História O Plano Perfeito - Uma guerra por Dangos

Forçou as pálpebras quando a luz do sol lhe incomodou.

"Quem foi o baka que deixou as cortinas abertas?"

Coçou os olhos e forçou-se a abri-los. O quarto em que estava não se parecia nada com o seu. Na verdade, ao invés de rosa com flores, as paredes eram em um azul da cor do céu. Tão claro que poderia ser confundido com branco. Olhou para si mesma. A cama e o cobertor também não eram seus. Os lençóis vermelhos e o travesseiro azul marinho.

"Ah, sim. Estou na casa do Sasuke-kun."

Sentiu o cheiro de Sasuke que estava nos lençóis. Se acomodou ainda mais. Um cheiro tão... bom.

Voltou pra realidade ao sentir uma respiração quente um pouco perto dela. Virou-se para onde vinha aquele calor e encontrou Sasuke. Esse dormia calmamente, mas parecia exausto também. O sofá estava muito perto e, por esse motivo, o rosto de Sasuke estava muito, muito perto de seu rosto. Colocou a mão na boca para não gritar por causa do susto. Não esperava que Sasuke estivesse... tão próximo.

Se sentou na cama, esforçando-se para não fazer barulho. Encarou Sasuke. Seus lábios estavam entreabertos e as pálpebras fechadas. Os cabelos caiam por seu rosto, tapando praticamente todo seus olhos. Estava sem camisa e usava uma calça moletom. Uma de suas mãos estavam atrás da cabeça e a outra, jogada por cima de sua barriga.

"Ele é... tão lindo."

Admirou seu rosto. Desenhado com tanta perfeição. Sério, se tem homens mais bonitos que esses Hazukis, com certeza tá guardado. Seus lábios rosados.. só conseguia senti-los contra os seus. Sasuke beijava divinamente. Como nunca havia sido beijada antes.

"Pois é, Sasori. Perto dele você se torna apenas mais um."

Desceu um pouco os olhos. Seu peitoral e abdômen repletos de cicatrizes. Algumas maiores e mais fundas, como as que tinha na área dos gominhos, perto do umbigo e do lado direito do peito, e algumas menores e mais leves. Havias algumas médias também e algumas mais recentes.

"Sasuke-kun deve pegar muito pesado no treino." Sakura disse, olhando para a cicatriz perto do peito que, provavelmente, deve ter sido quase fatal. "Mas pelo visto vale apena. Olha só esse tanquinho..."

Sakura balançou a cabeça, corando levemente. A convivência com Ino havia transformado-a em uma tarada. Mas, foi guiada pelo instinto e, acabou aproximando sua mão de seu abdômen e tocando o local de leve. Olhou para o rosto de Sasuke, que continuava sereno.

"Ele deve estar realmente exausto."

A rosada mordeu o lábio. Sentia-se a pessoa mais pervertida do mundo. Mas mesmo assim, moveu levemente a mão, sentindo a rigidez de seus gominhos.

Foi quando algo chamou sua atenção. Uma manchinha preta próxima ao pescoço de Sasuke. Parecia formar uma espécie de bola ou algo assim. Mas não conseguia ver direito.

Mordeu o lábio inferior.

"Eu não havia notado isso. Será uma tatuagem?"

Dominada pela curiosidade, Sakura se curvou um pouco para ver o desenho. Sasuke se remexeu, ficando de barriga para cima. Sakura se afastou, com medo de te-lo acordado. Mas Sasuke continuou dormindo.

Voltou a se aproximar. Estava tão perto que podia sentir a respiração do Uchiha em sua bochecha. Se apoiou no sofá com uma das mãos para não cair em cima de Sasuke e entortou um pouco a cabeça pra ver melhor seu pescoço.

– Se divertindo me assediando enquanto eu durmo, Sakura? — A voz grave do Uchiha sussurrou em seu ouvido e é ela soltou um gritinho de susto.

– S-Sasuke-kun! Esta acordado a muito tempo? — Sakura se afastou, com os olhos arregalados e super envergonhada.

