isso que eu devo fazer. Eu estou pensando em nós Kile. – falei já com as lágrimas já escorrendo. – É justamente por te amar que eu sei que será melhor assim. Vou poupar-nos um sofrimento maior. Melhor terminarmos enquanto há respeito e carinho do que continuarmos persistindo com algo que vai nos levar a quebrar a cara lá na frente. – virei o rosto querendo olhar o mais longe possível para não ter que encarar os olhos azuis dele sobre mim. Tudo em mia doía e eu temia que a dor que eu sentia era maior do que se fosse uma dor física.

- Eadlyn, olhe para mim – colocou a mão no meu queixo e virou-me para ele novamente – Você tem certeza que tudo que a gente viveu não vale a pena lutar? Você acha mesmo que eu seria mais feliz com meu trabalho do que com a mulher da minha vida? – vi seus olhos encherem de lágrimas também, apesar que ainda não estavam rolando como as minhas.

- Eu tenho plena convicção que se eu não te liberar para tentar seguir sua vida viverei com mais um peso em minhas costas Ky. Acordarei todos os dias ao seu lado e pensarei em tudo que te privei e do sacrifício que teve que fazer para ficar comigo. Eu não vou conseguir viver minha vida assim Kile. Eu sei o quanto seu sonho sempre foi importante pra você. Eu não vou mudar de opinião. – disse incisiva apesar de estar chorando.

- Eu não acredito nisso Eadlyn – falou me soltando e vi uma lágrima escorrer da sua face, que fez questão de enxugar rapidamente. – Eu não acredito que está fazendo isso com a gente. Você nem teve tempo para pensar.

- Eu tive tempo suficiente Kile. – respondi.

- Olhe para você Eadlyn, seu choro só me mostra como você está errada e insegura em relação a isso. - apontou para meu rosto molhado.

- O meu choro só mostra que não é fácil para mim também. Não quer dizer que não é o que acho certo – falei enxugando minhas lágrimas com o dorso da minha mão.

- Eadlyn... - falou Kile se aproximando de mim novamente – eu não posso ficar longe de você meu amor. Não faz isso com a gente, por favor. – falou suplicando quando percebeu que apesar de estar quebrada eu não mudaria de ideia. Kile segurou meu rosto com as duas mãos encostando seu nariz no meu. – Não me deixe Eadlyn, por tudo que a gente construiu até aqui, por favor, não me deixe. – disse já em lágrimas me vendo balançar a cabeça em um sinal negativo, não voltando atrás em minha decisão.

Nós dois chorávamos, um de frente para o outro. Eu sentia a respiração ofegante de Kile soprando sobre mim e o sentimento de perda corroía a minha alma.

Kile, em um súbito instante, inclinou-se sobre mim terminando de fechar o espaço entre nossos lábios selando na minha boca um beijo lento e triste. Seus lábios tocaram os meus e tinham o gosto salgado de nossas lágrimas. Era a nossa despedida. Kile sentia que eu estava decidida, era quase que um último recurso desesperado de me fazer mudar de ideia.

- Eu não vou desistir de você Eadlyn – Kile dizia entre os intervalos do nosso beijo balançando a cabeça freneticamente em negação.

– Eu vou te provar que devemos ficar juntos. Se você quer me mostrar que eu tenho que seguir minha vida e meu sonho, eu vou, mas eu vou voltar para você Eadlyn, eu sempre vou voltar porque meu coração é seu e ele só bate se estiver sincronizado contigo – prometeu me puxando para mais um beijo.

Minhas lágrimas continuaram caindo, mas agora eram mais grossas e fortes. Ele não voltaria. Não porque ele me deixaria na mão, mas porque eu não poderia recebê-lo de volta.

Aquele beijo tinha gosto de dor e sabor de despedida. Era gostoso sentir os lábios carnudos de Kile, mas naquele momento eu só conseguia desfrutar da derrota que emergia de mim.

Era meu último momento com ele. Eu estava o deixando de vez e nunca mais poderia sentir o seu cheiro ou mesmo tocá-lo. Não sentiria o calor que ele emitia ou mesmo a eletricidade de quando estávamos juntos.

Em meio aquele beijo tive a certeza que se aquele era o nosso último momento, eu gostaria de provar Kile por completo então. Passei a mão pelo seu pescoço e a outra em sua camisa puxando-a levemente fazendo-a soltar de sua calça. Kile me segurou firmemente colando seu corpo no meu e começou a andar em direção a sua cama me derrubando sobre ela.

