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História O Plano Perfeito - 1 Ano Para O Fim Do Mundo


Escrita por: Koha

Notas do Autor


Heeeey ;)

Depois da repercussão que OPP teve, eu tive que postar outro capítulo. Tenho alguns prontos e queria demorar um pouquinhos mais (por causa que minhas férias já acabaram e não tenho tanto tempo para escrever) mas é aquele ditado...

Ramo fazê o que?

Então fiquem com esse capítulo cheio de amor ❤

Capítulo 2 - 1 Ano Para O Fim Do Mundo


O Plano Perfeito

Escrito por Kohana

Capítulo Dois: Um Ano Para O Fim Do Mundo



A porta do carro fora aberta antes mesmo do cinto de segurança de Mia ser destravado por completo. Eu olhei para fora, onde uma mão era estendida para mim. Quando voltei a olhar para baixo, Daisuke estava amedrontado.

– Tenho certeza que você gostará daqui. – sorri para ele, pegando em sua mão e o incitando a sair. Mia avançou na frente, rindo toda serelepe passando por cima do meu colo e pegando a mão do motorista. Daisuke se apertou mais em mim, olhando para fora ainda com receio.

Fui recebida pelo Sol escaldante do Verão de Nova York. Era mesmo imprevisível termos um dia tão claro numa cidade tão úmida quanto Nova York, no entanto, eu gostava.

– Muito obrigada, Tom?

 – Sim, senhora. – ele sorriu quando lembrei de seu nome. Grande coisa. Eu era ótima com memória.

– Fique tranquilo, nós iremos nos sair bem. – mexi a boca para que Daisuke me compreendesse. No fundo, estava dizendo isso a mim mesma também.

Tom pegou nossas coisas do porta-malas. Pensei em ajudá-lo, mas eu só tinha trago uma mala e duas caixas pequenas, as quais ele pegou com sucesso. As ordens do senhor Uchiha foram claras: nada desnecessário, sequer roupas, deveria ser trazido. A senhorita estresse disse que ele já tinha nos providenciado tudo.

Eu me preocupei mais em trazer as fotos, poucas roupas e algumas lembranças de Temari e Tenten, minhas amigas da boate. Eu não tinha contado a elas meus motivos para deixa-las, mas em poucos dias eu sabia que não seria preciso; estaria em todas as revistas.

Eu, Sakura Haruno – ops, correção: Sakura Uchiha –, ex-treaper e suburbana, casada com um empresário conhecido como o mais jovem e bem sucedido de Nova York. Que loucura.

Senti minha cabeça girar. Por um momento, me veio a mente tudo o que aquilo significava e, claro, o peso que tinha aquele sobrenome. Eu havia pesquisado sobre os Uchiha e, ainda que nada nesse mundo fosse me fazer recusar uma proposta tão boa, eu não era boba de não temer.

Sasuke Uchiha vinha de uma família de bilionários, que deixou em seu nome a empresa dos Uchiha. Não havia tantas fotos dele na internet, e também eram poucas as informações acessíveis.

Tudo muito limitado, mas não estou surpresa: homens como ele sempre tem algo a esconder.

Uma figura longínqua foi-se aproximando aos poucos, andando com dificuldade enquanto tentava cortar o caminho pela grama; não resisti, e cobri a minha boca para disfarçar um riso.

– Você não dispensa os atrasos, não é mesmo? – ela disse, toda mal humorada. – Mas vamos dispensar a tour pela casa hoje. Tenho muito o que esclarecer para você.

– Sim, senhora. – ela ignorou minha brincadeirinha. 

Eu pude acompanhá-la lado a lado dessa vez, já que estava com as minhas confortáveis sapatilhas. Ao longe, rumo a uma estrada de pedras brilhantes, estava o portão enorme que dava acesso a mansão Uchiha. Ela era o meu limite. Eu não acreditava que veria algo mais bonito que ela em toda a minha vida.

Parecia e certamente era aquelas mansões de Hollywood. E, cacete, eu estava aqui, prestes a entrar nela. Olhei para baixo e podia ver o mesmo olhar impressionado nos olhos dos meus filhos, que caminhavam ao meu lado.

