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História O Peso da Coroa - Capítulo 15 - O punhal


Escrita por: LyraRocha

Notas do Autor


Pessoal
Como estão as expectativas? rs
Espero que não me matem até o final da capítulo... Sejam pacientes e aguardem o desenrolar da historia hahaha
Sou ansiosa e resolvi postar logo, quando minha beta me enviar a segunda correção eu altero algum errinho que estiver ainda.
Enquanto isso, boa leitura

Capítulo 24 - Capítulo 15 - O punhal


“Descobrimos a origem do punhal”

O gelo e o temor se apossaram do meu corpo ao ouvir aquela frase, meu estômago se revirou e a ansiedade tomou conta de mim. Estávamos perto de desvendar a verdade. O que viria depois?

- O que estão esperando? Vamos logo! Já mandei convocar os membros do conselho e os outros ministros que ainda estão no castelo. Se estivermos com um número grande será mais fácil tomar uma decisão rápida – disse minha mãe impaciente virando-se em direção ao escritório.

Deu dois passos em frente e eu a segui, porém virou-se e olhou para trás vendo o Sr. Woodwork parado na mesma posição que estava, fazendo-a arquear a sobrancelha em sua direção.

- O que está esperando? – perguntou a ele, estava apressada.

Ele olhou para ela sem entender muito bem o que dizia e ela bateu o pé desenfreadamente inquieta, rolando também os olhos. Eu conhecia bem minha mãe quando ela estava uma pilha. Não tinha amor platônico que a fizesse ser meiga com ele em um momento como aquele.

- Eu não tenho o dia todo Kile, dá para vir logo? – exigiu.

- E por que eu iria, Eadlyn? Não entendo o motivo da minha presença ser tão requisitada. – resmungou.

- Talvez porque você é meu Ministro de Obras e eu preciso que todos estejam presentes. – disse ironicamente cruzando os braços.

- Eadlyn, eu nunca participei dessas reuniões, não seria agora que seria diferente.

- Não participou porque não quis, Kile. Você como Ministro deveria ter vindo várias e várias vezes e não mandado o seu assistente como representante.

- Não vi você reclamar nenhuma das vezes ou exigir minha presença de verdade aqui, muito pelo contrário, foi bem confortável para você desde a primeira vez que o Stuart veio em meu lugar para me representar. – refutou irritado.

Minha mãe parou uns segundos engolindo em seco, mas logo seus olhos nublaram novamente pronta para continuar o debate, enquanto eu apenas assistia de camarote o espetáculo.

- Não importa Kile, mas agora você está aqui e não há motivos para não participar. Afinal, você está fugindo da reunião ou de mim?

- Não sou eu quem foge das coisas, Eadlyn – fuzilou-a com o olhar.

- DÁ PARA PARAR VOCÊS DOIS?! – disse erguendo as mãos exaltada. Resolvi me intrometer no show que eles estavam dando à minha frente. – Se vocês não perceberam, agora não é hora de vocês discutirem as mágoas passadas ou ficarem com birra infantil. Em outra hora vocês resolvam as suas diferenças, mas agora NÃO! Temos coisas mais importantes para fazer. Precisamos resolver o caso do meu pai – falei a última palavra vacilante e com pesar.

- Desculpe, Aysha – disse ele com pesar olhando para mim – Eu vou, por você – disse ele olhando para mim e tocando-me no ombro. – Mas será a última coisa que vou fazer nesse castelo, estarei indo logo em seguida. – disse andando em direção ao escritório e olhando agora para minha mãe.

Vi sua expressão ficar surpresa e vacilante, mas ela nada disse, só assentiu e continuou andando até que todos nós estivéssemos no local.

 

Ao chegar no escritório, o Sr. Calliagri já nos esperava com uma expressão apreensiva e fechada. Ele parecia tenso, como se a notícia pudesse ter uma proporção maior do que poderia imaginar.

Sr. Marcus e Thomas já estavam ali, assim como vários outros rostos conhecidos. Como haviam chegado tão rápido eu não saberia dizer, talvez minha mãe já havia convocado-os mais cedo ou até o próprio Sr. Calliagri. Não eram necessárias tantas pessoas para saber o detentor do punhal, é bem provável que a reunião não era somente para isto. Havia algo por trás e que já estava me deixando apreensiva.

