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História O Presidente - Revelações


Escrita por: gioberlusse

Notas do Autor


* OLÁ ♥
* Graças a Deusa estou conseguindo postar 1 cap. por semanas :D
* E isso se deve aos comentários que estou recebendo que me incentivam muito s2
* Muito obrigada por acompanharem minha fanfic, espero que gostem desse capítulo :)

Capítulo 8 - Revelações


              O jantar na noite anterior fora tranquilo na medida do possível. Não conseguira prestar atenção direito no que meus pais me perguntavam ou no que conversavam entre si. Lilith tentava me incluir nas brincadeiras de vez em quando, mas eu não as entendia, ou não respondia, distraído com meus pensamentos.

            Minha mãe se mostrou a pessoa que mais estava orgulhosa de mim. Meu pai apenas me deu um tapinha nas costas e parabenizou-me pelo emprego, acho que pela quarta vez. Lilith estava radiante como sempre, e pediu para eu lhe contar tudo sobre a Casa Branca, e Thomas. A única coisa que me fez rir foi saber que ela tinha uma paixonite por ele.

            Minha mente ficou inundada de pensamentos caóticos e frenéticos durante toda refeição. Não conseguia pensar em outra coisa que não fosse no que Mike havia me dito. Ainda relutava em aceitar aquela realidade. O fato de que talvez eu corresse um perigo mortal ao me relacionar com Thomas me deixava estático e desesperado.

            Acordei com meus olhos doendo e ardendo. Não havia dormido direito. Fiquei me revirando na cama até as 3 da madrugada, meu cérebro aceso como um outdoor neon que não me deixava descansar. Foi impossível acordar e não lembrar instantaneamente da realidade que agora me assolava.

            Saber que Mike trabalhava para a organização que me achava uma ameaça era pior ainda. Havia respondido a mensagem de Thomas da noite anterior dizendo que iria dormir em casa. Não obtive nenhuma outra resposta como “tudo bem”, “não faz mal” ou “amanhã conversamos”. Mas eu também não estava querendo recebê-las, era melhor daquele jeito. Não sabia mais como me portar na frente dele, se devíamos terminar o que quer que havíamos começado ou virarmos completos inconsequentes e colocar minha vida em jogo ao continuarmos juntos.

            Era dia de trabalho, mas eu não tinha mais vontade de ir para lá. Antes eu me sentia nervoso, ansioso, até animado por ir para a Casa Branca. Pensava: quais serão as novidades de hoje? Ávido por estar dentro do jogo político. Mas agora me sentia apático, estarrecido, resignado diante daquela nova realidade.

            Eu deveria pedir demissão? Tentava organizar minhas ações do dia. Primeiro: falar com Thomas e contar tudo o que eu já sabia e a partir disso tentar encontrar alguma solução para a nossa situação. E admitir que ainda nutria sentimentos por Mike.

            Havia uma parte imprudente de mim que queria fervorosamente estar com Thomas e ter uma relação perigosa, proibida. A outra parte preferia um namoro calmo com Mike. No entanto lembrei-me que com Mike nada mais seria tranquilo dali para frente. E tudo seria na mesma proporção agitada com Thomas. Ambos tinham vidas secretas. Eu não poderia ter escolhido melhor minhas paixões?

            Existia ainda todo meu medo de que meu romance com Thomas vazasse para o mundo. Le havia sofrido para conseguir todo aquele prestígio, não queria me sentir culpado por acabar com sua carreira.

            Rolei na cama uma outra vez e finalmente levantei-me. No espelho minha aparência não poderia estar pior. Cabelos desgrenhados, olheiras e senti um pouco de mau hálito.Torci o nariz para o meu reflexo.

            Resmunguei ao lembrar que precisava trabalhar. Os sentimentos de dúvida, terror e apreensão dentro de mim não me deixavam raciocinar direito. Com resignação achei melhor me vestir logo e enfrentar meus medos, parar de ficar adiando meu confronto com o inevitável.

______

            As risadas ecoavam pelos corredores brancos, me deixando tonto e desnorteado. O clima geral era de felicidade e comemoração. Sorri ao constatar que eu era um pouquinho responsável, mesmo que indiretamente, por aquela alegria toda.

            Não sabia se ia ser um acordo permanente, nem até quando aquele contentamento ia durar. Tudo podia acontecer. Mas eu já ouvia as conversas nos corredores, e ao que parecia a Rússia estava cooperando com os EUA na escolha de um território para os rebeldes. O que era ótimo, porque o silêncio da Rússia estava ficando amedrontador.

            Caminhei até o salão Oval com pouca vontade, quase me arrastando, perdido em pensamentos desconexos e ansiosos. Olhei para os lados durante todo o caminho, sentindo um medo súbito, como se um alarme tivesse sido ligado em meu cérebro. Olhei rapidamente cada segurança pelos quais eu passei, imaginando se algum deles não trabalhava para a PNPA, minha mente perdida em ansiedade e pavor com as hipóteses que eu criava.

            Estava começando a ficar paranoico. Suava frio caminhando pelos corredores, um medo inexplicável tomando conta de mim.

            Ao chegar Laura estava lá, digitando alguma coisa no computador. Olhei para a porta da sala do Salão Oval e suspirei. Tudo havia acontecido ali dentro.

            Me arrependi do momento em que achei aquela pasta. No entanto, sabia que não havia como evitar tê-la encontrado. Passei alguns segundos tomando coragem, preparando minha mente e passando a limpo tudo o que precisava dizer a ele.

            —Senhor Novak? –Laura me chamou

            Sobressaltei-me ao ouvir meu sobrenome. Percebi que estava há alguns segundos parado olhando para a porta feito um idiota. Sorri e me aproximei dela.

            —Posso falar com o presidente? –referir-me a ele com aquela alcunha começara a ser estranho

            —Ele está na residência oficial, parece que está tirando umas horas de folga, comemorando o acordo com a Rússia. –sorriu e notei que ela também estava eufórica com a vitória. O país inteiro estava.

