História O Poder do Coração - Identidade

Tinha-se passado uma semana desde o último ataque do Red D, só naquela manhã é que o retrato robô tinha sido feito, pois devido aos ferimentos causados no herói, o mesmo tinha perdido muito sangue, e não tinha estado em condições para contactar o detetive até então.

Todoroki e Bakugou estavam a dirigir-se para a agência de All Might, mesmo sem novas pistas ou informações no caso do Red D o estágio permanecia. Caminhavam ambos em silêncio, cada um perdido nos seus próprios pensamentos.

Todoroki pensava em Izuku, naquela semana ainda não tinha ido à casa dele, no entanto as chamadas e mensagens diárias não sessavam, ele sentia que algo não estava bem, para além de estar magoado com o tratamento que estava a receber nos últimos meses, sentia que algo se passava com Izuku, e tinha decidido que da próxima vez que fosse lá a casa iria pressionar Inko para lhe responder com sinceridade ao que realmente se passava, ele merecia respostas e não conseguia aguentar muito mais tempo sem elas.

Já Bakugou pensava no Red D, realmente era um caso difícil de resolver, pois nada do que o vilão fazia parecia fazer sentido ou ter uma lógica, as cidades onde os anteriores ataques tinham ocorrido não tinham uma ordem, os heróis atacados fora das agências não tinham nada em comum, fora o facto de serem heróis profissionais, e como é que depois de ter atacado tanta gente não se sabia qual era a peculiaridade dele? Se Bakugou entrasse numa luta com alguém rapidamente iriam saber qual era a sua peculiaridade, então Bakugou pensava que o Red D poderia ter uma peculiaridade menos ofensiva.

Ambos perdidos em pensamentos tiveram a sua atenção para o telefone de Bakugou, que começou a tocar, era All Might. Bakugou pegou no aparelho e colocou em alta voz.

– Diz All Might. – Disse Bakugou apressado, sabia que All Might não era de ligar por algo sem importância.

– Jovem Bakugou chame o jovem Todoroki e venham para a localização que vou enviar, um novo ataque, que pensamos ser obra do Red D, está a acontecer e preciso de reforços, encontramo-nos lá. – E desligou sem esperar uma resposta.

Os jovens entreolharam-se e rapidamente chegou a mensagem com a localização do local sob ataque, não era muito longe dali, arranjaram um local para poderem vestir os seus fatos de heróis e foram a correr o mais rápido possível em direção ao local indicado.

Enquanto isso, num parque na mesma cidade.

Um jovem rapaz andava tranquilamente pelo parque, o rapaz estava sentado num banco, tinha acabado de comer um gelado, e apesar de estar feliz por isso, olhava para o céu com uma expressão triste, haviam coisas que ele queria fazer, sítios aos quais ele queria ir, pessoas com quem queria estar, no entanto não podia, pois se o fizesse não iria cumprir a sua parte do acordo.

O jovem suspirou e abaixou o olhar, olhando ao seu redor, e viu uma menina com aproximadamente 5 anos perto de uma árvore a chorar, sem pensar duas vezes foi até ela.

– Olá. – Cumprimentou agachando-se, para ficar da altura da menina. – Porque choras? – Perguntou com um sorriso gentil.

A menina olhou para ele, e por um segundo perdeu-se nos seus olhos azuis brilhantes.

– O meu balão voou e eu não o consigo apanhar. – Explicou a menina fungando, começando a parar de chorar.

O jovem olhou para cima e viu que o balão tinha ficado preso na árvore, por sorte não estava muito alto.

– Não te preocupes. – Disse o jovem levantando-se.

Num movimento rápido saltou em direção ao balão e conseguiu agarrar o fio do mesmo, estendeu-o para a rapariga que logo abriu um sorriso e agradeceu.

– Onde estão os teus pais? É perigoso andar sozinha. – Explicou olhando para a menina.

– Ali. – Respondeu apontando para um casal que estava com um bebé num carrinho, o bebé estava a chorar e por isso os pais não tinham percebido a situação em que a menina tinha estado.

O jovem foi em direção a eles, sendo seguido pela menina que segurava o fio do balão com força para o mesmo não voar novamente, e quando se aproximaram o jovem falou.

– Posso ajudar? – Ofereceu prontamente ajuda com um sorriso gentil, os pais do bebé explicaram que o bebé se tinha assustado com um cão que ladrou de repente e não estavam a conseguir acalmá-lo.

O jovem aproximou-se do bebé, que estava agora no colo da mãe ainda a chorar, e aproximou uma das suas mãos para o peito do pequeno, tendo um dos seus dedos agarrado pela frágil mão do bebé, o bebé olhou para o jovem à sua frente e ao ver uns olhos azuis e brilhantes como o céu parou o choro, o olhar do jovem cheio de amor, e um pouco de tristeza, tinha atraído a atenção do bebé e acalmou-o.