Ao passar meus olhos pelas pessoas ali presentes, vi que a tensão estava por todo o local. Eu nunca havia participado daquele tipo de coisa, mas a expressão dos rostos deles não me faziam ficar despreocupada. Se eles que estavam acostumados a lidar com vários tipos de situações estavam preocupados, o que diria de mim então?

Olhei para Koddy que estava recostado no canto, quieto, observando minha mãe e eu. Não vi seus pais, então deduzi que realmente eles haviam o deixado para ajudar no que fosse preciso, como prometeram. Ao notar que eu também o olhara, ele me deu leve sorriso fechado, mas ao mesmo tempo reconfortante, que retribuí de imediato.

Tio Osten, que sempre era descontraído, tinha um semblante sério. Não vi tio Kaden, então presumi que ele não estava no castelo.  Tio Ahren também já havia ido embora juntamente com tia Camille. Não restavam muitas pessoas, mas parecia ser o suficiente para iniciar a reunião. Sr. Kile sentou-se no fundo, um pouco isolado, e muitos o olharam com expressão surpresa em seus rostos. Não esperavam encontrar ele ali no castelo, muito menos na reunião. Os únicos que não pareciam surpresos era Koddy e Thomas, talvez por serem mais novos não tinham noção da história por trás daqueles olhos azuis, ao contrário dos demais que, com certeza, sabiam sobre a seleção da minha mãe.

- Quer tomar as honras, Sr. Calliagri – minha mãe se assentou e falou ao Sr. Evan para que desse logo a notícia.

- Sim – Disse limpando a garganta. – Como sabem, estamos em um processo de investigação. A arma utilizada foi um punhal, então era a primeira pista que tínhamos, já que, como a energia foi desligada, nossas câmeras não puderam capitar o momento da ação. Estamos tentando analisar as imagens anteriores para ver se conseguimos detectar alguma coisa, mas é um processo demorado e meticuloso. O que podemos afirmar agora é sobre a origem do punhal.

O silêncio instaurado junto com a expectativa era agoniante. Era agora, eu finalmente teria respostas e meu coração ficava apreensivo com a notícia que viria a seguir.

- O cabo do punhal é de madeira, uma madeira diferenciada, não é encontrada em qualquer lugar. Ela não absorve líquidos e pudemos notar isso imediatamente, quando mesmo com o sangue coberto nela, ela parecia intacta. Além disso, havia uma fissura no cabo que continha umas pedras preciosas, nota-se que era uma arma cara e não é qualquer um que poderia carregá-la por ai. E o pior de tudo... - suspirou e olhou para minha mãe – Como eu disse, tanto a madeira como as pedras não são encontradas em qualquer lugar, são materiais específicos de um país rico em especiarias e seu valor é tão caro que dificilmente alguém que não tivesse um posto muito alto poderia comprá-la. Esses materiais só são achados em um lugar e esse lugar é a Nova Ásia... – terminou por fim.

Ouvi murmúrios e exclamações por toda a sala. Olhei atônita para minha mãe e a vi cerrar os punhos, fechar os olhos e suspirar. Ao abri-los novamente notei que estavam embargados. Ela olhou para cima tentando conter o misto de emoções que estavam se formando e eu temia que ela explodisse a qualquer instante.

- Você tem certeza, Sr. Calliagri? – perguntei.

- Absoluta, princesa, são materiais muito específicos, nossos especialistas logo conseguiram detectar, caso contrário levaríamos muito mais tempo para conseguir descobrir. – respondeu.

Coloquei minhas mãos em minhas têmporas e fechei os olhos sem saber o que isso provocaria agora. Eu sabia que o Sr. Pervarti era um ogro sem escrúpulos, mas matar? Por que? Tantos anos de paz a troco de que? O que fizemos contra ele para provocar a sua ira?

E aquele papo de ofendido? Tudo era uma forma de desviar a nossa atenção. Ele usou daquele artifício para fugir do castelo e agora estava a milhares de distância, seria inalcançável. Maldita hora que o deixamos ir. Bem que minha mãe sabia que no momento que ele se retirasse do salão já seria tido como inimigo do reino.

