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História O primeiro amor não pode perdurar para sempre! - Livros, café e neve!


Escrita por: Geminny

Notas do Autor


Olá amadinhos.

Meus queridos (as), sei que estou ultrapassando e muito o limite imposto por mim mesma, o problema é que aconteceram algumas coisas ruins, me afetaram de tal maneira que não tive animo para escrever. Mas como não costumo desistir de nada, aqui está mais um capitulo.

Só um ponto: Não tenho confiança em escrever long fics, portanto não se acanhem em me falar se está ou não do agrado de vocês. E mais, gosto de receber comentário (qual o autor que não gosta né?), mas confesso que isso ajuda a escrever mais rápido, portanto, comentário e criticas construtivas são sempre bem vindas...

Divirtam-se e até as notas finais.

Capítulo 3 - Livros, café e neve!


Fanfic / Fanfiction O primeiro amor não pode perdurar para sempre! - Livros, café e neve!

Livros, café e neve!

Os olhos claros de Dégel – protegido pelas espessas lentes de leitura – estavam presos em um livro de um romance britânico – os melhores em sua opinião. –, na tentativa de relaxar sua mente, quando uma fumegante xicara de café com creme foi posta na mesa, como uma oferenda para o aquariano.

 

— Já voltou? – indagou, colocando o marcado de texto na pagina que estava lendo, fechou o livro e o colocou em cima da mesa, mas continuou com os óculos, assim que pudesse (quando Mu partisse) retomaria sua adorada leitura.

 

Mu sentou-se de frente para Dégel, colocando o chocolate quente que havia ido buscar – junto com o café com creme – na mesa.

 

— Sim. Não tinha muita gente na fila. – o ariano respondeu, afrouxando o cachecol xadrez.

 

Dégel Provou um pouco do café e um pequeno bigode branco se formou em seu buço. Mu sorriu, mas Dégel se livrou do bigode passando a língua ao redor dos lábios.

 

O tempo estava frio. Na ultima semana não havia feito outra coisa além de chover. Havia amainado um pouco somente naquela tarde de sábado. E o redator aproveitou para espairecer, tomar um gostoso café e ler um pouco. E o café livraria á dois quarteirões do prédio onde morava parecia o local perfeito para isso. Encontrou com Mu assim que chegou ao estabelecimento. O ariano estava isolado em uma mesa próximo a janela de vidro e acenou assim que o viu passar pela porta. Não era a toa que aquela era a cafeteria preferida da cidade.

 

Dégel sentou-se no banco estofado e Mu gentilmente se ofereceu para pegar um café para ele, já que iria pegar um chocolate quente para si. Como não gostava de café, e estava frio demais para tomar um delicioso chá gelado, Mu optou pela conveniente bebida. Já Dégel era apaixonado pela cafeína, assim como amava aquele friozinho de congelar a ponta do nariz, que era melhor aproveitado quando exercendo um dos seus hobbies favoritos: A leitura.

 

Entre um gole e outro, Mu notava a forma elegante como Dégel segurava a xicara e levava aos lábios: um perfeito homem de classe!

 

Dégel era um homem bonito, gentil e inteligente e o ariano meio que gostava de trabalhar com o redator. Mas nem tudo era um mar de flores e, para fazer discrepância com essas qualidades, Dégel exibia uma personalidade taciturna e antissocial. O pobre Mu ainda não sabia como havia se tornando amigo do ruivo, talvez o conveniente fato de terem os mesmos gostos tenha ajudado um pouco.

 

— Você já esteve apaixonado por alguém Dégel? – Mu perguntou, mesmo não tendo certeza se a amizade entre ambos exercia tal confiabilidade.

 

Claro, essa duvida não se propunha de sua parte, pois sabia que podia confiar plenamente em Dégel, mas o que o redator pensaria ou falaria? Estaria ele sendo inconveniente?

 

O redator engoliu forçoso o ultimo gole de café. Respirando com um pouco de dificuldade. Ainda não estava bem para falar sobre aquele assunto com alguém e sua vida pessoal não era algo que gostava de expor para qualquer um. Apesar de Mu aparentar ser uma pessoa que merecesse ter a confiança que Kardia jamais conseguiria ter dele, Dégel também teve receio de contar que ultimamente estava sofrendo de um mal causado por um amor não correspondido e que a seu ver aquilo não era nem um pouco agradável e provavelmente Mu não se contentaria somente com um “sim, eu não só já estive como ainda sou apaixonado por alguém”.

 

— Acho que não. Não tenho tempo para essas futilidades. – mentiu.

 

Mu sorriu desconsolado.

 

— Eu já esperava por uma resposta dessas.

 

O ariano passou a olhar com um profundo interesse para sua xicara vazia presa em sua totalidade por seus dedos trêmulos.