            Assenti com a cabeça e murmurei “Obrigado”. Perguntei-me se ela sabia, sobre Thomas e eu, me xingando por estar criando hábitos mentais bizarros.  Não conseguia evitar, toda vez que conversava com algum funcionário daquele lugar uma pergunta pairava em minha cabeça repetidamente: será que alguém sabe?

             Retirei-me com passos lentos. Teria de ir até a residência oficial para conversar com ele. Tentei dizer a mim mesmo várias vezes que tudo daria certo, que Thomas e eu resolveríamos qualquer impasse com relação a nós, mas no fundo eu sabia que estava apenas me iludindo mais.

            No meio do caminho resolvi passar pela sala de imprensa e arqueei as sobrancelhas ao chegar na porta e escutar vários gritos de comemoração. Algumas pessoas tomavam refrigerante como se estivessem em uma festa de aniversário. Franzi o cenho estudando os rostos que ali se encontravam, onde estava Margot?

            Virei-me, decidido a encontrá-la e perguntar se algo mais havia acontecido, mas não foi necessário porque ela estava bem ali, atrás de mim. De braços cruzados, vestindo um terno bordô, me olhando com uma expressão petulante.

            —Damien –me cumprimentou e adivinhei que devia estar se perguntando o que eu fazia ali

            —Olá Margot. –murmurei- O que eles estão comemorando? –apontei com o dedo para dentro da sala

            —Você não sabe? –ela arqueou as sobrancelhas e me olhou com desdém- O índice de aprovação do governo subiu para cinquenta e sete por cento.

            Arregalei os olhos em choque. 57? Era mais da metade da população dos Estados Unidos. Ela aliviou um pouco a expressão desdenhosa do rosto e se permitiu sorrir de canto para mim. Percebi que no fundo ela estava dando pulos de alegria, afinal era uma vitória atrás da outra.

            —Tudo por causa do decreto?

            —Isso e todas as políticas de cunho social e econômico do governo Klint.

            —Fico feliz –sorri com sinceridade- E me desculpe por ter falado daquele jeito com você ontem. –murmurei

            Eu sabia que não era eu quem deveria estar pedindo desculpas, mas resolvi tomar iniciativa porque não queria ficar num clima chato com ela.

            Margot arqueou as sobrancelhas, acho que não esperava que eu fosse dizer algo daquele tipo. Ajeitou o cabelo curto atrás das orelhas um pouco desconcertada e evitou meu olhar.

            —Eu posso ser meio rude de vez em quando também. –admitiu sem me olhar diretamente

            Sorri demonstrando que queria uma trégua e que ela parasse de me provocar diariamente.

            —Tenho que conversar com Thomas agora, até mais–falei

            Esperei algum comentário sarcástico, mas Margot não disse nada, apenas assentiu com a cabeça e entrou na sala, murmurando um “até mais” antes de fechar a porta. Alguma coisa estava correndo bem para mim aquele dia. Acho que a trégua havia sido aceita.

______

            Diminuí os passos no momento em que o som da música inundou meus ouvidos. Era uma melodia lenta, melancólica, eu diria que até triste. Segui o ritmo e adentrei pelo corredor até a sala do piano.

            Eu nunca havia visto Thomas com calça jeans antes e podia dizer que o resultado era bem agradável, até demais. Ele parecia à vontade, de uma maneira que eu nunca havia visto antes. Usava uma camiseta azul de manga curta cuja barra estava metade fora e metade dentro das calças. Seu rosto declarava uma serenidade que eu desejava para mim.

            Os cabelos estavam sem gel dessa vez, e pude admirá-lo como era realmente, com volume e ondulações, alguns fios atrapalhando sua visão. Amei tanto aquele visual que fiquei segundos o admirando, parado na soleira da porta. Thomas parecia mais jovem e sem preocupações.

            Desejei não interrompê-lo, mas seus olhos foram parar em mim logo que  entrei o aposento. Quando me aproximei sua expressão irradiou alegria.

            Meu coração acelerou com sua expressão. Foi naquele momento que eu percebi: eu estava apaixonado por Thomas. Seu rosto era sincero e exibia um dos sorrisos mais lindos que eu já vira.

            O que eu precisava dizer para ele? Mordi os lábios de preocupação, subitamente esquecido pela sua beleza ofuscante. A música cessou e ele levantou-se, se aproximando de mim com passos largos, deixando-me um pouco tonto com seu sorriso torto.

            —Estava ansioso para te ver! –beijou minhas bochechas

            Thomas era mais alto que eu, tinha sempre que olhar para cima ao falar com ele, mas qualquer ângulo me deixava desconcertado. Fechei os olhos e sorri sincero inspirando o perfume cítrico que ele emanava.

             Thomas não havia ficado aborrecido comigo por não ter ido comemorar noite passada, o que me deixou aliviado. Estava perdido em seu olhar e em sua felicidade quando lembrei-me do que precisava contar para ele.

            —Parabéns, pelo decreto –sorri e ajeitei sua gravata tentando me preparar para o que realmente precisava dizer

            Um de seus braços enlaçou minha cintura e me trouxe para o mais perto dele possível. Meu corpo respondeu ficando quente e alarmado, aquela aproximação deixando-me sem jeito e nervoso.

            —E pelos cinquenta e sete de aprovação –murmurou e estalou um beijo em minha boca

            Eu ia falar o quão bom era aquilo, porque 57% era um índice muito alto e nunca conquistado antes, mas sua boca envolveu a minha num beijo sôfrego, como se não nos víssemos há dias. Meus lábios formigavam com o contato, notei que ele ria durante o beijo, enquanto apertava minha cintura, meu corpo arrepiava-se com seu toque.

            Então finalmente me largou com um último selinho. Agradeci, pois seria difícil colocar as ideias no lugar com ele me beijando daquele jeito.  

            —Gostei das roupas –confessei, o que o fez rir

            —Eu sempre me visto assim quando não tenho compromissos, o que me lembra –arqueou as sobrancelhas- que eu tenho algumas horas só para nós dois.

            Suei frio com aquela proposta e sua expressão. Ele estava tão feliz... E eu iria arruinar tudo. Suspirei nervoso. Olhou-me preocupado, notando que alguma coisa estava errada.