- Isso não ficará impune! – Ouvi a voz da minha mãe soar pelo salão me tirando dos meus pensamentos.

- O que pretende fazer, Majestade? – Sr. Marcus perguntou.

Ela pareceu ponderar antes de falar. Eu sabia o que ela queria dizer, mas se ela resolvesse expelir seus pensamentos não teria volta, seria um bolo de neve, uma reação em cascata que envolveria muito mais do que nossa família e o Rei da Nova Ásia, envolveria todo um reino, milhões de pessoas.

- Eu sugiro retaliação – uma voz falou não dando tempo de identificá-la, pois logo os outros membros do conselho e ministros afirmavam o mesmo.

Todos estavam indignados, realmente não seria algo que poderia ficar por isso mesmo, mas as consequências futuras seriam grandes demais. Teríamos que nos preparar para tal.

- Majestade, seja o que decidir, a Noruécia estará contigo. Somos aliados e um ultraje contra um aliado nosso é como se fosse conosco. Saiba que estaremos a disposição de vocês – Koddy se ergueu para reafirmar sua aliança com Illéa.

- Obrigada, Koddy. – ela agradeceu e voltou seu olhar para as pessoas presentes – Temo que o momento chegou. Apesar de estar possessa em ódio, indignada, ultrajada e até um pouco irracional com toda essa situação, não posso deixar de pensar no povo. Mas, não fazer nada é permitir que o mundo veja como somos vulneráveis e jamais poderíamos permitir uma ofensa dessa contra o nosso solo. Se ele teve a audácia para entrar aqui e fazer isso, não seria à toa. Não há razão para matar o meu marido de graça. – disse engolindo o bolo que se formou – Se ele fez isso, com certeza queria mais. Temos que nos preparar para o pior e, infelizmente, não vejo outra saída, além de quebrar oficialmente todo acordo de paz com a Nova Ásia e contra-atacarmos. Ninguém entra na minha casa, toca em minha família e sai impune. Eu lutei muito para manter as pessoas que eu amo a salvo para um dia um ser asqueroso destruir tudo o que construí.

Vi seus olhos inflamarem em um ódio ressentido. Ela estava disposta a lutar, defender a honra do meu pai e ir contra qualquer ameaça vigente. Eu sabia bem o quanto ela tinha lutado para ter uma família em paz e tranquila, além de construir o seu próprio lar, apesar de tudo.

A sensação de impotência que exalava sobre ela era inevitável, eu sabia que ela se culparia por não ter protegido o meu pai e viveria com isso por um bom tempo.

- Isso não significa nada – uma voz ao fundo ecoou sobre os murmúrios das pessoas e virei-me imediatamente para ver de onde vinha.

- O quê? – minha mãe perguntou sem entender.

- Eu disse que isso não significa nada. – Disse a voz novamente, mas agora eu sabia que vinha do Sr. Kile. Ele desta vez se levantou para que todos pudessem o ouvir.

- Como se atreve a dizer que tudo o que eu disse não significa nada?

Kile rolou os olhos impaciente, mas não temeu o nervoso da minha mãe.

- Eu não disse que a sua fala não teve significância. O que eu queria dizer é... - respirou fundo para continuar sua linha de pensamento. – O fato do punhal ser feito com coisas da Nova Ásia não quer dizer necessariamente que foi o rei de lá que assassinou o Erik.

O silêncio novamente se instaurou pelo local.

- Como não? Você não ouviu tudo o que o Sr. Calliagri disse? – falou minha mãe levantando-se com os punhos na mesa.

- Fique calma – sussurrei para ela afim de a tranquilizar.

- Claro que ouvi Eady... erh, digo, Majestade. Mas também penso que qualquer um com um pouco mais de aquisição poderia ter adquirido ele. Não quer dizer com todas as letras que foi o Rei de lá. Acho que para chegar ao ponto de declarar uma guerra a Rainha deveria ter mais do que uma suspeita.

Minha mãe abriu a boca para retrucar, mas meu tio logo tratou de interromper e eu suspirei em alívio. Já bastava eu ver a troca de farpas entre os dois, ninguém mais precisava ver os ânimos exaltados, ainda mais com o clima tenso pela situação que já era presente.

