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História O Presidente - Extra 1 - Damien


Escrita por: gioberlusse

Notas do Autor


* ENTÃO MENINAS E MENINOS COMO VOCÊS ESTÃO?
* Faz tempo que não nos falamos hein??? MAS FINALMENTE ESTOU AQUI!
* Como prometido um capítulo extra!
* Então vou explicar umas coisinhas:
- Serão 3 capítulos extras, contando com esse, esse narrado pelo Damien, o seguinte será narrado pelo Thomas e o último será narrado pelo Mike
- Os capítulos extras são uma continuação da história sim e afetam ela, claro
* ESPERO QUE GOSTEM E COMENTEM :) Nos vemos nas notas finais e...
OBRIGADA POR ESTAREM AQUI!

Capítulo 13 - Extra 1 - Damien


O Dia da Independência estava sendo intenso. Eu sempre havia passado essa data com meus pais e com Lilith. Às vezes viajávamos até Nova York para ver os fogos de artifícios; lembro de quando eu era pequeno, do quão bonitas aquelas cores explodindo no céu pareciam.

        Sorri, alheio ao tom irritado de Margot enquanto xingava Thomas.

            ━Thomas você ainda não está arrumado?!

            ━Não, me deixe em paz! -ele riu enquanto caminhava até mim

        Uma Margot furiosa o seguiu, me olhando com desespero por eu não falar nada.

            ━Damien! Ponha algum juízo na cabeça dele! A agenda de hoje está cheia, tem o almoço com os familiares dos militares, depois ele tem que gravar uma mensagem para ser transmitida…

            ━Margot, acho que ele sabe ser presidente. -murmurei baixinho com medo dela pular em meu pescoço em seguida

        Logo Thomas abraçou-me pelos ombros, um sorriso lindo em seu rosto.

            ━Você não ajuda Damien. -ela bufou- Thomas fica te olhando igual um idiota quando saem para algum evento. -revirou os olhos- Aposto que ao invés de ser presidente ele preferia ser só seu marido!

        Ela saiu da sala pisando duro, o rosto retorcido com impaciência. Os cabelos estavam mais compridos, mas ela continuava usando o mesmo estilo de roupa, os terninhos elegantes. Sorri e empurrei Thomas para a parede da sala.

            ━Será que vai sobrar espaço na sua agenda para mim? -perguntei sorrindo brincalhão enquanto arrumava sua gravata

        Sua barba agora estava rala, e não importava quantas vezes Margot lhe dissesse que ela lhe dava uma aparência desleixada, ele não tirava, porque sabia que eu a amava. Quando me beijava a barba raspava minha pele e eu gostava daquela sensação, dos arrepios que me causava.

        Thomas pegou minha mão direita e levou-a até os lábios, depositando beijos em cada dedo.

            ━Sempre, príncipe.

        Quase derreti sobre seu olhar. Apoiei minhas mãos em seu peito e inclinei-me para beijá-lo.

Já havia passado 8 meses desde que estávamos juntos. Eu não podia acreditar. Às vezes ficávamos nos olhando, meio que em transe, sem saber se aquilo tudo era real, então éramos arrebatados de novo para dentro do furacão da política americana e tínhamos que nos sair bem perante o público e não lhes dar razão para falar de nós.

_____

As comemorações por todo o país estavam incríveis e pudemos acompanhar várias pela TV. O almoço com os militares e suas famílias foi melhor do que esperávamos.

Eu estava apreensivo sobre como eles iriam reagir à minha presença, mas felizmente foram todos muito simpáticos conosco. Margot parecia nosso cão de guarda, sempre atrás de nós com uma expressão que avisava as pessoas de que não deveriam ser hostis conosco.

As fotos oficiais foram tiradas ao final do almoço, que para minha surpresa incluía meus tão amados camarões! Descobri que à pedido de Thomas alguém havia feito a comida especialmente para mim, enquanto o resto das pessoas comiam churrasco e comidas tipicamente americanas eu comia meus tão amados camarões. Comi até me sentir cheio e uma sensação de felicidade tomou conta de mim ao ver tantas comidas deliciosas ali. A maioria fora preparada pelos familiares dos militares, alguns dos quais haviam voltado de uma operação no Iraque e na Líbia.

As sobremesas incluíam tortas de maçã e bolos de chocolate enfeitados com a bandeira estadunidense. Eu estava tão feliz, bem servido, que não me importei com mais nada a não ser em comer.

Thomas apertou minha mão diversas vezes por baixo da mesa e eu retribuí acariciando seu pulso com carinho. Nas fotos sorríamos um para o outro com sinceridade.

━Nós vamos ver os fogos hoje? -perguntei baixinho, enfiando uma garfada de torta na boca

━É só de noite, mas antes de vermos os fogos tenho uma surpresa pra você.

Ele sussurrou as palavras em meu ouvido, a respiração causando arrepios em minha pele. Logo em seguida deu um sorriso torto que me deixou curioso. O belisquei na coxa e ele riu.

━O que é? -insisti

━Surpresa é surpresa.

Não tive tempo para continuar insistindo porque logo ouvimos alguns fogos de artifício estourarem no céu azul e límpido. Eu nunca havia comemorado de fato, com empolgação, aquela data, mas agora eu sentia vontade de celebrar, por Thomas.

Logo ele se levantou e recebeu o abraço de vários homens vestidos em seus uniformes militares. Suspirei ao observá-lo de longe. Vestia um terno azul marinho e uma gravata vermelha, os cabelos estavam penteados com gel pra trás, apenas uma franja torta caindo para o lado, o que deixava seus olhos azuis ainda mais intensos.

Assustei-me ao sentir um tapa de leve em meu ombro e olhei para trás alarmado, mas era só Margot, me olhando com um sorrisinho desdenhoso.

━Pelo amor de Deus se recomponha, só falta babar olhando pra ele. -revirou os olhos dramaticamente

━Não é verdade! -protestei, sentindo minha face esquentar

━Todos estão te observando Damien, e logo logo você terá deveres como primeira dama.

━Primeiro cavalheiro! -a corrigi com um risinho, sabendo que ela havia errado de propósito

━Preparar chá para as outras esposas de chefes de estado, por exemplo. -me provocou mais ainda, os braços cruzados em frente ao vestido vermelho

━E quanto a outras coisas? Criar projetos, iniciativas, visitar escolas, hospitais?

Ela me encarou seriamente e podia ouvi-la me xingar através daquele olhar. Suspirei.

━É muito arriscado. Você sabe. -Margot murmurou

━Algum dia eles vão ter que se acostumar comigo, a melhor maneira é agindo normalmente Margot, fazendo o que as outras primeiras-damas sempre fizeram. -suspirei com frustração

━Você é diferente, como disse, é primeiro-cavalheiro. -pude ver o sorriso triunfante dela ao me corrigir- Nem pense em falar sobre isso com Thomas, ele é irresponsável quanto à você, te deixaria até ser presidente por um dia se você pedisse.

A encarei com irritação.

━Se ele deixar o que você vai fazer? -arqueei as sobrancelhas, me referindo à criar os projetos que eu queria, e não a ser presidente.

Não estava em meus planos provocá-la daquela maneira, mas as palavras acabaram saindo sem freio e resolvi sustentar seu olhar apertado e inquisidor. Margot era muito protetora em relação ao governo e à Thomas. No início havíamos nos estranhado, mas logo depois nos demos bem. Agora, no entanto, estávamos nos estranhando novamente.

━Eu faço meu trabalho, você faz o seu. -sussurrou ameaçadoramente e saiu marchando nos saltos

Respirei fundo com frustração enquanto observava Thomas sorridente conversando com alguns homens.

Eu queria ajudar, mas entendia o lado dela, entretanto, sem arriscar não era possível progredir. Não queria passar o tempo restante do governo apenas servindo chá para primeiras-damas ou decorando a Casa Branca.

Thomas olhou-me, os olhos azuis brilhando com o reflexo do Sol e eu sorri para ele. Estava na hora do discurso e ele sempre dava um jeito de me citar nesses eventos mais privados, o que deixava Margot enlouquecida.

Mesmo após 8 meses o público estava se acostumando comigo e eu ainda enfrentava rejeição pela parte conservadora do povo, mas isso era de se esperar. Gostava mais de lembrar que havia muitas pessoas que gostavam de mim, que me incentivavam, mandavam cartas e falavam à imprensa sobre mim de maneira gentil e sincera.

Um homem pediu silêncio para Thomas falar. Ele pigarreou e sorriu em agradecimento, analisando com simpatia uma por uma das pessoas que estavam ali.

━Esse quatro de julho é especial para mim porque posso ser quem eu sou sem precisar me esconder. É isso que deixa esse país incrível: a capacidade das pessoas respeitarem umas às outras.

Eu sabia que nada daquilo era verdade, mas era o discurso esperado dele nessa data tão especial. Era clichê, eu mesmo havia lhe dito, mas era necessário e de praxe.

━Estamos aqui hoje especialmente para honrar os militares que serviram e servem tão bem o nosso país, devemos a vocês grande parte das nossas conquistas e sonhos. As famílias aqui reunidas devem estar orgulhosas de seus parentes, porque eles lutam por vocês, por nós. -sorriu, a voz alta e poderosa- Eu não posso deixar de dizer o quão grato estou por ter sido recebido tão gentilmente aqui. A comida estava incrível, além do mais, -acrescentou com um risinho que fez todos rirem. As pessoas o olhavam com admiração e simpatia- posso perceber isso só de ver o quanto Damien comeu.