            —Damien? Tem algo errado?

            Levou-me pela mão para sentar no banquinho desconfortável do piano. Cedi com um suspiro, não podia ficar escolhendo qual local seria ideal para ter aquela conversa.

            —Sim. –respondi com a voz embargada, sentindo um nó se formar em minha garganta

            Eu havia ficado tão feliz só de vê-lo tocar piano, de vê-lo alegre, sorrindo. E por culpa minha aquela alegria ia ir embora. Entenderia se ele ficasse chateado comigo. Travava uma batalha interna entre me culpar ou não, por ter levado aquilo longe demais.

            —O que houve? –pegou minhas mãos e as uniu nas suas, transmitindo um pouco de conforto

            —Thomas, eu encontrei uma pasta com minhas informações no Salão Oval. –sussurrei com medo de sua reação

            Seus olhos se arregalaram e ele ficou estático, me olhando sem dizer nada. Engoli em seco e tirei minhas mãos das suas, não suportando encará-lo tão diretamente.

            —O fato de você ter me investigado não é o problema e eu não estou irritado com isso. –falei sinceramente, minhas mãos apertadas nem meu colo- Mas eu descobri sobre Mike, Thomas. Você perguntou qual era o nome do meu namorado, se lembra?

            —Damien eu... Eu lembro, claro que sim, mas eu só fui ligar os pontos nesse dia. De que o Mike que eu mandei para te investigar e o Mike seu namorado eram a mesma pessoa. -sua voz estava cheia de angústia-Eu não fazia ideia de que era seu namorado, não até você me dizer o nome completo dele para mim. Não podia te falar que ele havia investigado sua vida, afinal ele trabalha no serviço secreto.

            Então Thomas não sabia... O que o tornava ainda mais inocente naquela história toda.  E achava que Mike ainda trabalhava no serviço secreto. Seus olhos suplicavam para que eu entendesse. Era ele quem não queria que eu ficasse com raiva. E eu não estava, só queria resolver todo aquele conflito de interesses entre eu e aquela organização secreta.

            —Mike não trabalha mais no serviço secreto. –murmurei com receio de que não poderia lhe dizer aquilo- A história toda é pior do que eu pensava Thomas. –admiti com a voz trêmula

            —Damien, o que quer dizer? –seus olhos azuis estudaram meu rosto, ávidos por uma resposta

            —Você conhece a PNPA? –perguntei. Mike havia me dito que nem Thomas a conhecia, mas tinha que testá-lo

            —Não, o que é? –pareceu confuso e odiei vê-lo daquele jeito, sem saber de nada

            —Ah –suspirei com alívio- É uma organização secreta, a sigla significa “Proteção Nacional do Povo Americano”. Mike me disse que eles cuidam para que boatos e escândalos não atrapalhem a política e economia do país. E também para que o presidente, no caso você, não se envolva em polêmicas ou administre mal o país. –engoli em seco- Mike agora trabalha para a PNPA, disse que foi como uma promoção. E também me disse que eles sabem sobre nós. –sussurrei aquela última parte como se alguém estivesse espreitando por ali, ouvindo nossa conversa

            —Como assim? –parecia monossilábico, talvez porque estivesse surpreso com o que eu falava

            Foi a primeira vez que vi Thomas ficar perplexo e assustado. Eu senti e vi o temor em seu rosto, seus olhos me esquadrinhando como se eu estivesse mentido, procurando algum indício de que era uma brincadeira tudo o que eu estava dizendo. Me senti mal porque tudo aquilo era verdade, infelizmente.

            —Alguém que trabalha aqui contou sobre nós. Eles devem ter agentes infiltrados em todos órgãos públicos. –respirei fundo antes de continuar- Isso significa que não me querem aqui, porque eu sou uma ameaça ao país, ao povo e a você. –expliquei evitando encará-lo

            —Existe uma organização secreta que eu não conheço? –de repente pareceu enraivecido, como se tivesse saído da perplexidade, me olhando com indignação

            —Ah Thomas, acho que não é a única. Mike me contou que eles vão a extremos para proteger o país... Isso inclui assassinatos. –falei baixinho com tristeza- E que eu sou um alvo direto agora. Sugeriu que eu saísse por um tempo de perto de você. –engoli em seco

            —Mike, Mike, Mike! –ele se levantou irritado e eu me retraí no banco.- O que ele sabe sobre administrar o país? Por acaso ele te deu alguma ideia para fugir com ele?

            Notei toda a raiva e sarcasmo em sua voz. Seus braços estavam cruzados no peito que subia e descia com a respiração descompassada. O rosto ficara vermelho pela exasperação. As pupilas estavam dilatadas, intensas, a harmonia de minutos atrás quebrada pela realidade de minhas palavras.

            —A culpa não é do Mike! –franzi o cenho lutando para não ficar irritado e brigar com ele- Ele não me sugeriu que eu fugisse com ele, apenas que eu mudasse de estado ou país.

            Thomas balançou a cabeça com raiva. Andou de um lado para o outro na sala, as mãos na cintura, os lábios crispados, vez ou outra passando a mão na testa. Demorou para ele falar novamente.

            —E pensar que existe uma organização secreta trabalhando contra mim bem debaixo do meu nariz. –riu ironicamente- O que esperam que façamos? Querem que eu faça o que eles querem? Eu sou o presidente, não faço joguinhos com organizações que nem oficiais são. Droga. –coçou a testa com raiva e tentou colocar os cabelos para trás, mas eles teimavam em cair por seus olhos

            —O problema não é com você. É comigo. –levantei-me e tentei acalmá-lo, segurando seu rosto com as duas mãos- Eu preciso ir embora. Se eu for eles vão nos deixar em paz. Se eles sabem sobre nós a probabilidade de isso vazar é enorme, você não pensa nas consequências?

            Ele olhou-me com raiva, como se eu fosse idiota por estar sugerindo aquilo que as entrelinhas diziam.

