História O peste mora ao lado (Sehun - EXO) - A paz que o amor traz

Percebi uma movimentação diferente e presumi que ele havia levantado. Levantei-me também e colei a testa na porta, fechei meus olhos e logo ele falava novamente.

_ Espero que tenha me ouvido, pensa com carinho no que te disse. Eu vou indo agora, leve seu tempo, okay? Esperei por você até agora, se necessário eu vou esperar uma vida toda. Eu te amo! Tchau noona…

Ouvi seus passos pelo corredor e abri uma fresta da porta o mais silenciosa que consegui e ainda pude ver suas costas se afastando. Fechei a porta e fui me deitar, aquele desabafo fez meu coração se apertar e a raiva passar, eu só teria que decidir se daria uma chance, ou não.

Cheguei emburrada na pousada, eu não queria vir nessa viagem mas sabia que não deveria agir desse jeito, ele havia me explicado tudo mas eu ainda relutava em aceitar. Minha mãe não quis se intrometer dessa vez e disse para que eu deixasse o cérebro de lado e usasse o coração, ele me daria a resposta.

E cá estou eu, na recepção de uma linda pousada, esperando Sehun terminar o check-in pra poder ir pro quarto e me enfurnar lá. Essa viagem era importante para ele e somente por isso eu concordei em vir, o sorriso radiante dele já compensava todas as lágrimas que derramei.

O ajudante da recepção quis levar nossas malas até o quarto mas Sehun negou e disse que levaria tudo ele mesmo, o coitado quase se mata tentando levar as quatro malas, ofereci ajuda e ele também negou. Passei em sua frente com as chaves em mãos e fui até as portas que, o que não me surpreendeu em nada, eram uma do lado da outra. Abri a porta de Sehun e depois a minha, Jongin ficaria no mesmo quarto que ele e vinha logo atrás observando tudo ao redor.

O ajudei a colocar minhas duas malas num canto do quarto e todo sorridente ele me disse que bem cedo iríamos para um passeio e que ele pediu para que fossemos acordados às sete da manhã, a recepção ligaria no quarto. Desejei que ele tivesse um bom descanso e quando ele saiu, respirei profundamente pensando no que me esperava essa viagem.

O sol estava ameno, mas mesmo assim eu insisti que Sehun passasse protetor solar,  enquanto ele reclamava que aquilo era fedido, Jongin reclamava que se eu estava lá, porque que era ele quem estava esfregando as costas de Sehun. Eu observava tudo de longe e rindo muito daquilo. O Guia nos disse que iríamos até o outro lado da praia de Haeundae, havia algumas esculturas e todo o trajeto era repleto de guarda-sóis coloridos, Sehun e Jongin pareciam duas crianças olhando para tudo aquilo com expressões abismadas. O percurso seria até o leste da praia onde fica o Monte Dalmaji, um lugar coberto de árvores, o indicado era sair bem cedo para não pegar a multidão que vinha até a praia para tomar sol. Na parte da tarde iríamos até o Aquário de Busan que é o maior da Coréia do Sul, eu estava ansiosa.

Depois de muito andar e de o Guia quase perder a paciência com Jongin, nós chegamos até o monte e sentamos apreciando a vista, o lugar era bem fresco e aproveitamos para deitar um pouco na clareira que havia ali. Sehun veio e se deitou ao meu lado, me ofereceu um lanche que comprou na pousada e eu aceitei já desembalando e comendo apressada, estava com fome.

_ Come devagar, você pode se engasgar noona. -disse me estendendo uma garrafa d’água.

Logo que ele falou eu comecei a tossir frenética, um pedacinho havia entrado no lugar errado. Sehun se desesperou e tirou o lanche da minha mão já encaixando a garrafa na minha boca e dando palmadas nas minhas costas. Os meus olhos quase saltaram da cara e eu entrei em pânico com o engasgo repentino, Jongin apareceu num flash junto do Guia e eles se amontoaram em volta de mim, parecia que eu ia morrer. Senti um tapa mais forte nas minhas costas, achei que veria a luz nesse momento e em seguida veio o berro que Sehun deu com Kai, ele que desferiu o tapa.

_ TÁ LOUCO? DESSE JEITO VOCÊ MACHUCA ELA. -gritou enraivecido.

O inusitado foi que esse tapa, que doeu como o inferno por sinal, foi o que desentalou o pedacinho atrevido. Respirei fundo e comecei a rir da cena na minha frente. Kai corria parecendo uma galinha destroncada de um Sehun furioso querendo o couro dele pelo tapa que este me deu. O Guia perguntou se eu estava bem e me disse para beber mais água, até batemos um papo enquanto os dois se resolviam.   

_ Noona, -Sehun falou esbaforido se ajoelhando de frente para mim- você está bem? Está doendo? Bebe mais água.

_ Calma Hunnie! -falei segurando suas bochechas- Eu estou bem, não quero mais água e é culpa sua que eu engasguei. -ele arregalou os olhos- Se você tivesse ficado quieto, eu não tinha engasgado. -retirei minhas mãos de seu rosto e cruzei os braços ouvindo a risada contida de Jongin e do Guia.

_ Me desculpa noona, eu não falo mais, eu juro! -ri de sua cara fofa e dei um beijinho em sua testa.

Levantei-me e bati a grama do short, saí andando em direção de onde viemos e logo estava com os pés na areia de novo.

_ Vamos seus bundões, senão não chegamos à tempo de pegar o Aquário aberto.

