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História O Peso da Coroa - Epílogo


Escrita por: LyraRocha

Notas do Autor


Leiam ouvindo essa música Give In To Me - Garrett Hedlund feat. Leighton Meester

Capítulo 40 - Epílogo


A vida é engraçada. Ela pode te dar mil motivos para chorar, mas é quando olhamos para frente e nos agarramos nas pequenas coisas, que tudo faz sentido. Eu podia passar horas aqui lamentando milhares de coisas que eu vivi, em contrapartida, eu posso lhe dizer o quão feliz estou por estar presenciando esse momento.

Tudo parecia sorrir hoje. O sol brilhava, os pássaros cantavam fazendo uma harmonia nos céus e as flores povoavam o jardim do palácio. O destino está de bem com a gente novamente e eu estava feliz com isso. Os olhos da minha mãe brilhavam e eu nunca havia a visto tão bela e radiante. Por mais que estivesse nervosa, nada alteraria a luz que emanava do seu ser.

― Se você continuar andando para lá e para cá, vai suar e borrar a maquiagem – adverti-a, mas com um tom brincalhão.

― O dia que for você, vou lembrá-la disso. – piscou para mim, mesmo impaciente.

― Não precisa se preocupar com isso tão cedo… – falei tranquilamente, mas pelo modo que encarou-me, notei que havia interpretado muito mais em minhas palavras. Tentei disfarçar, não queria recordar-me do que aconteceu, o que passou, passou. Hoje eu estava ali feliz por ela.

Já havia se passado mais de oito meses desde que toda a confusão do castelo se findou. Minha mãe acompanhou toda a minha transição até o dia oficial da minha coroação. O mais difícil foi ter que tomar a frente do julgamento do caso “Marcus Illéa”. Ele foi condenado a prisão perpétua. Nós nunca mais veríamos a sua face novamente. Graças a Deus a Noruécia e a Itália entenderam a culpa dos seus herdeiros, então não foram problemas para nós. Tínhamos a confissão de Marcus e várias testemunhas, nenhum deles duvidaram da nossa integridade. Além disso, eles mesmo procuraram renovar o acordo de aliança, com medo que Illéa ficasse revoltada e declarasse guerra. Enquanto isso, a nossa relação com a Nova Ásia era a melhor dentre décadas, o Sr. Pervarti até veio em minha cerimônia de coroação, que ocorreu logo depois que acabei meus estudos. Sim. Eu terminei. Não deixaria parte do meu sonho inacabado. Cada conhecimento adquirido me foi muito útil para governar.

Por último tinha o Thomas. Este eu não via mais desde que foi absolvido no julgamento. Ele foi declarado como cúmplice por ter conhecimento de parte do plano do pai, mas como colocou a sua vida para salvar a minha, recebeu anistia. As pessoas não o condenaram como haviam feito com o seu pai, eles não sabiam a parte que nós tínhamos um relacionamento e também porque eu havia pedido sigilo absoluto de todo o caso. Não queria acabar com a vida ou carreira dele. Nem com a Annyelle eu havia feito isso, apesar de bani-la de Angeles, com ele não seria diferente. Quanto a loira… Ela poderia recomeçar em outro lugar, bem longe de mim.

― Eu estou com medo… – minha mãe disse baixinho para mim, tirando-me dos meus devaneios.

― Do casamento? – perguntei confusa. Ela me parecia tão certa do que iria fazer, não via motivos para tal sentimento.

Ela olhou para baixo, em direção a leve protuberância da sua barriga, colocou a mão por cima e alisou delicadamente. Sorri docemente para ela e estendi a mão para tocar no meu futuro irmão ou irmã.

― Não precisa, mãe. Vai dar tudo certo! – afirmei para ela.

― Mas eu não sou tão nova como você mais, Aysha. E se acontecer alguma coisa? – perguntou-me aflita.

