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História O Peso da Coroa - Capítulo 24 - Explicações


Escrita por: LyraRocha

Notas do Autor


Penultimo capítulo galera!

Capítulo 37 - Capítulo 24 - Explicações


Marcus olhava para mim com sede de sangue. Suas veias saltavam em suas têmporas e pescoço. Eu diria que ele estava quase descontrolado, caso eu não soubesse que fosse um homem extremamente meticuloso em todas as suas ações. Eu havia descoberto os planos dele, mas ele não deixaria isso fácil para mim.

O terror no meu rosto era notório. A promessa de morte dita por ele latejava em pânico na minha mente. Thomas encarava o pai como se não o reconhecesse, um misto de medo, frustração e decepção. Desviei meu olhar para a porta quando vi uma sombra masculina aparecer.

― Koddy, cuidado, Marcus é o traidor! Ele tem uma arma! - gritei desesperada para ele, assim que o vi entrar com Kath em seu encalço.

Estranhei a reação dele, que não demonstrava nem um pingo de surpresa, pelo contrário, Koddy passou a mão em sua blusa, que estava um pouco amaçada, ajeitou seu cabelo, lentamente, e caminhou até Marcus, que abriu um sorriso lento em cumprimento. Atrás dele caminhava Katherine, que olhava para qualquer canto, menos para mim.

Minha cabeça girava e ficava cada vez mais confusa. Olhei para os quatro à minha frente sem compreender que palhaçada era aquela. O que estava acontecendo aqui?

― Vocês estão todos juntos nisso? - perguntei em um sopro quando comecei a assimilar as informações.

Koddy, ao se posicionar do lado de Marcus, fechou o seu semblante, cruzou os braços e encarou-o, ignorando-me completamente.

― Que droga, Marcus! Como a Aysha te descobriu? - Koddy perguntou para Marcus, ambos sem se importarem com o meu questionamento.

― A princesa intrometida ouviu a minha conversa com meu filho. Mas não tem problema…

― Como não? - interrompeu-o nervoso. ― Isso estraga tudo! O plano não era esse. - ralhou ele.

― Não precisamos dela. A Nova Ásia está chegando e podemos culpá-los, você não precisa mais da princesinha para assumir o trono.

― DO QUE ESTÃO FALANDO? - gritei com eles, fazendo com que parassem de me ignorar.

― É tudo muito simples princesa - Marcus começou falar com um sorriso debochado no rosto. ― Já tem bastante tempo que muitos estão desgostosos com a realeza, inclusive eu. Você acha mesmo que o povo confia em você? Claro que não! Eu jamais poderia deixar alguém como você assumir o trono. Em uma das viagens ao exterior, encontrei-me com o príncipe Koddy e ele me falou da sua sede de governar e não poder, pois o sistema político da Noruécia é uma Monarquia Constitucional, além de ser o segundo na linha de sucessão. Alguns encontros a mais, decidimos unir o útil ao agradável. Illéa precisa de alguém que saiba governar e que esteja preparado para isso, enquanto Koddy quer um povo para liderar. Seria a união perfeita.

― E o que você ganharia com isso? Eu duvido que tudo isso seja só por amor a Illéa – desdenhei.

― Claro que é! - disse irônico, colocando uma mão no peito ― Mas claro que, depois de todo o meu esforço, o príncipe Koddy me daria um cargo de honra. Eu só quero o bem para o meu país, garotinha. E tirar ele das suas mãos para passar para o príncipe, será o meu prazer.

― Espera, eu não estou entendendo. As coisas começaram a acontecer aqui no castelo já faz muitos anos. Você estava por trás de tudo desde o início?  - perguntei, sem conseguir ligar os pontos atuais aos antigos. ― Se esse é seu desejo agora, por que as ameaças há 20 anos atrás?