– Bom, eu estava dormindo tranquilamente até sentir uma mão quente me tocar. — O moreno lançou seu olhar para a mão de Sakura que ainda estava em sua barriga. A rosada seguiu seu olhar, corando violentamente. Recolheu sua mão apressadamente. — Eu  estava exausto, mas estou sempre ativo. Qualquer movimento me acorda.

– Desculpe. Eu não queria te acordar. — A rosada se sentou na beirada do sofá.

– Bom... acordou. — Sasuke bocejou, coçando os olhos. Se ajeitou no sofá, sentando-se. — Mas se queria me tocar, não precisava fazer isso enquanto dormia. Pode fazer isso quando quiser.

Sasuke pegou a mão de Sakura e pois em sua barriga. O rosto de Sakura ficou todo vermelho e ela afastou a mão, fazendo o moreno rir.

– E-Eu não estava t-tocando em você. E-Eu só... — Sasuke arqueou uma sobrancelha, esperando a explicação de Sakura. A Haruno desviou o olhar. — Baka!

– Eu não sei como você chama isso no seu mundo, mas no meu, isso — Sasuke tocou seu braço levemente. — Se chama tocar.

Sakura encarou o próprio colo, envergonhada.

– Eu queria... ver a tatuagem no seu pescoço. — A rosada disse.

– Hm? Isso? — O Uchiha virou o rosto, dando uma visão melhor de sua tatuagem. — Pensei que já tivesse visto.

– Três pingos. Significa o que? — Sakura o olhou, curiosa.

– Tatuagens precisam ter significado? — Questionou o Uchiha. — Só fiz porque gostei.

– É bonito. — A rosada levou os dedos até a tatuagem e acariciou delicadamente o local, fazendo Sasuke se arrepiar. — Coisas sem significado algum são espontâneas.

Sasuke sorriu de canto.

– Da próxima vez que for me tocar, faça isso quando eu estiver acordado. — Sasuke sussurrou, com os lábios próximos ao dela. — Pode ter certeza que não vou rejeitar.

– C-Cala a boca. — Sakura desviou o olhar.

– Por que não cala você mesma? — Sasuke disse, com um sorriso sarcástico.

Sakura riu, tocando seus lábios nos do Uchiha. O beijo começou calmo e delicado, mas aos poucos foi ganhando intensidade. O moreno encaixou suas mãos entre os fios róseos da Haruno. Explorava cada centímetro da boca de Sakura com sua língua. Parecia que era a última vez que se veriam. Sentiu Sakura sorrir entre o beijo. O moreno a colocou sentada em sua barriga, prosseguindo com o beijo que cada vez se tornava mais feroz.

Ouviu um pigarro, que fez eles afastarem seus rostos. Olharam para Itachi, que estava sem camisa e, que usava o avental de cozinha cor-de-rosa e uma colher de pau na mão. De acordo com o Uchiha mais velho, aquele avental havia sido dado por uma das netas da vizinha. Uma garota de 10 anos que babava toda vez que um deles colocava a cara no portão. Mas essa menininha tinha uma queda especial por Itachi e dizia que se casaria com ele. Claro que o Uchiha mais velho só sabia ficar sem jeito na frente da menina. Aliás, ela era uma criança. A menina então, para provar seu "amor" por Itachi, pediu para a avó fazer um avental cor-de-rosa, coberto por purpurina e escrito "Gatinho da Mika".

"Essas crianças de hoje em dia... estão cada vez mais loucas."

Sakura corou, saindo de cima de Sasuke.

– Itachi-san... nós... é...

– Relaxa, ele sabe que a gente se pega. — O moreno disse. — Ele é meu irmão. E mesmo escondendo, ele descobre.

– Você é direto demais, Sasuke-kun baka! — Sakura exclamou, envergonhada.

– Eu não quis atrapalhar... seja lá o que for que estavam fazendo. — O mais velho riu. — Eu vim acordar vocês. Mas vejo que já estavam muito bem acordados.

– Eu estava dormindo, até alguém me acordar. — Sasuke lançou seu olhar para Sakura. A rosada revirou os olhos.

– Bom, eu vou sair para... resolver umas coisas. Sasuke, você faz o almoço hoje e eu lavo a louça. — Itachi avisou.