― Para de bobagem. Você é uma mulher forte e saudável. Além disso, não é como se você fosse idosa, não é, mãe? O doutor disse que era só se cuidar direitinho que não teria nada a temer. Pode ficar tranquila. – falei suave e me abaixei para ficar da altura da sua barriga. ― Oi bebê! Como você está? Sua irmã já está ansiosa para conhecê-lo. Cuide-se porque em breve nós nos veremos por aqui. – conversei com ele.

Mamãe alisou minha cabeça e puxou minha mão, dando-me um abraço apertado e afetuoso.

― Está pronta? – Vovó América abriu a porta devagar, perguntando para a minha mãe.

― Você chegou?! – minha mãe exclamou com um brilho no olhar, o sorriso mal cabia em seu rosto.

― E você acha que eu ia perder o casamento da minha única garotinha? – Vovó entrou, me deu um abraço e um beijo na bochecha, cumprimentando-me e, em seguida, fez o mesmo com a mamãe. Achei engraçado a forma dela falar, é verdade o que dizem, somos eternas menininhas ou garotinhas para nossos pais. Isso nunca muda.

― Eu estou tão feliz que esteja aqui! – ela sussurrou emocionada. ― Senti tantas saudades! Onde está o papai?

― Ele foi até o Kile. Disse que não era porque tinha uma filha adulta, que não teria uma conversa de homem para homem. – respondeu fazendo-nos rir. Meu avô era a doçura em pessoa, acho que nem daria para ter medo dele.

― Isso porque ele não sabe que será vovô novamente. – minha mãe gracejou, fazendo eu e minha avó rirmos.

― A Marlee vai surtar quando souber. Quando pretende contar? Eu não vou conseguir segurar isso por muito tempo, querida. – ela perguntou, fazendo minha mãe rolar os olhos e rir.

― Depois da festa eu junto a família e conto para todos de uma só vez.

Por enquanto só minha mãe, Kile, minha avó e eu sabíamos. Era um segredo guardado a sete chaves, mas com a barriga crescendo, não daria para esconder por muito tempo, então ela contaria após o casamento.

― Vamos? Já está na hora! - vovó disse, lembrando-nos do horário.

O casamento seria no jardim, estava tudo espetacularmente lindo. Era uma cerimônia para poucas pessoas, apenas a família e alguns convidados mais próximos. Tudo cooperava para que fosse um evento aconchegante e caloroso.

Quando caminhávamos para a saída, fomos interceptados pelo meu tio Ahren, que queria conversar com minha mãe antes da cerimônia.

― Oi, Eady. – murmurou sem graça. ― Mãe... – falou com a vovó e vi que os olhos dela brilharam, embargados.

― Olá, Ahren. – minha mãe respondeu com uma expressão um pouco séria. Suspirei, não queria que nada estragasse o dia.

― Eu… eu sinto muito. – falou após algum tempo, encarando-as. ― Eu sei que fiz tudo errado e da pior maneira possível. Eu amo Camille, mas eu também amo vocês!

Minha mãe abriu a boca como se fosse retrucar, mas respirou fundo e olhou para minha avó, que já chorava e tinha uma mão cobrindo a boca. Era clara a falta que ela sentia do seu filho homem mais velho.

― Eu fui um covarde me afastando de vocês. Eu achava que não fossem entender o que eu fiz e tentei me proteger mantendo-me longe de todos ou te atacando, Eady. Eu não queria ouvir represálias e acabei fazendo muito pior. Me perdoem. Eu fui um idiota. – Ele terminou de dizer, completando.

― Ainda bem que você sabe! – Minha mãe concordou com um sorrisinho nos lábios.

― Eadlyn! – Vovó chamou a sua atenção, fazendo ela rolar os olhos. Mamãe deu um passo na direção ao meu tio, ficando cara a cara com ele.