– Uau. – Mia sibilou, seus olhos brilhavam de antecipação.

– Preste bem atenção em tudo o que vou falar. – a senhorita Yamanaka me chamou e eu tive receio de que ela já estivesse falando algum tempo. – Vou mostrar a você seu quarto e, enquanto isso, deixar claro algumas regras.

Mais regras? Tinha certeza que minha expressão dizia claramente o que eu achava sobre regras, principalmente as impostas pelo senhor Uchiha. Eu passei a noite inteira de segunda lendo aquele contrato e não concordava com pelo menos uma dúzia daquelas regras.

Eu entendia, no entanto, a maioria delas. Só que... ah! Algumas daquelas clausulas pareciam ter sido escritas por um garoto de 12 anos – mimado, imaturo e idiota. E eu estava rezando para essa não ser uma das personalidades de Sasuke Uchiha.

Adentramos os portões e logo estávamos dentro de uma enorme sala de estar. Eu sorri, querendo gravar cada detalhe dela, no entanto a senhorita Yamanaka se apressou em seus saltos.

– Aqui dentro você pode fazer o que quiser, desde que não interfira no caminho do senhor Uchiha – ela foi direto ao ponto, quase como um robô – Ele é um homem intolerante.

– Sério? Eu nem percebi. – rolei os olhos, observando Mia e Daisuke serem separados de mim por Tom. – Espera, aonde eles vão?

– Essa é uma conversa de adultos. Tom irá levá-los para conhecer a casa, para entretê-los. Você, fica comigo.

Eu olhei para o olhar pidão de Daisuke, muito insatisfeito de ter que se separar de mim. Sorri, tentando consolá-lo e falei apenas mexendo os lábios, para que ele compreendesse bem enquanto mexia as mãos em sinais.

– Irei voltar logo. Eu te amo.

Ele sorriu, batendo duas vezes as mãos no peito e apontando para mim. “Daisuke ama você.”

– Mia, cuide de seu irmão, por favor. – pedi, recebendo uma batida rápida de continência e sua agilidade em puxar Daisuke para onde Tom seguia.

– Ele não escuta? – questionou a minha guia, voltando a andar, porém, dessa vez, com mais calma.

– É surdo. Nasceu assim. – eu expliquei, me sentindo mal por falar sobre isso. Sorri, olhando-a com serenidade. – Você tem filhos?

– Ah, não! Não mesmo. Não é algo que eu pense agora. – ela parece convicta, mas um brilho audacioso passou por seus olhos.

– Claro, eu esqueço que fui mãe muito cedo.

– Com quantos anos? – ela questiona, logo então, parecendo arrependida – Quer saber, me desculpe. Não é da minha conta.

– Completei dezoito no dia em que eles nasceram. Um namoro de adolescentes. O desgraçado foi embora assim que soube. – senti meu peito arder de raiva, ao lembrar disso.

– Então por isso você decidiu ser uma prostituta? – ela fez a mesma careta de outrora, de quem estava arrependida pela pergunta. – Oh, quer dizer, eu...

– Sim, foi por isso.

Não, eu não era uma prostituta. Não que eu estivesse num patamar mais alto, mas não tinha feito sexo por dinheiro ainda. Ainda. A palavra pendeu meus lábios, mas não saiu. Eu me lembrava perfeitamente de uma das clausulas do contrato.

Ela se calou, provavelmente querendo achar qualquer lugar que pudesse abrigar sua cabeça. Respirou fundo e voltou a olhar no tablet que trazia em suas mãos, retomando rapidamente a postura de antes.

– Continuando – ela voltou a andar rapidamente. – Você e seus filhos desfrutarão de toda mordomia que quiserem, contanto, você já sabe... Se puderem não irritá-lo, meus ouvidos agradecem. Seu café da manhã e o das crianças será sempre servido antes do café do senhor Uchiha, ás nove. É preciso que você sempre esteja arrumada, impecável, entendeu? Impecável, Sakura. Não se sabe que compromisso imprevisível pode aparecer e, acredite, en qualquer momento você pode estar num jatinho rumo a Paris.