Os pais ficaram admirados com o acontecido, e a menina, que também tinha presenciado o momento, chamou à atenção dos pais e explicou o que tinha acontecido com ela momentos antes, os pais agradeceram pela ajuda e o jovem despediu-se, quando estava uns passos afastados ouviu a voz da menina.

– Qual é o teu nome? – Ao perceber que era para ele que a menina estava a falar, pensou um pouco e virou-se com um sorriso.

– D! – Gritou em resposta, virando-se novamente, indo embora do parque.

No mesmo momento, no local que tinha sido atacado.

Todoroki e Bakugou tinham chegado ao local indicado e quando viram All Might foram ao seu encontro, All Might ao aperceber-se da aproximação dos dois logo começou a falar.

– Ainda bem que chegaram jovens, o Red D entrou dentro deste edifício, vão para os fundos e façam os possíveis para ele não fugir, enquanto isso eu vou entrar. – Informou All Might.

O ataque tinha começado numa agência de heróis, por sorte All Might estava a fazer uma ronda e ouviu uns gritos, quando se aproximou uma replica do ataque da semana anterior tinha acontecido, um dos poucos heróis conscientes no edifício conseguiu apontar a direção onde o vilão que os tinha atacado estava, All Might então disse aos seus companheiros, que estavam a fazer a ronda com ele, para ligarem para a polícia e para arranjarem cuidados médicos para os feridos, e All Might foi em direção que lhe tinha sido dita. O vilão, que estava de costas para si, ao perceber a sua presença saltou da janela, numa tentativa de fuga, e na perseguição All Might aproveitou para ligar para Bakugou e Todoroki, que estavam para se encontrarem com ele, pedido assim reforços, quando percebeu o vilão tinha entrado noutro edifício próximo, All Might esperou que Todoroki e Bakugou chegassem pois não poderia entrar de frente e deixar os fundos do edifício desprotegidos, sabia que o vilão estava lá porque podia ouvir alguns gritos, não de dor, mas de pessoas assustadas.

Ao passar o tempo suficiente para que Todoroki e Bakugou estivessem em posição All Might adentrou no edifício, e viu alguns civis no chão amarrados, aproximou-se rapidamente e viu que nenhum estava ferido, desamarrou-os e ordenou que saíssem dali.

Foi nesse curto espaço de tempo que pode ouvir mais vidros a serem partidos e pessoas a gritar e foi a correr em direção ao som.

Bakugou e Todoroki estavam nos fundos do edifício, atentos para qualquer movimento no interior, prontos para um possível confronto. Ouviram o barrulho de vidros a partirem-se e olharam para cima, e no tempo de olharem na direção da janela partida, viram umas pessoas a serem atiradas, Todoroki rapidamente usou o seu lado direito para criar uma coluna de gelo e agarrar as pessoas, e nesse momento ele e Bakugou viram uma pessoa vestida de preto saltar noutra direção.

– Bakugou vai atrás dele! – Gritou Todoroki fazendo a coluna de gelo começar a diminuir de tamanho, para as pessoas poderem descer em segurança.

– Não preciso que me digas o que fazer! – Gritou Bakugou irritado e começou a correr em direção ao fugitivo.

A perseguição não durou muito, e levou Bakugou a um beco mais estreito, a pessoa à sua frente arfava, parecia cansada pelo esforço que tinha feito, e começou a respirar fundo, tentando controlar a respiração.

– Não tens para onde fugir! – Gritou Bakugou aproximando-se da pessoa que ainda estava de costas, a pessoa ao reconhecer a voz olhou para trás com os olhos um pouco arregalados.

Mas o que surpreendeu mais Bakugou não foi os olhos vermelhos, que normalmente eram os que prendiam a atenção dos heróis, mas sim a aparência do rapaz, ele conhecia a pessoa que estava à sua frente e não acreditava que era ele que estava ali.

Antes que pudesse dizer alguma coisa, o jovem sorriu para Bakugou, um sorriso macabro, que fez Bakugou duvidar que fosse realmente a pessoa que ele estava a pensar.

– Deku? – Perguntou Bakugou incrédulo, a aparência do jovem não deixava dúvidas, era o seu amigo de infância, mas porque é que ele estava ali? Porque é que ele estava a ser perseguido como um vilão? Mas o que mais tinham feito Bakugou duvidar ser quem ele pensava eram os olhos vermelhos e aquele sorriso que Deku jamais dera.