― Sempre fui eu. – encheu o peito para falar, como se tivesse orgulho de tudo aquilo. ― As coisas seriam bem mais fáceis se, desde o começo, eu pudesse ter participado da seleção e ter tido uma chance de chegar ao trono, mas eu já tinha passado da idade limite, não pude nem concorrer. Eu fiquei indignado, quando sua mãe levou para a escolha final aquele cara que nem saber falar a nossa língua sabia. Era o cúmulo. Inaceitável! Jamais poderia deixar que ela o escolhesse. Tratei de resolver o problema antes que sua mãe cometesse tal loucura. Um suicídio perfeito. – falou a última frase rindo, fazendo-me colocar as mãos sobre a boca com o susto e o queixo de Thomas cair com a revelação. A história do selecionado suicida, então, era tudo armação.

― Depois foi fácil despachar o Woodwork. Sem nenhum dos dois, seria fácil que eu me aproximasse e tentasse algo, uma aproximação sutil, talvez, como você bem sabe, minhas técnicas são infalíveis, não é à toa que você caiu na lábia do meu filho. Aprendeu bem o meu garoto. – continuou a se explicar e piscou para Thomas em seguida, no qual abaixou o rosto constrangido. ― Mas tudo precisava dar errado... Aquele maldito intérprete tinha que estragar meus planos. Quando eu menos esperava a sua mãe apareceu noiva daquele cara. Eu vacilei há 20 anos atrás. Era ainda imaturo e não esperava por isso. Eu não pude agir, pois sua mãe, depois da ameaça, aumentou a guarda do castelo e eu não tinha o acesso que tinha hoje. Estava começando minha carreira política e mais uma morte só traria mais caos naquele momento. Eu era um garoto novo ainda, não podia fazer bobagem. A pressa é a inimiga da perfeição. Eu passei anos planejando com muito cuidado meus próximos passos. Mandei diversas ameaças a fim de desestabilizar a sua família, ficar por perto, ver as reações e preparar o terreno. O reino sairia da mão de vocês uma hora ou outra, seria apenas uma questão de tempo. Se não fosse para minhas mãos, que fosse para outra pessoa tão competente quanto, só não poderia ser de vocês!

― E para isso você precisava matar o meu pai??? – gritei para ele, sem conseguir me conter. Uma força maior me dava vontade de correr até o traidor e começar a esbofeteá-lo, mas eu não era tão estúpida para isso.

― Ele era a primeira peça descartável. Agradeça por não ter feito isso antes, te dei mais anos em sua companhia. Matar o Erik e jogar a culpa na Nova Ásia foi a melhor coisa que eu poderia ter pensado! Eu sabia que o Rei Pervarti iria se enforcar sozinho. Eu não sei se percebeu, Aysha, mas sou ótimo em analisar pessoas. O rei é muito orgulhoso para se deixar ser visto como um suspeito, ele tem uma cisma com índole e mais um tanto de bobeira. Que seja! A grande questão é, o sistema de segurança em caso de assassinato é claro e incontestável, porém eu sabia que ele não aceitaria isso, alguma discussão ia ter, eu só não esperava que seria tão feia. Ele ajudou cinquenta por cento do meu plano, o outro cinquenta, o punhal fez o seu serviço sozinho. Falando nisso, muito obrigado pelo presente, Koddy. Realmente você conseguiu um ótimo punhal nativo da Nova Ásia.

― Não há de que, parceiro. – Koddy abriu um sorriso e piscou para Marcus, adorando o discurso dele.

― Vocês são um bando de imundos desalmados! – xinguei-os, pensando como podia existir pessoas tão ardilosas e cruéis.

― Obrigado! - Marcus riu, agradecendo o meu insulto. ― Você não sabe o quanto eu me diverti com cada bilhete entregue. Ver vocês desesperados e com medo... - ele inspirou profundamente o ar, fechando os olhos, e soltou devagar, como se saboreasse as lembranças. - Posso sentir e relembrar o medo, é o mesmo que você emana pelos seus poros agora.