― Alguém muito especial para mim me ensinou que devemos perdoar e seguir em frente. Eu já passei muito tempo da minha vida olhando para o passado, me martirizando ou sofrendo. Eu não quero mais isso para mim. Vamos deixar tudo para trás e fazer um novo começo, Ahren. – terminou abrindo os braços e passando em volta do pescoço do seu irmão, que retribuiu com a mesma intensidade. ― Seja bem vindo de volta à família. Senti sua falta. – completou a última frase sussurrando em seu ouvido, porém consegui escutar.

Tio Ahren, emocionado, enxugou uma lágrima que escorria em seu rosto e, logo depois, foi abraçar a vovó, repetindo ‘desculpas’ várias vezes e o quanto a amava.

― Um dia vocês ainda vão me matar do coração! – ralhou vovó América.

― Não diga isso nem de brincadeira, mamãe. – minha mãe resmungou e, em seguida, vovô Maxon entrou na sala, varrendo o olhar pelo local.

― Esse casamento vai sair ou não vai? O noivo já está quase vindo aqui buscar você, Eadlyn. – Ele brincou chegando mais perto e abraçando a minha mãe. ― Você está maravilhosa, querida!

― Obrigada, pai.

― Vamos? – ele nos chamou e estendeu seu braço para a vovó, dando-lhe um beijo em seu rosto.

Era incrível que, mesmo após tanto tempo, o amor de um para com o outro era tão irradiante. Pudera eu viver algo assim um dia. A forma como seus olhos brilhavam e o grande sorriso que se formava ao se fitarem, o cuidado e o carinho que expressavam em suas ações, um digno conto de fadas.

Vovô soltou-se de vovó, deixando-a caminhar com os outros na frente e tocou o meu braço para que eu o esperasse por um momento.

― Sua mãe me contou tudo o que houve. – ele virou-se para mim, sério. Seus cabelos, um dia loiros, estavam quase que completamente grisalhos, porém tinha uma beleza esplêndida, acima da sua idade. Com certeza foi um homem muito encantador quando mais novo, ou melhor, até agora entre as velhinhas.

― Não quero falar disso agora, vovô. – resmunguei. Não queria ficar triste em uma data que deveria ser especial.

― Eu sei. Só quero te dar um conselho de super-avô. – abriu um sorriso para mim.

Olhei para ele, esperando o que é que seja que ele queria me dizer.

― Cada história linda de amor tem um pedaço negro que te doeu na alma. Veja a sua avó... – falou apontando para ela. ― Todos olham para nós e veem um relacionamento perfeito, mal sabem o quão difícil foi para ficarmos juntos de fato. – falou, me fazendo franzir o cenho, intrigada. ― Um dia eu estive como você, sentindo-se traído, com a sensação de que tudo em que eu acreditei não era verdade, como se o que eu construí com a América virasse pó. Por muito pouco, eu não fiz a escolha mais errada da minha vida. Não que a outra garota não fosse uma boa pessoa, mas ela não era quem eu realmente amava, entende? – balancei a cabeça em afirmação. Eu sabia exatamente como era isso. ― No fim, eu escolhi o amor, e eu não poderia ter feito opção melhor em minha vida, vocês bem podem comprovar isso. Às vezes só precisamos deixar o orgulho para trás, perdoar e seguir em frente. Podemos estar perdendo coisas lindas que nem mesmo sabemos. – terminou sorrindo e me dando um abraço afetuoso.

― Obrigada, vovô. Prometo que vou pensar sobre o assunto.

― Faça isso. E não me pergunte o que aconteceu na minha seleção. – completou rindo, sabendo que minha curiosidade iria aguçar. Bufei, mas gracejei com ele. Eu não sabia explicar, mas ouvir aquilo me deixava mais leve. Saber que meu avô também passou por muitas coisas e ainda assim era feliz, me dava esperanças que eu pudesse ter um belo final um dia, independente com quem que fosse.