– Não esperava encontrar-me contigo tão cedo Kacchan. – Ao dizer o apelido que Bakugou tinha ganho na infância não teve dúvidas que realmente era Deku à sua frente, a voz era a mesma, mas que aparência era aquela? Antes que Bakugou tivesse tempo de dizer algo, o vilão voltou a falar. – Eu já não sou inútil agora Kacchan, encontrei a minha própria maneira de lutar e mostrar que consigo fazer alguma coisa, porque eu encontrei alguém... Alguém que me disse que eu podia tornar-me num vilão. – E Deku riu, um riso que fez Bakugou paralisar e duvidar do que estava a ver, era algum tipo de ilusão? A peculiaridade do vilão talvez?

Ouviram-se passos de corrida na direção em que estavam e o vilão virou-se de costas e voltou a falar.

– Se o All Might aparecer não tenho como vencer, por isso por hoje já chega. – Murmurou, alto o suficiente para Bakugou conseguir ouvir. – Adeus Kacchan. – E num piscar de olhos o vilão desapareceu, deixando Bakugou perplexo pelo que tinha acontecido.

– Jovem Bakugou! – Gritou All Might aproximando-se de Bakugou, sendo acompanhado de Todoroki. – Estás ferido? – Perguntou analisando Bakugou, ao perceber que não olhou em volta e perguntou. – Onde é que ele está?

Bakugou caiu de joelhos no chão, não havia outra explicação para o que tinha visto senão ser uma ilusão, Bakugou desejava que fosse uma ilusão, ou teriam realmente as palavras que tinha dito a Deku quando crianças o afetado tanto? Como é que o Deku, que queria tanto ser um herói apesar de não ter nenhuma peculiaridade se tinha tornado um vilão? Não podia ser possível, “Será que a culpa é minha…?” Pensou Bakugou incrédulo com a situação que tinha acabado de acontecer mas os seus pensamentos foram interrompidos pela voz de All Might.

– Jovem Bakugou, o que se passa? – Perguntou All Might preocupado, já que aquele não era um comportamento normal vindo do loiro.

Bakugou levantou-se lentamente e disse que não se passava nada, All Might decidiu que iria falar com ele quando o mesmo voltasse ao seu comportamento explosivo.

– Vamos voltar, a polícia já deve ter chegado. – Disse All Might indo em direção a agência que tinha sido atacada, sendo seguido por Todoroki e Bakugou, ao chegarem lá viram que a polícia já lá estava acompanhada de uma equipa médica, ao encontrar-se com Tsukauchi, All Might falou do edifício ali perto no qual o vilão tinha entrado, e o detetive rapidamente mandou alguns policias e médicos para lá.

– Qual a situação Tsukauchi-kun? – Perguntou All Might vendo que os feridos já estavam a receber tratamento.

– Um ataque muito parecido com o da semana passada, mas desta vez nenhum herói da agência estava em condições para o perseguir, já encontramos a marca, foi mesmo obra do Red D, já começamos a interrogar alguns heróis e um deles diz ter visto o vilão deixar cair um cartão, já pedi ao Sansa para o investigar, em breve devemos ter notícias, pelo menos um nome ou morada já seriam muito bem-vindos. – Explicou Tsukauchi, deixando All Might feliz por terem conseguido uma possível pista.

Passado algum tempo todos os heróis já tinham recebido os cuidados médicos apropriados e o detetive Tsukauchi chamou All Might.

– Tsukauchi-kun o que foi? – Perguntou All Might, Todoroki e Bakugou aproximaram-se para saber as novidades.

Bakugou já estava um pouco mais calmo, já tinha respirado fundo e apesar de não ter percebido o que aconteceu pensou que poderia ir a casa de Deku para falar com o mesmo mais tarde, para confirmar se realmente tinha sido uma ilusão.

– O Sansa já trouxe os resultados da investigação ao cartão, e bem descobrimos quem é o dono do cartão e a provável identidade do Red D, mas descobrimos também algo que não estávamos à espera. – Explicou o detetive e suspirou.

– O que queres dizer com isso? – Perguntou All Might confuso.

Tsukauchi estendeu umas folhas a All Might, que ao agarrar percebeu serem duas.

– Uma das folhas é o retrato robô feito pelo herói que foi atacado na semana passada e a outra tem as informações básicas e fotografia do dono do cartão, como podes ver as imagens são idênticas, o único problema é que, para além da cor dos olhos ser diferente segunda as descrições, esse rapaz, o Midoriya Izuku, foi dado como desaparecido há uns meses.

Ao ouvir essa informação Todoroki e Bakugou arregalaram os olhos, sem conseguirem acreditar no que tinham ouvido.