            —Damien você não vai a lugar nenhum. –Falou com uma voz baixa que me assustou- Eles não podem mandar e desmandar na Casa Branca. Eu vou descobrir quem são e mandar prendê-los por traição.

            Sorri amargamente. Thomas querendo resolver o incêndio com mais fogo. Larguei seu rosto e virei-me para o piano. Deslizei meus dedos sobre algumas teclas com lentidão, deixando as notas pairarem sobre nós.

            —Thomas você é presidente. Não pode perder tudo isso por minha causa. Eu vou embora e você vai ficar. E se você tentar me impedir eu me sentir culpado para sempre.

            —Você parece minha mãe falando! –esbravejou dando um tapa nas teclas do piano

            Me assustei com aquela explosão, mas disse a mim mesmo para não fazer o mesmo, tentar ficar calmo. Fechei os olhos e respirei fundo. Não queria e nem iria chorar. Precisava ser firme.

            —Qual outra solução você tem em mente? Sendo o problema eu e não você, o que propõe? Nós estamos claramente falando de uma organização que mata para proteger a nação. A sua nação, a que você comanda. Eu estou correndo risco mortal só por estar aqui. –falei num tom alto. Minha voz ecoou por toda sala e percebi o quão potente ela era

            Thomas me olhava com descrença, o cenho franzido e as mãos apertadas em punhos. Vi que ele estava pensando, seu cérebro maquinando alguma ideia, sugestão, qualquer coisa.

            —Não vai adiantar nada eu morar aqui, vai ser pior ainda –o interrompi

            Ficou mais apavorado ainda. Se aproximou e com um pouco de rudeza segurou meu rosto, obrigando-me a encará-lo.

            —Você não vai sair daqui. Eu vou fazer o que for preciso pra você ficar e ficar comigo. Entendeu? –arqueou as sobrancelhas de modo enfático

            Ele detinha uma expressão feroz no rosto, a boca um pouco arreganhada, quase como um animal. Mas seus olhos me encaravam com tanta intensidade que eu não pude responder, me sentindo meio zonzo com seu toque.

            Me soltou e virou-se de costas para mim, caminhando com as mãos na cintura, tentando pensar novamente em alguma solução.

            —E se assumíssemos tudo antes que vaze?

            Eu arregalei os olhos, o encarando como se estivesse maluco. Não podia acreditar que estava realmente sugerindo aquilo como uma solução viável. Não quando haviam pessoas querendo me matar justamente por estar num relacionamento com ele.

            —Você enlouqueceu?! –exclamei num tom mais alto do que pretendia- Por que faríamos isso? Quem está na mira deles sou eu, não você. Thomas! –gritei sentindo raiva dele por me colocar acima de seu cargo- Isso significaria o fim do seu mandato!

            Ele arqueou as sobrancelhas desafiador, as sobrancelhas franzidas com irritação.

            —Você não tem como prever isso. –eu ia protestar mas ele interrompeu-me- Podemos fazer como você sugeriu com Israel, fazer o que ninguém espera. No momento em que você virar uma pessoa conhecida eles não ousarão tentar alguma coisa contra você.

            —Esses caras são agentes secretos, sabem muito bem todas técnicas de assassinatos sem deixar rastros. – não queria verbalizar meus pensamentos, mas senti que era necessário quando Thomas parecia não querer encarar a realidade- E você acha que o povo, as pessoas todas vão achar muito bonito o nosso relacionamento? –suspirei com irritação

            —Damien não seria fácil, mas nós temos que tentar. Eu sei que é arriscado e que só temos uma chance para tentar. –sua expressão facial me transmitia esperança, mas eu já não sentia aquilo há algumas horas

            —Essa sua ideia é absurda. –finalizei- Surreal demais para um país cheio de conservadores.

            —Eu não posso deixar que você vá para longe! –se aproximou de mim

            Seu rosto estava contorcido em angústia. Sentimentos como medo, aflição e apreensão inundavam suas expressões faciais. Reparei em seu pescoço que tinha algumas veias aparentes e fiquei um pouco assustado com o quão aflito ele estava. Thomas parecia estar desesperado, em busca de uma solução.

            —Eles não podem tentar nada se você ficar perto de mim.

            —Ah com certeza, vou ficar grudado em você. Aí sim todos vão descobrir. –revirei os olhos e cruzei os braços

            —Por que você não pede para Mike vir aqui? –o olhei com desconfiança

            —Por que que ele viria aqui?

            —Para nos ajudar a chegar numa solução! Já que ele faz parte dessa organização deve saber como eles reagiriam se nós tornarmos público nosso romance.

            —Thomas, ele me deu a solução, ir para outro estado ou país.

            Ele sentou-se no banco novamente, com uma expressão derrotada. Fechou os olhos e ouvi sua respiração profunda. Passou as mãos pelos cabelos e os penteou para trás. A respiração já estava mais normalizada, porém o rubor no rosto ainda permanecia.

            O observei meio sem jeito. Eu não queria ir embora, não depois de tudo que havíamos feito, do quanto havíamos nos conectado. Estudei-o com calma, ponderando se devia me aproximar ou não.

            —Damien você sabe por que eu realmente te escolhi? –murmurou baixinho. Eu não conseguia ver seus olhos por causa dos cabelos que caíam por cima deles

            —Essa é uma parte que eu ainda não entendi –sorri de canto ao vê-lo mais calmo

            —Foi porque eu já te conhecia antes.

            Eu pisquei atônito com aquela revelação. Sentei-me ao seu lado em silêncio esperando que ele continuasse. Não queria interromper, eu estava curioso e surpreso ao mesmo tempo, o coração batendo acelerado e ansioso, sem acreditar em suas palavras.

            —Eu estava na sua universidade, três anos atrás enquanto você apresentava um trabalho sobre os governos norte-americanos e suas propagandas.

            Ele estava brincando? Só consegui olhá-lo em choque. Não podia ser. Seria muita coincidência. Eu havia me formado em 4 anos, apenas 1 ano atrás. Thomas já me conhecia antes?

