Desesperada para ter o coração de Branca de Neve, ela concordou.
O príncipe encontrou Branca de Neve trabalhando na cozinha, mas o gentil rapaz não tinha
qualquer intenção de prejudicá-la. Em vez disso, ele a levou para a floresta para se esconder
em segurança; depois, ao encontrar uma ovelha, ele matou o animal e cuidadosamente
embrulhou seu coração. Contente por ter feito a coisa certa, regressou à rainha e lhe
apresentou o coração falso.
A rainha não perdeu tempo em cozinhá-lo em óleo não-saturado, de baixo teor de
calorias, rico em ômega-3, e depois tentou comer um pedaço. Ela não conseguia detectar nada
de diferente no gosto, mesmo assim, foi preciso cada milésimo de sua força de vontade para
engoli-lo. A maldição cruel que a atormentava fezcom que comesseaté o último pedacinho.
Depois, a rainha estava ansiosa para pôr-se diante do espelho e ver os resultados, mas o
príncipe logo lembrou-lhe de sua promessa de passar a noite com ele, insistindo que partissem
imediatamente, de modo que chegassem ao destino antes do cair da noite. A determinação do
príncipe acabou vencendo, e os dois finalmente saíram juntos.
Eles viajaram para a floresta, bem longe da maldição das terras da rainha, rumo à matas
encantadas, até que finalmente chegaram a uma casinha de pedras quase escondida por
inúmeras plantas trepadeiras com roseira de aroma mágico. Os galhos se sobrepunham às
pedras e seguiam acima, quase cobrindo o telhado. Ao se aproximar, o casal sentiu o aroma
exalado, e este os envolveu. Não se sabe ao certo se era o encantamento das flores que o
cercavam, ou se por pertencer ao príncipe, mas a verdade é que nem o chalé, nem seu interior
foram tocados pela maldição do feiticeiro.
No instante em que a rainha entrou pela pequena porta, ela se sentiu maravilhosamente
bela e estimada. As próprias paredes pareciam abraçá-la, e ela foi tomada de felicidade. Ela
pensou que isso só poderia ser o efeito da recuperação de sua beleza por ter comido o
coração de Branca de Neve, mas, na verdade, se sentia como se sentiria todos os dias de sua
vida, se não estivesse sob o poder de um feitiço.
A rainha se voltou para o príncipe com um sorriso radiante. Ele a olhou e pensou que
jamais a vira tão bela. Pegou-lhe a mão e a conduziu por uma escada estreita até um quarto
aconchegante. No meio dele havia um espelho imenso.
O príncipe gentilmente colocou a rainha diante do espelho. Não era encantado, portanto,
pela primeira vez, a rainha se viu como realmente era, e não segundo os padrões mantidos fora
das paredes do chalé. Ela se olhava impressionada.
O príncipe pôs-se atrás da rainha e observou. Ele logo viu que seu plano havia dado certo
e que a ela finalmente se via com o olhar dele. Depois viu os olhos dela encontrarem os seus.
Subitamente, a obsessão da rainha por sua própria aparência sumiu, e ela percebeu o
quanto seu criado era belo. Mas que casal extraordinário eles formavam, percebeu ela,
olhando os dois pelo espelho! Ela se perguntava como seria possível nunca ter notado os seus
cabelos escuros e cacheados nas pontas. Ou como sua pele morena e macia iluminava seus
olhos azuis.
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