_ Uaaaau! VEM VER ISSO SEHUN! -Jongin andava de um lado ao outro gritando Sehun de cinco em cinco segundos para ver algo diferente que aparecia diante do vidro.

_ Aish Kai! -ele resmungava, mas mesmo assim ia.

_ Vai lá, ele quer te mostrar algo legal.

_ Mas noona… eu quero aproveitar contigo, eu estou vendo tudo que ele está vendo também. -fez bico emburrado e Jongin o chamou de novo- JÁ VOU! -gritou de volta e saiu enfezado para onde Jongin estava.

_ Sabe, -o Guia se pôs ao meu lado- eu vejo que ele gosta mesmo de você. Seja lá o que ele tenha feito, até você consegue perceber que ele está se esforçando pra se redimir.

_ Pois é, -suspirei- eu é que sou cabeça dura mesmo. Não sei como ele pode gostar de alguém como eu.

Passei o resto da tarde sendo arrastada por Sehun que era arrastado por Jongin e assim vimos tudo o que o aquário disponibiliza ao público, eu estava cansada de tanta agitação.

Dentro do taxi eu e Sehun ficamos espremidos porque foi só Jongin entrar e já caiu no sono, parecia uma britadeira do tanto que roncava. O Guia é que estava sossegado no banco da frente, sortudo!

_ Noona, quando chegarmos eu quero ir tomar um banho logo, -Sehun sussurrou próximo ao meu ouvido- vou terminar umas coisas e vou te buscar para o jantar, tudo bem?

_ Okay, como quiser. -vi seu sorriso pequeno e sorri também, então ele recostou no banco e fechou os olhos ainda sorrindo.

O meu coração acelerava cada vez que eu via aquele sorriso, eu nem sabia ainda porque resistia à ele, mesmo depois de todo o dia sendo atencioso e fofo comigo. Eu sou uma besta mesmo. Mas admito que estou feliz por estar aqui, antes era só porque ele queria que eu viesse, agora é porque eu quero também.

_ Noona, posso entrar? -Sehun bateu na porta e eu permiti que entrasse- Já está pronta? -eu estava de costas para si terminando de colocar meu brinco e então me levantei e virei para ele- Nossa… linda… você... nossa…

_ Para, -falei rindo envergonhada ajeitando minha saia- não é nada demais.

_ Não noona, você está perfeita, essa roupa… -ele assobiou descontraído.

_ Aaah está me deixando com vergonha. -falei colocando o cabelo para trás da orelha e abaixando a cabeça. Sehun riu e veio em minha direção e me estendeu sua mão- A minha surpresa eu já ganhei, -agarrei sua mão- agora é sua vez.

Saímos do quarto e ele não soltou minha mão por nada. Na praia não havia ninguém e as passarelas de pedra estavam iluminadas, os jardins da pousada também. Fomos caminhando até uma tenda branca, Sehun abriu uma das cortinas e eu respirei pesado. Um banco confortável, uma mesa com aparelho de jantar e uma mesinha lateral com as comidas, não havia cortinas tapando a visão para o mar e a lua iluminava dentro da tenda sem teto. Tudo tão lindo. Olhei maravilhada para Sehun que sorria abertamente.

_ Surpresa noona! -ele me olhava em expectativa.

_ Tão… lindo e… eu amei Sehunnie. -me virei para si e o abracei.

Ficamos abraçados um instante e quando nos afastamos ele se ajoelhou à minha frente, eu não consegui reagir.

_ Noona, me perdoa, eu nunca quis outra pessoa além de ti. Deixa-me cuidar de você, seja minha namorada, hm? -tirou uma caixinha do bolso com anéis de compromisso.

Fiquei o encarando e até me esqueci de dizer algo, só me toquei quando vi sua expressão levemente preocupada.

_ Eu já sou sua Sehunnie. -o puxei para se levantar e o beijei, estava com saudade daqueles lábios.

_ AAAAH EU DISSE! EU TE AMO NOONA! TE AMO! TE AMO! -ri de sua afobação.

Ele me ergueu em um abraço apertado e me deu vários selos doces, nos olhávamos felizes e uma lágrima despercebida correu de seus olhos e eu a enxuguei.

_ Obrigada por me amar Sehun, eu também te amo, amo muito!

_ Ai meu coração, essa mulher ainda me mata sendo fofa assim! -disse afundando seu rosto em meu pescoço e inalando profundamente ali.

Ele se afastou e tirou da caixinha um dos anéis, pediu minha mão e eu dei, logo eu repetia o mesmo gesto e nos beijamos apaixonados.

O jantar foi regado de piadas ruins e gargalhadas descontroladas, Sehun me contou alguns perrengues que passou na escola e eu no meu trabalho. Depois de comer fomos nos deitar afrente da mesa, numa toalha estendida para olhar o céu.

_ Todas as noites eu ia pro telhado olhar o céu e torcia para que você também estivesse observando, -o olhei e ele olhava para cima- eu me sentia mais perto de você assim. E hoje estou aqui, contigo, -se virou de frente para mim- a mulher da minha vida, olhando pro mesmo céu. Acho que todas as minhas preces foram ouvidas. -seus olhos se fixaram no meu e eu senti meu corpo esquentar diante daquele olhar intenso- Seja minha pra sempre noona…

Diante daquele olhar e da respiração acelerada de Sehun, eu cedi. Eu sempre cederia àquele peste, eu descobri que o amava no fim das contas e… eu já era dele há muito tempo.