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História O Presidente - Mudanças


Escrita por: gioberlusse

Notas do Autor


* OLÁ ♥
* AVISOS importantes: a fanfic está chegando ao fim :(
* Prevejo ao máximo mais 2 ou 3 capítulos
* Espero que gostem desse capítulo :)

Capítulo 9 - Mudanças


Havia um zumbido em algum lugar me deixando nervoso. Percebi depois de alguns minutos que era dentro da minha própria cabeça.

            No dia anterior havíamos visto aquele vídeo. Eu tinha assistido como se estivesse num transe, não ouvi nada, bloqueei os comentários de Thomas e de Margot. Era como se minha vida estivesse parada; o tempo não se mexia, apenas eu estava vendo aquilo na tela da televisão enquanto ao meu redor tudo permanecia congelado.

            Não era um vídeo de nós dois fazendo sexo e sim nos beijando. Fiquei um pouco intrigado com aquilo, porque se alguém quisesse ferrar mesmo minha vida teria mandado outro vídeo mais comprometedor, muito mais.

            Thomas falou comigo algumas vezes, mas não escutei nada, apenas me arrastei até o quarto dele e me atirei na cama, com roupa e tudo. Minha cabeça doía meus olhos ardiam. Dormi em seguida, sem sonhos, sem me revirar na cama e sem insônia.

            E agora um zumbido nos ouvidos me deixava irritado. Virei para o lado, abri os olhos e dei de cara com Thomas. Já vestido, um terno bordô lindíssimo no qual eu nunca o vira. Os cabelos com um pouco de gel, usando o perfume de sempre.

            Apertei meus olhos, a visão um pouco turva e a boca seca. Sentia meu rosto um tanto amassado, e percebi uma dorzinha no pescoço. Eu havia dormido numa posição torta na cama.

            —Bom dia! –beijou meus lábios delicadamente- Tenho uma reunião agora com o conselho de segurança. –estudou meu rosto com os olhos apertados

            Pisquei algumas vezes antes de absorver aquelas palavras. E quando entendi me sentei num pulo na cama.

            —Você vai falar sobre o vídeo? –perguntei alarmado

            —Sim. Foi uma ameaça direta, não posso esconder isso e tentar resolver sozinho, pode ser perigoso.

            —Thomas! Pode ser perigoso levar isso até eles! Podem fazer parte da organização –murmurei baixinho, o pânico tomando conta da minha voz

            —Pode ser mais perigoso não fazer nada. Margot me disse que o CD foi enviado pelo correio. Checou o endereço e é uma fábrica abandonada, ou seja, temos um fantasma nos ameaçando. –franziu o cenho- Você deveria descansar, prometo que irei resolver tudo.

            Até ontem ele parecia não saber o que fazer tanto quanto eu, agora estava dizendo que tomaria conta de tudo.

            No desespero de agora eu até cogitava assumir nosso relacionamento, mas sempre havia uma voz dentro de mim que dizia ser muito arriscado, que seria nossa única chance...

            —Damien eu estou no poder há dois anos. –apertou os lábios ao falar- Se algo acontecer eu não ficarei tão abalado assim, consegui chegar até aqui não foi? Durante esses dois anos percebi que é um trabalho mais difícil do que eu pensava, mas já fiz muitas coisas que queria até agora. Não se preocupe tanto comigo. –pegou minha mão e apertou-a carinhosamente- Eu vou ficar bem, preocupe-se com você, do mesmo jeito que eu me preocupo.

            Sorriu gentilmente, então inclinou-se e depositou outro beijo delicado em meus lábios. Os arrepios passaram por mim quando sua boca encostou na minha e me deliciei por ser capaz de senti-los mesmo naquele momento de tensão.

            Ao mesmo tempo em que me arrepiava ao seu toque sentia-me perdido, num mar sem opções, como se estivesse acorrentado, sem poder fazer nada.

            —Mike vai vir aqui –murmurei, evitando encará-lo

            —Eu sei, mas ainda é cedo, talvez ele chegue mais tarde –checou um relógio de pulso que eu nunca o vira usando- Nove e meia.

            —Acho que eu não preciso trabalhar hoje... –deitei-me novamente, enterrando meu rosto no travesseiro macio

            —Não mesmo, mas se quiser ocupar a mente é uma boa ideia ir trabalhar. –apertou minha bochecha levemente

            Suspirei, um som abafado pelo travesseiro. Thomas levantou-se, se olhou no espelho do banheiro e me deu um último beijo, dessa vez mais demorado. Ele não parecia mais tão preocupado como na noite anterior, me perguntava se estaria me escondendo algo...

            Saiu do quarto logo em seguida, me deixando em seus lençóis de seda e colchão macio, dos quais eu não queria sair por um bom tempo.

______

            Passei a manhã inteira na cama lembrando-me de várias coisas... Uma delas foi a festa em que conheci Mike...

            As luzes piscavam sem parar e eu começava a ficar tonto com tantas cores e pessoas a minha volta. Caminhei com rapidez até a mesa onde Jess estava sentada.

            —Ué, cansou de dançar? –ela sorria enquanto sorvia de canudinho uma bebida rosa no copo

            —Nem dancei, muita gente! –tive que gritar para ser ouvido

            Então reparei em um garoto ao seu lado, me olhava com curiosidade e inclinara-se em minha direção para poder me enxergar.

            —Oi –o cumprimentei

            —Damien! Esse é Mike, ele é incrível!

            E era mesmo. Estava todo de preto, uma regata apertada e uma calça jeans. Mas não foi isso que chamou minha atenção. Foram seus piercings e tatuagens. Ele tinha um piercing na sobrancelha e uma argola na boca, as tatuagens eram pretas, desenhos fluidos pelos braços.

            Quando a luz iluminou seu rosto confesso que gostei muito do que vi. Ele tinha cabelos castanhos lisos, alguns fios ondulados formando cachos, os olhos eram negros como a sua roupa e não podia haver combinação mais bonita. Imaginei se à luz do dia ele pareceria ainda mais lindo...