            —Você viu o meu trabalho e o que, se apaixonou por mim? –perguntei meio incrédulo, mas ele continuou sério

            —Eu vi o seu trabalho e me apaixonei por ele primeiramente. O jeito como você falava e apontava todos os erros de marketing dos governos, o que você teria feito para melhorá-los... Tudo aquilo me deixou estarrecido. –seus olhos brilhavam enquanto ele me contava- Eu ainda não era presidente, era governador de Nova York na época, mas refleti sobre minha própria campanha na época, os erros e acertos, graças a você. Minha mãe dava aulas de ballet lá e eu fora visitá-la. –ele sorriu- Mas ter ouvido você falar foi algo que eu não esqueci nunca. Por que foi incrível, e eu vira pouquíssimas apresentações como a sua ao vivo na vida. Então, claro, depois eu reparei no quão bonito você era, no jeito como seu cabelo loiro brilhava por causa das luzes refletoras do auditório. Do quanto você estava nervoso no início, as mãos tremendo. E, claro eu reparei na determinação em seus olhos, e eu amei aquilo, porque eu era tão determinado quanto você. Ainda sou. –riu baixinho

            Eu estava boquiaberto. Thomas não me olhava, sorria com tristeza, os cotovelos apoiados nas pernas numa pose despreocupada. O observei de cima, suas costas subiam e desciam com a respiração agora calma.

            Aquela apresentação fora uma das melhores que eu havia feito na faculdade. Havia recebido nota máxima por ela. Mas saber que Thomas estava lá naquele dia fez alguns arrepios passarem pelo meu corpo. O assunto, eu imaginei, não era muito interessante para alguns, mas eu me dedicara ao máximo para fazer um trabalho que instigasse a curiosidade nos ouvintes, trazendo fatos curiosos sobre campanhas presidenciais anteriores.

            —Sua mãe dava aulas lá? –arqueei as sobrancelhas- Não lembro disso.

            —Ela deu aula por pouco tempo, logo depois eu me candidatei a presidência.

            —Você me contratou por causa disso? Da minha apresentação?

            —Sim. Depois de te assistir apresentar com tanta naturalidade sobre um tema que era tão importante para mim mas que ninguém nunca havia me explicado, eu pensei em você por dias. Vou relembrar que eu nunca tive muitas distrações na vida, nunca havia me permitido ter tempo para gastar com alguém. Mas contrariando todos meus hábitos eu fui até a faculdade e usei meu prestígio para conseguir seu nome. –riu baixinho novamente parecendo envergonhado- Mas foi só isso, logo depois veio a presidência e eu não tive muito tempo para pensar em você todo dia, infelizmente, mas sempre lembrava daquela apresentação. Demorei dois anos no poder para tentar te contatar. A vaga de assistente finalmente ficou vazia e eu podia te encaixar nela. Mas eu não podia te escolher logo de cara, seria suspeito não te investigar antes, afinal, todos presidentes fizeram isso com seus funcionários anteriormente. Eu não podia quebrar a tradição. Então descobri que minha mãe e a sua foram colegas de escola e depois por mais alguns anos, minha mãe falava muito bem da sua. Mas eu te escolhi sabendo que você seria determinado como naquele dia, naquele trabalho. O que eu não sabia era que eu iria me apaixonar perdidamente por você.

            Continuei estático. Nada mais conseguia me chocar. Eu acreditava em tudo aquilo. Eu confiava em Thomas, como não poderia? Saber daquela história me fez amá-lo ainda mais. Algo tão bobo como aquela apresentação o fez ver em mim algum potencial. Agradeci mentalmente por ele ser uma pessoa tão observadora e querida.

            E agora me lembrava que no nosso primeiro encontro, no dia em que nos convidou para aquele jantar, Thomas havia falado que sua mãe sempre falara muito bem da minha. Acredito que agora Louise nem mencionava o nome da nossa família mais.

            —É por isso que eu preciso que você fique. Por que eu nunca senti isso antes. Quando te vi naquela sala, na primeira vez que nos encontramos de verdade, com sua família, eu estava ansioso e nervoso por dentro. De um jeito que eu nunca havia ficado. E quando eu te vi eu tive certeza que me apaixonaria. Primeiro eu amei seu trabalho, depois eu amei você.

            Meu coração batia acelerado, minhas bochechas estavam quentes. Olhei para minhas mãos sentindo-me envergonhado e lisonjeado por aquelas palavras. Uma quentura invadiu meu peito e descobri que era aquilo que sentíamos quando éramos amados, uma calentura na alma, no peito.

            Peguei uma de suas mãos e levei até os lábios. Beijei a parte de cima e a apertei contra minha bochecha. Thomas olhou-me com angústia e curiosidade.

            —Não vou ir embora. –decidi

            Eu estava sendo imprudente, uma vozinha gritava dentro de minha mente. Mas eu a ignorei. Depois de tudo que ele havia confessado eu não podia deixá-lo. Me perguntava se eu era seu primeiro amor e algo me dizia que a resposta era positiva. Thomas nunca havia tido tempo para diversão ou amor, e quando finalmente teve tudo estava prestes a desmoronar.

            —Ah Damien –ele suspirou e segurou meu rosto com delicadeza, encostando nossas testas- Ninguém vai te machucar enquanto estiver comigo.

            —Mike me disse a mesma coisa –ri baixinho

            —Foi triste descobrir que você tinha um namorado também.

            —Por que não me contou tudo isso antes? –enterrei meus dedos em seus cabelos, fazendo uma caricia continua de frente para trás

            —Não queria que você ficasse envergonhado ou algo do tipo, por saber que eu já te vira pessoalmente. Ou que sentisse como se devesse algo para mim, ou pensasse que eu tinha algo a ver com você ter tirado nota máxima.

            —Você teve algo a ver com isso? –arregalei os olhos me afastando para encará-lo

            —Não! –ele pareceu ofendido- Você mereceu aquela nota, eu jamais interferiria desse jeito.

            —Você podia ter me contado antes. –resmunguei num muxoxo- Me pouparia horas de divagação sobre por que raios você havia me escolhido.