Corei ao ter os olhos e risos de todos direcionados a mim. Ri baixinho logo em seguida, evitando olhá-lo novamente para não me perder em seus olhos claros.

━Muito obrigado por hoje senhores, um feliz 4 de julho para todos vocês!

Os aplausos rechearam o ambiente e várias famílias se abraçaram ao som dos fogos de artifício que preencheram o céu azul.

Uma brisa fresca fazia meus cabelos esvoaçarem e eu não conseguia deixar de pensar que aquele dia estava sendo e iria ser incrível, apesar da briga com Margot. Inspirei o ar puro daquele local com um sorriso, adorando o cheiro da grama e das flores que nos cercavam.

Então lembrei da tal “surpresa” que Thomas disse que tinha para mim e fiquei agitado novamente. Estava com medo de que ele fizesse algo que Margot não aprovasse… Suspirei. Não podia ficar me preocupando com o que ela iria achar, Thomas era o presidente.

Thomas sentou-se ao meu lado e arrumou alguns fios do meu cabelo para trás das orelhas, os dedos da mão direita entrelaçaram-se nos meus e eu sorri com alegria.

━Seja paciente, o dia está cheio hoje!

━Estou curioso, nenhuma dica? -pedi num muxoxo

        Ele apenas negou com a cabeça e riu. Respirei fundo e encostei a cabeça em seu ombro, adorando o cheiro do perfume cítrico em suas roupas. O anel que ele me dera brilhava com o sol refletido nele, mas não me cansava de admirá-lo, assim como a Thomas.

______

Ao chegar na Casa Branca fomos informados de que havia alguém à nossa espera. Thomas agradeceu Laura, que continuava a ser sua secretária e me puxou com carinho pela mão até o Salão Oval.

Lá dentro, sentado no sofá e nos esperando estava um homem. Ele devia ser alguns anos mais velho que eu, tinha os cabelos ruivos ondulados e alguns cachos caíam pela testa. Quando nos aproximamos percebi o quão bonito ele era e fiquei surpreso, parecia uma pintura! As sardas preenchiam suas bochechas e os olhos verdes brilhavam como esmeraldas.

━Neal? -Thomas aproximou-se com uma expressão de descrença

Eu não o conhecia, mas podia perceber que Thomas sim e fiquei intrigado. O garoto vestia um terno bordô e usava uma echarpe cinza no pescoço.

━Neal? -repeti, aproximando-me de Thomas e cruzando os braços, olhando o visitante com curiosidade

━Ahn… -ele gaguejou- Ele foi meu antigo secretário.

Eu sabia, pelo jeito como ele havia falado que não fora apenas isso. Apertei os olhos com desconfiança.

━Secretário? -Neal arqueou as sobrancelhas, as sobrancelhas ruivas arqueando-se numa expressão maliciosa- Eu gerenciava sua campanha! -ele riu- Além disso rolavam alguns beijos às vezes, você entende não é? -me provocou com um sorriso

Senti meu rosto esquentar de vergonha e olhei para Thomas com irritação.

━O que está acontecendo? -perguntei

━Eu não sei! -Thomas se defendeu, os olhos alarmados intercalando entre mim e a presença nova na sala- Por que está aqui Neal? -indagou com calma

Depois de meses com Thomas eu nunca havia perguntado a ele sobre seus antigos romances. Eu sabia que ele costumava trazer homens para a Casa Branca, mesmo que isso enfurecesse Margot, mas não fazia ideia de que um desses homens pudesse ser seu outro secretário, ou o que quer que ele tivesse sido.

━Margot me chamou para ajudar Damien com a agenda dele.

Fiquei perplexo com aquela revelação. Ela estava me provocando pelo que eu havia lhe dito? Qual a razão de chamar um ex namorado/secretário/ficante de Thomas justo agora que tudo estava se encaixando? Margot estava louca?

━Eu não preciso de ajuda! -respondi com rapidez, o rosto quente de vergonha

━Pelo que eu vi precisa sim. -ele retrucou.- Você não tem noção do que pode e não pode fazer, tem?

O olhei como se pudesse matá-lo. O que ele queria dizer com aquilo? Me senti humilhado, ainda mais ao perceber o quão bonito ele era, com aquele rostinho angelical, os traços delicados que o faziam parecer uma obra prima viva. O nariz era fino e um pouco arrebitado, o que lhe dava um ar arrogante e as bochechas eram altas e magras.

Ele era bonito demais, não era justo O rosto tinha um formato triangular, a linha da mandíbula era delicada para um homem e os lábios finos lhe davam um ar quase nobre. Logo senti o ciúmes crescer dentro de mim. Eu raramente sentia ciúmes, porque não havia motivo, mas agora…

━Você não estava estudando no Reino Unido? -Thomas lhe perguntou, interessado na resposta e eu bufei de raiva por ser deixado de fora da conversa

━Meu curso acabou Thom.

Thom?! Arregalei os olhos com raiva e cruzei os braços, apenas esperando para ver até onde aquele diálogo iria chegar.

━Damien, -Thomas me encarou e deve ter percebido que meu rosto estava transformado em uma pedra de gelo e sorriu, tentando me acalmar- Neal é formado em administração e é especialista em imagem pessoal. -engoliu em seco ao perceber que eu não estava sorrindo

━E agora sou formado em relações internacionais pela Universidade de Oxford. -Neal acrescentou baixinho

━Parabéns. -murmurei baixinho- Eu… -mordi os lábios pensando em um jeito de sair dali- vou comer alguma coisa. -acrescentei para Thomas, saindo da sala

Eu estava irritado pelo jeito como aquele cara havia me tratado, mas achei melhor sair para esfriar a cabeça e deixá-los conversar. Eu estava tentando ser compreensivo e ao mesmo tempo me resguardando para não ficar estressado demais.

Caminhei pelos corredores em busca de Margo; várias pessoas me cumprimentaram e eu acenei para outros. Era estranho passar por um lugar e subitamente ter toda a atenção voltada para mim.

No entanto, queria mais do que nunca perguntar porque ela havia feito aquilo, chamar aquele cara, ainda mais depois da nossa discussão. Estava me controlando para ser o mais educado possível quando na verdade eu queria gritar com ela.

E finalmente a vi, caminhando em minha direção, a postura séria como sempre. Ajeitou os óculos ao me ver, os cabelos pretos presos num coque bem apertado.

━Margot? -a chamei, minha voz falhou com o nervosismo

━Sim? -arqueou as sobrancelhas. Ela era intimidadora demais.

━Por que Neal está aqui? E por que eu nunca ouvi falar dele? -despejei as perguntas com impaciência.

Ela ficou me olhando por uns segundos, a expressão alarmada se transformando em séria, e finalmente, sorridente (ou irônica?).

━Ah Damien… -ela sorriu- Descobri que ele estava de volta ao país e o chamei pra te ajudar, é claro, mas agora vejo que você pensa que fiz isso pra te provocar. Ele apareceu e foi embora da vida de Thomas bem antes de você chegar, quando ele ainda era governador.

━Mas… tinha que ser logo ele? -indaguei contrariado

━Depois do que você disse ficou claro que sua imagem precisa ser trabalhada, para você poder enfim fazer o que quer, ser útil ao governo. -percebi que ela falou aquilo com dificuldade, como se não quisesse admitir e estreitei os olhos

━Então eu vou poder fazer aquelas coisas? -sorri, um pouquinho mais feliz

━Com uma condição: só se Neal aprovar. -o dedo dela, apontando para mim me dizia que ela não estava brincando

Fechei a cara com irritação.

━Não. -respondi com firmeza- Já nos encontramos e não nos demos bem, ele não vai me deixar fazer nada.

━Ele não está aqui pra gostar de você Damien! -ela revirou os olhos com cansaço pela discussão- Mas sim porque ele é o melhor no que faz. Não se preocupe, tudo tem que ser aprovado por Thomas, então reclame com ele caso Neal te encha o saco.

━Mesmo? -agora eu me sentia esperançoso. Ela me fuzilou com o olhar

━Não sou sua babá, quero férias de você. E de Thomas. -murmurou com seriedade e eu ri baixinho- Neal é a nova babá, ao menos por enquanto.

━Você não vai tirar férias de verdade né? -indaguei curioso, fazendo-a cruzar os braços

━Claro que não! -respondeu com o cenho franzido como se eu fosse idiota- Não temos tempo para férias. Só vou ter férias quando o mandato acabar, e se Thomas decidir não concorrer à próxima eleição. -suspirou

Respirei fundo um pouco mais aliviado. Margot era essencial para nós, não só porque era ela quem cuidava de tudo, mas também pelo respeito que ela impunha em algumas pessoas. Ela realmente merecia férias, mas gostava demais daquele ambiente político para parar, nem que fosse por 1 segundo.

Me olhou com curiosidade ao ver que eu a encarava por vários segundos sem piscar. Me recompus rapidamente.

━Você tem alguma ideia do que é essa surpresa que o Thomas disse que vai fazer para mim? -indaguei com desconfiança

Margot franziu o cenho, coçou o queixo, tentando lembrar de alguma coisa e por fim olhou-me com resignação.