– Ninguém merece. — Sasuke revirou os olhos. — Eu não ter que usar esse aventalzinho não, né? A propósito, bonito avental, nii-san.

Itachi o olhou feio.

– Não. Tem o do Shisui pendurado lá na cozinha. — Itachi cruzou os braços, irritado e envergonhado. — Bom... agora eu vou resolver umas coisas. Quando voltar, quero o almoço pronto.

O mais velho alertou, saindo do quarto. Sasuke e Sakura se olharam.

– Ele foi comprar dangos. — Disseram juntos e Sasuke revirou os olhos, já Sakura riu.

– Bom, vamos tomar café. Depois eu vou ter que fazer o almoço, ou Itachi me mata.

– Eu posso te ajudar, Sasuke-kun. — Sakura disse, se levantando.

– Que ótimo! Eu sei cozinhar o básico. Não chego a ser um máster chef como meu nii-san, mas dou pro gasto. — O moreno disse, caminhando até a cozinha. — Itachi sabe cozinhar de tudo. Quer dizer... menos quando o assunto é ovo.

– Pera ai, Itachi-san sabe cozinhas outras coisas mais não fica um misero ovo? — A Haruno riu.

– Pois é. Me lembro até hoje de quando eramos crianças. Quando eu cheguei na cozinha, haviam diversos ovos no chão da cozinha e meu nii-san estava tao ofegante que parecia ter corrido uma maratona.

Sakura se matava de rir.

– Eu só consigo imaginar os olhos dele vermelhos por causa do nervoso. — A rosada ria de doer a barriga. Sasuke, mesmo com seu jeitão sério, acabou contagiado com a risada de Sakura, rindo junto com ela.

– Tá... legal... agora vamos tomar café. — O moreno limpou uma lágrima que escorreu por seus olhos.

Sim, os dois ficaram rindo igual retardados na cozinha.

O Uchiha preparou o café. Sakura, de acordo com ela mesma, era apaixonada por café. Então Sasuke fritou ovos e Bacon para Sakura, servindo junto com café, enquanto ele apenas comeu um tomate despreocupadamente.

Como já eram 12:30, eles tiveram que tomar café atrasado. Então, Sasuke tinha que preparar o almoço o quanto antes ou Itachi arrancaria seus miolos.

Enquanto Shisui arrumava documentos falsos para Itachi, Sasuke e seu nii-san trocavam de tarefa a cada dia. Ontem Sasuke lavou a louça e hoje era sua vez de cozinhar.

– Bom, eu vou fazer um Ramen que com certeza você vai amar, Sasuke-kun. — Sakura disse, abrindo a geladeira e de lá, retirando ovos, legumes e outras coisas. — Então sente-se ai e me deixe fazer a magia.

××

Depois de alguns minutos preparando o ramen, Sakura finalmente terminou. Parecia radiante com o resultado.

– Parece está divino. Eu coloquei todos os legumes da casa. Inclusive tomates, Sasuke-kun. — Sakura disse, sorridente. Sasuke esfregou as mãos, lambendo os lábios. — Vou te dar um pouco pra você experimentar.

A rosada pegou um prato, despejando um pouco de ramen no prato. Sasuke fez uma careta quando olhou para aquilo.

"A cara disso não é muito boa.."

– Que cara é essa, Sasuke-kun?

– Isso... está com uma cara estranha.

– Ah, isso é normal. A magia está no sabor. — Sakura disse, animada. — Vai, deixe de ser fresco! Prova!

Sasuke engoliu seco, pegando os pauzinhos entre os dedos e levando um pouco do ramen até a boca, mastigando.

O Uchiha paralisou, sentindo seu rosto ficar todo roxo. Levantou-se, correndo para a pia da cozinha, cuspindo tudo o que comeu.

– O que foi? — Sakura perguntou, confusa.

– "O que foi?" Isso é pegadinha de halloween? Porque isso que você fez parece o gosto da comida do caldeirão de uma bruxa. — O Uchiha tossia descontroladamente, procurando por água.

– Não pode estar tão ruim assim. — A rosada disse, emburrada.

– Não? Essa porra é o gosto do inferno. — O moreno bebeu água, derramando um pouco em si mesmo. — Me senti fazendo sexo oral no capiroto!