- O Kile tem razão. Acho que deveríamos averiguar com certeza antes de tomarmos uma decisão tão grande como essa Eady... - Tio Osten falou calmo para minha mãe.

Ela cruzou os braços e ficou um pouco pensativa olhando para um e para outro, viu que os demais não contestaram e seu semblante amoleceu um pouco abaixando a guarda.

- O que sugere, Osten? – perguntou.

- Como Ministro das Relações Internacionais, acho que é mais do que meu dever entrar em contato com Sr. Pervarti. Eu vou até lá levar o seu recado, juntamente com todas as indagações pertinentes sobre a situação, o que pudermos fazer para acertar as coisas de forma mais diplomática melhor.

- Ficou louco, Osten? O homem mata o meu marido e você quer cometer suicídio indo até lá?

- Supostamente matou seu marido. Não temos certeza de nada ainda, não é? Uma carta sua para ele não acho que seria suficiente, se me permitir ir até lá posso tentar acertas as coisas. Melhor que ele se entregue do que causar uma guerra, que incluirá o risco até de ferir sua família. Se ele tem algum amor ou valor por algum deles ou pelo próprio país, ele fará a escolha certa.

- OSTEN, VOCE NÃO ENTENDEU NADA? UM HOMEM QUE VEM DENTRO DA MINHA CASA E MATA A SANGUE FRIO, NÃO PENSA EM FAMILIA OU QUALQUER OUTRA COISA ALÉM DELE MESMO! – minha mãe falou exasperada socando a mesa. Sua respiração estava irregular e seus olhos brilhavam.

Coloquei minha mão sobre a sua e olhei para meu tio entendendo a aflição da minha mãe.

- Tio, temo que essa não seja uma boa ideia. – falei suspirando.

Ele aproximou-se da gente, tocou minha mão e olhou para sua irmã com carinho. Tio Osten deu mais alguns passos até ficar de frente a ela e a abraçou recostando sua cabeça em seu peito.

- Eu vou ficar bem Eady, você não vai me perder. Estou aqui, vou sempre estar aqui por você. – disse, carinhosamente, passando suas mãos nas costas dela em forma de afago.

- Eu não suportaria perder mais ninguém. – ela murmurou contra o peito dele de forma que só ele e eu poderíamos ouvir.

As demais pessoas estavam quietas e eu daria uma torta de morango por cada pensamento que estaria pairando sobre elas.

- Não vai me perder Eady, eu prometo.

- Você não vai mudar de opinião, vai? – perguntou

- Não – ele disse tocando seu queixo para que olhasse para ele. – Sinto muito Eady, eu ainda acho que é o correto a se fazer. Supondo-se que foi ele mesmo e ele não declarou nada contra nós até agora, me matar seria um intuito claro de guerra e fugiria dos seus planos. Ele não vai fazer isso. E mesmo que você me proibisse, você sabe que eu iria – abriu um sorrisinho para ela, enquanto ela se enrijeceu contra seus braços, irritada – Qual é Eady, você me conhece! Aventura é meu nome do meio. – piscou para ela soltando-a.

- Tudo é brincadeira para você não é, Osten? Tudo bem. Quer ir? Vá. Não me responsabilizo por você – falou nervosa afastando-se dele. Virou para as pessoas e ergueu seu olhar gélido. – Não declararemos guerra ainda, o idiota do meu irmão vai tentar um acordo diplomático, enquanto isso continuaremos as investigações. Estão liberados. – rapidamente encerrou a reunião.

As pessoas assentiram e começaram a se levantar para se retirar dali. Minha mãe saiu furiosa da sala sem nem olhar para trás. Eu entendia ela. Tio Osten estava indo para a cova dos leões e ela não poderia o segurar. Meu tio sempre foi um espírito livre e nada o prendia, nem mesmo minha mãe.

- Eu ainda acho que é uma péssima ideia. – falei virando-me para ele que continuava ao meu lado.

- Relaxa pequena – disse afagando meus cabelos – Eu vou ficar bem. Já vou ajeitar minhas coisas e partir imediatamente – piscou e saiu da sala.