            —Desculpe –ele sorriu e meu peito apertou de felicidade ao vê-lo novamente feliz- E sobre tudo o que está acontecendo, eu vou ver o que posso fazer. Afinal, eu sou o presidente, -ele fez uma careta. Adicionou aquela frase no final só para dar um efeito dramático

            —E o que vamos fazer agora?

            —Agora eu não sei, acho que não podemos fazer muitas coisas hoje. –puxou minhas pernas para ficarem em cima das suas, uma de cada lado.

            —Ah Thomas eu estou muito preocupado com tudo isso... –murmurei sentindo seus beijos no meu pescoço

            —Não podemos resolver tudo em um minuto ou uma hora. É algo que vai levar tempo, se conseguirmos resolver. Não se preocupe com tanta antecedência, nada vazou e estamos são e salvos dentro da Casa Branca. Além disso eu posso te fazer relaxar... –murmurou enquanto suas mãos abriam os botões da minha camisa

            —Na verdade eu... –afastei suas mãos e as segurei com delicadeza- Acho que poderíamos passar essas suas horas de folga no quarto –ele arqueou as sobrancelhas interessado- vendo filmes e comendo, porque estou com fome.

            Pude notar um pouco de decepção em seu rosto mas logo disfarçou e sorriu lindamente, beijando-me nos lábios.

            —E não estou no clima, pra, você sabe. –corei- Na verdade estou meio nervoso e triste.

            —Como quiser, príncipe –beijou minha testa

            Enrubesci ao ouvi-lo me chamar daquele jeito. Thomas fazia todas minhas vontades, e o amei mais ainda por aquilo, por me acalmar e por não me deixar ir embora. Por que eu não estava preparado para ir.

______

            A verdade é que eu sempre pensava em Thomas, mesmo que involuntariamente. Estava começando a ficar acostumado com sua companhia, com seu jeito.

            Havíamos passado a tarde na cama, vendo filmes na suíte presidencial. Eu tentei ao máximo me desligar dos meus pensamentos frenéticos e consegui por alguns momentos, graças a ele, que me fazia rir ao contar alguma piadinha sobre o filme que assistíamos.

            Thomas havia pedido fast food para comermos e meu humor logo melhorou, assim que eu dei uma mordida num hambúrguer e comi algumas batatas fritas.

            Durante os filmes fiz seu tórax de travesseiro a maior parte do tempo, gostando da quentura de sua pele e de sua respiração contra minha bochecha. Estávamos bem confortáveis, ele só de cueca e um robe cor escarlate. Eu estava só de calças, Thomas não tentara nenhuma investida sexual e agradeci por isso. Eu não estava com vontade nem cabeça para fazer sexo.

            De repente um filme romântico começou e os dedos dele enroscavam-se numa carícia gostosa entre meus cabelos. Fechei os olhos gostando daquele carinho e acabei caindo no sono, por não sei quanto tempo. Meus olhos estavam pesados e ardendo, não aguentava mais pensar e ficar maquinando soluções.

            Acordei e a televisão ainda estava ligada, olhei para cima um pouco tonto e Thomas me encarava com um sorriso gentil no rosto.

            —Você babou em mim –ele falou

            Arregalei os olhos e olhei para baixo, percebendo que sua barriga estava um pouco molhada. Enrubesci de vergonha e puxei os lençóis para limpá-lo rapidamente. Thomas riu com minha pressa e segurou meus pulsos com delicadeza depois que eu o limpei.

            —Eu não me importo –sussurrou

            Seus cabelos estavam desgrenhados, as pupilas dilatadas, me olhava com intensidade, uma aura de paixão emanando dele para mim. Senti alguns arrepios passarem pelo corpo.

            —Que horas são? –perguntei ainda vermelho

            —Uma da tarde –respondeu olhando para o relógio na cômoda

            Suspirei. Mais uma vez estávamos fazendo algo que não devíamos: ficar juntos na Casa Branca. Ou em qualquer lugar. Eu estava sendo inconsequente, mas sabia porquê, porque o que eu sentia por ele era forte demais, e agora me dava conta da conexão que tínhamos. Mas então eu lembrava de Mike e a certeza de que eu ainda amava meu ex-namorado era outra coisa que me deixava preocupado.

            —Quer me dizer algo? –seus dedos percorreram minha bochecha. Depois ele ajeitou meus cabelos atrás das orelhas

            —É sobre Mike.

            Eu precisava ser claro e verdadeiro com Thomas. Estava cansado de mentiras e de ser o último a saber das coisas, e por isso não queria fazer o mesmo com os outros, deixá-los de fora dos acontecimentos.

            —Sim? –arqueou as sobrancelhas

            —Eu ainda o amo. –confessei

            Thomas retesou-se na cama e engoliu em seco. Parou de acariciar meus cabelos e ficou apenas me observando, os olhos apertados, numa expressão tensa. Mordi meus lábios com receio do que ele iria dizer.

            —Mas você me ama? –perguntou com a voz baixa

            Olhei-o com angústia, sua respiração calma, o peito subindo e descendo, os olhos azuis ávidos por uma resposta, querendo uma confirmação. Thomas nunca havia dito que me amava, não antes daquele dia. Ele havia me contado que amara primeiro minha apresentação, depois me amara. Acho que aquilo contava, não? Mas se eu o amava? Eu estava apaixonado por ele! Mas não sabia se era a mesma coisa que amor, o mesmo carinho que eu sentia por Mike.

            Não percebi que tudo se desenrolava na minha mente com tanta lentidão porque sua expressão mudou de curioso para irritado e eu estremeci ao vê-lo mudar daquele jeito.

            —Acho que você já respondeu. –murmurou secamente, os olhos focados agora no filme que passava na televisão

            —Thomas eu estou apaixonado por você. –admiti

            Estávamos muito perto um do outro, ele recostado na cabeceira da cama e eu sentado ao seu lado de lado, encarando-o indiretamente. Fechei os olhos e inspirei seu perfume que eu tanto amava. Acariciei seu peito em movimentos contínuos para cima e para baixo. Ele mostrou-se interessado e deu atenção a mim novamente.