            Notei que Mike me estudava com lentidão, os olhos passando por todo meu rosto. Percebi que estava um pouco suado, o que mostrava que andara dançando mais do que eu na pista. Reparei ainda mais em seus bíceps musculoso e nas veias saltadas do pescoço. De repente um arrepio subiu por meu corpo ao imaginar certas coisas com aquele cara.

            —Ele me falou que se formou em educação física! –Jess gritou para mim, os cabelos vermelhos balançando conforme sua cabeça se mexia

            —Como vocês se conhecem? –perguntei olhando para ele

            —A gente não se conhece! –ela riu, senti o hálito de álcool em sua boca- Ele sentou porque estava cansado, aí começamos a conversar.

            Mike sorriu e senti outro arrepio por meu corpo.

            —Vou dançar D.! –ela levantou-se rapidamente, cambaleando um pouco e beijou minha bochecha antes de ir

            Deixou-me ali com aquele completo desconhecido. Fiquei um pouco envergonhado, não sabia muito bem como conversar ou flertar. Por isso esperei algum passo dele, enquanto tomava um pouco da bebida de Jess, fazendo uma careta ao prová-la.

            —Sua amiga parece estar bem empolgada –apontou para ela

            Vi Jess pulando na pista e gritando, as pessoas a sua volta fazendo o mesmo, seguindo suas maluquices, todas bêbadas como ela, imaginei. Revirei os olhos, mas não podia fazer nada, aquele era o jeito dela.

            —É, ela é assim mesmo –murmurei sorrindo

            Ficamos alguns minutos em silêncio. Olhei de soslaio para Mike e encontrei seus olhos negros em mim, sem piscar, como se estivesse observando uma pintura, fixos e intensos, interessados principalmente em minha boca.

            —Ahn –pigarreei com constrangimento- Você só tem esses piercings? –apontei para sua sobrancelha e boca, achando minha pergunta ridícula

            —Sim, só esses. –respondeu sem parar de me encarar daquela forma

            Tornei a dar atenção ao copo de Jess, um rubor crescendo em minhas faces. Minhas mãos estavam apertadas em meu colo, em saber o que fazer com elas.

            —Quer um gole? –ofereci sem jeito, sem saber o que dizer ou fazer

            Negou com a cabeça e eu comecei a ficar irritado. O que ele queria? Ia ficar me encarando como se eu fosse um ET por toda a noite? Quando eu abri a boca para reclamar senti sua mão em meus cabelos, colocando-os para trás, então fiquei quieto, olhando-o diretamente.

            Eu estava um pouco assustado, mas Mike parecia calmo, um sorriso pequeno brotando nos lábios.

            —Não quero parecer um cara louco, chegar em você e ficar te olhando. –riu baixinho- Mas não consigo evitar, você é lindo demais.

            Dessa vez sim meu rosto ficou completamente vermelho. Fiz uma careta para aquela frase. Ninguém havia me dito algo do tipo, nunca. Me senti lisonjeado e prestes a chorar. Percebi que aquela bebida devia ter um teor alcóolico muito alto para me fazer ter vontade de chorar.

            —Obrigado –gaguejei tomando o resto da bebida num gole só, me sentindo nervoso

            —Posso te beijar agora?

            Meu coração acelerou e franzi o cenho confuso. Assenti rapidamente com a cabeça, a garganta queimando pelo álcool, esperando ansiosamente pelo beijo enquanto meu coração quase saía pela boca.

            Ao contrário do que eu esperava, Mike me beijou com calma, sem pressa. E foi como se toda a festa tivesse parado para nós. As luzes pareciam ter diminuído a velocidade com que varriam o local e as pessoas pareciam dançar lentamente.

            Sua boca cobriu a minha lentamente, os lábios movendo-se para cima e para baixo com delicadeza. Suas mãos estavam em minha nuca, guiando minha cabeça de acordo com seus movimentos.

            Parecia que uma corrente elétrica passava por mim, meus braços arrepiados pelo contato. Abri mais minha boca para deixá-lo fazer o que quisesse, adorando as sensações que provocava em mim. Naquele momento eu não ligava para mais nada, apenas queria senti-lo mais perto de mim.

            Então nossas línguas se tocaram, o gosto de álcool se misturando, a saliva, tudo. Seus dentes fecharam-se nos meus lábios e os mordiscaram levemente, sem me machucar, fazendo-me gemer baixinho de prazer, sentindo o fluxo sanguíneo acelerar para o meio das minhas pernas.

            —Você tem gosto de algodão doce –ele riu parando de me beijar

            Franzi o cenho e olhei para o copo, ficando surpreso ao perceber que ali dentro havia um algodão doce rosa no qual eu não havia reparado antes. Era uma bebida estranha, mas bonita no copo.

            —Obrigado, eu acho –murmurei desconcertado

            Minha boca ainda formigava com o beijo e alguns arrepios ainda passavam por meu corpo, algo que eu nunca havia sentido antes. Tudo bem que antes eu já havia estado com outros caras, mas um beijo como esse foi a primeira vez.

            —Quer sair amanhã? –ele perguntou casualmente, acariciando minha bochecha

            —Ah –gaguejei sem saber o que responder

            —Podemos nos encontrar em algum lugar, o que acha?

            Agradeci por ele ter lido minha mente. Eu pensei que seria um pouco estranho sair com um cara que eu conhecera agora, dar meu endereço ou qualquer coisa... Mas gostei por ter sugerido nos encontrarmos em um lugar.

            —Pode ser. Onde quer ir? –olhei para o chão envergonhado e escutei sua risada

            —Eu estou te convidando, você escolhe. –o encarei e ele arqueou as sobrancelhas

            Pensei rapidamente, ignorando a parte do meu cérebro que só sabia gritar e entrar em pânico. Lembrei de um lugar que eu adorava.

            —Tem uma cafeteria, a Hermann, conhece?