━Não faço ideia, mas tenho medo das surpresas dele. -falou sem empolgação

━Ah, você às vezes é muito preocupada! -sorri e apertei seu ombro

━Não Damien, Thomas é que às vezes esquece que é presidente. -revirou os olhos

Algo me dizia que ela estava reagindo daquela maneira porque era habitual dela reagir às coisas que Thomas fazia para mim com assombro, alarme e cuidado. Eu, no entanto, achava que era ciúmes, porque agora Thomas dividia-se entre eu e ela. Claro que não era um ciúmes amoroso e sim relacionado à atenção e foco que Thomas dedicava ao trabalho, por vezes atrapalhado pela minha presença.

Eu mesmo me sentia culpado às vezes, entretanto eu não sabia como me relacionar com ele, o presidente, sem atrapalhá-lo.

━Agora tenho que cuidar do meu trabalho. Finalmente uns dias sozinha! -ela sorriu e passou por mim com rapidez

______

Ainda era cedo, mas Thomas deveria estar gravando o pronunciamento para a televisão. Eu não duvidava que Neal estivesse com ele, lhe ajudando, sorrindo, com intimidade… Mordi os lábios com irritação e liguei meu computador para checar se havia alguma notícia de Mike.

Ultimamente ele estava escrevendo uma vez por semana, o que me deixava aflito porque eu estava preocupado e sentia saudades, principalmente das conversas calmas que tínhamos no início do namoro.

Respirei fundo e sorri ao ver que a primeira mensagem era dele. Eu e Thomas utilizávamos um programa criptografado para enviar e receber mensagens, assim nos sentíamos mais seguros.

Cliquei na mensagem rapidamente e li lentamente cada palavra, tentando imaginar o que Mike estava fazendo.

Damien,

Tudo está ótimo aqui no paraíso. Tenho 3 agentes me vigiando todo dia e um deles se parece com você, acho que Thomas o escolheu de propósito, para me deixar confuso. Não diga à ele que conseguiu.

Enfim, apesar disso eu me exercito todos os dias, tomo água de côco e aprendi a surfar, além de estar fazendo judô, como eu disse na primeira carta. A vida aqui é incrível e essa casa é maravilhosa, mas grande demais para uma pessoa só.

Várias vezes sonho com Cris e isso faz eu me sentir estranho. Nunca aconteceu antes. Talvez porque ele estava envolvido no plano para te matar… É esquisito falar sobre isso com você, mas eu preciso, para saber quem eu sou realmente e o que eu fiz. Não fiz coisas boas D., não me orgulho delas, mas preciso conviver com as minhas escolhas.

Essa parte de mim que você nunca soube que existia, ela ainda existe, e é uma grande parte do que eu sou.

Não queria tornar essa mensagem num texto difícil de ler, talvez eu esteja um pouco triste também, por estar longe, mas não se preocupe comigo Damien. Qualquer pessoa gostaria de estar onde estou, no Caribe, em uma casa gigante, comendo do bom e do melhor, de frente para o mar e com 3 seguranças me seguindo para lá e para cá.

Escrevi para dizer que estou bem, que tenho saudades, mas que tudo vai se ajeitar no futuro, D. Não se preocupe, tudo vai melhorar.

E diga a Thomas que eu não vou estar aí pra te salvar caso ele queira um segundo mandato! Vocês precisam de descanso e mais alguns anos na presidência dariam o oposto disso pra vocês. Não querendo me meter, mas acho que vocês precisam conversar sobre o que um segundo mandato significaria.

Ouvi dizer que as pessoas estão gostando mais de você, fico feliz com isso, mas não é algo difícil de se fazer, gostar de você. Eu ouso dizer que seu carisma é maior que o de Thomas, as pessoas só não sabem disso. Mostre pra elas a pessoa incrível que você é D.

Beijos, Mike.

Sorri com meus olhos cheios de lágrimas. Pisquei e as deixei rolar pelo meu rosto. Mike pareceu… triste, na carta. Ele estava afastado de tudo, mas ainda tinha televisão e internet, tinha tudo, menos a minha companhia. Talvez ele sentisse falta do país? Ou o sentimento patriota dele morreu no momento em que minha vida ficou em risco?

Eu não sabia o que dizer a mim mesmo para me acalmar. Eu também sentia saudades, mas minha vida com Thomas parecia alegre, e já virara rotina. Eu gostava de ajudar nos discursos dele, de acompanhá-lo, onde quer que fosse, de viajar juntos, dos jantares…

Minha vida havia virado de cabeça para baixo em menos de um ano e eu ainda demorava a me acostumar com aquele novo eu, que gostava de política, que ficava animado a cada notícia ou gráfico que Margot nos apresentava. Minha vida havia se transformado por causa da Casa Branca, e isso não era ruim, apenas… Novo.

Mike sempre teria um lugar no meu coração, mas eu não podia negar que esse tempo afastados nos deixou menos dependentes um do outro. Esse tempo me fez enxergar que meu amor por Thomas é forte demais, intenso demais… E que eu já havia sentido a mesma coisa por Mike, mas os acontecimentos mudaram tudo.

Eu ainda o amava, mas era diferente. Queria ter a amizade dele para sempre, mas era Thomas quem me preenchia, quem me fazia feliz. Só de olhá-lo eu me sentia orgulhoso e alegre. Tomas era o agora, o presente e Mike era a incerteza. Eu não confundia mais as coisas. Esses 8 meses me deram tempo para pensar nas minhas relações com os dois.

Com Mike tudo foi novo e incrível no começo, mas então ele passou a ser menos presente e tudo foi desmoronando. Então Thomas apareceu, eu fiquei encantado e tudo mudou.

Respirei fundo e comecei a digitar uma resposta para ele, pensando com nervosismo no que deveria lhe dizer após ter interpretado aquele tom melancólico em suas palavras. Ele queria conversar sobre o que havia feito, sobre o que ele era… E a palavra “assassino” ainda me dava calafrios, era difícil de aceitar.

Mike,

Eu também sinto saudades. Estou vivendo algo novo, que por vezes parece ser um conto de fadas, mas não é, é a realidade. Ainda estou tentando me ajustar à tudo isso.

Quanto ao seu segurança parecido comigo:espero que ele não seja tão bonito quanto eu. Brincadeira, eu quero que você seja feliz Mike, que encontre um cara tão legal quanto você, que te faça feliz de um jeito que eu não pude. E que te aceite do jeito que você é.

É difícil falar sobre Chris, eu queria te dizer para parar de pensar nisso, mas para você deve ser ainda mais complicado. Eu queria que você tivesse compartilhado comigo suas inseguranças e o que te deixava triste enquanto namoramos, mas sei que isso nunca foi uma opção.

Agora eu sei quem você é, e está tudo bem, eu gosto de você assim mesmo, o passado não define a gente Mike, nós ainda temos o futuro pela frente.

Lendo sua mensagem eu me senti triste… Você anda triste Mike? Pode falar comigo, ou pedir para falar com alguém, não quero te ver assim. Espero que tudo esteja bem.

Sobre o que você é: você é um cara incrível e bonito que me fez feliz por muito tempo, que tem a capacidade de alegrar as pessoas, principalmente eu. Não seja tão duro com você mesmo Mike.

Ainda não sabemos e não falamos nada sobre um segundo mandato. Talvez seja hora de conversar com Thomas, estive adiando esse assunto por muito tempo, mas acho que você tem razão.

Eu estou ótimo, não se preocupe, espero que tudo esteja maravilhoso no Caribe.

Com amor, Damien.

Escrever foi mais difícil do que imaginei. O segundo mandato rondava minha mente, como um ser de outro universo, querendo desesperadamente uma resposta minha. Eu não sabia se queria ficar mais tempo na Casa Branca.

Não queria ser uma daquelas pessoas que provam do poder e não querem mais largar dele, eu não era assim. Na verdade, acreditava que 1 mandato só estava bom, mas não dependia só de mim. Eu tinha medo de falar o que pensava para Thomas e ele mudar de ideia só pra não me deixar infeliz. Ou talvez ele também não quisesse tocar nesse assunto comigo?

Ficar mais tempo na presidência significava mais drama, mais guerras, mais discursos e mais ameaças, talvez. Um segundo mandato não seria difícil de conseguir, não com as pesquisas favoráveis a Thomas, mas eu sabia que a oposição seria feroz e árdua. Não estava disposto a enfrentar mais uma briga. Eu teria que ter o triplo de cuidado, caso entrasse nessa. Qualquer coisa que eu fizesse seria publicada e talvez alterada. Pensando assim, não, eu não estava disposto a enfrentar um segundo mandato. Só precisava falar isso para Thomas.

______

Já eram 21 horas e Thomas pareceu nervoso ao me ver e logo se aproximou rapidamente.

━Eu não sabia sobre Neal, juro.

Suspirei com um sorriso. Ele estava realmente preocupado com a minha reação. Achei injusto ficar irritado com aquilo porque quando Mike estava aqui ele fora compreensivo comigo. Não podia ficar chateado quando o ex dele aparecia quando o meu ex estava aqui e vinha me visitar, meses atrás.