Ele falava como um louco. E o pior de tudo... era verdade. Minhas pernas tremiam diante deles. Estava não só com medo, eu estava completamente aterrorizada. Ao mesmo tempo minha mente trabalhava em cada detalhe que ele dizia, tentando assimilar cada palavra e cada vírgula, a fim de entender tudo o que vinha acontecendo nesse palácio.

― Qual de vocês desligou a energia do castelo? – Perguntei, lembrando-me as várias vezes que o Sr. Calliagri havia dito que o assassino tinha um cúmplice. O que eu não imaginava era que, ao invés de ser no singular, seria no plural, cúmplices.

Olhei para Koddy e Kath, minha amiga traidora, esperando um deles se manifestar, já que eu sabia que Thomas estava comigo no momento.

― Não fui eu, Aysha - Koddy se manifestou. ― E muito menos a Katherine. – disse, apontando para ela.

― Então... quem foi? - perguntei confusa, não aguentava mais descobrir traidores em meio ao castelo. Qual seria o baque agora?

― Foi aquela garota imprestável, a Annyelle. – Marcus resolveu se manifestar e sanar o meu questionamento. ― Não foi difícil convencê-la a fazer alguns favores para mim, desde que eu conseguisse o meu filho para ela. Ela sempre ia lá em casa e saía arrasada quando meu filho, no outro dia, mandava-a embora. Patética. Em uma dessas crises de choro dela, resolvi fazer uma oferta. “Faça algo para mim e eu consigo meu filho para você!”. Ela topou no mesmo instante, como eu previa. Fiquei duas semanas ensinando-a os caminhos para não ser filmada pelas câmeras. Nada que um bom mapa do castelo não ajude. Até que a loira não é tão burra assim.

― Vagabunda! – Thomas vociferou, socando o ar.

― Meu Deus. Ela é pior do que eu imaginava, te ajudar a matar o meu pai... eu jamais esperaria. – falei com os olhos embargando com as lembranças e o peso dos acontecimentos.

― Não, não foi bem assim. Ela me ajudou, mas não sabia o que aconteceria, eu não poderia deixar meus planos na boca de qualquer um. A loirinha surtou quando ligou uma coisa na outra, mas eu tratei de calá-la dizendo que se ela abrisse o bico estaria tão ferrada quanto eu. Ela estava em minhas mãos...

Thomas estava incrédulo. Em seu rosto era nítido a confusão de informações e fiquei em dúvida no quanto ele realmente sabia da história. Estava em choque, como se não reconhecesse a figura paterna a sua frente. Olhar para ele me fez recordar dos momentos que tivemos no baile. Uma grande dúvida pairou sobre minha cabeça no mesmo instante

― Foi para isso que você me beijou naquela festa, Thomas? Para desviar minha atenção de tudo que iria acontecer? – virei-me perguntando diretamente para ele.

― Não! Eu não sabia de nada disso. Sabia que ia acontecer algo, meu pai havia dito que o baile seria importante, mas não tinha noção da gravidade e da loucura desse homem a quem eu achava que era meu pai, mas agora descobri que é um monstro. – falou olhando para Marcus, mas a única coisa que o pai dele fez foi rolar os olhos, entediado. ― Eu fui atrás de você porque eu quis. Jamais apoiaria tamanha atrocidade, acredite em mim.

Acreditar… Essa era uma palavra que sairia do meu vocabulário... Eu não acreditava mais em ninguém, todos para mim seriam falsos dali em diante. Todos haviam traído e mentido. Como confiar?

― Por mais que eu queira te destruir, princesinha, o que meu filhote diz é verdade. - Marcus desdenhou. ― Se ele soubesse jamais me apoiaria. Um grande fraco. O papel dele nisso tudo era se aproximar, te conquistar e quebrar o seu coração, dando passagem para que Koddy pudesse cuidar das suas feridas e ser a melhor opção para você se casar.

― Mas eu não concordei, Aysha. Eu não quis te largar porque eu te amo! No momento que te conheci não quis fazer nada disso mais, você não merece, mas foi inevitável me apaixonar.