 

Dégel remexeu os lábios, a decepção era visível nos olhos de Mu. Será que ele estava apaixonado por alguém e estava precisando de ajuda? Se fosse o caso, Dégel era a ultima pessoa a quem ele deveria procurar.

 

O aquariano ponderou um pouco, o que poderia dizer ao colega afinal? Não sabia muito sobre amorosidade. Seu único amor foi algo unicamente unilateral. Mas o que lhe rendera o conhecimento de que paixão é um sentimento profundo e intenso, marcado pelo grande interesse e atração em algo ou por alguém. Que a paixão não somente era, como ainda é, capaz de alterar aspectos do comportamento e deixar marcas bastante evidentes, assim como alguns motivos de arrependimento, como, por exemplo, a inconveniente amnesia alcoólica que havia tido, causada pela resultante bebedeira de uma noite, provocada pela dor da rejeição de uma paixão.   A vontade de afogar sua dor de cotovelo era tão ardente que não pensou nas consequências e acabou ficando vulnerável a Kardia. Foi vitima da impulsividade, do desespero e da inquietação.

 

Não estava se repreendendo, afinal, qualquer pessoa pode se apaixonar a qualquer momento, dependendo de diversos fatores associados com os gostos, preferências e referências que cada indivíduo possui. Apenas se remoía porque havia sido tolo demais.

 

— Eu estou! – Mu tornou a falar, interrompendo o pensamento do aquariano. As bochechas do ariano estavam vermelhas e os dedos vez por outra se cruzavam. – Apaixonado, eu digo...

 

Dégel não soube o que dizer. Nunca soube na verdade.

 

Estar apaixonado exprimia tanto sentimento! E, com relação a sentimento, o aquariano não conseguia lidar nem com os dele próprio quem dirá com os sentimentos alheios.

 

Não sabia lidar com o amor, isso era fato. Sempre manteve o sentimento que nutria por Defteros guardado debaixo de sete chaves. Já sabia lidar com as historias dos rompantes do grego, contadas pelo próprio. Sabia que o geminiano nunca seria seu. Que seria somente, e simplesmente, seu amigo mais próximo. E ainda se perguntava o que dera em si para revelar seus sentimentos No entanto, uma coisa é escutar daquele que se ama que ele esteve com alguém, outra coisa vê-lo nos braços de outro. Dégel sentia um sentimento estranho nascer dentro de si toda vez que via Defteros e Asmita juntos. Sentimento esse que não aflorou em momento nenhum, enquanto se dizia estar apaixonado por Defteros, e ele lhe contar todas as relações amorosas que teve.

 

Se Mu lhe perguntasse se está apaixonado por alguém é bom ou ruim? Ele prontamente lhe responderia que era bom, apesar de não passar de uma incessante demonstração de admiração por algo ou alguém que lhe cause paixão. E que na maioria das vezes a intensa atração sexual e o desejo de estar na companhia desta pessoa ou ter o que lhe agrada faz uma enorme diferença parecer suportável. Normalmente, quando alguém está apaixonado, esta pessoa pensa constantemente no alvo de sua paixão, sente-se ansioso por estar perto dela, sofre de abstinência quando estão separados e uma grande felicidade quando estão juntos. No entanto, o aquariano já havia experimento os dois lados da moeda, ou melhor, ainda estava experimento o lado ruim de estar apaixonado por alguém.

 

Não... Não era tão cruel aponto de colocar em duvida um sentimento tão inocente, afinal, não é porque não foi correspondido que o mesmo aconteceria com Mu.

 

— Como pode ter certeza? – Dégel perguntou sem aparentar interesse.

 

— Bom... – as bochechas de Mu ficaram languidamente rosadas, desmanchando-se em um sorriso bobo. Ele apertou com um pouco mais de força a xicara em suas mãos. – As borboletas não deixam meu estomago em paz... – confessou. – E minhas pernas parecem gelatinas e minha voz falha, assim como as palavras somem da minha boca.

 

Dégel esboçou um ínfimo sorriso diante da confissão boba do colega de trabalho.

 

— E essa pessoa já sabe?

 

O francês não era uma pessoa curiosa. Assim como gostava de sua privacidade, respeitava a dos demais. Mas Mu parecia muito confuso e frágil diante do sentimento aparentemente novo. Não que ele se importasse, apenas não conseguia abandonar Mu em um momento tão importante.

 

— Ainda não. – os olhos do ariano relancearam inseguros. – Digamos que não é uma paixão convencional. E só nos vimos de relance.

 

— Compreendo. É algo unilateral!

 

Mu mordeu o lábio. Não deixava de ser.