━Tudo bem, falei com Margot, ao que parece ela tem intenções boas por trás disso tudo. -ajeitei sua gravata

━Que bom -ele sorriu com alívio

━Mas que apelido é aquele? Thom? -fiz uma careta

━Ele sempre me chamou assim. -engoliu em seco, sem saber se devia falar mais sobre o “namoro” deles

━Vocês namoravam ou só… ficavam? -arqueei as sobrancelhas com curiosidade

━Ahn… -Thomas coçou a cabeça, sem jeito- Eu nunca pude namorar de fato com alguém, então nós só ficávamos.

Eu sabia que o “ficar” dele significava mais sexo do que qualquer outra coisa. Claro que eu tinha ciúmes, ainda mais depois do jeito com que esse Neal havia chegado, como se fosse melhor que eu, como se mandasse em tudo e já estivesse ali há muito tempo, ainda mais com aquele rosto perfeito.

━Não gostei do jeito com que ele falou comigo -resmunguei

━Eu conversei com ele. Neal mesmo disse que toda mudança que ele fizer terá que ser aprovada por mim, então não se preocupe com isso. -inclinou-se para me beijar

━Margot também me disse isso.

Ficamos alguns segundos em silêncio, até que Thomas me puxou mais para perto e beijou-me com mais vontade. A barba rala raspou meu rosto e eu me arrepiei com aquele toque áspero. As mãos dele seguraram minha nuca, os dedos embrenharam-se em meus cabelos enquanto os lábios moviam-se sobre os meus com volúpia.

Me afastei, em busca de ar e encontrei seu olhar intenso, que parecia brilhar sob a luz da sala.

━Não vamos ver os fogos? -perguntei, sentindo o rosto esquentar

━Está quase na hora, vou chamar Margot.

Sorri ao vê-lo caminhar com rapidez para fora do escritório. Ele parecia um modelo, digno de capa de revista. Eu era realmente sortudo. Sentei-me no sofá e me pus a pesquisar sobre o governo na internet, fiquei surpreso ao notar que a maioria dos resultados envolvia meu nome. Eu nem era tão influente assim!

Uma manchete dizia: Thomas fala sobre acordo com a China, Damien estaria por trás disso?

Revirei os olhos. Como eu poderia estar por trás de algo que cabia somente à Thomas? Desde o dia em que ele havia dito que eu o havia ajudado na resolução do conflito em Israel, várias especulações surgiram na mídia de que eu influenciava diretamente nas decisões do governo. Depois daquilo a aprovação caiu em alguns pontos, mas continuamos nos mantendo com margens boas.

Pesquisei meu nome e acabei encontrando manchetes sensacionalistas, de revistas de moda, sobre estilo e decoração. Coitadas das primeiras-damas, que lidavam com isso por 4, 5 anos.

Damien Novak: o estilo foi influenciado por Thomas, ou o presidente se inspirou no namorado?

Falamos com a família Novak sobre o relacionamento de Damien com o presidente

Eu sabia que minha mãe não aguentaria ficar muito tempo sem querer aparecer na mídia. E ela não poupou tempo. Mostrava minhas fotos de bebê a qualquer jornalista que chegasse. Eu já havia lhe dito para evitar falar com a imprensa, pois ela era uma faca de dois gumes, mas não adiantava, ela gostava de receber atenção.

Meu pai, no entanto, estava feliz demais e ganhando dinheiro como nunca. Era convidado a talk-shows com o intuito de falar sobre direito, mas os apresentadores queriam saber mais sobre mim do que sobre o trabalho dele.

Lilith continuava namorando, mas na escola havia se tornado popular demais e por isso os seguranças seguiam ela onde quer que fosse. Digamos que ela era a mais sensata da família, já que não havia dado entrevistas nem aparecido na televisão. Eu achava importante poupá-la dessa exposição.

Abri a última manchete e li o que minha mãe havia respondido.

P: Quando a senhora conheceu Thomas pessoalmente, o que achou dele? Seu filho estava junto?

R: Sempre achei Thomas incrível. Ele tem uma postura imponente, eu diria até nobre! Conhecê-lo pessoalmente foi uma honra enorme, e sim, Damien estava junto.

P: A senhora notou algo entre os dois logo de cara?

R: Não, ninguém imaginava. Damien sempre foi educado com Thomas, e vice-versa. Mas eu podia ver uma faísca entre os dois, Damien parecia por vezes nervoso perto dele.

P: Foi um grande choque para a senhora, o relacionamento?

R: Sim, mas eu rapidamente compreendi que os dois se amavam. Damien sempre foi reservado e discreto, não conversávamos sobre a vida amorosa dele, mas quando soubemos ficamos felizes. Thomas é o genro que pedi a Deus!

Revirei os olhos ao ler aquelas palavras, não conseguindo evitar a risada que escapou por meus lábios. Nosso relacionamento era bom para ela porque ela recebia a atenção que tanto gostava e podia se bgabar para as amigas que o genro dela era o presidente. Ela adorava enfeitar histórias, mas o resultado era bom para nós, porque nos pintava como o casal do século, do momento. A história de que éramos o “casal queridinho da América” estava sendo vendida.  Eles viam a química que existia entre nós, os discursos de Thomas, sua política externa e tudo isso intimidava os que gostariam de nos odiar.

No entanto sempre nos mantivemos alertas a ameaças, fossem externas ou internas. Estávamos mais preparados agora.

Logo meus pensamentos foram interrompidos ao ver de relance os cabelos ruivos de Neal aparecerem na porta. Ele entrou com passos suaves e postou-se em minha frente. Havia mudado de roupa, vestia uma calça cáqui bege e um colete cinza por cima de uma camisa branca de botões.. Os cabelos estavam penteados para trás. Pude notar que ele era magro, mas devia possuir alguns músculos porque a camisa ficou estufada nos braços.

━Oi, andei dando uma olhada na sua agenda e você tem um evento beneficente para ir amanhã.

━Tenho? -franzi o cenho, sem me lembrar de nada

━Não tinha, mas eu arranjei pra você.

Ele parecia interessado no que estava olhando no tablet que segurava. Fiquei curioso com aquela rapidez.

━Por quê?

━Não era isso que você queria? Participar mais do governo, criar projetos, ajudar instituições? -ele elevou o tom da voz, parecendo impaciente, os olhos verdes me encarando fixamente.

━Era, isso sim, só não achava que seria tão rápido! -exclamei com surpresa

━Bom. É assim que começa, presença em eventos beneficentes, de caridade, para depois você ter voz própria e poder criar o projeto que quiser, seja na área da educação ou segurança, até mesmo saúde.

Ele falou tudo mecanicamente, como se estivesse desinteressado e eu suspirei. Estava me contendo para não perguntar nada sobre Thomas, mas não consegui me conter.

━Você e Thomas se conhecem há muito tempo? -perguntei, fingindo desinteresse e ouvi um risinho dele

Logo Neal largou o tablet e ficou me encarando, um sorriso estranho no rosto enquanto me analisava.

━Há anos, está curioso? -arqueou as sobrancelhas ruivas

━Você voltou aqui só porque Margot te pediu mesmo? -estreitei os olhos

Estava desconfiado que tinha algo a ver com Thomas, aquela chegada repentina, e o jeito como ele olhara para ele me deixara desconcertado.

━Ela me contou sobre o monte de confusões em que você o meteu. Tinha que conhecer o responsável por bagunçar a vida dele ao ponto de fazê-lo ser tão descuidado com o mandato.

Fiquei incomodado com aquela fala. Então ele estava me provocando, dizendo que a culpa de tudo que havia acontecido era minha? Mesmo assim, não havia respondido minha pergunta.

━Não vim aqui só porque Margot pediu. -respondeu- Também estava com saudades dele. Nós éramos muito próximos. -sorriu, olhando para mim. Podia adivinhar que em sua cabeça algumas memórias vieram à tona

━Quando Thomas foi governador, você estava com ele?

━Sim, eu cuidei da campanha de marketing e das pesquisas. Margot aprendeu tudo comigo.

O que era cômico porque ele era bem mais jovem que Margot, ao menos aparentava.

━E… Como começou, você e ele? -senti minha garganta fechar com o ciúmes que sentia

━Ah… -ele riu de olhos fechados- Passávamos muito tempo na estrada, fazendo campanha em vários estados diferentes. Começamos a nos aproximar nas viagens. Sempre senti atração por ele, e eu não conseguia parar de me dedicar ao meu trabalho. Tudo o que ele precisava eu dava um jeito de conseguir. -sentou-se na poltrona à minha frente- E Thomas começou a reparar em mim, os olhares tornaram-se mais intensos e mais longos. Às vezes nos tocávamos de leve, com carinho... e começou assim, alguns toques, até que ficamos sozinhos e finalmente aconteceu.

Não conseguia esconder meus ciúmes. O jeito como ele descrevera… Eu podia imaginar Thomas o seduzindo daquela forma, e ele correspondendo. Aquilo me dava arrepios, imaginar Thomas se relacionando com outra pessoa. Não gostava das imagens que minha mente criava, até porque Neal era bonito demais.

Ele viu que eu fiquei calado e deu um risinho baixo, me observando com os olhos apertados, como se quisesse adivinhar o que eu estava pensando.

━É meio impossível de esquecer alguém como ele.

Pela primeira vez nos olhamos e soubemos que tínhamos aquele sentimento em comum.

━Mas eu tinha que escolher entre Thomas ou a minha carreira. Decidi ir para o Reino Unido, fazer cursos lá. Voltei porque já estou satisfeito com a minha formação profissional, e porque estava com saudades da política americana e dele. Passamos três anos juntos quando ele foi governador.