                                                                                                          ***

A cerimônia estava sendo belíssima. Meu coração saltitava de alegria ao ver todos que estavam ali reunidos, pessoas que foram importantes para nossa família e para minha mãe. Nas primeiras filas, do lado direito, meu avô estava de mãos dadas com vovó América e, ao lado deles, tio Ahren, Camille e seu filho, tio Kaden, sua esposa e minhas duas primas e, por último, tio Osten. No lado esquerdo, Sra. Marlee e Sr. Carter, juntamente com Josie, seu marido e filhos. Atrás deles, o Sr. Aspen estava abraçado com Madame Lucy e sua filha Hope. Sr. Calliagri também estava presente com sua esposa e alguns outros conselheiros.

Sorri emocionada com todos que estavam ali para prestigiar aquele momento, e não era só eu que estava assim. Grande parte das pessoas pareciam emotivas, principalmente na hora dos votos.

― Eadlyn, nosso amor nasceu da forma mais incomum e improvável. Eu acho que desde o nosso primeiro beijo, quando éramos crianças, que algo nascia dentro de nós - desculpas sogro. – Kile começou, arrancando algumas gargalhadas ao referir-se ao meu avô, que encarava-o espantado pela revelação ― Algo que não conhecíamos e nem sabíamos decifrar. O que antes era inocente e sem pretensão, transformou-se em profundidade, até chegar o momento que eu soube que não poderia viver um segundo sem você. O tempo que ficamos separados foi o pior da minha vida, mas a única coisa que me mantinha são era saber que você estava sendo bem cuidada e feliz. Mas, agora, chegou a nossa hora, o tempo certo para nós dois. Eu te amo com toda a minha força e tudo o que vem junto com você. Amo nossas brigas ridículas e como sempre batemos de frente um com outro. Amo que mesmo que você pareça a pessoa mais forte e dura, você me mostra um lado sensível e delicado. Amo como você é justa e deu sua vida por um bem maior e por mim. Nada nessa vida vai poder mudar os anos que se passaram, mas eu prometo que os que virão serão inesquecíveis. Eu amo você! – terminou, fazendo minha mãe chorar e eu também.

Ela respirou fundo, preparando-se para a sua fala, e sorriu, enquanto olhava-o profundamente antes de começar.

― Kile, você passou de ‘pessoa mais detestável’ para a ‘mais amável’ em um piscar de olhos. – começou, abrindo um sorriso com a lembrança. ― Eu tentei te afastar de tantas formas e de tantas maneiras, mas nem eu, nem pessoa alguma, ou mesmo o tempo, conseguiu diminuir o que sentimos um pelo outro. Essa é a maior prova que o amor verdadeiro pode sobreviver as estações. Por mais frio que seja o inverno, o verão sempre chega para derreter as geleiras e nos aquecer novamente. As flores sempre aparecem para perfumar nossas vidas e, no tempo certo, os frutos desse amor são gerados. – piscou para ele em uma piada interna que apenas nós entendíamos. ― Hoje estamos aqui, diante de todos, para selar aquilo que iniciamos há anos atrás. Obrigada por nunca desistir de mim. Eu te amo, Kile Woodwork. – terminou estendendo sua mão até o rosto dele e passando o dedão na maçã do seu rosto para retirar uma lágrima.

Em seguida, sem mais nada a esperar, Kile a puxou, selando os lábios dela em um beijo doce, enquanto nós gritávamos e aplaudíamos encantados.

No final da cerimônia havia uma recepção com bastante música e tortas de morango, como vovó adorava. Todos matavam a saudade e colocavam as conversas em dia, principalmente tio Ahren. Olhei para o lado e avistei Hope conversando com meu tio Osten. Ela era uma morena muito bonita, tinha um corpo esbelto e longos cabelos negros brilhantes. Sr. Aspen e Madame Lucy haviam a adotado na época da seleção da minha mãe, com quatro anos de idade, mas se você não soubesse desse fato, jamais descobriria. Até parecia mesmo filha biológica deles. Tio Osten conversava com ela gesticulando e lançando um sorriso encantador, que era retribuído timidamente pela mesma. Fariam um lindo casal, se meu tio resolvesse finalmente criar juízo e se aquietar.