– Eu preciso acompanhá-lo em todas as viagens? – não que fosse algo ruim, afinal. Eu já conseguia imaginar como era viajar no jatinho particular dos Uchiha e a minha vida de pobreza gentilmente agradecia.

– Não em todas. Mas acredito que em uma boa parte delas. – ela se virou, me olhando com um sorriso torto, quase ensaiado. – Não se preocupe, se você fizer exatamente tudo o que eu disser, se saíra bem.

Ela continuou rebolando seu belo quadril em direção a uma enorme escada de caracóis. Conforme subíamos os degraus, apareciam vários quadros, iguais aos que estavam na empresa aquele dia, pintado a dedo. Tinha também a figura de uma mulher. O rosto pálido, o cabelo castanho e os olhos azuis. Era tão linda. Parecia até a mulher nua do quadro da sala de reuniões.

– Sakura? – a senhorita Yamanaka me chamou do topo da escada, me fazendo piscar atordoada. Subi o restante dos degraus e continuei a segui-la.

Ela continuou me explicando tudo o que tinha que fazer, no entanto, ao longo do caminho, eu não conseguia ouvi-la perfeitamente. Era tudo tão lindo, sofisticado e magnífico. Havia muitos corredores, várias portas. Parecia um castelo, daqueles que só princesas moravam. Parecia que apenas virar um corredor faria eu me perder para sempre naquele lugar, mas a senhorita Yamanaka parecia habituada a ele.

Quando paramos em uma porta, ela me olhou. Um estranho brilho pousou em seus olhos azuis e ela parecia ter ensaiado para aquele momento. Ela abriu a porta e moveu a cabeça para que eu entrasse.

Era um enorme quarto. Tudo era basicamente branco. Desde a colcha da cama, até as cortinas nas paredes. Tinha uma tevê no centro da parede esquerda, um sofá em frente a ela e cômodas abaixo dela. Eu me aproximei da cama e apalpei o colchão. Não podia nem comparar com o meu colchão velho, que mal podia ser denominado um colchão. No canto do quarto tinha uma banheira com hidromassagem.

– Uau. – foi a única coisa que consegui dizer.

– Esse é o seu quarto. – ela se aproximou, convencida com um sorriso. – Eu mesma organizei tudo. Naquela porta a direita é o banheiro. A esquerda o closet. Tudo o que você precisa está dentro dele.

Eu me virei, me sentindo uma princesa em meu próprio contos de fadas. Era tudo tão... uau! A palavra parecia mesmo ter sido criada para esse momento. No canto superior, acima de três degraus e próximo ao banheiro, tinha outra porta. Quando olhei para ela, claramente confusa, ela desviou os olhos para seu tablet sem graça.

– Huum... bem, aquela porta te dá acesso direto ao quarto do senhor Uchiha.

– Oh... – bem, era de se imaginar.

– Eu imagino que você já tenha lido completamente o contrato, certo?

– Completamente. – agradeci internamente; pelo seu sorriso de alivio, ela não percebeu o leve tremor em minhas palavras.

– Bem, ah... por que não dá uma olhada no closet? Espero que  goste das roupas. Eu mesma escolhi, também.

Eu segui até lá, abrindo a porta. Encontrei um cômodo bem maior do que o meu antigo quarto e uma fileira de vestidos pendurados em cabides e várias gavetas. Numa enorme prateleira havia sapatos altos, rasteiras e sapatilhas. Eu precisaria pedir tênis depois, pois precisaria de alguns pares. Olhei para trás e sorri para a senhorita Yamanaka, que parou na porta do closet.

– Isso aqui é pelo menos dez vezes mais do que eu tinha de roupas. – dedilhei os vestidos, e quando eles se acabaram haviam camisas e diversas peças de roupas. – Nem posso imaginar o quanto isso foi desgastante para você.

– Nenhum pouco. – pela primeira vez, ela parecia empolgada. – Eu adoro fazer compras, embora não seja para mim. E seu senso de moda deixa as coisas bem mais interessantes.