―  Não venha falar de amor, Thomas! Não quando você me enganou o tempo todo. – respondi dura para ele.

Ouvi a gargalhada de Marcus ecoar pela sala. Virei-me para ele e percebi que ele estava extremamente satisfeito com a discussão entre Thomas e eu. Enquanto isso Koddy apenas escutava atento e Katherine repousava sua cabeça no ombro dele, com os braços em volta da cintura do príncipe, abraçando-o de lado.

― Desculpe. Eu não queria interromper, mas é satisfatório saber que apesar dos apesares, tudo correu muito bem. – falou tentando conter as gargalhadas. ― A Annyelle me serviu melhor do que esperado, não somente para o dia do baile. Meu filho acha que sou idiota, que eu não percebia o que estava acontecendo. Eu precisava de algo que fizesse vocês se separarem de uma vez por todas, a história da gravidez foi perfeita para isso.

― Eu sabia que não tinha gravidez nenhuma! - Thomas vociferou para o pai.

― Claro que não! Mas foi o suficiente para conseguir o que eu queria, no final das contas, você ficou noiva do príncipe Koddy, não foi?

― Você me manipulou o tempo todo! - balbuciei para ele.

― Sim! Muito obrigado pelos devidos créditos - ele abaixou-se em uma reverência debochada.

Eram tantas informações mescladas com a frieza de cada um daqueles olhos ali, com exceção de Thomas que parecia bastante abalado. Aos poucos eu ia entendendo o que cada um queria naquela história. Thomas havia feito pelo pai, o Marcus queria “salvar” Illéa e Koddy a coroa. Mas Katherine... a garota que eu achava que era minha amiga desde sempre, a pessoa com que convivi por toda minha vida... Não dava para entender.

― Até você... – soprei baixo mirando a loira pendurada em Koddy. ― Aquela história do casamento era mentira? - virei para ela perguntando. ― Você sempre me empurrou para o Koddy, mas se você o queria, qual o sentido? O que você ganha se eu caso com ele? – um sorriso triunfal esboçou pela sua face. No início quando entrou na sala, ela parecia evitar meu olhar, mas a partir do momento que apoiou-se em Koddy, era como se tivesse coragem para revelar o seu verdadeiro eu.

― Agora nada, mas futuramente… - Kath começou a responder, deixando o resto no ar. ― Aysha, vamos ser sinceras aqui, você sempre reclamou para mim sobre ser a herdeira. Sempre me disse que não queria nada disso. Você tem uma nação super potente nas mãos e só ficava reclamando sem parar. Você não tem noção de quantas vezes eu fiquei farta desse mesmo papo. A história do casamento não é mentira, minha mãe quer mesmo me sujeitar a isso, mas você me conhece o suficiente para saber que eu não toparia tal coisa. Eu conheço Koddy de outros eventos e nós sempre tivemos um rolo. Quando Marcus contatou ele e disse sobre o plano, ele perguntou se eu topava ajudar. Ele sabia que eu era sua amiga, já havia falado de você pra ele. Eu aceitei então minha missão, mesmo que para isso eu tivesse que engolir você por um tempo desfrutando desse corpinho maravilhoso – passou a mão pelo peitoral de Koddy, fazendo-o abrir um sorriso safado. ― Pena que você é uma estúpida mesmo. Minha função era te ajudar a aceitar um relacionamento com o Koddy, mas nem para isso você prestou.

― Estúpida é você que vendeu sua alma para um plano inescrupuloso como esse! – devolvi para ela. ― Além disso, você ainda não explicou o que você ganharia com isso.

― A paciência é um prêmio Aysha - disse passando seu braço em volta de Koddy novamente. ― Quando o Koddy ficasse viúvo eu seria a próxima rainha! Illéa e Itália! Uma só potência! Tentador, não é?

― Poder... É tudo o que vocês pensam? - ralhei para todos. ― Não tem um pingo de sentimento no coração? Apenas querem derrubar o primeiro que veem pela frente? Meu pai morreu e minha mãe está no hospital por causa de vocês!!! – apontei para eles gritando.