Queria acreditar nas suas palavras, mas algo me dizia que não seria como ele previa. Não sei explicar, mas eu sentia um aperto. Será que era isso que minha mãe sentiu e por isso o seu desespero?

Isso era uma péssima ideia, péssima mesmo. Aquele homem não deixaria ele chegar lá e simplesmente voltar tranquilamente. Era loucura.

Passei a mão no meu rosto preocupada e resolvi ir para o meu quarto descansar. Havia sido um longo dia. Altos e baixos. Eu só precisava dormir e torcer para que o dia de amanhã fosse mais tranquilo que o primeiro.

Esgueirei-me pelo corredor em direção ao meu quarto, quando vi um vulto loiro desfilando pelo meu castelo. Segui em sua direção para ter certeza que não estava vendo uma miragem, ou melhor, um pesadelo vivo.

Não demorou 5 minutos para que minhas suspeitas se confirmassem. Annyelle desfilava balançando aquela bunda para lá e para cá, como se estivesse em sua própria casa, e ainda soltava risinhos quando passava pelos meus guardas. Inacreditável.

Não perdi tempo e logo a alcancei puxando-a pelo braço para que se virasse para mim.

- O que você faz aqui ainda? – perguntei sentindo o sangue ferver em minha cabeça só pela sua presença.

- Não é da sua conta, princesa? – disse abrindo um sorriso atrevido e abusado.

- Se não fosse da minha conta eu não estaria lhe perguntando. – disse me aproximando-se dela. – Podemos ser uma monarquia bondosa, mas continuo sendo a futura rainha de Illéa. – olhei mortalmente para a garota, poderia fuzilá-la apenas com meus pensamentos. -  Além disso, você está na minha casa e eu posso exigir SIM saber o que você está fazendo aqui ainda. Mas já que você quer ser tão petulante, exigirei coisa melhor... – abri um sorriso zombeteiro para ela -  Eu quero você fora daqui, neste exato momento, nem um segundo a mais. Pegue suas trouxas, ou seja lá o que você trouxe, e saia do palácio porque não quero seu rabo loiro nem perto do meu jardim.

- O quê? – perguntou ela inacreditada – Você não pode me expulsar!

Ri descrente – Claro que posso, não só posso como eu vou.

Peguei seu braço e comecei a arrastá-la pelo corredor, até que ela puxou o braço para se soltar.

- Sua louca, eu não vou a lugar algum, eu estou aqui com o Thomas e não vou embora enquanto ele não for.

Se eu já estava irritada antes, agora tinha chegado ao meu limite máximo.

- Está com o Thomas? – dei um sorriso irônico para ela. – Engraçado, não foi isso que ele me disse mais cedo. – fiz um olhar debochado para que ela entendesse minha insinuação.

Seus olhos me fuzilaram e seu rosto ficou vermelho de raiva.

- Ele não ficaria com você! – falou nervosa para mim.

- E por que não? – uma voz perguntou enquanto sentia duas mãos rodearem minha cintura por trás e um queixo encostar em meu ombro. Era Thomas.

Ela olhou dele para mim com uma expressão surpresa, o que piorou quando senti os lábios de Thomas tocarem meu pescoço, fazendo-me fechar os olhos e suspirar.

- Eu não acredito nisso! Thomas, você não pode! – gritou ela para ele.

- Annyelle, poupe-nos dos seus gritos histéricos e vai embora, por favor. – falou com uma voz calma, mas eu vi seus olhos cerrarem para ela.

- NÃO! – gritou.

- Meu Deus, essa garota é impossível! Como você pôde suportar esse tipo de gente por tanto tempo, Thomas? – virei-me de frente para ela e suas mãos agora foram para minhas costas.

- Não sei Ash, mas não se preocupe, agora só preciso suportar você – fechou os olhos e me deu um beijo casto nos lábios.

- AAARGH!  - reclamou Annyelle, cerrando os punhos.

Revirei os olhos com a histeria da louca loira azeda, mas resolvi não perder tempo mais com isso.

- Guardas! – chamei, logo me desvencilhando um pouco dos braços de Thomas, pois não queria que esse “relacionamento” chegassem aos ouvidos da minha mãe agora. – Retire essa mulher imediatamente do castelo. Ela vem me desacatando há tempos e não suportarei mais essas grosserias. Podem a levar – ordenei quando eles chegaram.