            —Não, mas posso pesquisar. Qual horário? –continuou sua carícia pelo meu cabelo

            —Às dezesseis? Ou é muito tarde? –perguntei receoso

            —Ótimo, te espero lá. –sorriu com sinceridade

            Meu coração pulava no peito, ansioso e nervoso. Nunca havia saído com um cara tão bonito. Claro que já havia flertado, dado alguns beijos, mas um encontro? Não, nunca. E eu estava apreensivo, pois eu tinha uma intuição de que algo ia acontecer de bom para mim.

            Só fui perceber que eu estava sorrindo feito um idiota depois de vários segundos me lembrando daquela cena. Então abri os olhos para a triste realidade que se assolava a minha volta e não tive vontade de levantar mais.

______

            Engoli a tortinha de limão rapidamente, adorando o sabor azedinho e doce na boca. Açúcar realmente me deixava muito feliz, mesmo em tempos de crise interna e pessoal como aquela em que estávamos.

            Tomei o café da manhã sozinho e pensativo, e também sem muitas esperanças de melhoras. Havia decidido que faria o que precisasse ser feito, deixaria a vida dar um rumo para aquele problema, porque realmente não podia fazer nada. Minha vida estava nas mãos de uma organização secreta da qual eu até alguns dias atrás nunca havia ouvido falar.

            Era incrível como as coisas podiam estar ótimas em um dia e terríveis no outro não? Em apenas minutos, horas, tudo podia mudar.

            Agradeci porque eu estava bem mais calmo agora, a respiração lenta, o coração normal. Calmo, mas preocupado com minha vida e ainda um pouco paranoico.

            Não conseguia simplesmente caminhar pelos corredores da Casa Branca, preferia quase correr do que andar, com medo de que algum segurança estivesse me seguindo ou de que alguém estivesse pronto para me matar. Não podia evitar ficar daquele jeito, não depois de ver a expressão de pavor de Mike ao me contar tudo aquilo.

            Peguei meu celular, nenhuma mensagem. Entrei na página inicial de um portal de notícias e li as manchetes principais e que me interessavam.

            “Índice de aprovação mais alto da história”

Como o governo Klint conseguiu 57% de aprovação? Os programas sociais e a propaganda explicam. Thomas adotou uma política de inclusão social muito forte em seus primeiros anos de mandato, assim como criou financiamentos estudantis e reuniu uma ótima equipe de marketing.

            “Territórios ao norte de Israel serão cedidos”

Buscando evitar uma guerra, o presidente Klint assinou o decreto que cede terras ao norte de Israel para os rebeldes. Thomas foi bastante criticado por adotar uma política de não-agressão contra a Rússia, mas colheu bons resultados, sendo recompensado com um índice de aprovação altíssimo e nunca antes visto.

            “Nenhum escândalo: o segredo do governo Klint para o sucesso”

Há quem diga que seu sucesso se deve ao rosto bonito e carismático que o lidera. Outros acreditam nos programas sociais. Já alguns creem na propaganda feita por sua equipe. Mas grande parte do sucesso do governo Klint está na falta de escândalos e na tranquilidade com que seu mandato se passou, não sendo notado pelos altos e baixos, mas sim por uma estabilidade de dar inveja à muitos líderes por aí.

            Essa última notícia me fez fechar os olhos e respirar fundo. Nenhum escândalo. E precisava continuar assim. Seria como se uma bomba explodisse caso nós assumíssemos um namoro, algo sem o menor cabimento, não quando o povo americano gostava de estabilidade e nenhum escândalo, como enfatizava a notícia. Sorri nervosamente, será que haveria outra solução?

            Saí daquela página e resolvi me entreter um pouco, pesquisando em sites de fofoca alguma coisa para rir e aliviar o estresse. Ao mesmo tempo eu continuava curioso para saber o que os sites de fofocas diziam sobre Thomas.

            “Presidente anda namorando escondido?”

            Poucos notaram uma marquinha roxa no pescoço do nosso querido Presidente no último discurso sobre a guerra em Israel. Mas nós não deixamos nada passar e aqui temos uma foto para comprovar. Quem será a felizarda?

            Arregalei os olhos ao me deparar com aquela foto. O roxo era quase imperceptível, mas mesmo assim, com atenção era possível enxergá-lo, um pouco acima do colarinho, o resto sendo escondido pela camisa. Xinguei-me mentalmente por lembrar-me que o havia mordido ali.
            “Thomas Klint está cada dia mais elegante e bonito. A América finalmente tem um presidente para se orgulhar.”

            “E se Klint virasse modelo? Ele já tem todos os atributos.”

            “Nunca viu-se um presidente tão bonito. Há quem diga que as mulheres votaram nele apenas pela beleza”

            Eu gargalhava com aquelas manchetes. Haviam algumas muito bizarras para sequer serem mencionadas, mas resolvi que precisava rir mais um pouco, então cliquei nos comentários de algumas notícias.

            “Sério mesmo que ainda não vazou nenhuma foto dele de cueca ou pelado?”

            “Ai gente ele tem uma cara de cafajeste, não sei não.”

            “Realmente ele está de parabéns. Liderar o país e continuar bonito não é para qualquer um.”

            “SOU APAIXONADA POR ELE, ouvi dizer que está solteiro então ainda sonho com um noivado!”

            Acho que eu ri tão alto que os serviçais deveriam estar espiando pela porta para entender o que estava acontecendo. Sequei minhas lágrimas com o dorso da mão, não conseguindo parar de rir. Quando pensava que ia parar as risadas voltavam e eu chegava a ficar sem ar de tanto gargalhar.

            Quando consegui finalmente me controlar gostei da sensação calma que o riso me proporcionou. Chequei o horário no celular, onze horas da manhã. Thomas estava demorando nessa reunião... Me perguntei o que os tais chefes de segurança diriam ao saber de nós dois. Contudo eu concordava com Thomas, não podíamos mais arriscar nossa segurança ao não contar para ninguém, precisávamos saber de onde vinha a ameaça primeiro.

            Suspirei enquanto tomava meu suco de laranja, tentando ao máximo não me estressar e preocupar-me mais ainda.

            Fui interrompido por Oliver, que entrou rapidamente na sala, quase se materializando ao meu lado. Arregalei os olhos de susto, o suco descendo para meu estômago num baque. Meu coração acelerou rapidamente, com medo de que algo pior tivesse acontecido.