― Culpado de novo - Marcus levantou a mão, assumindo a autoria do golpe que deixou minha mãe acamada. ― Eu precisava me livrar dela para adiantar o plano. Forçar a sua acessão ao trono e, posteriormente, o casamento com o Koddy. Mas aquele arquiteto de meia tigela tinha que aparecer. Quando eu ouvi os passos no quarto, precisei fugir pelo esconderijo. Culpa sua, príncipe. - Olhou para Koddy com raiva. ― Tirar ele da jogada era sua função. – falou, fazendo Koddy rolar os olhos.

― Eu trouxe a melhor pólvora da Noruécia e armei conforme você combinou. Não tenho culpa se o infeliz sobreviveu. – Koddy respondeu com descaso.

― Ok, agora não importa. Vamos acabar logo com isso. Esquece o casamento, Koddy. Vamos matar a garota, dizemos que ela morreu em um atentado da Nova Ásia. O Calliagri não vai duvidar porque ele pensa que tudo está sendo tramado por eles, eu fui muito bem em dissuadir aquele velho patético. Somando-se ainda a guerra, ninguém duvidará.  Dizemos que nos unimos, defendemos Illéa, salvamos o povo e seremos honrados ainda por isso. O conselho entregará o trono em suas mãos como agradecimento. Se a Eadlyn não morrer sozinha com o que eu fiz com ela, eu dou meu jeito de terminar o que comecei. O Osten eu já dei um fim, só sobrará o Kaden na linhagem real, mas nada que uma bela ameaça àquela família perfeita dele que não o faça abdicar ao trono. - falou como se fosse algo tão simples. - Thomas, segure a garota. – ordenou.

Olhei com medo para Thomas e senti ele vacilar. Ele não se moveu até mim e seus olhos passaram para o seu pai, como um pedido íntimo para que não fizesse o que ele estava tramando.

― Anda logo, garoto! Não me decepcione mais! - gritou para o filho, completamente impaciente com a sua hesitação.

― Eu não vou fazer isso! - Thomas respondeu firme, encarando o pai.

Marcus engatou a arma, preparando-a para atirar a qualquer momento, fazendo com que Thomas engolisse em seco e vacilasse.

― O que você prefere, filho? Uma morte lenta ou rápida para a sua garota? Porque se você não fizer o que eu estou te mandando agora, eu juro que não vou só matá-la, eu farei da pior maneira possível e não duvide de mim!

O pavor tomou conta do olhar Thomas, assim como se alastrava pelo meu corpo. Contrariado e com medo, Thomas passou a mão em sua testa, enxugando os respingos de suor, e começou a caminhar devagar em minha direção. Ao chegar em minha frente, ele parou e encarou-me com os olhos embargados.

― Aysha, me perdoe, eu nunca imaginei nada disso, eu nunca quis colocá-la em situação de perigo. - segurou o meu rosto com as duas mãos puxando para bem próximo do dele. ― Eu amo você, Ash, eu não vou deixar eles te tocarem, está entendendo? Eu vou cuidar de você.

Eu não sabia o que dizer, não sabia se acreditava naquele sentimentalismo dele ou sentia nojo do acúmulo de mentiras e traições que estava ouvindo até agora. Tinha vontade de vomitar todas as informações que havia recebido, mas a sensação do fim próximo só me fez permanecer estagnada no mesmo local.

Ele puxou meu rosto e selou nossos lábios por alguns segundos, passando o dedo na lágrima que havia caído. Um beijo de amor ou um beijo de traição? Eu não sei, mas, provavelmente, era a última coisa feita antes da morte chegar. Ele separou-se de mim lentamente e balbuciou: ― Confie em mim.

Balancei a cabeça negando e olhei para o chão. Ouvi o suspiro profundo dele, decepcionado e, logo depois, a voz de Marcus fez com que ele virasse ficando de costas para mim e se posicionando em minha frente.