            —E estou começando a te amar. Mas não posso nem quero mentir para você. Depois do que me contou hoje, que já me conhecia, eu te admirei ainda mais. As coisas levam tempo, espero que entenda. Mas nada pode fazer meus sentimentos diminuírem agora, eu te adoro, amo sua companhia e você é uma pessoa apaixonante.

            Percebi que ele estava um pouco envergonhado, porque olhava para meus ombros e o rosto estava um pouco vermelho. Eu sorri e me inclinei, beijando-lhe a testa com doçura, demorando meus lábios em sua pele.

            —Eu disse que não ia ir embora, ainda tenho tempo para te amar. –desci meus beijos para sua bochecha, quente e vermelha

            Ele estava envergonhado, escondeu o rosto nas mãos e riu baixinho.

            —Me desculpe, eu tenho essa péssima mania de achar que as pessoas sentem o que eu quero que sintam. Estou feliz com o que disse e é suficiente para mim.

            Adorei vê-lo confessar aquilo. Thomas ainda era retraído em relação aos seus sentimentos, e ainda ficava irritado quando as coisas não aconteciam do seu jeito, mas era sua personalidade apenas.

            —Por que você e ele terminaram?

            Arqueei as sobrancelhas e levei um segundo para perceber que ele estava falando sobre Mike. Lembrei que ele não sabia o porquê havíamos terminado.

            —Ele não estava sendo muito atencioso, ignorando minhas ligações e nunca estava disponível. Mas então descobri que era por causa dessa organização, ontem ele me contou.

            —Não perguntei no dia em que vocês terminaram, o motivo, porque você parecia muito triste.

            —Tudo bem –selei seus lábios- O que faremos agora?

            Thomas estreitou os olhos e compreendi que ele não sabia se o “agora” significava naquele momento ou o nosso futuro.

            —Acho que devíamos comer mais. –fez uma careta e riu com a própria sugestão

            Vê-lo rir era algo lindo, mas eu estava tão apaixonado que o interrompi com um beijo intenso. Suguei seus lábios e os mordi levemente, puxando-os para mim. Depois explorei sua boca com minha língua, adorando vê-lo abri-la para mim, um gemido baixo escapando de seus lábios.

            —Achei que você não estivesse no clima –murmurou de olhos fechados quando terminei de beijá-lo

            —Eu não estou, foi só um beijo! –me defendi rindo

            Ele abriu os olhos e eu entendi, um rubor pequeno dominando suas bochechas. Thomas havia ficado “animado” rápido. Olhei para baixo, mas ele cobriu-se com o lençol.

            —Vamos lá para baixo comer? –perguntou sorrindo gentilmente

            Inclinou-se e beijou meus lábios. Levantou, foi direto para o banheiro e fechou a porta. Meu rosto estava quente e vermelho. Deitei onde ele estava minutos antes na cama e enterrei meu nariz em seu travesseiro, seu perfume impregnado na cama. Inspirei forte seu cheiro, inebriado de prazer. Não queria sair dali, de perto dele, eu não podia. Não quando ele cheirava tão bem e me fazia sentir tantas coisas ao mesmo tempo.

______

            Estávamos ignorando nossa realidade e ingerindo comida, finalmente. Por que fast food para mim não era comida. Thomas havia mandado preparar alguns camarões empanados e eu me deliciei ao comê-los. Se tinha uma coisa da qual eu não enjoava era de camarão. E frutos do mar em geral. Mas não crus, eu odiava sushi.

            Não conseguia parar de comer e quando terminei todos camarões do prato ele me olhou sorrindo.

            —Quer mais? Posso mandar prepararem.

            —Não, obrigado –murmurei com a boca cheia

            Thomas já havia terminado de comer e me observava com o queixo apoiado nas mãos. Parecia introspectivo, estudando meu rosto e minhas ações. Não entendi muito bem o que ele estava fazendo, mas vez ou outra sorria em minha direção ao constatar que eu não conseguia descansar o garfo no prato.

            —Vou sempre mandar fazer pratos com camarão quando você estiver aqui. 

            Eu ri e limpei minha boca no guardanapo. Recostei-me na cadeira com a barriga estufada, suando um pouco de tanto comer, mas feliz por tê-lo feito.

            —Tudo bem em Israel? –resolvi puxar outro assunto

            —Sim, logo o território será cedido aos rebeldes. Ninguém queria que eu cedesse, que o país cedesse, todos ficaram chocados quando souberam do que eu havia feito.

            —Você não consultou ninguém? –fiquei surpreso

            —Eu consultei sim, você. –arqueou as sobrancelhas numa expressão desafiadora

            —Devia ter falado com os especialistas Thomas –retruquei- Eu não estudei o mesmo que eles para achar que sei controlar uma guerra.

            —Mas deu certo não deu? –seus dedos tamborilavam na mesa

            —Até agora sim –respondi com sinceridade

            Ficamos nos encarando por um tempo, apenas o barulho de seus dedos na mesa era ouvido. Ele havia vestido um terno preto que ressaltava seus olhos azuis claros e os cabelos, da mesma cor do paletó.

            Novamente a preocupação com nosso futuro tomou conta de mim e me vi ansioso, como se eu quisesse fazer algo mas não pudesse.

            —Quando meu pai morreu eu pensei que minha vida ia acabar. –soltou aquela frase subitamente

            Meus olhos se voltaram para ele, que evitava me olhar, um dedo contornando a borda de um copo lentamente.

            —Nada parecia certo, foram dias nebulosos e não sei como os superei. Pensei que tudo fosse acabar, que seria o meu fim no momento em que soube de seu falecimento. Mas o fato é que eu estou aqui,.

            Engoli em seco não dizendo o que dizer. O olhei com solidariedade, tentando transmitir compaixão com o olhar. Talvez minha expressão de preocupação o tivesse deixado preocupado também.

            —O que eu quero dizer Damien é que você deve estar pensando que sua vida vai acabar, ansioso para tentar mudar as coisas, ou deve estar paranoico sobre tudo isso. Mas daqui um tempo você vai estar aqui e vai lembrar de como esses dias pareceram nebulosos e distantes. Por que tudo vai dar certo.