Sendo quem ele era não fora muito difícil esconder a relação da mídia, afinal ele era especialista nisso. Já comigo fora diferente, a cobrança em cima de Thomas havia aumentado e todos estavam ávidos para saber sobre a vida dele. Havia uma grande diferença entre ser governador de um estado e presidente de um país, a pressão era muito maior.

Eu continuava achando que havia outra coisa por trás da volta de Neal, mas estava mais inclinado a não odiá-lo, ao menos não tanto, agora que eu sabia um pouco mais da sua história com Thomas.

━Mas vocês fizeram um belo trabalho, tiveram sorte por tudo ter ocorrido num timing perfeito. Colocaram a presidência em jogo pelo relacionamento de vocês. -ele sorriu- Thomas deve te amar muito.

Corei e fiquei encarando-o sem saber o que dizer. Olhei para o relógio, estava quase na hora dos fogos. Logo ouvimos passos no corredor e um Thomas sorridente entrou, com Margot ao lado. Ela vestia um conjunto de blazer e saia preto com uma camisa branca por baixo e usava sapatos de salto altos que lhe davam um ar elegante.

━É aqui que teremos champagne? -ela tirou uma garrafa grande de champagne de trás das costas e sorriu com alegria, alguns fios de cabelo cacheados caindo em seu rosto

Thomas cumprimentou Neal respeitosamente e logo sentou-se ao meu lado, puxando-me para um beijo rápido. Eu poderia derreter só com aquele carinho, olhando seus orbes azuis que por vezes tiravam qualquer vestígio de seriedade de mim.

━Vamos para a sacada comemorar. -Thomas piscou e me puxou pela mão até a sacada da sala

Ouvimos o som abafado de passos no corredor e ficamos surpresos ao ver que era Julie, a namorada de Margot. Ela também ficou sem jeito com a surpresa e cumprimentou-a com um beijo envergonhado.

Neal parecia melancólico, olhando para o nada, ainda sentado na poltrona.

Margot e Julie saíram para a sacada e eu cumprimentei a última com um abraço longo. Ela era muito simpática e totalmente o oposto de Margot, alegre e extrovertida.

━Então é aqui a festa?

━Olá Julie, veio comemorar conosco? -Thomas sorriu, massageando meus ombros

━Ora, olha quem falando! Foi você quem me convidou. Margot tem vergonha de me trazer, mas não é vergonha de mim e sim de que você a ache pouco profissional por isso. -ela beliscou Margot de brincadeira e ela resmungou sem jeito

━Eu não sabia disso! -Thomas franziu o cenho- Você pode vir quando quiser Julie, não escute ela, é muito rabugenta.

Todos nós rimos menos Margot. Neal apareceu na porta com um sorriso amarelo.

━Acho que vou para o quarto, feliz quatro de julho.

━Vamos abrir o champagne Neal, fique mais um pouco. -Margot insistiu

Ele olhou para Thomas e pude notar quase uma comunicação entre ambos, o olhou como se pedisse desculpas. Thomas ficou tenso atrás de mim.

━Tenho que preparar a agenda de Damien. -respondeu sério

━Não tem importância, podemos transferir para outro dia. -o incentivei a ficar, mesmo não querendo muito e ele suspirou

━Detesto parecer chato, mas não podemos transferir. Obrigada por insistirem, vou para o meu quarto.

Ele saiu e ficamos em silêncio. Julie logo tratou de bater palmas, olhando para nós com um sorriso enorme. Os cabelos loiros estavam soltos, loiros e combinavam com o vestido curto, dourado e justo que usava.

━Tenho uma novidade!

Thomas relaxou e sorriu, inclinando-se para beijar meu pescoço, as mãos envolveram minha cintura e apoiei minhas costas em seu peito. Havia algo estranho entre ele e Neal.

Margot estava desconcertada porque ela não estava acostumada a não ter o controle da situação. Julie parecia animadíssima.

━Estou ficando curioso -Thomas sussurrou em meu ouvido

━O que é? -perguntei alto para Julie

━Nós vamos ser mães!

A boca de Margot escancarou-se, assim como a minha. Thomas não parecia chocado e logo entendi o porque dela estar ali, era uma surpresa para Margot. Julie havia provavelmente combinado tudo com ele. Ela nunca falava com Thomas porque tinha vergonha de intrometer-se no trabalho de Margot, mas entendi que abriu uma exceção para uma ocasião especial.

Fiquei olhando de uma para a outra, a boca escancarada de surpresa. No momento em que as duas se abraçaram os fogos explodiram no céu noturno, fazendo-as pular de susto. As cores vermelhas e azuis tomaram conta da noite e pudemos ouvir gritos de comemoração pela cidade. Os fogos foram lançados com mais intensidade e rapidez, um atrás do outro, produzido estouros no céu noturno.

Era um espetáculo azul, vermelho e branco que nos deixou boquiabertos de início, mas logo sorrimos e nos abraçamos com alegria. Thomas beijou minha bochecha e eu virei-me para beijá-lo melhor, fechando os olhos ao encostar meus lábios nos dele.

━Eu te amo -murmurei

━Eu também te amo -respondeu com sinceridade, logo em seguida beijando minha testa

Olhei de soslaio e vi Margot e Julie se abraçando, comemorando a notícia e a data. Margot parecia estar chorando e Julie lhe abraçava com carinho, sorrindo sempre. Ainda era estranho vê-la feliz, chorando também, mas imaginá-la sendo mãe era mais.

━E a minha surpresa? -perguntei, inclinando-me para beijá-lo novamente

As mãos de Thomas desceram pela minha cintura e a apertaram, fazendo arrepios percorrerem meu corpo.

━Está te esperando no quarto. -sussurrou, a voz rouca e sexy

━Quero ir lá logo!

━E o champanhe?! -Julie exclamou

━Antes, o champanhe. -Thomas riu e pegou a garrafa para abrir

Margot parecia feliz de um jeito que nunca estivera. Eu não sabia que ela queria ser mãe, e muito menos que Julie estava grávida, mas estava feliz pelas duas. 

O champanhe estourou em meio ao céu explosivo e barulhento. Thomas chamou o mordomo e ele entrou com taças na bandeja. Brindamos e bebemos em meio aos estouros e cores no céu.

━Feliz quatro de julho! -Thomas falou alto, a voz reverberando na noite colorida

______

Senti a barba dele raspando em meu pescoço enquanto me empurrava contra a parede, ao lado da porta do quarto.

Eu estava ficando excitado, ainda mais ao sentir suas mãos apertarem minha cintura, provocando arrepios elétricos por todo meu corpo. Arfei baixinho quando os dentes dele se fecharam em meu pescoço, mordiscando a pele com força. Gemi e o afastei um pouco, tentando fazer minha respiração se acalmar.

━Thomas! E a surpresa?

Ele havia bebido champanhe demais, mas não parou de me abraçar e beijar, rindo baixinho com a voz rouca.

━Eu tinha me esquecido! Está aí dentro.

━O que é? -apertei os olhos, pondo a mão na maçaneta da porta- É um stripper?

Ele riu alto e apertou minha cintura. Sabia que o que Thomas mais queria era tirar a minha roupa, mas eu estava realmente curioso. Por isso, abri a porta do quarto rapidamente.

Senti um toque molhado por cima do jeans e quando olhei para baixo arregalei os olhos. Havia um cachorro ali! Um filhote! Pisquei várias vezes sem saber o que fazer. Ele pulava em minhas pernas e eu só conseguia ficar parado.

━Essa é minha surpresa pra você! Um cachorro, nosso cachorro. -Thomas sorriu de canto e pegou o cão no colo

O filhote logo deu uma lambida em seu rosto e ele fez uma careta. Eu ri e acariciei as orelhas peludas. O pelo dele era branco como a neve e os olhos eram castanhos, era uma bola de pêlo fofa demais!

━Eu não acredito nisso Thomas. Podemos ter um cachorro aqui?

━Claro que sim! -ele arqueou as sobrancelhas, parecia mais animado que eu, e presumi que era por causa da bebida- A maioria dos presidentes tiveram cães, eu não queria ser o único sem um. Além do mais, eu queria uma raça diferente, não acha ele lindo?

Ele estendeu o cachorro para mim e eu o peguei com cuidado, sentindo o pelo macio e fofo entre meus dedos.

━Que raça é? -perguntei, maravilhado, olhando-o mais de perto e recebendo uma lambida no rosto

━É um cão da montanha dos Pirineus. É uma raça francesa, e sim, ele vai ficar gigante quando crescer.

Abracei o filhote contra meu corpo e ele se remexeu todo. Inclinei-me e beijei Thomas nos lábios. No meio do beijo senti um toque gelado em meu pescoço, o focinho dele não parou de tentar nos separar.

━Parece que ele tem ciúmes Thomas -eu ri baixinho

━Ele vai se acostumar. E precisamos apresentá-lo às pessoas, talvez um ensaio fotográfico?

━Sim! -fiquei animado na hora- Ele ainda é um filhote, as pessoas ficariam apaixonadas por ele! E qual nome vamos dar?

Em minha mente várias perguntas eram formadas, uma atrás da outra, mas eu não conseguia processá-las direito porque estava muito feliz. O cachorro não parava de se mexer em meu colo e tentar lamber meu rosto. Eu só queria passar o resto da noite dando atenção àquela bola de pêlo.