― O romance aí já acabou ou vai demorar? Segure a garota, Thomas, você já se despediu dela!

― Ninguém vai tocar na Aysha. - Thomas falou alto e sério, abrindo um pouco os braços como se me protegesse atrás dele, mas eu desviei e fiquei em uma posição lateralizada.

― Ah, pelo amor de Deus! Que feitiço essa garota jogou em você? - Marcus levantou os braços indignado.

Vi uma movimentação estranha vindo de Koddy, seu rosto estava cheio de fúria. Colocou a mão por trás do corpo, tirando dali uma arma um pouco menor que a de Marcus, apontando para nós em seguida.

― Chega, já cansei dessa brincadeira!  - Koddy vociferou e engatou a arma, ligeiramente, atirando duas vezes.

O barulho do tiro foi ensurdecedor. Dei um grito com o susto, mas não senti nada. Atônita, apalpei o meu corpo, mas claro que eu estaria bem. Quando dei por mim, entendi a realidade do ambiente. Os braços de Thomas estavam ao meu redor, me protegendo. Um abraço que havia salvado a minha vida. Olhei para ele assustada e percebi os seus olhos pálidos e um pouco de sangue sair pela sua boca. O seu corpo de pendeu sem forças, caindo por cima de mim

― Thomas! - gritei desesperada quando empurrei-o um pouco para o lado.

― Seu idiota, você atirou no meu filho! - Marcus empurrou Koddy fazendo-o cambalear e sua arma cair no chão.

Olhei para Thomas, uma poça de sangue começava a se formar pelo chão. Coloquei as mãos sobre ele desesperada e chorando compulsivamente. Ele não desviava seu olhar de mim, era como se soubesse que sua vida estava indo embora em um piscar de olhos. Ergueu a mão devagar e tocou a minha bochecha molhada.

― Eu te amo, Ash. - sussurrou tentando forçar um sorriso, porém foi em vão.
Comecei a chorar sobre o seu corpo, apesar da traição, o pensamento da sua morte doía e dilacerava.

― Não, não, não! Não morra, por favor! - falei soluçando em prantos, enquanto tentava estancar a hemorragia.

Suas pálpebras abriram e fechavam com pesar e, com muita força, desviaram para o lado direito lentamente, fincando-se por lá. Thomas fitava o local sem voltar a olhar para mim, virei-me para saber o que ele estava olhando e notei a arma de Koddy jogada ao chão, enquanto ele e Marcus discutiam. Thomas voltou a olhar para mim franzindo as sobrancelhas e tentando me dizer algo que logo compreendi.

― Aguente firme. - sussurrei para ele antes de correr até o local e apanhar o revolver que estava largado no chão.

Peguei a arma com as mãos trêmulas, não sabendo nem como segurá-la direito. Tentei mirá-los, alternando a direção entre Marcus, Koddy e Katherine, o que fez com que parassem de discutir e olhassem para mim. Ouvi a gargalhada de Katherine ao me fitar, o fato de eu ter uma arma apontada em sua direção não significava nada para ela.

Princess… - chamou-me pelo apelido que havia me dado desde a infância. ― Somos três contra uma, você acha mesmo que vai conseguir alguma coisa com essa arma? Ainda que atire em um de nós, você seria a próxima vítima. Abaixe a arma que será melhor para você.

Não cedi, continuei apontando na direção deles, chorando e tentando pensar em alguma saída. Se eu cedesse, morreria de qualquer forma, então melhor tentar me defender.

― A Kath está certa, Aysha. - Koddy começou a dizer e caminhar cautelosamente em minha direção. ― Está vendo aquela arma ali? - perguntou apontando para o Marcus que mirava em minha cabeça. ― Se você sequer ousar em se mexer, ele não vai hesitar em atirar, mas eu posso mudar isso - continuou caminhando, chegando cada vez mais perto.

― AFASTE-SE! - gritei apontando mais ainda a arma para ele, de forma que o mantivesse em uma distância ainda segura.

