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História O Peso da Coroa - Extra 2 - O Momento


Escrita por: LyraRocha

Notas do Autor


Leiam as notas finais, por favor <3

Capítulo 44 - Extra 2 - O Momento


A vida é composta por centenas de momentos que variam dos mais simples aos mais intensos. Nenhum deles podem ser menosprezados, pois, de certa forma, cada um é importante para nós. Lembro-me de quando eu ralei o joelho e minha mãe me deu um beijo dizendo que iria parar de doer. Não parou, mas eu gostei mesmo assim. Tenho resquícios das lembranças do nascimento da minha irmã e como fiquei um pouco emburrado por ter que dividir os meus pais com ela. Também me recordo quando ganhei meu primeiro caderno de desenho e os lápis especiais. Aquilo foi importante para mim e me ajudou futuramente a me guiar à profissão que eu iria seguir. Lembro-me do primeiro beijo nela, que apesar de parecer algo infantil na época, hoje sei que foi diferente. Lembro quando me descobri preso nesse castelo e a raiva que senti por, além de tudo, estar amarrado a ela naquele evento que eu achava estúpido. Porém, como também não lembrar do nosso segundo beijo e como toda a minha vida mudou depois daquilo?

Como eu dizia, todos os momentos são importantes e nos deixam marcas. O momento que nós fizemos aquele acordo, as juras de amor, o dia que nos entregamos um ao outro, a manhã que me expulsou, o dia que eu retornei ao castelo, o momento das revelações, o perdão e a nossa definitiva união. Cada um marcou-me de uma forma diferente e, apesar da dor do processo, eu passaria tudo de novo para tê-la novamente.

Eu achei que quando casasse com ela eu teria o melhor momento da minha vida concretizada. Nada poderia ser maior do que isso, não é mesmo? Ledo engano. Mal sabia eu que o que viria pela frente me traria uma marca ainda maior. Nada havia me preparado para aquele momento.

― Relaxe, homem! Você está me deixando nervoso! - Thomas apoiou a mão em meu ombro, tentando me confortar.

Não daria certo. Nada me acalmaria naquele momento.

Eu sabia que a dor fazia parte do processo, eu tinha ciência de como era todo o procedimento, mas, pudera, eu ia ser pai, eu tinha direito de surtar!

― Você diz isso porque não é você! Quando estiver no meu lugar, quero ver essa paciência toda continuar presente - bufei, irritado, continuando a andar para um lado e para o outro, passando a mão freneticamente em meus cabelos.

Já havia uma hora que Eadlyn havia entrado no quarto hospitalar e eu estava nervoso. Muito nervoso. Não sei explicar o motivo, sei que ela é uma mulher forte, mas enquanto não a visse e estivesse com meu bebê em mãos, nada me traria tranquilidade, nem mesmo saber que Aysha estaria por perto a acompanhando.

Havia sido uma escolha da Eadlyn compartilhar aquele momento com a filha, acrescida de uma pequena recomendação do seu médico, que disse que se eu desmaiasse, não iria me socorrer. Claro que não gostei da insinuação dele, mas não me importei, realmente eu estava muito nervoso e o melhor mesmo foi eu ter ficado aqui fora. Além disso, Aysha tinha uma áurea parecida com a do Erik e conseguia trazer calma a minha esposa, que estava muito nervosa com essa gravidez.

― Vai demorar um pouco para que isso aconteça, nem somos casados ainda. Enquanto isso posso ficar aqui te assistindo surtar. Estou satisfeito. - o rapaz riu e eu quis tirar aquele sorriso irônico do seu rosto.

Rolei os olhos para ele e me joguei na cadeira ao seu lado, abaixando a cabeça e enfiando as mãos pelos meus cabelos. Apoiei meus cotovelos em minhas pernas e fiquei nessa posição, tentando me tranquilizar.

― É sério, Kile. Você precisa se acalmar. Vai dar tudo certo. Se alguma coisa desse errado, você seria o primeiro a saber. Não é o caso, no entanto. Só precisa dar mais tempo, logo terá muitas noites de choros e fraldas sujas para você - Thomas falou, fazendo-me virar para ele.

