História O Preço da dúvida - Não se paga mal com mal!

As crianças estavam sentadas no sofá da sala olhando atentas para Emma que estava sentada a frente, no cômodo pairava o silêncio mas era quase possível ouvir os pensamentos das crianças com tanta ansiedade e apreensão por saber o que sairia da boca da loira.

Henry e Helena sabia muito bem que não tinham agido da maneira correta com Regina, o sentimento de culpa os abateu assim que viram a mãe loira sair atrás da outra em meio a uma tempestade. No calor do momento eles deixaram que a mágoa tomasse conta deles e despejaram tudo o que sentiam na mãe morena mesmo sabendo que as suas palavras e ações a machucaram. Eles apenas queriam proteger Emma mas viram que passaram dos limites assim que viram o olhar devastado de Regina e um rápido lampejo de desapontamento nos olhos verdes de Swan.

A culpa e a preocupação lhes abateram quando viram a chuva forte cair e nenhum sinal de que a mãe loira apareceria. Algo de ruim poderia acontecer as duas por causa das ações dos irmãos e eles não suportariam o sentimento de culpa caso alguma coisa acontecesse a uma delas ou as duas em conjunto. O medo passou a ser alívio quando perto da meia noite Emma entrou em contato com Tinker dizendo estar bem, mas voltaria apenas na manhã seguinte.

Ela passaria a noite com a morena e eles tiveram mais certeza ainda quando ao descerem as escadas para encontrar com a loira a viram usando uma das blusas de seda da mãe morena, o cheiro dela estava impregnado em Swan, eles não sabiam o que pensar, toda a apreensão e culpa voltaram quando notaram um olhar nela que ainda não haviam vislumbrado. Emma estava séria e agora no momento eles estavam nervosos com o que a loira podia falar.

Com uma respiração profunda Swan olhou para cada um e parou o olhar na loirinha e no menino moreno.

- Vocês sabem que suas atitudes não foram corretas a noite passada, não sabem?

Eles apenas concordaram com a cabeça.

- Eu sei que estão magoados com ela, que queriam manter distância por um tempo pra digerir tudo o que aconteceu, porque eu sei que não é fácil acordar num dia tendo apenas uma mãe e no outro descobrir que tem duas e eu tentei respeitar as escolhas de vocês mas a partir do momento em que vocês Gritam e despejam palavras de ódio na mãe de vocês eu tenho que intervir, eu posso ser a novidade aqui mas eu vou deixar passar despercebido o que vocês fizeram. Agora me digam, o que tinham na cabeça quando gritaram com a mãe de vocês?

Os Mills engoliram em seco enquanto ouviam atentamente as palavras de Swan. Até Camila que não tinha nada com a situação também escutou atentamente e um frio percorreu sua espinha ao ver sua mãe tão séria. Helena mesmo que sussurrante respondeu :

- Nós só queríamos te proteger – abaixou a cabeça recebendo um franzir de cenho da mãe.

- Me proteger?

- Sim mãe – Henry falou – não queríamos que ela te machucasse de novo, você já estava triste, não queria te ver mais triste por causa dela.

Emma suspirou e passou a mão pelos cabelos.

- Filhos olhem eu estava triste sim, mas não por causa da Regina, sei que vocês não estavam gostando de me ver da forma que eu estava, mas não tinha nada haver com ela.

- Não? – Helena perguntou confusa.

- Não... claro que não -sussurrou – mas mesmo que vocês quisessem me proteger não foi certo o que fizeram, em algum momento, além daquela briga no escritório que eu tive com a Regina vocês me viram a tratando mal?

Eles pareceram pensar um pouco e por fim responderam em uníssono “Não”. E Emma agradeceu mentalmente que as farpas que ela e a morena trocavam no início não tenha sido presenciada por eles.

- é assim que tem que ser meus amores, não se paga o mal com mal, tudo só piora e há as consequências, me entendem? – eles concordaram.

- Mas mãe olha só tudo o que ela fez com você, te abandonou, nos tirou de você, nos fez acreditar que estava morta... isso não conta ? – Henry perguntou confuso.

- Conta, conta sim Henry mas não foi só a Regina que foi responsável por tudo, existem um conjunto de motivos que a levaram a fazer o que fez querido, agora pensa comigo – Emma se levantou e sentou entre os filhos – é melhor você aproveitar os momentos que tem guardando mágoas e ressentimentos, tramando vinganças e outras coisas ou viver sua vida, mostrar que pode ser feliz e fazer novos momentos?

“porque como eu disse Henry, há consequências e mesmo que você não queira ver, sua mãe está sofrendo com tudo o que aconteceu ou você acha que ela está feliz vendo que se enganou e também que deixou os filhos tristes? Ela está arrependida e que quer se redimir. Mesmo que os anos tenham passado e eu tenha perdido muita coisa, eu sempre estive com consciência limpa sobre meu atos e não deixei que a raiva tomasse conta de mim. No fim vocês não machucam só a Regina, vocês também se machucam ou vocês estão felizes por tê-la feito sofrer?”