– Você é muito exagerado, Sasuke-kun. — Sakura revirou os olhos, se aproximando do prato. Pegou o ramen com os pauzinhos. — Não está tão ruim.

A rosada levou até a boca e teve a mesma reação que Sasuke. Cuspiu tudo no prato mesmo e correu até Sasuke, pegando o copo d'água da mão dele, bebendo.

– Isso parece gosto de... fralda suja misturada com o demônio. — A Haruno disse, com uma careta de nojo.

– E o que a gente faz com essa amostra grátis da comida que vão servir no inferno?

– Eu não sei. Damos para o cachorro aqui da rua, talvez? — Sakura sugeriu.

– Do jeito que isso tá ruim, é capaz dele morrer de intoxicação estomacal. Nem mesmo o tomate amenizou o sabor de cu de mendigo. — Sasuke disse. — Vamos jogar isso na pia e preparar outra coisa. Mas dessa vez, eu preparo!

A Haruno assentiu, cabisbaixa. Ela sempre se esforçou pra aprender a cozinhar... mas nunca dá certo.

"Eu nunca vou chegar aos pés da Hina"

Sasuke, percebendo a tristeza no rosto de Sakura, suspirou. 

– Sakura. — A chamou, a rosada o olhou. — Venha cá. Eu vou te ensinar algumas coisas. 

– Sério? — Sakura sorriu. Sasuke assentiu de leve. — AAH! Arigato Sasuke-kun! 

×× 

Os olhos de Itachi se tornaram dois corações assim que avistou a loja de doces. Parecia uma criança ganhando presente de natal. O lugar havia acabado de abrir, então o mais velho tinha que correr para ser o primeiro da fila. 

Olhou para os lados e invadiu a loja como um furacão, praticamente se jogando em cima do balconista. Mas, ele não foi o primeiro a chegar. Uma garota chegou ao mesmo tempo que ele. 

– Eu quero uma caixa com 10 palitos de dangos, por favor. — Os dois disseram ao mesmo tempo, esticando o dinheiro para o balconista. Se olharam, franzindo a testa. 

– Er... desculpe, senhores. Mas só temos uma caixa de 10 palitos. — O homem disse, meio assustado. 

– Como assim uma caixa?— A garota perguntou, indignada. 

– Um caminhão de doces sempre traz novas caixas todo dia. — Itachi disse, também indignado. 

– Eu sinto muito. Parece que houve um problema com o caminhão no meio do caminho. Pelo visto, hoje não teremos mais que uma caixa de Dango. — O balconista explicou. 

Itachi e a garota abaixaram a cabela, cabisbaixo. 

"Sem... dangos" Itachi pensou, parecia o fim do mundo.

"Não pode ser." A garota pensou.

– Mas... um de vocês pode levar a caixa, senhores. — O homem tentou anima-los. — Mas claro, apenas um. 

Os dois ergueram a cabeça e se olharam.

– EU QUERO UMA CAIXA COM DEZ DANGOS, POR FAVOR! — Os dois gritaram, praticamente jogando o dinheiro na cara do balconista. 

– Ei, eu cheguei primeiro! — A garota exclamou, irritada.

– Como é? É obvio que eu cheguei primeiro, garota! — O Uchiha também exclamou, irritado.

– "Garota" não, querido! A garota tem nome e é Izumi! E eu cheguei bem antes de você, meu filho. 

– "Meu filho" também não é meu nome! Meu nome é Itachi! E eu vou levar o dango. 

Os dois começaram uma discussão sem fim, enquanto o balconista apenas os encarava com cara de "Essas pessoas são adultas?" 

– Ah, é? Então vamos ver quem vai sair com essa caixa. — Izumi o olhou e sorriu. Levou as mãos até sua blusa, abrindo alguns botões e se curvou sobre o balcão. — Balconista-kun, por favor, me dê a caixa. 

O balconista corou levando os olhos até o decote da garota. Itachi também corou, olhando para o mesmo lugar. Balançou a cabeça, voltando para seu foco.

– Isso é golpe baixo. — Disse, a olhando feio.

– Isso se chama jogar com as cartas que tem, "Itachi". — A garota colocou as mãos na cintura. — E vejo que funcionou em você, hihi! 