― Eu só queria que fosse rápido. É horrível ficar aqui fora sem saber como andam as coisas lá - disse, frustrado, olhando pela porta por onde Eadlyn havia entrado.

― Se estivesse lá dentro desse jeito ia ser pior. A deixaria mais nervosa do que ela já estava - confortou-me, dando um tapinha em meu ombro. ― Quer conversar sobre alguma outra coisa enquanto esperamos? Acho que vai ser bom para tentar amenizar a sua ansiedade um pouco - sugeriu.

Balancei a cabeça para ele e encostei as minhas costas na cadeira. Olhei na direção dele para evitar fitar o tempo todo a porta do quarto hospitalar e esperei que ele puxasse algum assunto.

― Vou pedir Aysha em casamento! - soltou e meus olhos arregalaram em sua direção. Aquilo sim era uma boa forma de me distrair.

Não que eu não esperasse que isso fosse acontecer, pelo contrário, depois que os dois voltaram a se relacionar, todo o reino já se perguntava quando a mais nova rainha se casaria. Minha surpresa era no fato dele compartilhar aquilo comigo e me senti grato pela confissão.

Thomas e eu havíamos nos aproximado desde que ele começou a trabalhar no castelo e voltado a namorar com Aysha. Não éramos melhores amigos, mas, de alguma forma, creio eu, que ele precisava de alguém depois de tudo o que aconteceu com o seu pai. E quando digo alguém, refiro-me a um amigo, um homem a quem pudesse compartilhar algumas coisas.

― Já estava na hora, rapaz! - sorri para ele, genuinamente alegre.

― Será que ela irá me aceitar? - perguntou e eu franzi o cenho com aquele questionamento. Achei até que estivesse brincando, mas a expressão fechada e vacilante dele me dizia que ele estava com medo.

― Você ainda tem dúvidas? - fiz uma pergunta irônica, porque era óbvio que Aysha aceitaria. Qualquer um no mais distante reino conseguiria ver o amor que um sentia pelo o outro.

― Não sei... Na maior parte do tempo eu tenho certeza, porém, em outras tenho medo que ela possa não confiar em mim completamente. Você sabe... pelo o que eu fiz. - suspirou e abaixou a sua cabeça.

Agora foi a minha vez de colocar a mão no ombro dele. Saber que ele havia magoado a Aysha sempre o consumiu, Thomas sempre se culpava, eu já havia ouvido aquilo outras vezes, mas se ele queria uma vida futura com ela, então precisaria deixar o passado para trás.

― Eu não pude acompanhar a vida da Aysha, Thomas. Eu não a conheci, passei muito tempo longe do castelo e só sabia o que a mídia dizia. Contudo, uma coisa eu posso te dizer, a menina que eu realmente conheci, aquela que salvou o reino, que tomou posse da coroa para aliviar a mãe, aquela que me aceitou na sua família mesmo quando o seu coração ainda doía pela morte do pai... Essa menina tem um dos corações mais altruístas que eu conheço, eu consigo ver tanto do Erik nela... Você não o conheceu, mas eu sim. Ao mesmo tempo que ela tem algum dos temperamentos da mãe, em outros ela é toda o pai. E sabendo disso, eu lhe dou a certeza que se a Aysha aceitou ter um relacionamento de novo com você é porque ela te perdoou. E mais ainda, ela confia em você. Se ela não estivesse preparada para tal coisa, jamais te aceitaria de volta. É tanto que ela levou tempo para isso, não foi?

Ele me olhava atentamente e balançou a cabeça em positivo quando o questionei.

― Pois então. Ela teve o tempo dela para processar e para deixar para trás o que houve. Só resta você. Ninguém mais aqui guarda qualquer rancor, todos nós apreciamos muito a sua pessoa, só você te impede de seguir em frente, Thomas. Não seja covarde. Você quer aquela garota e todo o pacote que ela tem?

Ele olhou para mim profundamente e, antes mesmo que respondesse, eu já sabia a resposta.

― Mais do que qualquer outra coisa no mundo - afirmou sem titubear, seus olhos pareciam até terem se escurecidos. Eu sabia que ele a amava.