Eu queria dizer a ela que pobre não tem senso de moda, tem falta de dinheiro para aperfeiçoa-lo mesmo – no entanto, ela estava sendo muito gentil, então apenas sorri.

– Olha, acho que eu e o senhor Uchiha não teremos nenhum problema com a minha estadia aqui – eu peguei um dos vestidos, inclinando sobre o meu corpo e me olhando no espelho. A atual mulher, com o cabelo preso num rabo-de-cavalo e uma camiseta larga no corpo, não parecia em nenhum mundo que ficaria bem nele – Eu posso viver nesse quarto pelo resto da minha vida.

– Infelizmente, não pode. – ela suspirou, enquanto parecia entretida em seu tablet e clicava em algumas coisas – Se arrume para o jantar e, por favor, capriche. Exagere mesmo. O senhor Uchiha não suporta mulheres desarrumadas.

Eu fiz uma careta, colocando o vestido de volta em seu lugar. Quis rolar os olhos, mas me contive. Eu não era uma criança. E embora Sasuke Uchiha fosse o homem mais hostil que eu já conhecera no mundo – e olha que, sobre homens, eu tinha experiência – eu precisava ficar calada. Ele estava me ajudando.

– Senhorita Yamanaka?

– Apenas Ino. – ela disse, ainda olhando para o tablet, sem me dar atenção.

– Sobre o jantar... para que mesmo ele serve?

Ela ergueu os olhos, incrédula e, depois, resignada.

– Uh... bem, vocês são marido e mulher.

Fiz uma cara de tédio, colocando as mãos na cintura. – Para todos os efeitos...

– Bem, o jantar será a única refeição a qual você fará com o senhor Uchiha. Nele ele dirá tudo o que precisa dizer, assim como você. Entende? – ela pergunta, e sua voz um pouco mais alta me oprime.

– Só para ter certeza: você está dizendo que eu posso, por exemplo, reclamar de alguma coisa?

– Éh... bem, eu acho... acho que sim.

Ela respira fundo, rolando os olhos e se aproximando.

– Durante todo o dia vocês serão marido e mulher, Sakura. Para todos é assim que é, inclusive para os empregados. Eles nunca questionam as decisões do senhor Uchiha, embora vocês tenham tido um casamento estranho. Se você tiver algum problema pessoal, que se refira ao contrato de vocês por exemplo, tratará com ele apenas nesse período. É nesse momento que vocês serão contratante e contratada, entendeu?

Sorri. Era bom saber disso. Eu precisaria mesmo conversar com ele.

– Bem, eu vou sair agora. Seus filhos estão com a Sophie, a governanta. Logo você a conhecerá. Você tem uma hora até o jantar.

Então ela saiu e me deixou sozinha naquele quarto, que era muito maior do que o meu apartamento todinho. Eu ainda olhei tudo de novo, tateei cada vestido no closet, pensei sobre tudo o que estava acontecendo e coloquei os portas retratos que Temari e Tenten me deram nas cômodas. Em uma das fotos eu estava com Daisuke e Mia em meu colo, três meses depois de nascerem. Em outra, nós três na praia. Eu peguei o último e nesse tinha Malu, com ambos no colo logo após nascerem. Respirei fundo a nostalgia que senti.

Malu adorava a música “Not Afraid" do Eminem; e um de seus últimos pedidos foi que colocassem essa frase em sua lapide.

Naquele mesmo dia, também a tatuei em minha nuca.

Eu estava louca para inaugurar aquela hidromassagem, porém, deixei para outra ocasião. Fui ao banheiro e tomei uma ducha, tirando de mim não só o suor do dia todo, mas também os pensamentos e toda a pressão antecipada que eu já sentia carregando o nome “Uchiha” junto ao meu. Ainda parecia tudo surreal, incrível, fantasioso demais para ser verdade. Eu lavei meu cabelo com um shampoo francês e me permiti relaxar um pouco.