            —O senhor Mike Port está aqui.

            Pude respirar novamente de alívio por ser só aquilo, uma visita de Mike.

            Ele logo entrou na sala, a expressão séria, os lábios apertados numa fina linha. Observou e esperou Oliver sair da sala e se afastar alguns passos antes de dar atenção para mim.

            Sorri com carinho para ele. Vestia uma jaqueta de couro preta e uma calça jeans azul. Ultimamente ele estava tirando os piercings da sobrancelha e da boca, mas eu gostava quando os usava, era seu charme.

            —Olá Mike. Senta –puxei uma cadeira

            Sentou-se, os cotovelos apoiados em cima da mesa, encarando-me com as sobrancelhas arqueadas.

            —Por acaso vocês receberam algum vídeo? –perguntou casualmente e eu me sobressaltei. Como ele sabia?

            —Sim! Como sabe disso? –estreitei os olhos curiosamente

            —Boatos dentro da organização.       

            —Quem mandou esse vídeo Mike? Você sabe de algo?! –indaguei com ansiedade, a angústia mais uma vez tomando conta de mim

            Olhou-me com cuidado, os olhos negros me estudando com cautela.

            —Não sei, é isso que vou tentar descobrir. Você dormiu aqui de novo? –apontou para o pijama que eu vestia

            Fez aquela pergunta num tom irritado e eu me encolhi na cadeira um pouco surpreso com aquela pergunta.

            —Sim –murmurei

            —Onde está Thomas?

            Observei seu rosto tentando decifrá-lo, as sobrancelhas estavam um pouco franzidas. Percebi que ele estava tenso, e sua mente parecia estar em outro lugar, tanto é que nem havia me cumprimentado direito ao chegar ali.

            —Ele foi conversar com os chefes de segurança –falei baixinho e o ouvi bater na mesa com a mão

            Fechou os olhos com irritação, enquanto respirava profundamente, as narinas dilatadas. Ele estava muito estranho...

            —Ele é idiota? Não pode fazer isso! Existem membros da PNPA por toda Casa Branca disfarçados de chefes, conselheiros e até jornalistas! –sua exaltação me deixou surpreso e mais apavorado ainda

            —Ele... –gaguejei inicialmente- Ele sabe o que está fazendo Mike! E por que você está tão irritado? Nada disso te afeta.

            Eu não devia ter dito aquilo, porque seus olhos voaram em minha direção feito dardos, fixando-se em meu rosto com intensidade. Engoli em seco ao me sentir intimidado por aquele olhar.

            —Tudo que te envolve me afeta Damien. –falou num tom mais baixo

            Depois disso foi tudo muito estranho. Ele começou a comer, passou manteiga em um pão e o mastigou com mordidas rápidas, ansiosas, como se estivesse com pressa. Não perguntei nada, apenas o observei em silêncio, temendo que ao tentar um diálogo eu fosse importunar qualquer pensamento que estava tendo.

            —Damien, vejo que temos um convidado!

            Nós dois demos um pulo na cadeira de susto ao ouvir a voz de Thomas do nosso lado. E ele realmente estava ali, sorrindo de um jeito estranho para Mike.

            Os dois ficaram se encarando por vários segundos, até que Thomas passou por Mike e sentou-se ao meu lado na mesa.

            —Sabe que esse é meu lugar Mike? –apontou para a cadeira onde meu ex-namorado estava sentado, sendo respondido com um revirar de olhos

            —Acho que temos assuntos mais importantes para tratar do que o lugar em que você costuma sentar. –retesei-me na cadeira com aquela fala ácida de Mike

            Me resignei a apenas tomar meu suco ao mesmo tempo em que analisava aquela cena com um pouco de apreensão e divertimento. Sabia que não era hora de me divertir, mas eu estava tão triste e sem esperanças que um pouquinho de comicidade não faria mal a ninguém.

            —Mesmo? Você tinha assuntos mais importantes para tratar quando foi contratado para investigar alguém e acabou se apaixonando por essa pessoa.

            Arregalei os olhos e belisquei Thomas. Por que ele estava fazendo aquilo? Apenas me olhou com cara feia.

            —O que William disse? –Mike perguntou

            Ele pareceu surpreso por Mike saber o nome da pessoa com quem falara até pouco tempo atrás, mas disfarçou bem, cruzando as mãos em cima da mesa, um sorriso enigmático no rosto.

            —Disse que irá procurar e encontrar quem quer que tenha enviado esse vídeo. Você tem alguma pista Mike? –arqueou as sobrancelhas sugestivamente

            Senti nojo só de pensar que Thomas estava cogitando aquela hipótese, de que Mike estava por trás daquilo.

            —Se eu tivesse já teria feito alguma coisa. Parece que não adiantou muito essa sua reuniãozinha. Já decidiram o que vão fazer se esse vídeo vazar? Vocês precisam de planos. –falava olhando diretamente para mim, ignorando Thomas completamente

            —Não sabemos direito o que fazer e não temos planos –murmurei um pouco envergonhado, me sentindo minúsculo perto dos dois

            —Ah que ótimo! –Mike falou sarcasticamente. O olhei com irritação agora, minha paciência chegando ao limite

            —Chamei você aqui porque pensei que pudesse ajudar –praticamente rosnei entre dentes

            —Claro que posso, desde que ele esteja de acordo. –apontou para Thomas como se ele fosse uma planta na sala, os olhos faiscando, olhando diretamente para mim

            —Pensei que minha opinião não fosse importante –Thomas riu

            Eu nunca havia estado em um ambiente tão hostil quanto aquele. Rezei mentalmente para que os dois não se matassem ali mesmo num acesso de fúria. Nossos ânimos não estavam em seus melhores dias e todos estávamos exaltados.