Itachi desviou o olhar, cruzando os braços. 

– Tudo bem, "Izumi". Se é pra jogar sujo, eu jogo imundo. — Itachi também levou as mãos até a barra da camisa e a retirou. — Está um calor aqui, não acha, Izumi? 

Agora foi a vez de Izumi corar. Itachi se apoiou no balcão. 

– Balconista-chan.. que tal dar a caixa para mim? Eu estou com muita fome. — Itachi levou a mão até o abdômen, sorrindo de canto. — Não vai me deixar com fome, vai? 

O balconista corou ainda mais, passando os olhos pelo corpo do Uchiha. Izumi o olhou, incrédula. 

– Você parte pra qual lado, afinal? — A garota elevou a voz. 

– E-Eu sou Bi, srta. — O balconista todo vermelho disse. dividindo seus olhos entre os dois. 

– Ah, faz sentido. — Os dois disseram juntos novamente. Se olharam, com raiva. — Para de falar junto comigo! 

Voltaram a olhar pro balconista e, juntos, se curvaram no balcão.  
– Balconista-kun? — Izumi o chamou, manhosa. 

– Balconista-chan? — Itachi o chamou, com a voz grave. 

O rapaz olhou para os dois, parecia confuso. Saiu correndo dali gritando, todo vermelho.

– Que ótimo! — Itachi exclamou, impaciente. 

– Agora ele se sentiu tão envergonhado que fugiu! — Izumi bateu a mão na testa. 

Os dois se olharam. Izumi olhou para o abdômen de Itachi e Itachi para seu decote. Desviaram o rosto ao mesmo tempo, corados.

"Ela é..." 

"Lindo." Izumi pensou, completando o pensamento de Itachi. "O que eu estou pensando? Ele é o inimigo!" 

"Ela é minha rival. Minha rival dos dangos!" 

"Ele(a) não é atraente!" Pensaram juntos, determinados. 

Foi quando Itachi teve uma ideia. 

– Ei. — Itachi a chamou. 

– Que é? — Izumi disse, de forma rude. Ainda se recusava a olha-lo. 

– Eu tive uma ideia. — O Uchiha disse e Izumi o olhou, prestando atenção. — E se nós dividissemos? Quer dizer, vem dez dangos na caixa! Por mais que me custe dizer isso, se cada um pegar cinco, nós dois ficamos felizes e voltamos amanhã pra comprarmos cada um sua caixa. O que acha? 

Izumi ficou o encarando por um tempo. Parecia uma boa ideia, mas como era teimosa...

– D-Dividir meus dangos? Só pode estar louco. — A garota disse, fazendo bico. 

– Eu também odeio fazer isso, mas é melhor do que ficar nu no meio de uma loja de doces na frente de todo mundo para seduzir o balconista. — Itachi apontou para as pessoas na fila atrás deles. Os homens devoravam Izumi com os olhos, enquanto as mulheres babavam em Itachi.

– Oh, isso é tão constrangedor. — Izumi tapou o decote com as mãos.

– Então, aceita? — O Uchiha perguntou, arqueando a sobrancelha.

– Eu não sei não.. — A garota se deu por vencida. 

Itachi riu. Ela era realmente cabeça dura.

"Ele tem um sorriso tão bonito.. Baka! Pare com isso!" 

– Com licença, os senhores podem me explicar o porquê de meu colega de trabalho ter saido correndo sangramento nasal.. — A outra balconista paralisou ao olhar para Itachi. — O-Oh..

– Então, vai aceitar ou não? — Itachi sussurrou para Izumi, apontando com a cabeça para a balconista. 

Obviamente que Itachi conseguiria seduzir fácil a balconista só pelo jeito que ela o olhava. Claramente ela lhe daria a caixa.

– Tá, eu aceito. — Izumi cruzou os braços, emburrada. 

Itachi alargou o sorriso e se virou para a balconista que o olhava com um olhar pervertido. 

– Uma caixa de dangos para nós, por favor. — Itachi pediu, lançando-lhe uma piscadela.

– Eu pago! — Os dois disseram ao mesmo tempo. 