Minha mãe e Kile passavam mesa por mesa cumprimentando cada pessoa presente aqui. Os dois sorriam alegres um para o outro e eu via o mesmo brilho no olhar que meus avós tinham. Suspirei pensando se algum dia eu poderia ter algo assim. Certa vez achei que fosse possível, mas agora…

Eu não queria me lembrar dele hoje, já bastava todos os dias em que ele ocupava a minha cabeça. Eu não queria ficar triste, porém todo esse aroma romântico no ar me fazia imaginar como seria se nada daquilo tivesse acontecido. Comecei a me sentir um pouco sufocada e resolvi sair um pouco do centro da festa para pegar um ar. Caminhei para um lado meio distante do jardim e parei em frente a uma bela fonte que havia ali. Passei alguns minutos parada, olhando para o nada, até ouvir sons de passos cada vez mais perto.

― Vi você se afastando e vim ver como estava. – minha mãe começou a dizer quando me virei para ver quem era. Abriu um sorriso pequeno para mim e se colocou ao meu lado, estava belíssima em seu vestido de noiva.

― Eu estou bem, mãe. – forcei um grande sorriso para tranquilizá-la. Era o seu dia, eu não ia atormentá-la com lamúrias.

― Eu estou tão feliz, Aysha – falou virando-se para mim e pousando a mão em sua barriga. ― Sabe o que me deixaria mais completa?

― O que?

― Ver você tão feliz como eu estou agora. – afirmou, encarando-me.

― Eu estou feliz, mãe. Eu sou feliz. – enfatizei.

― Eu sei, querida. Você passou por tudo de uma forma que eu nem imaginei que conseguiria. Se tornou uma mulher forte e eu sei que você está bem, apesar de tudo. Mas… você não precisa ser assim o tempo todo, filha. Não precisa colocar uma máscara para mim, eu vou entender se você disser que está triste às vezes ou que esteja sofrendo por ele.

― Eu não quero estragar seu dia, vamos mudar de assunto. – pedi para ela.

― Não vai estragar, meu amor. – tocou em uma mecha do meu cabelo. ― Quer um conselho da sua mãe que passou tanta coisa durante o caminho? Não espere que seja necessário vinte anos para fechar os pontos abertos da sua vida. Não demore um período tão grande para reconhecer que o amor é algo essencial também. Ás vezes deixamos passar tanto tempo e gastamos o desnecessário para finalmente nos rendermos. Então porque não adiantar o processo? Eu sei que você já o perdoou, então por que não dar uma chance?

― Eu tenho medo. – sussurrei, segurando para não chorar. Ela puxou-me para seus braços e passou sua mão em meus cabelos.

― É normal sentir medo, Aysha. Recorde-se do que seu pai lhe disse. Não tenha medo de se arriscar. São nos finais das trilhas mais difíceis que estão as melhores paisagens. – beijou minha testa e soltou-me, enquanto eu acenava com a cabeça pensando no que ela disse. ― Tudo o que eu já fiz ou faço é por você, lembre-se disso. E pense bem no que eu disse antes de qualquer coisa. – terminou sorrindo e fitando algo atrás de mim.

― Por que está dizendo… – comecei a perguntar, mas minha voz morreu quando olhei para o ponto que ela observava e vi Thomas se aproximar, devagar, até parar diante de mim.

― Thomas… – suspirei, desacreditada.

― Ei, Aysha! – falou com a cabeça um pouco baixa, constrangido.

― Eu vou deixar vocês a sós. – minha mãe disse piscando para mim e se afastando, voltando para a festa.

Olhei para ele… Estava tão lindo. Suas mãos estavam dentro dos bolsos da calça e seu terno preto, impecável, com uma camisa branca por baixo, estava meio aberta, saindo um pouco da tradicionalidade. Os cabelos, um pouco maiores, estavam jogados em um penteado despojado e a sua barba um pouco rala. E meu coração? Em arritmia com a presença inesperada dele. Quando abriu um pequeno sorriso para mim... aí ele desfaleceu de vez.