            —Você –encarou Thomas- precisa investigar todos do departamento de monitoramento de câmeras. Sem exceção, alguém de lá vazou esse vídeo para a PNPA, alguém da Casa Branca não mandaria diretamente um vídeo para cá. Caso tudo vaze, quais são os planos, alguma ideia? –gesticulava com as mãos

            Thomas mexia no relógio de pulso de usava, virando-o no braço de um lado para o outro. Parecia não estar interessado mas eu sabia que ouvia tudo atentamente, só recusava-se a olhar para Mike.

            —Assumir nosso relacionamento. –murmurou secamente afrouxando a gravata

            Nós três ficamos em silêncio por minutos. Eu estava receoso sobre como Mike reagiria aquela sugestão. Ele pegou um morango e engoliu, mastigou enquanto fuzilava Thomas com os olhos. Nunca o havia visto tendo aquele comportamento, mas sabia que quando estava irritado ele era a pessoa mais sarcástica e hostil do mundo.

            —É uma saída viável. –falou depois de pensar, não tirando os olhos de Thomas

            Fiquei em choque com aquela reação. O encarei como se fosse louco.

            —Mike?! E depois o que, um impeachment, uma renúncia por escândalo sexual? –ele fez uma careta

            —Você não sabe como as pessoas reagiriam.

            Thomas, ao ouvir aquilo deu um sorrisinho de canto para Mike e eu prendi a respiração, contando até 3. Então eles concordavam em alguma coisa.

            —Segunda alternativa? –pegou uma maçã e mordeu-a

            Será que ele estava com algum transtorno alimentar? Não parava de comer. Ou talvez tinha algo a ver com algum treinamento maluco dentro dessa organização? Então lembrei que não havia passado tempo suficiente com Mike para saber suas manias, seus gostos.... Saíamos esporadicamente e costumávamos sempre estar de bom humor. Eu não sabia o que estava acontecendo com ele.

            —Não temos segunda alternativa –falei num resmungo, pegando mais uma tortinha de limão para comer

            —Desmentir tudo. –Mike falou

            —Ah é? Como vamos fazer isso? Dizer que foi tudo montagem? –Thomas perguntou num tom irônico

            —Exatamente. Mintam até o final, sustentem isso até o fim dizendo que foi mentira. Em algum tempo eles vão desistir e começar a duvidar deles mesmos. E criem um passado falso para Damien, subornem quem precisar para esconder o fato de que ele dormiu aqui várias vezes, que vocês saíram para jantar, que foram sequer vistos juntos.

            Eu estava chocado com aquela sugestão. Esconder uma verdade com uma mentira geralmente terminava em confusão. Mas achei cômico o jeito que ele falou, encarando Thomas com um olhar que o deixou constrangido, como se estivesse dando uma bronca nele.

            —Você contou tudo isso para ele? –Thomas repentinamente falou, me olhando com o cenho franzido.

            —Vocês precisam pensar tudo isso estrategicamente, junto com a equipe de marketing. Peça para eles fazerem suposições sobre o que aconteceria se você assumisse um relacionamento. –ignorou completamente a pergunta que Thomas me fizera

            —Um relacionamento com um homem, seria bem específica e nada alarmante essa pergunta. –completou com ironia

            Revirei os olhos, aquele encontro estava saindo pior do que eu imaginara.

            —O mais importante é enfrentar qualquer coisa que acontecer, e para isso precisam estar preparados. Se assumirem o relacionamento há riscos de protestos por parte dos conservadores, pedidos de renúncia e queda na aprovação da população. Se mentirem haverá um desgaste na imagem do governo e saturação de notícias com o rosto de vocês dois estampadas.

            Caímos num silêncio sepulcral novamente. Ouvia apenas o barulho das mordidas de Mike na maçã, os dedos de Thomas tamborilando nervosamente sobre a mesa. Tratei logo de fazer meu próprio barulho, cortando minha torta e mastigando lentamente um pedaço daquele doce.

            —E Damien, como fica a situação dele?

            —Pouco provável eles virem atrás dele. Se toda a América souber de vocês dois, o estrago já estará feito e o trabalho da PNPA acabado. No entanto se escolherem mentir há grande chances de eles escolherem cortar o mal pela raiz.

            Falavam de mim como se eu não estivesse na sala; Bufei mas ainda assim não prestaram atenção em mim. Cortar o mal pela raiz... Ou seja, me matar antes que eu causasse mais problemas. Aquela resolução de Mike não nos deixava com muitas opções.

            —E se assumíssemos tudo antes do vídeo vazar? –sugeriu Thomas

            —Melhor para vocês, seria uma queda para a PNPA, eles não estão esperando isso. Esperam que você recue e dê a eles o que querem: Damien longe de você, não ameaçando a soberania nacional. Porém, se mesmo assim o vídeo vazar depois que vocês assumirem o namoro você terá que dar explicações de porquê estava usando o local de trabalho como motel.

            Enrubesci com aquelas palavras e ainda mais com o sorriso triunfante que Mike estava dando para Thomas. Agora inclinara-se na cadeira, as mãos atrás da cabeça.

            —Porém, já que você parece tão preocupado, é pouco provável que eles vazem esse vídeo depois que vocês assumam o relacionamento. Primeiro eles veriam como isso afeta o povo americano e deixariam correr por vários dias antes de tomar alguma atitude ou não. Se o povo rejeitar essa nova realidade eles vão vazar o vídeo, buscando uma renúncia sua, visando desestabilizar o governo.

            —Mas se metade da população me apoiar eles não farão nada porque seu dever é proteger a soberania nacional de qualquer um, até do presidente, mas não de interferir sem uma razão, estou certo?

            —Você aprende rápido Thomas.

            Eu ouvia aquele diálogo como se estivesse em outro universo. Todas aquelas sugestões eram loucuras! E eram sobre a minha vida, mas nenhum dos dois pareciam se preocupar com o que eu queria, estavam mais entretidos em cutucar um ao outro.

            —Thomas não pode arriscar a presidência por mim Mike! –finalmente consegui falar. As palavras saíram num jato, trancadas há tempos em minha garganta

            —Ele não só pode como vai. E já arriscou, no momento em que te trouxe para trabalhar aqui.

            —Isso não é justo –resmunguei baixinho- Nós só temos uma chance e se der errado Thomas perde a presidência.