― Então não deixe de lutar por ela! Não tenha medo - entusiasmei-o, mas logo voltei atrás. ― Aliás, tenha medo, você pode sentir isso, entretanto, também tenha coragem. O valente também pode ter medo, mas ele é corajoso o suficiente para enfrentá-lo. Enfrente-se, rompa essas angústias que você mesmo se colocou, vá adiante e vença essa batalha. Lembra daquelas histórias de fábulas? No topo da torre sempre há uma princesa e o guerreiro que enfrenta todos os monstros para chegar até ela, conquista a mocinha no final. Mas no seu caso é a rainha mesmo. - sorri para ele e dei um tapa em seu peito, fazendo-o rir.

― Obrigada, Kile. É bom ter você na família! – abriu um sorriso em resposta e vi a sua expressão se aliviar.

― Não diga isso antes da hora, precisa pedir a Aysha em casamento antes de se considerar da família - gracejei.

― Não se preocupe, será antes que imagina! – elevou o canto dos lábios de maneira esperta para o meu lado e concertou sua postura, deixando para trás os traços de ansiedade.

Sorri em resposta, feliz por ter o ajudado de alguma forma. Queria eu no meu tempo ter tido alguém para me aconselhar e ajudar. Estávamos todos imersos nos nossos próprios problemas, cada um tentando resolver sozinho a sua tribulação. Pelo menos Eadlyn teve Erik ao seu lado. Ele tomou um fardo que não precisava e cuidou dela tão bem quanto eu teria feito. Eu serei eternamente grato a ele por isso.

A conversa com Thomas havia me dispersado, nem sei quantos minutos havíamos gasto ali e, por incrível que pareça, eu tinha me distraído. Só voltei ao foco da minha ansiedade quando ouvi o barulho da porta se abrir e Aysha sair de lá com o sorriso em cada ponta do seu rosto. Os olhos dela estavam iluminados e parecia lacrimejar. Havia nascido, eu tinha certeza que sim.

Levantei-me depressa e corri até ela, segurando as suas mãos. Ela, porém, jogou os seus braços sobre mim, inesperadamente, começou a rir e me abraçar apertado.

― Nasceu! É o menino mais lindo de todo esse reino - sussurrou para mim e se afastou para fitar os meus olhos.

Só percebi que estava chorando quando senti as lágrimas salgadas tocarem a minha boca. Caramba! Eu era pai!

― Já posso entrar? - perguntei, eufórico.

― Sim, ela vai adorar te ver! - apontou a porta para mim e eu não esperei mais nenhum segundo, corri até lá, sendo parado apenas por uma enfermeira, que mandou que eu fizesse a desinfecção antes de entrar no local.

Volto a repetir, a vida é feita de momentos, e aquele instante em que vi a minha mulher com o meu filho nos braços, fez valer a pena qualquer outro que eu tenha vivido. Eu não sei como consegui forças para caminhar até ela, não me importei de parecer um homem chorão na frente da sempre inabalável Eadlyn. Eu só admirava aquele serzinho pequeninho, a união do nosso amor materializado na minha frente.

Ninguém nos prepara para ser pai. Ninguém nasce sabendo como será. No entanto, ao ver o meu filho ali, um sentimento extraordinário surgiu dentro de mim. Era como se eu soubesse de tudo ao mesmo tempo que não sabia nada. Era como se a força do mundo fosse depositada em minhas costas, capaz de enfrentar vilões e dragões - se esses existissem -, tudo para deixar aquele pequeno bebê a salvo.

Eu sempre admirei Eadlyn por abrir mão de tudo por quem ela ama. Sempre fiquei impressionado por tudo o que tinha feito para proteger a sua filha, contudo, agora eu realmente a entendia, pois era o mesmo que eu faria por aquele menininho ali.

Minha esposa tinha um olhar cansado, seu cabeço estava desgrenhado e jogado pela cama, sua pele tinha reflexo do suor causado pelo esforço do parto e debaixo dos olhos, um leve arroxeado das olheiras. Pode parecer mentira, mas era a imagem mais bela que eu já tinha visto, pois ali estava à mostra o esforço para colocar a nossa criança no mundo. Em seus braços, o nosso pequeno Levy.