Os irmãos arregalaram os olhos ao ouvirem as palavras da mãe e mais uma vez tomaram consciência de que não haviam agido bem.

- Não mamãezinha eu não estou feliz – Helena falou com a vozinha triste e arrependida.

- Eu também não... – Henry sussurrou olhando para um canto qualquer envergonhado.

Um curto sorriso tomou conta dos lábios de Swan, no fim a reação dos filhos só confirmou o que ela disse a morena. Seus filhos são feitos de amor e não guardaram sentimentos ruins por tanto tempo. Se sentiu orgulhosa de si mesma, estava apreensiva quanto a conversa, não queria ser dura, mas tinha que repreender os atos dos menores, não agiria por violência, não gritaria ou faria ameaças. Em sua breve criação aprendeu com os pais que a conversa era o melhor meio e estava feliz por seguir seus ensinamentos e ver que os filhos haviam entendido que o ato deles havia passado dos limites.

- É bom mesmo que estejam ou eu teria que resolver de um modo não muito dócil e muito menos indolor – finalizou com uma voz séria chamando a atenção dos três que a olharam boquiabertos, gargalhou e os puxou para um abraço – Eu estou brincando meus bebês!

- Ai pelo amor de Deus! Não brinca com isso mãe! – Camila falou com um falso tom de repreensão.

Emma riu mais um pouco, puxou a moreninha para seu colo e imediatamente a família se abraçou.

- Eu nunca faria uma coisa dessas, esses braços fortes aqui só servem para abraços e muito carinho pros meus filhotes – beijou a testa de cada um.

Os irmãos eram só sorrisos e beijos, apertavam a loira e tentavam demonstrar todo amor possível. Ficaram aliviados depois da conversa se aconchegavam nos braços da loira e lhe dedicavam muitos “eu te amo” aquecendo o coração da mais velha. Emma era como uma salvadora para eles, sempre tão boa e compreensiva, lhes acalmava com suas palavras e seus carinhos.

Com ela Henry percebeu que não havia motivos para ter raiva, mágoas e ressentimentos por causa de sua mãe morena, sua outra mãe agora estava ali com eles, estava feliz, estava bem e ele só podia aproveita-la o máximo possível, iria procurar se redimir com Regina e pedir desculpas, sabia que estava de alguma forma errado, sua mãe morena nunca demonstrou não ama-lo e sempre cuidou dele e da irmã sozinha e como retribuição ele havia agido como um idiota com ela, tomou a decisão de que agora seria diferente e procuraria ama-la do jeito que ela merece e sempre mereceu. Helena não foi diferente ela percebeu que não odiava Regina, na verdade ela percebeu isso no momento em que as palavras saíram de sua boca e se arrependeu, lembrou-se de que nunca queria ver alguém machucando sua mãezinha e ela mesma acabou fazendo isso, se xingou mentalmente e prometeu a si mesma que iria procurar de alguma forma o perdão de sua mãe, não queria nunca mais ver aquela tristeza estampada nas orbes castanhas de Mills.

- mamãe? – chamou a atenção de Emma.

- Sim?

- Você acha que a mãe Gina vai nos perdoar? Digo... eu queria muito conversar com ela e pedir desculpas – falou incerta.

- Mas é claro que ela vai meu amor, o que ela mais quer é se acertar com vocês – sorriu – com você também Camila.

- Comigo? – perguntou surpresa – Por quê comigo?

- Bom isso você só saberá quando falar com ela – deu de ombros.

- Eu também quero me desculpar, será que ela pode vir nos ver? – Henry perguntou.

- É claro que ela vem – Emma confirmou convencida – amanhã mesmo, no horário do almoço.

- O QUÊ? – os irmãos exclamaram juntos.

- isso mesmo que vocês ouviram – levantou do sofá com um sorriso maldoso nos lábios – agora se lembram de eu disse que seus atos tem consequências? Pois então aqui vão as consequências de vocês: sem videogame, sem televisão, nada de saídas com amigos... ou respectivos relacionamentos – continuou quando Henry ia lhe interromper – quero todo mundo aqui logo que saírem da escola e também quero ver todas as atividades escolares pra ver como estão indo. Estamos entendidos?

Eles resmungaram e bufaram descontentes.

- Estamos entendidos? – repetiu.

- Sim mãe!

Emma assentiu satisfeita e pegou Brutos que estava no chão indo em direção a cozinha. Os irmãos comemoraram internamente pela mãe não ter confiscado seus aparelhos eletrônicos, logo estavam cada um indo pegar seus respectivos.

- aaaah antes que eu me esqueça – Emma voltou e pegou os celulares e IPads – nada de dessas coisas por uma semana, todo mundo vai ajudar a Granny nas tarefas ser casa vocês estão muito preguiçosos.

E se retirou desfilando sorrindo de orelha a orelha.

- SWAAAAN!!!

As crianças gritaram insatisfeitas.

- DUAS SEMANAS!

Gargalhou rebatendo. Esse negócio de consequências estava sendo divertido, balançando a cabeça negativamente ela adeentrou seu escritório colocando o cãozinho no chão e os aparelhos dos filhos em sua mesa logo se sentando em sua cadeira, suspirando.