            —Eu prefiro assumir nosso relacionamento do que ficar recebendo ameaças sem parar. Não é justo mas também não é sua culpa, eu mesmo trilhei esse caminho Damien. Eu preciso arcar com as consequências, mesmo que signifique deixar de ser presidente.

            Thomas sorriu tentando me acalmar mas ao contrário das suas intenções eu fiquei ainda mais irritado.

            —E tudo o que você conquistou Thomas? Vai deixar por isso mesmo?

            —Prometo que não vou desistir fácil tudo bem? –sorriu e acariciou minha bochecha. Senti Mike se retesar ao meu lado- Não irei entregar a presidência para ninguém Damien. Mas se eu tiver que sair não vou ir de bom grado, vou resistir o quanto puder, não se preocupe com isso. –puxou minha mão direita e beijou-a com doçura

            Senti meu peito apertar com aquelas palavras. Ele iria fazer tudo aquilo por mim? E o que eu poderia fazer por ele além de ficar ao seu lado? Me perdi em seus olhos azuis, o cenho franzido de angústia e o coração acelerado de paixão até que Mike pigarreou e me afastei de Thomas rapidamente.

            —Agora que eu já dei algumas opções preciso ir embora –levantou-se rapidamente e espreguiçou-se

            —Para onde? –indaguei curioso

            —Trabalhar e tentar descobrir para vocês qual o próximo passo da organização. Quando antes vocês agirem melhor para vocês, vão ganhar tempo e dar uma rasteira neles.

            —Neles? Você não faz parte dessa organização? –Thomas perguntou

            —Sim, mas prefiro não me incluir nos pronomes. Estou lá porque fui obrigado, não porque quero. E Damien é bem mais importante para mim do que qualquer outra coisa.

            Um silêncio constrangedor pairou sobre nós enquanto eu enrubescia e fixava meu olhar no chão aos meus pés, sem saber o que dizer.

            Os encarei com curiosidade... Eram quase da mesma altura, Mike um pouquinho mais baixo, e diferiam em inúmeros aspectos. Enquanto Thomas era elegante e altivo Mike era mais modesto e corpulento. Mas cada um tinha uma beleza diferente... Mike possuía mais traços fortes e acentuados, Thomas tinha traços delicados e intensos no rosto. Contudo a maior diferença estava nas roupas e no estilo.

            Thomas levantou ao meu lado e aproximou-se de Mike.

            —Obrigado por cuidar dele –estendeu-lhe a mão

            Mike o olhou com desconfiança, as sobrancelhas arqueadas, mas apertou a mão estendida rapidamente, como se estivessem selando meu destino num pacto. Revirei os olhos com aquele pensamento.

            —Eu nunca vou parar de cuidar dele, mesmo de longe –olhou-me finalmente e sorriu

            Retribuí o sorriso com vergonha, mas ele fez algo inesperado. Caminhou até mim, inclinou-se por cima da cadeira e beijou minha testa.

            —Vai dar tudo certo, e mesmo que não dê sempre há uma solução –sussurrou em meu ouvido

            Agarrei o pescoço de Mike e puxei-o meio sem jeito para um abraço, enterrando meu rosto em seu ombro, algumas lágrimas deixando minha visão turva.

            Eu ainda o amava, e tê-lo tão perto de mim fazia meu coração palpitar de um jeito estranho.

            —Eu te amo –murmurou baixinho apenas para eu ouvir

            Enfim as lágrimas escorreram dos olhos para as bochechas e me despedi dele com um beijo na bochecha que o fez dar uma risadinha.

            —Continue alimentando ele bem

            Ouvi Mike falar para Thomas enquanto ambos andavam pelo corredor em direção à saída da residência. Meus olhos encheram-se mais de lágrimas ao vê-los juntos conversando e rindo. Ainda consegui ouvir algumas frases antes de desaparecerem por uma porta.

            —D. é muito ansioso por isso tente não mostrar que está desesperado.

            —Eu já percebi isso. Mas ele está apavorado e não sei o que fazer.

            —Você está, eu também estou apavorado.

            Ouvi mais alguns risos entre os dois e adorei vê-los se dando bem depois daquela conversa que começara tão hostil. Funguei mais algumas vezes e continuei comendo minha tortinha, tentando pensar em um futuro feliz e sossegado para mim.

______

            Gostei da sensação das mãos de Thomas percorrendo meu corpo, naquele momento em especial. Abri os botões de sua camisa enquanto recebia alguns apertões nos quadris e nas coxas.

            Eu estava sentado com uma perna de cada lado do tronco dele, e digamos que sentindo o quão animado ele estava.

            Sorria para mim com aquela cara de cafajeste, como eu havia lido na internet. Soltei um risinho ao me lembrar.

            —Sabia que as mulheres em geral te amam? –Thomas arqueou as sobrancelhas curioso

            —Uma pena para elas porque eu amo você –inclinou-se para cima e beijou-me com vontade

            Sua boca cobriu a minha com sofreguidão, mordendo e puxando meus lábios. Senti um pouco de dor e gemi baixinho, mas apenas intensifiquei seu excitamento, porque puxou minha cueca para baixo e apertou minhas nádegas com volúpia. Ele com certeza me deixaria marcado aquela tarde.

            —Ah Thomas –gemi baixinho enquanto retirava sua camiseta- Elas vão ficar com raiva quando souberem que você gosta de homens –ri baixinho enquanto meu peito era enchido de beijos

            —Não me importo nem um pouco –rosnou baixinho mordendo minha barriga

            —Não? –mordi os lábios- E já sabe como vamos contar isso?

            Ele parou o que fazia com um suspiro, encostando-se novamente nos travesseiros. Temi que ele tivesse ficado irritado, mas parecia pensativo. Ainda o sentia duro nas minhas coxas e não me movi nem um centímetro dali.

            —Eu estava pensando... –mordeu os lábios- Amanhã à noite.