― Querida… solte essa arma e você tem uma chance de ficar viva. Você e esse bastardo no chão. A não ser que você queira que ele morra por hemorragia. É isso que você quer? - ele perguntou e estendeu a mão para mim, pedindo que entregasse a arma.

Balancei a cabeça negando e as lágrimas continuavam jorrando pelo meu rosto. Olhei para o chão e vi Thomas desacordado em uma longa poça de sangue. Eu não conseguia notar o movimento do seu peito, que indicaria que ainda respirava, o que fez com que eu entrasse em mais pânico ainda.

― Então… Dê-me a arma e eu deixo-o sair daqui. - insistiu.

― Ele morreu... – sussurrei.

Olhei para Marcus e depois para Thomas. Ele parecia vacilar com a presença do corpo do filho no chão, mas não ao ponto de deixar tudo para trás. Fechou os olhos com força, causando vincos em sua testa e, depois de um tempo, abriu-os novamente, olhando-nos de volta com frieza.

De qualquer forma não teria jeito para mim, ainda que eu atirasse em Koddy, Marcus mantinha a mira sobre mim e retiraria a minha vida. Eu estaria fadada a morrer de qualquer forma. Hesitante, entreguei a arma em sua mão, e cobri minha boca tentando conter os soluços do meu choro desesperado.

― Boa garota - Koddy pegou a arma com uma mão e, com a outra, apanhou uma mecha do meu cabelo, colocando atrás da minha orelha. ― Você poderia ser uma ótima rainha um dia, mas tinha que estragar tudo. - falou passando o dedo por meu rosto. ― Eu fui muito paciente com você, sabia? Na verdade, eu ainda sou um cara muito paciente e é por isso que vou te dar uma última chance. - colocou a arma em minha barriga, me fazendo gelar.

Seus olhos transbordavam em desejo e luxúria sobre mim. Sempre achei-o intenso, mas ali ele demonstrava toda a sua personalidade acobertada. Eu não conseguia dizer nada, só chorar, tinha medo que fizesse comigo algo pior do que a morte.

― Você é tão bela, Aysha. - inclinou-se para mim, cheirando meus cabelos - Eu vou te dar uma chance para voltar atrás. Nós podemos reinar juntos, seremos uma ótima dupla, o que acha? Você só precisa ser uma boa garota - perguntou passando a língua por seu lábio superior e deslizando os seus dedos pela minha boca.

Eu sentia uma repulsa e uma vontade de vomitar com seu toque. Queria gritar, empurrá-lo, me afastar, mas o terror nos faz petrificar.

― E eu? - A voz de Katherine soou indignada. ― Como assim você vai ficar com ela? E todos nossos planos juntos?

Koddy virou-se para ela com os olhos semicerrados e abriu um leve sorriso lateral.

― Katherine… Você foi um passatempo necessário para que eu conhecesse mais sobre Illéa e a princesa. Você me foi útil até agora, aliás, nem tanto, você não conseguiu me ajudar a conquistar a Aysha. Aquela ladainha de juntar os reinos não existe, jamais seria possível, você é a herdeira direta da Itália, nunca aceitariam um casamento, não sei como caiu nesse papo. – fez um som estalado com a boca em deboche, balançando a cabeça. ― Agora eu não preciso mais de você! Addio, principessa Katherine*. - tirou a arma que estava com o cano encostado em minha barriga e girou para direção de Katherine, dando um tiro certeiro em seu coração.

Gritei assustada, deixando mais lágrimas caírem. Katherine colocou a mão em seu peito e retirou-a, olhou para baixo e viu o sangue escorrer. Em poucos segundos caiu de joelhos no chão e, não tardou, o seu corpo estava completamente jogado sem vida pelo piso.


Notas Finais


Gente, muitas explicações neste capítulo!
Segurem os forninhos que ainda tem um bônus para vir e finalmente o último capítulo da historia!

Espero ver os comentários e saber o que estão achando!

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