Os dois guardas pegaram um braço dela cada um e começaram a arrastá-la pelo corredor. Enquanto ela gritava indignada com o ato, eu e Thomas ríamos. Confesso que foi uma bela cena de se ver, e depois de tudo, era menos ainda do que ela merecia. Pelo menos era menos um problema naquele castelo.

- Gostei de ver o seu lado princesa mandona -  falou Thomas me abraçando novamente e roçando seus lábios no meu.

- É? – foi a única coisa que consegui perguntar enquanto suspirava sentindo seus lábios, que começaram a passear pela minha orelha e pescoço.

- Sim – murmurou ele contra minha pele.

- E se eu te desse uma ordem agora, você gostaria? – perguntei com os olhos fechados apertando minhas mãos em seus ombros a cada tortura que ele me fazia ao roçar os lábios, sentindo sua respiração quente sobre mim.

- Tudo o que vier de você – levantou o rosto, agora pousando sua respiração sobre a minha e seus lábios a milímetros da minha boca.

- Beije-me de uma vez. – ordenei entreabrindo meus lábios.

Thomas nem ao menos respondeu, apenas tomou os meus lábios com ímpeto e desejo, me empurrando até encostarmos na parede do corredor. Sua mão tocava um lado do meu rosto e a outra apertava a minha cintura intensificando o beijo.

Às vezes ele afastava a sua boca para trilhar beijos em meu pescoço, fazendo todos os meus pelos arrepiarem. Seu corpo imprensava o meu de forma que parecíamos que nos fundiríamos ali mesmo.

- Eu nunca vou me cansar de você – falou beijando meu queixo. Mordi o lábio e enfiei minhas mãos em seus cabelos, fazendo-o olhar de volta para mim.

- Nem eu de você – sussurrei em seu ouvido e o beijei novamente, mordiscando seu lábio inferior.

Afastamo-nos rapidamente ao ouvir um barulho vindo do corredor e logo percebemos que eram os guardas que haviam levado Annyelle embora.

- Acho que devo ir dormir. - Abaixei a cabeça um pouco envergonhada e fitei-o novamente.

- Tudo bem – disse suspirando e tentando regularizar sua respiração, que estava descompassada. Deu dois passos para perto de mim de novo e beijou minha testa. – Boa noite e sonhe comigo. – abriu um sorriso para mim.

- Pode deixar – despedi-me sorrindo de canto e caminhando em direção ao meu quarto.

Se continuássemos dessa forma eu teria muitos belos sonhos mesmo com Thomas Illéa.

 

***

 

No outro dia, ao acordar, percebi que dormi mais do que o esperado. Já havia passado a hora do café e provavelmente, nesse momento, muitos remanescentes já haviam se retirado do castelo.

Acordei disposta a me acertar com Kat, tinha ficado em pendência com ela e precisava pedir desculpas. Ela havia me ajudado quando eu precisei e eu a deixei sem nenhuma explicação para ficar com o Thomas.

Fui a cozinha comer alguma coisa e ao me retirar encontrei com Koddy, que estava pensativo sentado no sofá do salão.

- Olá, Koddy! – cumprimentei-o

- Ei princesa – respondeu erguendo o olhar e avistei um brilho nos seus olhos ao me ver. – Como está?

- Bem, na medida do possível. - respondi com um sorriso fechado.

Koddy levantou-se e ficou de frente para mim.

- Eu já te disse que o que precisar de mim eu estou aqui, não é? – falou preocupado.

- Sim, disse. – sorri. – E queria agradecê-lo por tudo. Não tive outra oportunidade, mas muito obrigada mesmo pelo apoio, defesa e por se aliar a nós. – disse sincera.

- Era o mínimo que eu faria, você sabe. – falou profundamente para mim.

Sorri em resposta e já comecei a pensar em como sair dali. Não queria problemas. Koddy era claro em relação a mim e eu não queria que pensasse que poderia ter algo a mais, ou que achasse que eu estava dando corda de alguma forma.

- Você viu a Katherine? Preciso falar com ela – perguntei desviando o assunto.