━Temos que ver um nome bonito, talvez francês, pra combinar com a raça? -eu apertei os olhos

━Thomas você comprou o cachorro mais pra você do que pra mim não é? Ele é francês igual a você.

Ele ficou me olhando com confusão, sem saber se eu estava irritado ou só fingindo. Quando ri da cara dele o ouvi suspirar.

━Admito que o comprei porque me apaixonei, mas é nosso.

━Ótimo, agora temos um filho. -brinquei acariciando a barriga quentinha do filhote

        Me lembrei de uma coisa e arregalei os olhos.

            ━Você falou com Margot sobre isso? -Thomas mordeu os lábios e passou as mãos nos cabelos com nervosismo

            ━Não, mas agora está feito.

            ━Eu tenho a impressão de que ela não gosta de cachorros… -murmurei

        Thomas ficou em silêncio e eu o olhei com curiosidade. A expressão dele confirmava minha dúvida.

            ━Você tem razão. -ele engoliu em seco

        Passamos o resto da noite em volta do cachorro e decidimos, depois de muita pesquisa e de eu pedir para Thomas falar em francês por uns minutos, pelo nome “Beau”. O francês dele saiu arrastado por causa da bebida e eu me diverti com aquele Thomas bêbado.

Nossa primeira escolha de nome havia sido Napoleão, mas seria puxa-saquismo demais. Aproveitei para ouví-lo falar em francês com o cachorro por longos minutos. Fiquei olhando-os com carinho, sem acreditar naquela cena.

        ━Tu es un beau chien comme ton nom.

        Ele falava baixinho e ria com as próprias palavras. Eu nunca havia visto Thomas tão parecido com uma criança. Eu não entendia nada do que ele falava, mas adorava ouvi-lo.

            ━Eu tinha outros planos pra essa noite… -Thomas sussurrou

        Ele estava quase dormindo encostado na cama. Nós dois estávamos sentados no chão e Beau parecia menos agitado, deitado no colo de Thomas, olhando-me com curiosidade.

            ━Quais planos? -franzi o cenho com um sorrisinho

            ━Envolviam a cama, eu e você, nenhuma roupa, muitos beijos… -ele bocejou

        Eu revirei os olhos, sem controlar meu riso.

            ━Teremos muito tempo amanhã. -pisquei- Agora, vamos dormir?

            ━Mandei preparar um quarto para ele, e contratarem uma babá, para cachorros, claro. -falou de olhos fechados

        Pisquei várias vezes até entender o que ele dizia.

            ━Você contratou uma babá para o cachorro?! -arregalei os olhos

            ━Claro! Alguns dias estaremos ocupados demais para cuidar dele e não quero que se sinta sozinho.

            ━Tem razão -murmurei

        Pela noite ainda era possível escutar o eco de alguns fogos de artifício, mas podíamos sentir que as comemorações haviam acabado. Havia  sido um dos dias mais felizes da minha vida, um dos melhores 4 de julho que eu vivenciara.

______

        Acordei com os beijos de Thomas em meu pescoço. As mãos dele estavam em minha cintura e eu ofeguei baixinho quando seus dedos apertaram minha barriga, fazendo um arrepio percorrer meu corpo.

            ━Thomas -suspirei

        O corpo dele cobria todo o meu, sentia o peito nu dele de encontro às minhas costas, um calor gostoso espalhou-se pelos meus membros.

            ━Bonjour -ele sussurrou em meu ouvido, me fazendo estremecer

            ━Você gostou de falar em francês ontem -ri baixinho

            ━Posso falar o que você quiser em francês -os beijos desceram pelos meus ombros desnudos e senti os dentes dele rasparem na minha pele, assim como a barba que me fez estremecer por completo

            ━Prefiro em inglês, assim eu entendo. -falei com dificuldade para raciocinar ao sentir os braços dele envolverem minha cintura por baixo das cobertas

        Os dedos dele brincaram com o cós da minha cueca e ele a abaixou sem muita demora. Senti o corpo dele encostar ao meu com pressão e ao mesmo tempo suavidade.

        Os beijos desceram pelas minhas costas com delicadeza e estremeci quando Thomas tirou as cobertas de cima de nós.

        Seus cabelos estavam bagunçados mas eu gostava daquele jeito, de como ele parecia selvagem com aquela aparência. Os olhos azuis brilhavam com intensidade e desejo.

        Nossas bocas se tocaram com vontade, os lábios dele roçando nos meus com paixão e lentidão. Abri mais a boca e deixei a língua dele me explorar rapidamente, passando pelos lábios até o céu da boca.

        Meu corpo começou a esquentar rapidamente e conforme o beijo se intensificava os toques dele também aumentavam, passando pelas minhas coxas até chegar ao meu membro.

        Thomas rapidamente o tomou em sua mão, movendo-a para cima e para baixo. A pressão era gostosa e me fez gemer e me contorcer na cama. Movi meus quadris com um gemido, buscando mais contato e mais fricção em seus dedos.

            ━Faz dias que eu não te toco -sussurrou em meu ouvido e eu gemi mais alto com sua voz rouca e baixa em meus ouvidos

        A outra mão dele apertou minha nádega direita e eu mordi os lábios com excitação, adorando aquele toque mais brusco.

        Geralmente nós nos deitávamos e dormíamos na hora, não havia tempo para sexo porque sempre estávamos cansados, mas sempre arranjávamos um tempo para alguns beijos e… algo mais.

        Sorri com os beijos em minha nuca. Os dedos dele apertaram e puxaram minha pele e eu tinha certeza que ali ficariam algumas marcas depois de algumas horas. Os movimentos em meu membro se intensificaram e eu resmunguei ao sentir o ápice se aproximando ao mesmo tempo em que ele massageava minha entrada com o polegar.

        Inclinei meu quadril para trás, buscando mais contato e gemi alto sentindo meu corpo quente se eriçar ao mesmo tempo em que chegava ao orgasmo em suas mãos, que me apertaram com suavidade enquanto eu tremia e ofegava, a boca aberta de encontro ao travesseiro.

            ━Ah… -suspirei com um sorriso, minha respiração ainda descompassada- É ótimo acordar assim -murmurei e ganhei um beijo rápido nos lábios

            ━Eu sei -ele riu

        Depois de alguns segundos, ainda sentindo meu corpo dormente e estremecido, a respiração recém regulada, voltei-me para ele e beijei seu peito desnudo.

            ━Agora é sua vez -inclinei o pescoço e beijei  seus lábios demoradamente

        Desci meus beijos por seu pescoço, demorando-me em seus ombros e orelha, adorando vê-lo estremecer com minha boca. As mãos dele acariciavam minha cintura com carinho enquanto seu abdômen recebia uma atenção especial minha.

        O corpo dele era lindo. Eu achava estranho que em todo esse tempo de presidência ele nunca tivera fotos na praia vazadas para a imprensa… A barriga durinha era a parte que eu mais gostava, principalmente de beijar e ouvi-lo suspirar alto.

        Os dedos de Thomas logo se embrenharam em meus cabelos conforme eu descia sobre o seu corpo. Abaixei sua cueca lentamente, olhando-o enquanto o fazia.

━Você é tão bonito… -ele gemeu as palavras

Ri baixinho, me perguntando se ele se olhava no espelho. Ele era

lindo demais… Olhar para cima e ver aqueles orbes azuis me encarando com desejo e paixão me deixava completamente arrepiado.

Beijei toda sua extensão e enfim o coloquei na boca, tentando acomodá-lo por inteiro sem tocá-lo com os dentes. Apertei os lábios em volta dele, minha língua se enroscando em sua extensão, a saliva molhando-o aos poucos.

Ele emitia alguns gemidos roucos e fui me acostumando e aumentando o ritmo dos movimentos.

Eu gostava especialmente das coxas dele, porque eram bem tor-

neadas e cobertas por uma camada fina de pêlos negros. Apertei o local que eu tanto amava enquanto continuava com minha sucção lenta e gradual.

        Ele começou a puxar alguns fios dos meus cabelos e senti que o orgasmo dele se aproximava. Massageei seu membro com as mãos e inclinei-me para beijá-lo. Thomas não conseguia pronunciar nenhuma palavra, apenas gemer baixinho de olhos fechados, a mão apertada em meu ombro, a testa colada com a minha.

        Insisti para que ele me beijasse e assim que o fez movi minha mão com mais rapidez e vi sua boca abrir sobre a minha num grito mudo enquanto seu corpo todo se contraía e estremecia, os jatos sujando sua barriga e os lençóis.

        O beijei lentamente, sentando-me em cima dele, uma perna de cada lado. Sua respiração estava ofegante e falha, ele mal conseguia me olhar e a mão direita estava atirada em cima dos olhos com cansaço.

            ━Eu não faço ideia do que preciso fazer hoje. -ele murmurou com dificuldade e eu ri

            ━Margot não vai te deixar esquecer.

        Falar sobre ela lembrou a nós dois que precisávamos contar-lhe sobre Beau, o mais novo morador da Casa Branca. Entretanto, não fazíamos ideia de como ela iria reagir.

        Ele havia passado a noite com a “babá” que Thomas contratara, mas eu já estava com saudades.