            —Amanhã?! –arregalei os olhos de pavor

            —Tenho um jogo de beisebol para ir –pude ver que ele estava contando aos poucos sua ideia para não me assustar- Me convidaram para fazer um discurso. –olhou-me com hesitação- Posso falar sobre Israel, o índice de aprovação, programas sociais e, claro, sobre você. Também aproveitar para fazer algumas piadinhas a respeito de eu ter estado todo esse tempo solteiro.

            Engoli em seco com aquela sugestão. Eu não saberia dizer se era a melhor ideia.

            —Não acha melhor pedir a opinião de Mike? –revirou os olhos

            —Mike por acaso é especialista em política, marketing e beisebol?

            Eu ri e ele me acompanhou.

            —Vocês até se deram bem hoje. No início pensei que fossem se matar, mas depois saíram conversando como velhos amigos. –ri baixinho

            —Ele não é uma má pessoa. Claro que eu fico com ciúmes, mas ele te ama assim como eu e só que o melhor para você. Quanto mais pessoas que gostam de você por perto melhor para nós.

            Senti os olhos encherem d’água com aquelas palavras. Thomas acariciou meu rosto com a ponta dos dedos, percorrendo minha boca e queixo com a mão. Fechei os olhos com o carinho.

            —Temos que arriscar –falei finalmente com um sorriso no rosto- Não podemos demorar muito. –eu estava otimista finalmente, não havia muito o que fazer

            Estreitei os olhos e o olhei enquanto mordi seu dedo. Ele riu com aquele gesto, mas logo parou ao ver que eu o beijava com carinho, minha língua resvalando por toda sua extensão. Corei bastante ao fazer aquilo, mas Thomas pareceu ter gostado porque puxou-me para baixo, atacando meus lábios novamente.

            Apertei seu membro por cima da cueca e ele grunhiu baixinho. Thomas devia estar quase explodindo já, afinal havíamos passado várias horas nos beijando, e ele não tinha tentado nenhuma aproximação sexual, não sabia se porque temia que eu o rejeitasse ou por respeitar meu espaço.

            —Hmm você passou a tarde inteira assim? –ri enquanto retirava sua cueca, revelando o membro em riste

            —Sim, acredita? Culpa sua –apertou minha coxa direita mordendo os lábios de excitação

            —O que eu poderia fazer para lhe servir presidente? –sussurrei em seu ouvido, minhas bochechas queimando de vergonha, mas estranhamente gostando daquilo

            Algo daquele tipo jamais aconteceria entre eu e Mike. Nós não éramos verbais durante o sexo, éramos carinhosos. Com Thomas dependia do dia, algumas vezes éramos agressivos, outras não e eu adorava aquela versatilidade.

            Ele sussurrou em meu ouvido coisas banais que gostaria de fazer comigo e um arrepio passou por meu corpo. Um calor espalhou-se por mim, especialmente no meio das pernas, onde eu também já estava animado há tempos.

            Então eu fiz o que Thomas queria e tivemos uma tarde recheada de beijos,  mordidas, e muitas outras coisas.                               

______

Mandei uma mensagem para Jess enquanto vários olhares estavam em cima de mim, curiosos e ansiosos.

“Passa aqui em casa mais tarde? Só você, sem o Chris.”

            —Preciso conversar com vocês. –disse enquanto guardava o celular

            Encarei minha família com seriedade ao mesmo tempo em que me olhavam com curiosidade. Respirei fundo antes de contar tudo o que precisava.

            Depois de ter passado a tarde inteira conversando e beijando Thomas nós havíamos decidido que primeiro eu precisava avisar minha família sobre o que iria acontecer, afinal eles não podiam ser pegos desprevenidos. Também decidimos que eles precisariam de segurança 24 horas por tempo indeterminado. Não sabíamos o que a PNPA tentaria contra nós ou nossas família, se tentariam algo.

            —Damien, aconteceu algo no trabalho? Você foi demitido? –minha mãe já começava a se desesperar

            —Aconteceu, e é por isso que estamos reunidos aqui.

            Estávamos na sala de casa, já era m 18 horas e por isso eu conseguira a proeza de colocar todos no mesmo ambiente.

            —O que houve Damien? –meu pai arqueou as sobrancelhas começando a ficar irritado com a minha enrolação

            —Eu... –mordi os lábios indeciso

            Primeiro eu havia sugerido que Thomas fosse até a minha casa, mas chamaria muita atenção. Depois pensara em reunir minha família na Casa Branca, mas do mesmo modo seria atrair atenção indesejada para nós, e mais especulações.

            —Thomas e eu, nós –respirei fundo com os olhos fechados, tomando coragem para contar- Nós estamos namorando.

            Essa não era a parte mais difícil da questão. O que viria a seguir é que me deixava apreensivo.

            Minha mãe me encarava com os olhos arregalados, Lilith estava chocada e meu pai tentou não parecer abalado, sem sucesso. Ninguém falou nada por vários minutos, então eu resolvi continuar com a parte mais difícil da história.

            —E nós vamos assumir nosso relacionamento... –comecei baixinhomas fui interrompido

            —Vocês estão loucos?! –meu pai exaltou-se- E quem vai apoiar algo desse tipo?

            Fechei os olhos pedindo paciência a mim mesmo, o coração acelerado pelo nervosismo.

            —Lilith –tentei buscar algum apoio em minha irmã mas ela parecia chocada demais. Talvez aquela paixão que ela nutria por Thomas fosse amor mesmo.

            —Eu não posso acreditar nisso. –minha mãe murmurou- Mas e aquele rapaz que às vezes aparecia aqui? Matt era o nome? –revirei os olhos

            —Mike é outra história, agora estou com Thomas. –seria muito desnecessário contar toda aquela reviravolta cansativa para eles. E perigoso.

            Ainda me encaravam boquiabertos, surpresos demais para falarem qualquer coisa.

            —Isso... Pode ser bom não é? Você ficaria famoso e...

            Era claro que minha mãe se preocupava só com aquilo. Se eu fosse famoso, uma celebridade, talvez ela pudesse finalmente ter algum reconhecimento como a “mãe de Damien Novak” ou seria “Damien Klint”? Balancei a cabeça com aquele pensamento. Meu nome ficara horrível com o sobrenome dele.