Foi só dizer seu nome que ela apareceu pelo salão. Linda como sempre com seus cabelos exuberantes e uma beleza fenomenal. Não sei o que os príncipes viam em mim tendo uma amiga tão bela ao meu lado.

- Acho que já encontrou – falou Koddy, sorrindo para mim.

- Kath... - olhei para ela com um olhar culpado e de súplica.

- Ah, oi Aysha – falou com desdém. Sabia que estava brava pelo simples fato de não ter me chamado de princess. Continuou caminhando pelo salão até se sentar em uma poltrona mais afastada.

- Vejo que estão com problemas – constatou Koddy para mim. – Vou deixar vocês a sós, depois nos falamos mais Aysha. – beijou minha bochecha e se retirou.

Suspirei aliviada e ao mesmo tempo tensa pela conversa que eu teria a seguir.

- Kath... - chamei-a me aproximando, porém fui ignorada. - Não faz isso comigo Kath, desculpa – tentei novamente.

Katherine me olhou de soslaio e percebi que ela estava segurando para não ceder.

- Você é minha melhor amiga. Eu sei que está brava por ter estragado os seus planos, mas eu precisava resolver algo com o Thomas. Desculpe-me Kath. Não quero que fiquemos mal. – disse abraçando seu corpo a fim de quebrar o gelo.

- Você acha mesmo que estou chateada por ter furado comigo? – perguntou arqueando a sobrancelha.

- Não é?

- Não, Aysha – virou para mim e me olhou decepcionada. – Eu estou chateada por você esconder seja lá o que for de mim. Poxa! Achei que éramos quase como irmãs. Eu não me importaria que você tivesse que resolver seja lá que lance que você está tendo com o Thomas, desde que você compartilhasse comigo.

Senti-me a pior amiga do universo, mas eu não sabia explicar, era como se eu não quisesse dividir isso que eu e Thomas tínhamos com ninguém. Suspirei sentindo minha consciência pesar. Kath era como uma irmã, minha parceira em tudo.

- Kath, me desculpa mesmo. Eu sei que eu deveria ter conversado com você, mas foram tantas coisas que aconteceram esses dias... tudo está sendo tão difícil, me perdoa vai? – olhei pra ela com uma cara de cachorro abandonado.

Ela não resistiu e vi logo um sorriso aparecer no canto da sua boca. Ela me puxou e retribuiu meu abraço.

- Eu te amo tá, não faz mais isso comigo. E eu quero saber de tudo, todos os detalhes. Quero todas as informações do que está rolando entre você e o lobo mal Illeano.

Ri por ter conseguido de volta minha velha e brincalhona Kat. Agora sim as coisas estavam se acertando, primeiro Thomas, depois Katherine, aos poucos tudo ia se encaixar, eu tinha fé nisso.

 

- Você não precisa ir agora, Kile – ouvi a voz da minha mãe pela porta passando por nós. Eu e Kath viramos imediatamente para ver o que estava acontecendo.

Kile passava com uma pequena mala na mão caminhando em direção a saída, enquanto minha mãe o acompanhava atrás. Levantei-me e fui em direção deles apressadamente.

- O que está havendo? – perguntei afoita ao alcançá-los

- Estou indo embora, Aysha. Eu prometi participar da reunião, mas disse que iria embora logo em seguida. Pois bem, chegou a hora. – ele respondeu sério.

Minha mãe engoliu em seco, senti que ela queria que ele ficasse, mas ela não o forçaria a isso. E, afinal, o que adiantaria que ele ficasse? Não é como se minha mãe e eles fossem reatar, pelo contrário, cada vez que olhava para a situação complicada que eles estavam, eu menos conseguia ver um futuro para eles dois. Não enquanto essa bagunça estivesse aí. Além do mais, creio que nenhum dos dois tomaria uma atitude como esta com a morte do meu pai tão recente, para o meu alívio.

Minha mãe escondeu muitas coisas dele e ele com certeza se sentia ferido e traído. Ela não parecia disposta a contar nada por agora e muito menos ele em perdoar, seria melhor então cada um seguir o seu caminho antes que se machucassem mais.

- Foi bom te conhecer Sr. Kile. – disse sincera.