– Não! Eu pago! — Itachi disse. 

– Acha mesmo que vou deixar um desconhecido pagar dangos pra mim? Por mais que o desconhecido seja um puta de um gostoso... — Izumi sussurrou para si mesma e Itachi arqueou a sobrancelha. Ele não havia ouvido a última parte, mas resolveu não perguntar. 

– Então, Izumi, eu digo o mesmo! — O Uchiha disse e suspirou. — Já sei, vamos dar cada um metade do dinheiro, assim nós dois ficamos satisfeitos. 

– Argh! Tá! — A garota mexeu em sua bolsa, retirando de lá sua carreira cor-de-rosa com lacinho. Itachi soltou um risonho. A carteira dava a impressão de que a garota era bem "delicada", coisa que, claramente, não era verdade. — T-Tá rindo do que? B-Baka!

– Nada! Não estou rindo de nada! — Itachi disse. Com certeza não estava afim de levar um soco daquela garota. Tsunderes são bem assustadoras. Retirou uma parte do dinheiro de sua carteira. — Toma, já dei minha parte. 

– Hunf! Toma! — Izumi lhe entregou o dinheiro e Itachi pagou. A mulher atrás do balcão pegou o dinheiro sem tirar os olhos dele. 

Viu a balconista entrar para pegar a caixa, enquanto isso, apenas restava o silêncio constrangedor entre os dois. Ambos se recusavam a olhar um pro outro, tentando se distrair com qualquer coisa naquele lugar. 

Quando a mulher chegou com a caixa com seus dangos, Itachi e Izumi ficaram radiantes, mostrando seus dentes em um enorme sorriso. Itachi esticou a mão pra pegar, mas a balconista desviou a caixa de sua mão, fazendo-o fechar o sorriso. 

– Algo errado? — Itachi perguntou. 

– Nós já pagamos, caso tenha esquecido! — Izumi exclamou, se curvando sobre o balcão, irritada.

– Eu tenho uma pergunta. Vocês dois são namorados? — A balconista perguntou, curiosa. 

Os dois amantes de dango coraram violentamente. Se olharam e desviaram o olhar novamente.

– N-Nani? O que está dizendo?! — Izumi berrou, envergonhada.

– E-Eu acho que houve um mal entendido. — Itachi disse, calmamente, mas ainda sim envergonhado. — Nós dois acabamos de nos conhecer. 

– Acabaram de se conhecer e estão comprando Dango juntos? — A balconista arqueou a sobrancelha. 

– É uma longa história. — Os dois disseram juntos. 

– Acredito que não tenha tempo para escutar nossa história, tendo noção de que há pessoas esperando. — O Uchiha disse. 

– Tem razão. — A balconista concordou e lhe entregou a caixa, sorrindo. — Tenham um bom apetite e voltem sempre. 

– Arigato. — Agradeceram juntos, andando lado a lado. 

– Meio atirada essa balconista, não? — Izumi disse. 

– Ela só estava sendo gentil. — Itachi disse, procurando uma mesa para se sentarem. 

– Ela estava era visualizando vinte formas de te levar para cama, isso sim. — A garota riu. — Vem cá, você sempre tem uma ideia pronta na cabeça, não é? Dividirmos o pagamento, comermos juntos. Você é o primeiro gênio gato que conheço. Normalmente sempre são aqueles caras com cara cheia de espinha e óculos fundo de garrafa.

Itachi riu, lançando-lhe um olhar sarcástico. 

– Você acabou de me chamar de "gato"? — O Uchiha disse, achando graça. Izumi corou.

– E-Eu.. n-não foi isso que quis dizer, baka! 

– Se quer saber... — O Uchiha a olhou de cima a baixo, curvando o canto dos lábios. — Você também não é nada mal. 

Izumi ficou tão vermelha que poderia ser confundida com um tomate e sendo devorada pelo irmão caçula do Uchiha.

– C-Cale a boca! — Izumi e Itachi ainda procuravam por uma mesa.

– Que kawaii. — O Uchiha riu. — Me lembra aquelas adolescentes que coram por causa de um elogio. Uma graça. 

– Ei! Eu não sou uma adolescente! — A garota o fuzilou com seus olhos tão negros quanto os de Itachi. — Eu sou uma mulher.