Esse seria o seu nome se fosse menino. Queríamos algo que representasse união. Depois de tanto tempo longe, quando tudo parecia perdido para nós, estávamos juntos novamente. E, mais do que isso, agora tínhamos um bebê, um laço mais duradouro do que qualquer outro, nossos fragmentos unidos em outra vida.

― Obrigada por me fazer o homem mais feliz desse mundo! - sussurrei para ela em meio as lágrimas e selei os nossos lábios.

Ela abriu um sorriso para mim e vi lágrimas também descerem dos seus olhos. Era tão bom ver que agora o que molhava o seu rosto era proveniente da alegria do momento, algo muito distante do sofrimento que ela já passou.

― Eu era uma mulher completa, porém, quando pensei que não podia transbordar mais, veio o nosso pequeno Levy para trazer mais amor ainda para o meu coração - Eadlyn falou baixinho, erguendo uma mão para enxugar o seu rosto. ― Ele é lindo! - olhou para o bebê e ergueu para que eu o pegasse.

Inclinei-me sobre ela e trouxe o meu filho para os meus braços. Ali estava outra sensação que eu jamais esqueceria, a primeira vez que segurei o Levy. Os olhos do pequeno fitaram os meus e era como se de alguma forma ele soubesse que eu era o seu pai. Não tinha um fio de cabelo em sua cabeça, eu não fazia a mínima ideia de como seria, porém, aquela coisinha minúscula era perfeita.

Passei meu dedo pela bochecha dele e ele ergueu a mãozinha segurando a minha mão. A pele mais fina, os dedinhos minúsculos e as lágrimas que jorravam mais ainda dos meus olhos. Eu estava inerte em uma bolha de sensações extasiantes. Era o melhor momento do mundo!

― Eu acabei de te conhecer, mas eu te amo tanto, meu filho! - sussurrei e um pequeno sorriso despontou da sua boca.

Eu sabia que ele não me entendia, mas aquele reflexo dele mexeu comigo de uma forma inimaginável. Eu era um homem completo.

Diferente dos meus dias amargos, hoje, eu não saberia nem como agradecer. Eu tinha ao meu lado a mulher que eu amava, havia uma enteada maravilhosa que era como uma filha - apesar de eu não ser seu pai legítimo -, ganharia um genro honrado e segurava em meus braços a minha nova preciosidade, o meu filho.

Tantos amores e ao mesmo tempo o mesmo amor. Eu só poderia ser grato. Minha vida já havia dado mais voltas do que eu podia imaginar, porém, eu havia parado no melhor lugar do mundo, aquela era a minha família, aquele era o meu lar e esse era o momento, meu melhor momento.


Notas Finais


Uau, quanto tempo!

Hoje faz um ano de OPDC, um ano que eu comecei a escrever, e eu não poderia deixar em branco de forma alguma. Já peço perdão se houver algum errinho porque eu, literalmente, acabei de escrever, não deu tempo nem revisar, pois eu queria postar hoje mesmo!

Esse bônus é bem especial, pois é a concretização final da história do nosso ship Eadlyn e Kile. Espero que tenham gostando.

De antemão, conto uma novidade. Ano que vem estarei reescrevendo OPDC para transformá-lo em original e quem sabe publicar um dia, não é? Para isso, algumas alterações serão feitas e eu estarei pedindo a opinião de vocês - que foram os maiores incentivadores da minha primeira historia - lá no meu grupo do face. Por isso, se você ainda não faz parte, entre lá e fique ligado nas novidades. O link está aí embaixo <3

Beijos para vocês e até a próxima! <3 Não deixei e comentar e deixar o votinho, que é muito importante para mim!

Se você gostou de ler O Peso da Coroa, venha conhecer também minhas outras histórias Trono de Sangue e Fisiologia do Amor (somente pelo Wattpad)!

Aguardo vocês e muito obrigada por lerem OPDC, a primeira história que eu escrevi <3

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