― Sua mãe me convidou, espero que você não fique chateada. – disse baixo e contido. ― Acho que vamos nos ver com mais frequência de agora em diante, aliás, irá depender de você… – ele soltou tentando escolher as palavras.

― Por que? – perguntei sem entender.

― Sua mãe me ofereceu um cargo no conselho, o que era do meu pai… – falou com uma expressão amarga ao citar a última palavra.

― Hum! – foi a única coisa que consegui dizer. Minha mãe havia aprontado comigo. Agora eu entendo porque ela falou daquele jeito por último.

― Se você… não achar bom, eu entendo. Ela disse que sua palavra era a final, já que você é a rainha. – disse meio sem jeito.

― Não, Thomas. – estendi minha mão em um pedido para que ele parasse de falar. ― Eu sei que não teria pessoa melhor para ocupar aquele cargo, você estudou a vida toda pra isso, será um ganho para Illeá. Jamais deixaria nossas desavenças pessoais tomarem isso de você. – falei sendo honesta, eu sabia que ele merecia isso e eu estaria sendo injusta se o barrasse. Uma leve curvatura apareceu na boca de Thomas, mas ele conteve-se, era claro que pisava em ovos comigo ali.

Ficamos olhando um para o outro sem dizer nada, um silêncio estranho, um medo das próximas palavras que poderíamos dizer, porém, em contrapartida, eu sentia o mesmo calor de tempos atrás. Resolvi quebrar aquela troca intensa de olhares e voltei a focar na fonte à minha frente, ato este que foi acompanhado por Thomas.

― Sua mãe estava esplêndida, foi uma linda festa. – ele resolveu quebrar o gelo.

― Você viu? – perguntei porque não havia o visto na festa.

― Eu estava distante, não quis atrapalhar, mas consegui ouvir a troca de votos. – respirou fundo e soltou ― Espero um dia ser eu a fazer tal coisa.

Olhei para ele, sendo pega em cheio por suas palavras. O que ele queria dizer com aquilo?

― Eu ainda amo você, Asyha, nada mudou. – virou-se para mim dizendo, quando viu meu olhar espantado. ― Da última vez que conversamos você disse que um disco arranhado não tem volta mais, assim como a confiança. Eu entendo completamente você, por isso não intervi, apesar de pedir o seu perdão. Em nenhum momento lhe fui invasivo porque sei que está certa e eu sei o quanto eu errei com você. Se pudesse, eu mudaria tudo, só para não ver nenhuma lágrima sua ser derramada por minha causa. Você não merece, Aysha, e se eu soubesse ou imaginasse desde o início, eu jamais faria tal coisa. Infelizmente eu não posso apagar o passado. A história já foi escrita e não tem como eu voltar e consertar o que se passou, mas nada impede que o livro seja fechado e um novo roteiro seja iniciado.

Ele olhava para mim esperançoso, por mais que eu visse seu semblante triste e abatido. Eu tinha uma luta interior cravada entre meu coração e minha mente. Meu coração queria se lançar até ele novamente, mas a minha mente me lembrava que ele havia mentido para mim. As palavras do meu pai, meu avô e minha mãe latejavam em minha cabeça, porém eu me perguntava se eu conseguiria jogar o meu orgulho para o lado e fazer um novo começo.

― Eu vou ser sincera, Thomas. Eu não sei o que devo fazer e não sei se consigo confiar novamente. Eu tenho medo de me machucar, eu tenho medo de nos machucar. Nós dois poderemos sair mais arranhados nisso, você sabe. – falei abaixando o volume da minha voz e um pouco incerta.

― Se o disco arranha, a gente armazena e compra um novo. O importante é continuar ouvindo a música que diz o nosso coração. O que o seu está dizendo, Aysha? – perguntou ainda com as mãos no bolso e a cabeça levemente abaixada, apenas com o rastro do seu olhar me fitando.