– Isso dá pra notar. Quantos anos você tem, mesmo? — Itachi perguntou, curioso. 

– 22 aninhos. — A garota sorriu, orgulhosa da idade. Ela realmente parecia uma adolescente. 

Itachi, originalmente, tem 25. Mas como era cinco anos mais velho que Sasuke e seu irmão dizia ter 17 atualmente, ele também tinha que dizer ter 22. 

– Sério? Eu também. — Itachi disse e ambos se sentaram em uma mesa perto da porta. Itachi percebeu um papelzinho em cima da caixa. — Hm? O que é isso? 

– Que foi? — Izumi o olhou, curiosa.

O Uchiha pegou o papelzinho nas mãos, lendo o que estava escrito. Era um número de telefone e logo em baixo, uma marca de batom que parecia ter sido deixada por um beijo e s mensagem "Espero sua ligação, neko-kun." 

Izumi pegou o papelzinho de sua mão, lendo. Riu.

– Parece que você ganhou uma noite. — Izumi disse.

– Isso sempre me acontece. É apenas mais um papelzinho para minha gaveta. — Itachi dobrou o papel, colocando-o no bolso.

– Hm... gostosão, huh? — Izumi riu.

Itachi resolveu mudar de assunto.

– Você disse que tem 22 anos? Que estranho. Pensei que tivesse a idade de meu irmãozinho. Ele tem 17 anos. As garotas da idade dele tem quase as mesmas reações que você.

– Está zombando de mim? — A garota reclamou, irritada. 

– Longe de mim fazer isso. — Itachi riu. — Foi apenas a minha dedução após suas atitudes tão fofas.

Izumi rosnou, enquanto Itachi apenas riu mais. Foi quando uma brilhante ideia lhe passou a cabeça.

"Hehe... é a minha chance."

– Então você não me acha uma mulher, né? — A garota disse, irritada. Se levantou, apoiando as mãos na mesa curvando-se um pouco pra frente, ficando com o rosto próximo ao de Itachi que corou. — Talvez você mude de ideia agora, Itachi-kun.

Aproximou os lábios dos dele. Itachi apenas permaneceu estático, com os olhos arregalados e o rosto vermelho.

"E-Ela realmente vai me beijar? Mesmo me conhecendo agora?"

Não tirava os olhos dela, que apenas ameaçava beijar, mas não o fazia. Isso já estava agoniando. Olhou para os lábios rosados por causa do gloss da garota. Por algum motivo, os achou bem convidativos. Quando sentiu a respiração perto de seu rosto, quase a puxou de uma vez para que fizesse logo aquilo, mas se conteve. Sentiu a mão da garota em sua coxa. 

"Apressada, não?"

Já Izumi, ao invés de responder as espectativas do Uchiha, apenas agarrou a caixa de dangos e saiu correndo, dando gargalhadas. Itachi a olhou incrédulo. 

– Mas o que? Ei, garota! — Itachi começou a correr atrás dela no meio da rua. Estava irritado por ter sido enganado. 

– Já disse que meu nome é Izumi! E você achou mesmo que dividiria meus amados dangos com você? Só se eu te amasse muito! — Izumi riu, correndo igual uma criança. 

– Como assim, sua baka? Nós pagamos juntos! — Itachi continuava a persegui-la, o que parecia não mudar nada, já que a garota estava muito na frente. 

– Não se preocupe, eu te paguei tudo o que deu. — A garota gritou, sorridente. 

– Nani? — Então lembrou-se de algo. Parou, enfiando a mão no bolso da frente onde Izumi havia colocado a mão. Retirou de lá algumas notas.

"Então foi por isso?" 

– Puta que pariu. — Passou as mãos pelos cabelos, se sentindo um verdadeiro baka. Dificilmente ele não se dava bem com alguém, mas aquela garota havia ganhado toda sua ira.

"Eu nunca caio nas tentações, mas dessa vez eu cai. O que tem de errado com essa garota?" Itachi se perguntou. Rosnou, batendo a camisa no chão, irritado. "Meus queridos dangos... foram todos embora." 

Itachi suspirou, cabisbaixo.