Apesar de não ter tanta oportunidade, foi o fato de encontrar ele aqui que me fez saber do passado da minha mãe. Se não fosse por isso estaria até hoje no escuro. Há males que vem para o bem.

- O prazer foi meu, princesa. – assentiu para mim. – Eady...

Olhou para minha mãe e senti-o vacilar. Seu semblante sério agora era triste e caído, seus olhos começaram a brilhar e estremeci com o fato de que parecia que ele iria chorar a qualquer momento.

Ele estava se despedindo da minha mãe, pela segunda vez. Reviver essa situação não deveria ser fácil.

- Kile... – Eadlyn suspirou.

- Agora é um adeus Eadlyn. – engoliu e seco – A última vez eu disse um até logo. Agora é o meu adeus. Fique bem. – aproximou-se dela e lentamente beijou sua testa, enquanto ela fechou os olhos e uma lágrima escorreu da sua face.

Meu coração quebrou junto com o deles. Era uma conexão que eu não sabia explicar, mas eu sentia a dor como se fosse comigo.

Ele virou-se, pegou sua maleta e foi descendo as escadas sem olhar para trás, enquanto lágrimas tempestuosas começaram a descer dos olhos da minha mãe e um soluço alto pôde ser ouvido.

- Calma, eu estou aqui. – puxei-a para junto de mim, abraçando-a.

Passei meus braços ao seu redor e sussurrei que tudo iria ficar bem, tentando acamá-la. Ela recostou seu rosto em meu pescoço e senti suas lagrimas molharem o local.

Foi neste instante que ouvimos um barulho ensurdecedor de uma explosão. Foi tão forte que senti alguns pedregulhos nos atingir e uma mistura de fumaça e poeira tomar conta do local. Olhei para um lado e para outro sem entender o que estava acontecendo, então comecei a tossir em reflexo às partículas que entravam em meu pulmão.

Os olhos da minha mãe estavam arregalados, estava estática com o susto. Ela virou-se à escadaria e gritou assim que entendeu o que estava acontecendo.

-KILEEEE! – gritou em meio a nuvem de fumaça que ainda pairava. – KILEEE!! – continuou a gritar desesperada enquanto descia a escadaria.

Vi vários guardas chegarem correndo. Um deles a puxou dali pela cintura, na tentativa de a retirar do local.

- Majestade, precisamos te levar a um lugar seguro. – ele tentava dizer a ela enquanto ela se debatia tentando se soltar.

- ME LARGUEM! KILEEE! – ela gritava e chorava desesperada. As lágrimas consumiam e se misturavam com a sujeira da terra e das cinzas em seu rosto. – Eu não posso te perder também! NÃO KILE, POR FAVOR NÃO! – bradou.

Um outro soldado veio para o meu lado e começou a me puxar pelo braço também, enquanto eu olhava para o foco da explosão, o mesmo local onde o Sr. Kile estava descendo.

- Você precisa sair daqui também princesa. Não sabemos se foi um ataque único ou se tem mais. Precisamos levá-la para o abrigo. – disse ele rapidamente, enquanto me puxava.

- Ataque? – perguntei exasperada, ainda tentando compreender a situação.

- Sim, acabamos de sofrer um atentado Alteza. – respondeu, acedendo em mim todos os meu temores e medos de reviver ali o que eu acabara de sofrer com o meu pai.

 


Notas Finais


Gente, não consigo colocar nota depois desse capítulo. Só quero saber as reações de voces , por favor , nao me matem.
Estamos em reta final, faltam 10 capítulos para acabar OPDC, então muita coisa vai acontecer, só peço que aguardem.
Enquanto isso podem surtar! hahaha

***
Para quem não sabe ainda, estou com uma história nova TRONO DE SANGUE.
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-originais-trono-de-sangue-5252142

Quem quiser participar do grupo do facebook e receber notícias e spoilers acessem:
https://www.facebook.com/groups/1004676362936847/

Ps.: Voce leitor que gosta da história e que acompanha até aqui, não esqueça de colocar a história nos favoritos pois aí sempre que tiver uma atualização você vai receber a notificação e eu vou poder saber que voce acompanha tambem. <3
A participação de voces é sempre especial e os comentários sempre me inspiram a escrever mais!
Beijos


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