            ━Não queria me levantar, minhas pernas estão fracas -Thomas falou rindo, cobrindo nós dois com o cobertor

            ━Thomas! -fingi indignação- Não pode se dar ao luxo de ficar na cama, só quando você não for mais presidente.

        Eu disse aquilo brincando, mas lembrei na hora que era um assunto no qual nós dois não tocávamos, mas que precisava ser conversado, de um jeito ou de outro. Mordi os lábios sem saber por onde começar.

            ━Ou… Você vai querer outro mandato? -arqueei as sobrancelhas com curiosidade

            ━Eu ainda não sei -suspirou e pude notar um certo ar melancólico nele

        Ficamos em silêncio e eu deitei-me sobre o seu peito, o coração batendo com rapidez e ansiedade por causa daquele assunto. Thomas acariciou minhas costas e cabelos com delicadeza e eu bocejei com o toque.

            ━Você quer um outro mandato?

        Aquela pergunta era estranha, mas notei que ele parecia ansioso por uma resposta. Respirei fundo, não querendo influenciar na decisão dele.

            ━Você é quem tem que decidir Thomas… -murmurei- O mandato será seu, não meu.

            ━Mas você faz parte de tudo isso. Não tem porquê eu continuar como presidente se você não quer isso. Todas minhas decisões te influenciam, direta ou indiretamente. Nós precisamos tomar essa decisão juntos.

            ━Você quer? -perguntei baixinho com medo da resposta

        Ele respirou fundo e ficou alguns minutos em silêncio antes de responder.

            ━Eu só queria viver com você em uma casa bonita e grande. -foi tudo o que respondeu, com um sorriso nos lábios

        Por um momento me senti aliviado, mas então Thomas acrescentou:

            ━A presidência sempre foi o meu sonho. Não sei se fiz tudo o que estava ao meu alcance para melhorar o país. Às vezes acho que preciso de mais tempo… Um segundo mandato me daria isso, mas é muito estressante. -suspirou com frustração- E agora com você sinto como se minhas prioridades tivessem mudado. Mas… -respirou fundo- Eu sacrifiquei tanto por isso, era o meu sonho, meu objetivo e eu consegui, mas deixá-lo assim, depois de um mandato me dá uma sensação de dever não cumprido.

        Estremeci com aquelas palavras. No fundo ele queria um outro mandato, eu sabia. Thomas era uma pessoa política e jovem, demoraria para ele ficar satisfeito. Eu, no entanto já começava a planejar aquela vida que ele imaginara: nós dois em uma casa, felizes, nos amando…

        Mas eu tinha que ficar ao lado dele, certo? Ainda mais depois de tudo que fizemos e passamos para ficarmos juntos. Não podia decepcioná-lo daquele jeito.

        Senti seu dedo cutucar minhas costas e ele puxou meu queixo para cima para me olhar melhor, agora sério.

            ━Não quero fazer nada que você não queira. Eu não posso imaginar como deve ser para você, de repente no meio de tudo isso. -ele gesticulou para o quarto- É estressante e caótico, e eu entenderia se você não quisesse mais nada disso.

        Engoli em seco e abaixei o rosto sem conseguir olhá-lo.

            ━Thomas, se é seu sonho você tem que continuar porque é uma oportunidade que vários políticos querem, ser presidente um dia. E depois não pode reclamar e pensar no porquê não ter continuado, a sua escolha precisa ser individual.

        Eu me senti dividido com as palavras que disse. Eu acreditava nelas, que para ser presidente era preciso mais frieza e individualidade, mas ao mesmo tempo não queria que ele tomasse uma decisão sem me incluir. Entretanto, eu sabia que se ele escolhesse um segundo mandato eu ficaria ao seu lado, mesmo que isso nos desgastasse agora fazia parte de nós, aquela realidade.

            ━Uau, você falou como um político agora.

        Ele riu mas eu percebi uma pontada de decepção em sua voz.

______

        O evento beneficente era em prol de reformas em um hospital infantil. Minha função basicamente foi sorrir, tirar fotos e dar entrevistas rápidas para as equipes jornalísticas que cobriam o evento.

        Falei rapidamente com a imprensa, sempre lembrando do texto que Neal havia me mostrado no carro, sobre o que eu deveria falar. Ele havia me dito que eu precisava dar a impressão de que eu me importava (eu me importava, mas ele falou exatamente nessas palavras), e que eu estava muito feliz por fazer parte de algo que vai melhorar a vida de várias crianças.

        Não teríamos tempo para visitar o hospital, mas pedi à ele para arranjar um tempo na minha agenda em outro dia para isso. Eu queria ver a realidade daquelas crianças e talvez tentar ajudá-las mais, eu tinha a mídia ao meu favor para melhorar as coisas.

        Thomas não havia ido comigo e eu estava sozinho com Neal no carro, na volta para casa. Ele pareceu indiferente e desinteressado o caminho todo, o que me deu a entender que ele era uma pessoa fria.

        Já podia ver na internet várias fotos minhas dando entrevista, falando sobre o hospital, batendo palmas… A recepção havia sido positiva e eu estava feliz com o resultado, afinal, era apenas o início para mim.

        Eu tinha um longo caminho a trilhar para me aventurar por outras causas essenciais ao governo, que poderiam ajudar.

        Saímos do carro assim que chegamos e Neal se despediu com um aceno.

            ━Obrigado! -gritei enquanto ele se afastava

        Ele assentiu e seguiu seu caminho. Eu ainda achava a presença dele ali muito estranha.

Lembrei que Thomas ficara encarregado de falar com Margot sobre nosso cachorro e corri para dentro, ansioso por saber como ela havia reagido.

Os encontrei no salão oval e ela tinha uma expressão indiferente no rosto, de braços cruzados. Assim que me viu Margot deu um sorrisinho torto.

            ━Sua visita ao hospital está sendo mencionada positivamente na mídia. Parabéns! Neal sabe fazer essas coisas. -ela piscou

        Revirei os olhos e sentei-me na poltrona, Thomas inclinou-se e me beijou rapidamente nos lábios.

            ━Bom trabalho -murmurou com um sorriso

        Comecei a me sentir mais feliz com aqueles comentários e com a reação positiva das pessoas. Eu poderia fazer muitas outras coisas boas para o governo e para mim também. Eu gostava de ajudar e de ser útil e finalmente estava começando a me engajar em projetos sociais, mas eu sabia que era só o começo.

            ━Thomas me contou sobre… o novo morador da Casa Branca. -ela estreitou os olhos, olhando de mim para Thomas rapidamente- Um cachorro sempre deixa as pessoas mais felizes, acho que todos vão gostar dele, vai ser como um apaziguador. Podem até odiar vocês, mas o cachorro? Nunca.

        Eu ri com aquelas palavras. Estava aliviado por ela não ter achado o fim do mundo, nem ter reagido mal, no entanto ainda tinha uma dúvida…

            ━Margot, o que acha de conhecê-lo? Ou você não gosta de cachorros? -a provoquei em tom de brincadeira e ela suspirou

            ━Passo, prefiro gatos.

            ━Seu filho ou filha vai brincar com ele, vai ser parte da família! -Thomas acrescentou e ela respirou fundo

            ━Esse assunto de filhos faz eu me sentir estranha.

        Ela parecia desconfortável, talvez porque nunca havia pensado em ser mãe? Ou tudo aconteceu muito rápido? Margot nunca falava sobre sua vida pessoal, preferia focar no trabalho, mas nós dois estávamos curiosos.

            ━Por quê? Tudo vai mudar agora, talvez você até fique mais alegre. -Thomas murmurou com uma risada e ela revirou os olhos

            ━Justamente por isso! Quando começamos o procedimento de fertilização eu não pensei que daria certo tão rápido, mas Julie parecia tão feliz… -ajeitou alguns fios de cabelo que teimavam em bagunçar seu rabo de cavalo

            ━Mas… -Thomas engoliu em seco antes de prosseguir- Você quer ter filhos, certo?

        Ela ficou em silêncio e subitamente pareceu mudar de postura, ficando séria e rígida.

            ━Thomas você está atrasado, Neal está te esperando na sala ao lado.

        Arqueei as sobrancelhas. Ela realmente não gostava de falar de assuntos pessoais.

            ━Neal? -perguntei com curiosidade

            ━Sim, ele pediu para analisar meu discurso desta tarde e dar uma olhada em algumas leis pendentes de aprovação.

        Thomas respondeu sem muita vontade, sabendo que eu ficaria chateado.

            ━Mas eu analiso seus discursos sempre… -murmurei baixinho

        Ele se aproximou e segurou meu rosto com as duas mãos, delicadamente.

            ━Pensei que seria melhor se ele analisasse porque você está cansado, não? E agora tem seus próprios discursos para fazer. Não quero te atarefar demais. -sorriu com gentileza

        Eu estava aborrecido, mas ele estava certo. Precisava começar a planejar meus próprios discursos, mas não significava que eu queria parar de ler os dele, eu gostava de fazer aquilo.

            ━Tudo bem -puxei-o pela gravata e o beijei ternamente

        Margot tossiu, nos lembrando que ela ainda estava ali.

            ━Preciso discutir futuros eventos para você ir Damien.

        Thomas acenou para ela e se retirou rapidamente, deixando um rastro de seu perfume na sala. Eu suspirei e levantei-me com preguiça, indo até onde ela estava, em pé atrás do gabinete.