            —Preciso avisar antes, não queria que soubessem pela televisão ou jornal. –suspirei- Daqui pra frente vai ser tudo diferente, Thomas requisitou segurança vinte e quatro horas para vocês e para mim, não quer que sofram exposições desnecessárias.

            —Isso é uma loucura –meu pai murmurou- Você precisava mesmo namorar logo ele, o presidente Damien?! E dizer que ele gosta de homens... Inacreditável!

            —Já me fiz a mesma pergunta inúmeras vezes –respondi

            —Porque diabos vocês precisam mostrar para o mundo essa relação? Não pode ser algo privado? –continuou, seu pescoço estava vermelho, as veias saltadas

            —Cedo ou tarde irão descobrir, e se souberem por outros meios que não por nós pode ser pior. –menti já que não podia contar a verdade

            —Puxa Damien –minha mãe parecia atordoada- não há muito para fazermos então, só desejar que tudo dê certo.

            Sorri para ela, mesmo sabendo suas reais intenções por trás daquelas palavras. Lilith continuava um pouco chocada, mas agora irritada também.

            —Não pude te contar antes Lilith, me perdoe.

            —Aposto que você riu quando eu te contei da minha paixãozinha por Thomas. –cruzou os braços mas não pude decifrar se estava irritada ou brincando

            —Nós vamos morar na Casa Branca? –os olhos de minha mãe brilharam e eu suspirei

            —Nós? Eu vou morar lá, mas vocês podem me visitar.

            Meu pai resmungou alguma coisa e saiu da sala com passos largos e fortes. Ouvi uma batida de porta no andar de cima e me encolhi. Não esperei que ele fosse ficar tão exaltado.

            —Vai levar um tempo até ele aceitar essa ideia, mas vai dar tudo certo –ela pegou minha mão e fez um carinho

            Apesar de tudo minha mãe não era uma má pessoa. Ela no fundo queria o meu bem, o melhor para mim, mas ela também queria outras coisas como fama e ter reconhecimento, algo que ela não conseguira ao casar com meu pai. Eu acreditava que aquela era a maior decepção de sua vida, não ter tido tanto sucesso quanto meu pai.

            —Não podemos fazer nada mesmo. Só estou chocado com o fato de Thomas ser gay. Se bem que o jeito como ele te olhou naquele dia foi um tanto diferente–Lilith murmurou me fazendo rir

            Ela saiu da sala com passos arrastados, me olhando significativamente antes de ir. Perguntei-me o que passava por sua cabeça naquele momento, talvez decepção, tristeza?

            Ficamos ali, só eu e minha mãe, olhando um para o outro, conversando de um jeito que nunca havíamos feito.

            Talvez aquela mudança toda serviria para nos aproximar mais.

______

            Jess chegou quando todos já haviam ido dormir e eu estranhei aquela chegada tão tarde.

            —Desculpe D. –ela me beijou no rosto toda afobada e entrou na minha casa, atirando-se logo no sofá- Estava trabalhando até tarde e só saí agora.

            —Tudo bem, não tem problema –sorri sentando-me ao seu lado

            O cabelo dela continuava vermelho, incomum para ela que estava sempre mudando a cor. Me sentia mal por não poder lhe contar nada sobre Chris, mas Mike dissera que ele não podia fazer nada contra Jess.

            —Então, o que aconteceu de tão surpreendente pra você me chamar aqui? –riu

            —Thomas e eu, nós vamos assumir nosso relacionamento.

            A boca dela escancarou-se e ficou assim por um bom tempo, chocada, piscando atonitamente para mim.

            —Oi? Me belisca! –estendeu o braço para mim mas eu apenas ri

            —É mais fácil saberem por nós do que por outras pessoas, em revistas de fofoca. Cedo ou tarde descobririam. –menti do mesmo jeito que mentira com minha família

            —Mas... Mas como você acha que as pessoas iriam reagir? –perguntou-me curiosa

            —Não tenho ideia mas é um risco que corremos. –suspirei

            —Chris me disse que a aprovação de Thomas está lá em cima! –me cutucou e piscou como se aquilo fosse algo para eu me orgulhar

            —Você não pode contar isso para ninguém, sobre eu e Thomas tornarmos público nosso relacionamento.

            —Claro que não D., tenho medo que a CIA me mate. –riu e me abraçou

            Me senti confortado em seus braços que sempre me recebiam quando eu estava triste ou precisava de palavras de afeto. Se ela soubesse que a CIA não era o problema e que o namorado dela fazia parte da encrenca...

            —Quer dormir aqui? –perguntei, as sobrancelhas arqueadas- Estou me sentindo sozinho, uma companhia seria bom.

            —Só se fizermos pipoca para passar a noite assistindo filmes! –fez um bico com a boca, uma expressão habitual dela quando queria algo e eu revirei os olhos

            —Tudo bem!

            —E você vai me contar direitinho tudo o que acontece na Casa Branca, tipo quais lugares vocês gostam mais de se pegar, se os funcionários veem vocês se pegando. Eu acho legal né, você ali com Thomas e eles ouvindo sem poder falar nada?

            Arregalei os olhos assustado e envergonhado, o rosto quente. Não sabia que Jess gostava daquele tipo de coisa.

            —Ah é Damien, vai dizer que você nunca pensou nisso?

            —Não! –protestei- Eu fico apavorado só de me lembrar que eles ouvem certas coisas, e nem sei se ouvem também, prefiro não pensar nisso.

            Ela gargalhou e eu tentei permanecer sério, sem sucesso.

            A noite seria cheia de conversas sobre eu e Thomas, e o mês mais ainda.


Notas Finais


* Espero que tenham gostado!
* Comentem me dizendo o que acharam, qual parte mais gostaram, etc ♥
* Me incentivem por favorzinho ♥
* No próximo vamos saber o que o povo vai achar da relação dos dois e como vai ser a reação geral.
* E a fanfic está chegando ao FIM, faltam mais 2 ou 3 capítulos para terminar :'(


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