            Sorriu gentilmente tentando me animar, mas suas palavras tiveram o efeito oposto. Tomei um pouco de refrigerante, o nervosismo tomando conta de mim novamente. O que eu iria fazer de agora em diante? Ficar junto dele e torcer para não ser assassinado?

            Meu celular vibrou, despertando-me do meu transe. O peguei rapidamente. 1 NOVA MENSAGEM

            Resolveu as coisas com Thomas? Podemos procurar passagens aéreas hoje.

            Franzi o cenho tentando me situar. Era de Mike, obviamente. O pânico se alastrou mais um pouco dentro de mim, mas tentei manter a calma. Agora eu estava ansioso e nervoso por ter que lhe dizer que tudo havia mudado, que eu não podia deixar Thomas, que eu estava começando a amá-lo e não queria destruir aquela relação. Ou seja, que eu estava assinando meu atestado de óbito.

            Digitei rapidamente uma resposta, sentindo os olhos de Thomas curiosos sobre mim.

            Não. Não vou viajar Mike, ainda não sei como vamos enfrentar isso, mas estamos pensando. Desculpe.

            Cliquei em enviar. Estava pronto para dar atenção à Thomas quando o celular vibrou e minha atenção concentrou-se na tela em minhas mãos.

            Precisamos conversar. Me ligue.

            —Quem é? –ouvi sua voz rouca perguntar do outro lado da mesa

            —Mike –murmurei

            Ponderei sobre o que deveria fazer, meu coração acelerado, a ansiedade tomando conta dos meus nervos, alguns arrepios passando por meu corpo. Tudo aquilo era medo, medo da reação de Mike. Se ele ficara tão apavorado no dia anterior era porque essa organização secreta era perigosa demais. E ao imaginar o que poderia acontecer comigo, com Thomas, meu corpo todo se retesava e suava em pânico.

            —Aconteceu algo?

            —Posso convidá-lo para vir aqui? –perguntei receoso, sustentando seu olhar no meu por alguns segundos

            Ele relutou em responder mas assentiu com a cabeça. Depois pediu para ser servido mais uma vez. Notei que ele não estava feliz com a situação.

            Pode vir até aqui? Na Casa Branca? Seria melhor conversar pessoalmente.

            Fiquei surpreso ao saber que minhas mensagens estavam sendo respondidas com aquela rapidez, visto que enquanto namorávamos ele nunca atendia minhas ligações ou estava sempre ocupado.

            Vou ver o que posso fazer, estou ocupado agora. Amanhã eu vou aí.

            Agradeci por aquela resposta. Talvez se nós três pensássemos juntos alguma solução sairia. Estava um pouco mais otimista. Puxei um cheesecake para perto e o ataquei com vontade, o açúcar me deixando um pouquinho mais feliz e agitado.

            Estava terminando de comer quando ouvi passos apressados em direção à sala em que estávamos. Margot logo apareceu, branca, pálida feito papel. Nos encarou com os olhos arregalados. Thomas levantou-se alarmado e prontamente a ajudou a se sentar ao meu lado.

            —O que aconteceu Margot? –abaixou-se ao seu lado

            Ela entregou-lhe um CD, as mãos tremendo, os olhos brilhando apavorados. Senti um terror imenso refletido naquele olhar e alguns arrepios de medo passaram pelo meu corpo.

            —O que tem nesse CD? –Thomas franziu o cenho pegando-o da mão dela

            —Um vídeo –conseguiu murmurar, a voz entrecortada- De vocês dois. No salão Oval.

            Foi como se uma bomba tivesse caído ali. Subitamente ficamos em silêncio, abismados demais para falar qualquer coisa. Era como se uma estática pairasse no ambiente.

            Olhei com aflição para Thomas mas ele parecia chocado demais, a boca aberta, descrente, estático.

            E eu tentando ser otimista e buscar uma solução... Ri mentalmente da minha ingenuidade. Enterrei minha cabeça em minhas mãos, fechei os olhos e apenas escutei a respiração ofegante de Margot. Meu peito vibrava e tremia, alguns risos saindo da minha boca, baixinhos, direcionados a mim mesmo.

            —É uma ameaça, o que querem?

            —Não pediram nada, apenas mandaram. E no CD está escrito “para o futuro ex-presidente”.

            Senti e ouvi o silêncio arrebatador que pairava na sala. Meus olhos encheram-se d’água, puxei alguns fios de cabelo buscando sentir dor, pois ela me trazia de volta a realidade. Respirei fundo umas 100 vezes. Tentei falar alguma coisa, mas minha voz não saía.

            Era daquele jeito que tudo acabaria? Não tínhamos mais escolha? As lágrimas escorreram em abundância e eu ouvi alguns soluços e lamúrias. Demorei a perceber que vinham de mim, fazendo meu corpo todo balançar.

            Os braços dele logo estavam a minha volta, mas eu não podia suportar, não quando a ameaça era para ele e devia ser para mim. O afastei rudemente e saí da sala o mais rápido possível. Consegui respirar novamente apenas por alguns segundos.

            Eu preferia que Thomas tivesse gritado e quebrado coisas do que ficado naquele silêncio perturbador. Parecia que ele estava aceitando a derrota, que não havia nada mais para fazer, apenas aceitar. E aquilo não condizia com o Thomas que eu conhecia, que era determinado e persistente, que havia lutado para chegar até ali.

            Mas talvez ele não tivesse explodido por minha causa, se controlando em minha frente. Xinguei-me mentalmente pelo fluxo de pensamentos inquietos e inseguros dentro de mim.

            Quando eu pusera os pés na Casa branca naquela manhã eu havia aceitado a derrota, queria ir embora. Mas resolvera ficar por Thomas. E agora tudo desmoronava novamente, me deixando sem esperanças.


Notas Finais


* E ENTÃO? O QUE SERÁ QUE VAI ACONTECER???
* AGORA VAI AS TRETAS TODAS adoroo
* Espero que tenham gostado e obrigada por acompanharem :)
* Comentem e digam o que acharam :D Obrigada e um beijinho para todos ;*


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