No espelho, eu ainda parecia a mesma mulher de 25 anos, a qual viera de uma boate onde era streaper. Tudo em mim era o mesmo, só que melhorado; uma versão 2.0 de mim mesma. O cabelo um pouco mais brilhoso, as tatuagens um pouco mais contrastantes e os olhos menos mortos, porque dormir a noite certamente era muito melhor. A única coisa diferente em mim era a aliança que levava no dedo anelar direito. Embora simples, era ouro, eu sabia. E reluzia incrivelmente apoiada na pia.

Meu casamento com o senhor Uchiha foi de longe o mais sem graça que existira na terra. Eu não fiquei ansiosa, ele tampouco. Não houve vestido bonito, apenas meu jeans surrado, minha regata preta e meu all star. Éramos dois desconhecidos que se encontraram na rua e rumaram para um cartório, onde eu apenas assinei meu nome e ele o dele. Após isso, ele atendeu uma chamada em seu celular e deu ordens para que Ino me levasse para casa, onde eu arrumei tudo e contei aos meus filhos que iria me casar.

Graças a Deus crianças de sete anos ainda eram incapazes de entender a velocidade sensata dos acontecimentos.

E então, dois dias depois, eu estava numa limosine rumo a uma mansão linda e um marido desconhecido.

Eu passei a mão pelo pescoço, tentando tirar aquela tensão de mim. Era só por um ano. Eu fingiria que era uma esposa perfeita, de um homem perfeito e mãe de filhos perfeitos. Eu poderia fazer isso. Poderia ser uma boa atriz. Eu era uma ótima atriz. E tinha sempre os melhores planos. Se eu organizasse tudo muito bem, poderia sobreviver a isso enquanto dava o melhor para os meus filhos e provaria que era capaz de ser mãe deles.

Eu fui ao closet, procurando entre aquela enorme fileira qualquer coisa que eu pudesse usar para impressionar. Se o senhor Uchiha queria uma mulher espetacular, ele teria.

Me olhei no espelho e, novamente, quase não me reconheci. Optei por um vestido preto, com mangas transparentes e com gola alta. Ele ia até o meio de minhas cochas e, nos meus pés, decidi usar um Ferragamo azul marinho.

Soltei meu cabelo e o deixei cair agora bem seco ao longo de minhas costas. Andei de um lado para o outro, afim de treinar para não cair. Eu seria perfeita. Tudo daria certo.

Alguém bateu na porta e, em menos de dois minutos, uma senhora baixinha entrou. Ela cantarolava uma musica baixinho e parecia entretida nisso, no entanto, quando me viu, arregalou os olhos.

– Oh, meu Deus! Senhora Uchiha! – ela levantou as mãos para o alto, depois levou a boca. Eu ergui uma sobrancelha. Senhora Uchiha?

Ah, é mesmo! Essa sou eu agora.

– Como é linda! – ela continuou, se aproximando. Seus olhos azuis claríssimos, com ruguinhas ao redor deles, pareciam aconchegantes e sinceros – Não achei que a veria hoje. Nossa... – ela parou, ainda abobada. Parecia que ela estava vendo o próprio Adam Levine em sua frente. Ela olhou para o relógio na parede e, então, pareceu assustada. – Mas você já está atrasada! O senhor Uchiha é um homem pontual, sabia? Oh, mas é claro que sabia. É a esposa dele.

Parecia viável, ele era tão controlador. No entanto, eu não estava completamente atrasada. Ainda tinha alguns minutos.

– Desculpe, mas preciso arrumar meus filhos primeiro.

Ela enrugou a testa, me empurrando com tapinhas para em direção a porta.

– Seus filhos já estão bem alimentados, não se preocupe. Aliás, eles são uma graça. – ela falou com aconchego, e eu deduzi que ela era a tal Sophie, a governanta.

– Jantaram? Sem mim por perto? – eu estava chocada com isso.

–  Sim, fui instruída para fazê-los jantar antes de você e do senhor Uchiha, a senhora não sabia?

– Sim, mas...

Ela me olhou inocentemente, de quem achava que eu era mesma a senhora Uchiha, casada com seu patrão. Merda. Eu sorri, tentando soltar lentamente a minha respiração.