Era como se por mais que ele prometesse que voltaria, seu corpo soubesse que aquele seria nosso último momento. A despedida e a paixão que tínhamos exalava e fazia com que quiséssemos nos fundir o mais rapidamente possível.

Kile se deitou sobre mim e continuou a me beijar em uma sincronia que era só nossa. Sua mão começou desenlaçar os amarros do meu vestido, enquanto eu, puxava sua camisa para cima quase que desesperadamente. Kile soltou-se de mim para terminar de retirá-la agilmente e voltou a me beijar com ímpeto. Assim que terminou de folgar as cordinhas que prendia minha roupa, foi descendo vagarosamente as alças do meu vestido enquanto seus lábios saiam da minha boca, desciam pelo meu pescoço e ia repousando em cada local que ele deixava desnudo.

Minha mão passeou no seu peitoral nu, tocando apreciadamente cada gomem que havia ali. Sentia a vibração do seu abdômen em cada toque dos meus dedos e vi nossos beijos que antes era ternos e delicados tonarem-se selvagem e desmedidos.

Havia desespero, havia fome, havia uma batalha de sentimentos ali.

Não tardou para que estivéssemos completamente desnudos e Kile me encarou com seus olhos brilhantes sobre mim. Estava diferente, tinha a doçura dele, mas havia também uma selvageria que nunca havia visto com um misto de admiração.

- Você é linda Eadlyn... e é minha, completamente minha. – disse selando meus lábios.

- Eu sempre serei sua Kile! – respondi uma verdade no meio de tantas mentiras que havia lhe contado hoje.

Se tinha uma coisa que eu tinha certeza era que eu pertencia a Kile, hoje mais do que nunca. Nossos corpos exalavam um calor que era único. Não havia temores ou vergonha. Se havia uma pessoa a quem eu me entregaria seria ele. Não havia confusão nos meus sentimentos em relação a Kile, havia impedimentos, confusão não. E foi a certeza sobre esse amor que me levou a ter a noite mais inesquecível da minha vida. A noite que eu lembraria para o resto da minha vida.

Nossa sincronia era perfeita e nossos corpos se encaixavam de uma forma única como se conhecessem um ao outro. Nosso ritmo formava um elo especial e eu sabia que onde ele estivesse depois , meu corpo só responderia a ele dessa forma. Em todos os meus sonhos eu sentiria a presença de Kile e quando eu fechasse os olhos eu poderia aspirar novamente o cheiro do seu corpo e a maciez dos seus lábios.

Dormi confortável ao seu lado. Kile me abraçava possessivamente como se soubesse que no momento que acordássemos não seriamos mais “nós”. Cada um seguiria sua vida e tudo estaria acabado, mas naquela noite e durante toda a madrugada, nós seriamos os dois jovens apaixonados que se entregaram a concretização do seu amor.

Acordei ainda bem cedo e me virei percebendo que Kile ainda dormia ao meu lado. Sai do seu aperto delicadamente para que não despertasse e catei minhas peças que estavam jogadas pelo quarto. Vesti minha roupa e olhei-o pela última vez para poder gravar cada traço do seu rosto.

Abaixei-me levemente até ele e soprei em seu ouvido uma única promessa que eu poderia cumprir.

- Eu nunca vou te esquecer Kile. Pode passar o tempo o que for e aconteça o que acontecer, meu coração sempre será seu.

Sabia que não poderia ouvir, mas prometi assim mesmo. Após isto caminhei até a porta dando uma última olhada para ele deixando meu coração lá dentro ao fechar a porta.


Notas Finais


Gente, meu coração tá quebrado </3
Mas todos nós já sabíamos que eles haviam terminado né? Então... não tinha como fugir disso.
Quero saber o que acharam do capítulo.

Caso queiram saber das novidades, atualização etc, entrem no meu grupo do facebook
https://www.facebook.com/groups/1004676362936847/

Para quem lê no wattpad, sábado eu postarei o prefácio da minha história nova que se chama Trono de Sangue e que promete muitas emoções. Adicionem na biblioteca de vocÊs
https://www.wattpad.com/story/63199184-trono-de-sangue


Ps.: Voce leitor que gosta da história e que acompanha até aqui, não esqueça de colocar a história nos FAVORITOS, pois aí sempre que tiver uma atualização você vai receber a notificação e eu vou poder saber que você acompanha tambem. <3
A participação de voces é sempre especial e os COMENTÁRIOS sempre me inspiram a escrever mais!
Beijos


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