- Depois da semana de folga vem o trabalho amigão - encarou Brutos que mordia uma almofada sem lhe dar qualquer atenção.

Riu de si mesma por estar falando com o animal, pegou os óculos e se pôs a ler alguns papéis que Mulan havia deixado e que precisavam de sua atenção. Minutos depois batidas em sua porta foram ouvidas e deu permissão para que entrassem, a asiática entrou com uma expressão séria em suas feições o que chamou a atenção de Swan.

-algum problema Mulan?

- sua advogada a Dra. Keating deseja fazer uma videochamada com urgência.

A mais nova se pôs ao lado de Emma ligando o Notebook e abrindo rapidamente a janela do Skype, chamando a doutora logo em seguida. Swan estranhou o fato da advogada querer falar com ela, mas de pronto entendeu que os assuntos nos quais iriam tratar eram de extrema importância. Quando a advogada atendeu elas logo se cumprimentaram formalmente e a morena do outro lado da tela foi direta em seus assuntos.

- Durante nossa busca de provas que incriminavam o Sr. Jones meus alunos e eu percebemos que alguns acontecimentos não se encaixavam em seu álibi, o que nos levou a uma investigação aprofundada sobre o seu caso - a advogada falava calmamente com a expressão séria e mãos entrelaçadas sobre sua mesa.

- e então encontraram algo? O que mais poderia haver por detrás de toda essa confusão? - Emma perguntou com o cenho franzido.

- Nós percebemos que havia muito mais do que um assassinato e a perversão de Kilian Jones, Srta Swan - suspirou - as provas que encontramos são escassas quase impossíveis de se conseguir, mas que nos mostraram que há algo grande planejado muito antes de você saber falar suas primeiras palavras.

Emma respirou fundo percebendo que sua luta ainda não havia acabado, massageou as têmporas enquanto ouvia atentamente o que Annalise falava.

-estamos enviando para seu E-mail tudo o que conseguimos até agora e imagino que o vai ler não à surpreenda tanto.

Mulan que estava ao lado de Emma todo o tempo entregou seu IPad a ela na pasta com o pdf aberta. A loira leu rapidamente o que continha ali enquanto uma confusão de sentimentos a tomavam tristeza, raiva, descontentamento, revolta, indignação menos a surpresa como a advogada havia dito, na verdade ela não esperava menos do que isso das pessoas citadas na investigação.

Quando terminou de ler, fechou os olhos tentando controlar a respiração.

-Filha da ….

*

Depois que Emma tirou seus aparelhos os irmãos estavam na sala de estar sentados no sofá um olhando para o outro, completamente entediados. Camila não entendia por que ficou sem o seu também, ela não havia gritado com ninguém e muito menos feito algo para que ficasse de castigo mas ela finalmente entedeu a velha expressão “por causa de um todos pagam”, de repente não parecia tão legal assim ter irmãos, mas ela só estava chateada.

-vocês são uns bocós - resmungou - qual a necessidade de gritar com a mãe de vocês?

Helena e Henry sorriram amarelo para a irmã mais nova.

-Desculpa Cams - Henry coçou a cabeça desajeitado - a gente só estava com raiva é muita coisa pra assimilar.

- É verdade eu estava muito confusa, houve uma grande mudança nas nossas vidas - Helena falou pensativa - uma mãe que deveria estar morta e ta vivissíma, nossa mãe mentiu pra gente e ai ganhamos uma irmãzinha também - sorriu para Camila a abraçando de lado - Muita coisa pra pouco tempo.

- Nem vem Helena e estou chateada com vocês - cruzou os braços com uma expressão emburrada - os babacas fizeram a minha mãe tirar meu celular.

- uii ta bravinha ela - Henry se aproximou cutucando a moreninha - xingar a gente não vai trazer teu celular de volta.

Camila deu tapinhas na mão de Henry pois já estava sentindo cócegas segurando-se para não rir e os irmãos Mills perceberam isso trocaran olhares confidentes e sorriram sapecas.

-Camila não seja tão soberba que a mãe também é nossa - Helena falou cínica.

- Não ela é minha só minha - e aquelas palavras foram o estopim para que os irmãos a atacassem com muitas cócegas arracando gargalhadas e gritinhos da mais nova - aaaaah para, para - Henry e Helena não deram ouvidos usando os dedos para causarem risos na irmã.

- a gente só vai para quando você disser que a Emma é nossa mãe também.

Camila ria abertamente, já estava corada e com as bochechas doendo de tanto rir, quando ela percebeu que os irmãos não iam desistir arregou.

- tudo... bem, ela…. também é... de vocês - gargalhou - agora... já podem parar!

Henry e Helena cessaram as cócegas e jogaram seus corpos no sofá, também estavam ofegantes pois riam de Camila e fizeram algum esforço para que não recebessem chutes da mesma.

-vocês vão ver isso vai ter volta - declarou a o morena.

-Nós também te amamos irmãzinha - os três trocaram sorrisos e se abraçaram.