– Claro. Sabia sim. – eu apoiei a minha mão em seu ombro, ela era realmente baixinha, me fazia lembrar uma anã. – Sophie, não? – ela acenou, orgulhosa – Pode me dizer exatamente onde fica a sala de jantar?

– Oh, claro. É particular, geralmente é lá que ocorre as reuniões do senhor Uchiha e, segundo ele mesmo, é lá que vocês irão jantar.

Ela me explicou onde ficava e, respirando fundo, eu fui em direção a ela. Meus saltos ecoavam ao atrito com o mármore negro do chão e meu coração palpitava. Ótimo. Nós jantaríamos juntos. E eu já tinha uma reclamação a fazer.

Quando cheguei, abri as portas francesas e o rangido delas ecoaram pelo cômodo. Eu olhei para todos os lados, arfante, ouvindo alguma música tocando. Música clássica. Nota mental: Sasuke Uchiha gosta de música clássica. Na ponta da mesa, sentado em uma postura impotente e um terno perfeito, estava meu cliente.

Seus olhos negros desviaram-se de seu celular e voltaram-se para mim. Por um momento, seus olhos tremeram. Foi algo tão pequeno, que eu mal percebi o quanto eles desceram pelo meu corpo, observando cada parte dele. Ele era, sem sombra de duvidas, intimidante.

Ele limpou a garganta, sua mandíbula endurecendo conforme ele soltou o ar pelo nariz. Senti a ponta dos meus dedos endurecerem e desviei os olhos, indo em direção de uma cadeira e me sentando lá. Deixei o contrato na cadeira ao lado e agradeci mentalmente por ele não ter dito nada sobre isso.

– Boa noite, senhor Uchiha.

– Boa noite, senhori... –  ele para, seus lábios ficam abertos conforme um sorriso insinua em seu belo rosto e ele se vira em minha direção. –  Digo, senhora Uchiha.

Eu tremi, limpando os lábios e sentindo aquela tensão –  espetacular, diga-se de passagem. Parecia ser algo que nos unia, ao mesmo tempo que nos afastava.

– Ahn... sinto muito pelo atraso. – suspirei, pressionando meus dedos na mesa de vidro. Minha atenção foi brevemente chamada pela porta se abrindo; por ela, três empregados entraram para colocar a mesa. – Eu acabei me perdendo na casa, é realmente muito grande.

– Você terá tempo para conhecê-la bem. – oh, com certeza. Um ano era bastante tempo, pensei com receio. – Aliás, bela escolha de vestido.

Um elogio? Bem, eu estava surpresa. Realmente estava muito bonita – dei duro para isso. No entanto, a julgar por toda sua formalidade, frieza e a forma como me tratava – uma ferramenta para algum meio que eu não entendia – era realmente surpreendente ele se prestar a fazer isso.

Eu não esperava.

– Obrigada. – e o senhor também está demais, completei em pensamento.

Fiquei sem graça, eu confesso. Senti até minhas bochechas esquentarem um pouco, mas graças a qualquer divindade que comandava esse mundo, eu consegui disfarçar enquanto assistia a empregada colocar um prato de seja lá o que for na minha frente.

Outro empregado, totalmente sério e sem nenhum resquício de curiosidade, receio ou qualquer outro sentimento – na verdade, ele parecia bem um robô, como todos os outros – trouxe uma garrafa de algum champanhe e colocou em duas taças; entregou uma ao senhor Uchiha e outra a mim.

– Vamos fazer um brinde. – ele ergueu a taça e, com as mãos levemente tremulas, eu fiz o mesmo.

– E ao que vamos brindar?

O som leve do tilintar da minha taça batendo na dele pareceu ser a única coisa entre mim e aquela insinuação de sorriso. Para mim, em conjunto de todo o nervosismo e intimidação, foi como se o tempo parasse por alguns segundos.

– Ao nosso casamento. – respondeu, e eu sabia que era a única que tinha sacado o levemente timbre cheio de sarcasmo.

Amém.


 



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