Pensei em falar qualquer coisa que o afastasse e me deixasse ali, mas eu não queria ser covarde. Eu amava aquele homem e eu sabia que ele me amava também.

― Um recomeço?! – falei meio afirmando e perguntando ao mesmo tempo. Era o que eu queria, na verdade. Seguir em frente e deixar o que havia acontecido. Eu não queria ter medo, não queria viver minha vida olhando para trás ou para o passado. Eu queria ir adiante… com ele, mas era tudo delicado demais ainda para lidar, não dava para continuar de onde paramos.

― Olá, meu nome é Thomas Illéa! – tirou a mão do bolso e estendeu para mim, dando um passo em frente.

― O que está fazendo? – perguntei sem conseguir conter uma risada com a sua ação.

― Dando um novo começo para nós dois. Vamos fazer do jeito certo agora. – abriu um lento sorriso para mim, aquele que eu tanto gostava. Foi impossível não retribuir.

― Aysha Schreave, rainha de Illéa. – estendi a minha mão até a dele, ele ergueu-a e depositou um beijo lento ali.

― É um prazer conhecê-la, Majestade. Meus serviços estão a seu dispor, espero servi-la com retidão. – terminou soltando minha mão, colocou a mão no peito e fez uma reverência com um sorriso no rosto, sem quebrar o seu olhar no meu.

― O prazer será meu de poder contar com eles, Sr. Illéa. – respondi fazendo-me de séria, mas mordendo minha bochecha ao final para conter um sorriso que saía.

Olhávamos de uma forma diferente, um brilho havia acendido, possuía esperança. Por que continuar de onde paramos se poderíamos recomeçar?

Diferente do que eu sentia antes, eu estava leve. Não havia pressão. Eu não sabia como seria, mas estava disposta a tentar. Um passo de cada vez, redescobrindo, conhecendo tudo novamente. Eu não estava embarcando em um relacionamento, mas não evitaria o momento caso isso acontecesse. Eu amava Thomas e ele me provaria todos os dias se era certo estarmos juntos novamente.

Na vida as pessoas nos magoam, nos ferem e grande parte das vezes somos muito orgulhosos para poder perdoar. Preferimos passar a vida toda sofrendo do que dar uma segunda chance para aquele que se arrependeu, como se fossemos santos e nunca tivéssemos ferido alguém também. O amor dói, ser magoado por quem te ama é dilacerante. Mas o tempo remenda as feridas e se você se permitir… é possível colar de novo o seu coração.

O amor tem o poder de ultrapassar todas as barreiras e eu sabia, que naquele momento, eu estava escolhendo ser feliz. Não queria gastar tanto tempo odiando, sofrendo, magoando ou cultivando o rancor e a tristeza, enquanto poderíamos apenas ser felizes. Se querem uma dica… Não seja orgulhoso demais e não tenha medo em excesso, seja cuidadoso sim, não entregue seu coração de bandeja para qualquer um, mas se um dia tiver certeza que ama alguém, apenas ame. A vida é muito curta para vivermos olhando para trás. A forma com que enfrentamos o mundo faz toda a diferença para as nossas vidas. Levante a cabeça e siga adiante, se uma porta se fecha, outras se abrirão, se você tropeça hoje, amanhã correrá, só depende de você!

 

                                                                                                      Fim


Notas Finais


Nota da Autora

Vou deixar os agradecimentos e comentários para o próximo...

Voce leitor que gosta da história e que acompanha até aqui, não esqueça de VOTAR dessa forma eu vou poder saber que você acompanha também. <3 A participação de vocês é sempre especial e os comentários sempre me inspiram a escrever mais! então não se envergonhe, adoro interagir com cada um.

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- Para quem se interessar, tenho outra historia, TRONO DE SANGUE. Só ir no meu perfil e salvar na biblioteca.

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