            ━Mas Neal não ia cuidar disso? -estranhei aquilo

            ━No momento acho melhor Neal cuidar da agenda de Thomas e eu cuidar da sua.

        Cerrei os dentes com irritação. Eu estava me sentindo excluído. Saber que Neal e Thomas trabalhariam juntos me deixava enciumado e preocupado. Não sabia quase nada sobre a relação deles, o que me fazia ficar ainda mais de fora.

            ━Por quê? -ela respirou fundo com irritação

            ━Por que ele é mais qualificado para cuidar da agenda de um presidente, e ele conhece o estilo de Thomas, os horários que ele gosta ou não…

        Fechei a cara com impaciência. Eu também sabia de tudo aquilo!

            ━Damien, não é hora pra você ter ciúmes. Só estou fazendo isso porque não quero que a aprovação caia nem um ponto a mais.

            ━Justo agora? A aprovação continua alta! -comecei a ficar irritado e ela também- Ele que sugeriu isso ou você?

            ━Você está se comportando como um garoto mimado! -ela falou num tom alto

        Ficamos em silêncio, minha respiração estava descompassada e o rosto de Margot estava vermelho. Eu havia conseguido deixá-la furiosa, mas eu não me importava, estava com raiva por ser distanciado de Thomas daquele jeito.

            ━Damien, nada vai mudar. Você e Thomas continuarão dormindo na mesma cama, acordando juntos, namorando…

            ━Até Neal resolver viajar com ele pra fazer qualquer coisa relacionada ao governo e me deixar sozinho.

            ━Se você se sente tão inseguro em relação a Neal devia falar com Thomas! Não gosto desse seu comportamento. -ela praticamente rosnou a última frase antes de sair do recinto

        Eu sentia irritação e ciúmes, tudo ao mesmo tempo e queria desesperadamente tentar contradizê-la, mas ela tinha razão. Eu estava apavorado com a presença de Neal. Eu queria e precisava de uma garantia de que nada mais aconteceria entre Thomas e ele.

        Talvez eu estivesse agindo daquela maneira por causa da aparência dele? Eu me sentia ridículo perto de Neal. E Thomas parecia sempre um pouco nervoso perto dele… Eu sentia uma insegurança imensa.

_____

        Já passava das 18 horas e eu não havia falado com Thomas. Sabia que ele recém havia chegado de uma visita aos memoriais de soldados mortos durante as guerras, mas não tinha a mínima ideia de onde ele estava.

        Resolvi procurá-lo pelas salas da Casa Branca. No Salão Oval ele não estava.

        Passei pela sala de imprensa, acenando timidamente para quem me cumprimentava. Recebi alguns tapinhas nas costas, alguns elogios e agradeci todos, sentindo-me mais alegre.

        Quando estava caminhando em direção à residência oficial ouvi a voz de Neal vindo de uma das salas.

        Me aproximei com lentidão e conforme dei alguns passos notei que a voz dele parecia anasalada, como se estivesse chorando. Vinha da sala de conferências, agora vazia devido ao horário. A porta estava entreaberta e espiei por entre a fresta, intrigado com o tom da voz de Neal.

        Fiquei surpreso ao constatar que Thomas estava com ele, em sua frente, ambas as mãos nos ombros dele, olhando-o fixamente e tentando acalmá-lo. Ele não estava chorando, só parecia desesperado.

        Franzi o cenho com curiosidade, pensando se devia interromper ou não.

            ━Thomas você sabia que eu ia voltar. -ouvi sua voz baixa, quase ameaçadora- Eu te amo ainda… -sua expressão torceu-se em angústia

            ━Não eu não sabia! Você sempre adorou viajar e pensei que não voltaria, que gostaria da Inglaterra e ficaria lá.

        A voz de Thomas era séria e forte, ele falava com convicção e um pouco de pesar. Mordi os lábios com curiosidade.

            ━Eu adoro viajar, mas eu também gostava da sua companhia. -suspirou com pesar, Thomas cruzou os braços- Você disse que ia me esperar.

        Espiei pela fresta e Thomas pareceu impaciente e irritado. Ele arrumou os cabelos para trás e respirou fundo com resignação.

            ━O tempo passou Neal.

            ━Eu não acredito que você não sente mais nada por mim. Nós éramos inseparáveis! E não podíamos ficar longe um do outro… -os olhos dele pareciam brilhar, talvez porque estivesse quase chorando?

            ━Neal eu estou com Damien. O que nós tivemos foi incrível e eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo naquela época. Eu conseguia tudo, era uma vitória atrás da outra e de alguma forma você me ajudou a chegar onde eu estou mas… -ele fechou os olhos e suspirou- Isso aconteceu. -apontou para a sua volta- A presidência, e você estava longe, então Damien apareceu…

        Senti meu coração pulsar rapidamente e engoli em seco. Não queria interpretar mal o que Thomas disse, mas minha mente me levava a ver o lado negativo das palavras. Se eu não estivesse aqui e Neal tivesse voltado, eles voltariam a namorar?

            ━Ah Thomas… Nós dois juntos conquistaríamos tantas coisas mais. Ele não é o cara certo pra você.

        Meu sangue ferveu de inquietação com aquelas palavras. Espiei e vi que eles estavam mais próximos e Neal arrumava a gravata de Thomas, olhando-o fixamente, o rosto contorcido com tristeza. Os cabelos ruivos estavam meio encaracolados, mas permaneciam sedosos. Ele sorria melancolicamente.

        Thomas pegou sua mão.

            ━Neal, ele estava aqui comigo, ele me ajudou, ele ficou ao meu lado. Eu construí uma relação com Damien.

            ━Eu sei mas… Thomas, eu sei que você sente saudade. Eu lembro como se fosse ontem, nós dois rindo e conversando durante a madrugada inteira, comendo pizza… E o sexo era incrível. -ele fechou os olhos com um sorriso sincero

        Enrubesci, de onde eu estava podia ver que Thomas estava desconfortável, mas notei um brilho enigmático em seu olhar. Os dois se olhavam com intensidade e eu podia sentir algo emanando deles, talvez fosse química?

        Mordi os lábios com tristeza. Era claro que ele tinha segundas intenções por trás daquela chegada.

            ━A gente costumava fazer em qualquer lugar e até eu mandava pros ares minha responsabilidade de te proteger quando se tratava de sexo. Lembrando agora, nós corremos tantos riscos… -riu com amargura

        Thomas engoliu em seco e Neal apoiou as mãos em seu peito, olhando-o de perto. Perto demais para o meu gosto.

        Eu estava espiando, mas eu queria ver até onde Neal ia e quais as reais intenções dele.

            ━Eu não me importo de ser o outro. -ouvi-o sussurrar baixinho e arregalei os olhos- Eu sinto tanta saudade… -ele praticamente gemeu as palavras

        Ele estava me provocando demais. Respirei fundo tentando me controlar e quando olhei-os novamente eles estavam se beijando!

        Não consegui acreditar no que eu vi. Pisquei inúmeras vezes, a descrença estampada em meu rosto.

        Neal havia se inclinado e abraçado Thomas pela nuca. A boca dele se movia lentamente e eu diria até sensualmente na de Thomas. O vi lutar contra o que sentia, a expressão assustada com a iniciativa, mas segundos depois ele fechou os olhos e ficou parado. Senti meu coração se despedaçar.

        Algumas lágrimas formaram-se em meus olhos e eu empurrei a porta devagar, olhando-os com o cenho franzido de ódio.

            ━Damien! -Thomas empurrou Neal e aproximou-se de mim, o rosto torcido em preocupação

            ━Eu sabia que algo estava errado. -murmurei- Eu quero ele longe da Casa Branca. Pra sempre. -falei com dificuldade, sentindo minha garganta arder

        Meu corpo tremia de raiva e a visão estava turva pelas lágrimas. Neal me encarava com os olhos um pouco arregalados. Thomas parecia desesperado, mas eu não me importava.

            ━Tudo bem, ele vai embora. -falou, segurando meu rosto com carinho

        Olhei-o com irritação, as sobrancelhas unidas. Os olhos azuis pareciam arrependidos e tristes.

            ━Se eu não tivesse entrado agora você teria continuado? -perguntei num murmúrio, apenas para ele ouvir

            ━Não! Eu não sabia o que fazer, me desculpe Damien, eu sinto muito. -ele me abraçou

        Senti um toque brusco em meu braço, mas quando me virei uma dor profunda atingiu meu rosto. Só consegui ouvir gritos e xingamentos por parte de Thomas. Ouvi passos pelo corredor, mais gritos, a voz de Margot e Neal berrando palavras de ódio. Apaguei no meio daquela confusão.


Notas Finais


* E AGORAAAA???
* Sim gente, o Neal bateu no Damien hehe, no próximo capítulo veremos que ele é um pouco perturbado HEHEHE
* O que acharam??? Próximo capítulo: Extra 2 - Thomas
* Como vocês estão meus queridos? Obrigada por acompanharem minha fanfic e por terem lido quase 12 mil palavras!! Deu 50 páginas no Word :O Então obrigada, de coração, vocês são guerreiros! hahaha
* Comentem e me digam o que acharam ♥
* O PRESIDENTE NO WATTPAD (se puderem votem nos capítulos pra me ajudar) ->https://www.wattpad.com/myworks/94766612-o-presidente


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