 

— É... – respondeu baixo. – O correto é dizer que apenas eu o vejo. O admiro de longe...

 

Dégel não pode deixar de notar que as palavras foram colocadas no masculino. Estaria Mu afirmando que sua paixão não convencional seria um homem e por ele também ser homem não daria certo? Ou mesmo, não fluiria e por isso ele não teve coragem de se confessar?

 

— Virou um Stalker Mu? – ambos riram. – Mas não se preocupe, você é muito bom no que faz e é muito atraente também. Tenha um pouco mais de confiança em si mesmo e tudo dará certo.

 

Dégel queria muito acreditar naquelas palavras, mas sabia que não seria assim tão fácil. Nada garantia que o mais novo seria correspondido por seu amor platônico. Nesse momento Mu tinha as mesmas chances que ele tinha quando se declarou a Defteros.

 

No final das contas, sua paixão não passou de um desejo de vislumbrar algo que não consistia em uma realidade essencial, e ele não se contentaria em viver com um ideal imaginário, ou mesmo parcial, por resto da vida. Só esperava que Mu fosse mais esperto que ele e não se deixasse levar por um “Kardia” da vida, para não ter que acaba com um arrependimento futuro.

 

“Porque diabos estava pensando em Kardia em um momento daqueles?”

 

— Obrigado por me escutar, Dégel.

 

O ruivo maneou a cabeça.

 

No lado de fora do café, pequenas bolinhas brancas começavam a cair.

 

“Tão inconvenientes!” Pensou Dégel.

 

Depois de uma torrencial semana chuvosa, aquelas pequenas e inconvenientes bolinhas brancas vieram ditar que era hora de ir embora.

 

Mu se levantou: — Acho melhor eu ir andando...

 

— Bom, só posso lhe desejar boa sorte!

 

Mu apertou um pouco o cachecol xadrez envolta do pescoço e se dirigiu a saída. Pegou seu casaco e luvas na entrada, abriu a porta na intenção de sair, mas antes que o fizesse, pode vislumbrar um par de esmeraldas olhando em sua direção, assim como um par de safiras muito inquisidoras.

 

Imediatamente as borboletas invadiram seu estomago e, pode jurar, que se ousasse sair do lugar suas pernas fraquejariam.

 

— Mu? Que surpresa. – Kardia falou ao ver seu assistente na entrada do café. – Já está de saída?

 

— É... Estou... Estava... Eu vou... – balbuciou o assistente olhando para o homem que acompanhava Kardia.

 

O grego abraçou Mu pelos ombros e saiu o guiando em direção a uma pessoa conhecida.

 

— Ótimo, então irá nos acompanhar em um gostoso e revigorante café.

 

O ariano engoliu seco, será que sobreviveria á um café?

 

Espera, ele não bebia café!

 

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Dégel havia voltado a ler seu livro quando viu Mu sentar novamente a sua frente.

 

— Porque voltou? Esqueceu-se de algo? – o aquariano o olhou por cima dos ósculos de grau.

 

Mu abriu a boca para esboçar algo, porém foi à voz de Kardia que invadiu os tímpanos de Dégel.

 

— Não, eu o convidei para um café.

 

O francês imediatamente se sentiu incomodado. Novamente aquela estranha sensação de felicidade enjoativa o assolou. Fechou o livro com demasiada força, esquecendo-se de colocar o marcador. Mas tudo bem, quando sóbrio, tinha uma excelente memoria – como pode comprovar, uma vez que seus lábios formigaram com a fresca lembrança de como era gostoso ter a boca de Kardia grudada a sua. –, então, com certeza, ele reconheceria a pagina que estava lendo. Direcionou seus intrigantes olhos violáceos para Kardia, capturando um semblante desafiador na face do loiro, devolvendo na mesma medida. Porém, se arrependendo logo em seguida ao perceber que Kardia ficava muito bem vestido daquela forma desleixada. Aquela “dupla” de jeans desbotado justo e suéter claro combinavam perfeitamente com o corpo másculo que o mais velho detinha.

 

O redator engoliu seco, tinha que admitir: Kardia era uma verdadeira perdição!

 

O sorriso vitorioso do editor chefe deu ganas em Dégel, mas este permaneceu impassível. Não demonstraria o quanto aquele sorriso cafajeste o deixava louco de raiva. Kardia por sua vez sabia que havia causado no mínimo uma boa impressão, já que aquele olhar lançado por Dégel em sua direção era diferente dos demais. Sentou-se ao lado de Mu, enquanto esperava Aiolia, não queria perder uma só expressão do redator.

 

— Então, vocês estavam falando sobre o quê? – o escorpiano perguntou alternando a visão entre os dois mais novos.

 

Dégel ergueu as sobrancelhas no alto da testa enrugada. Seus olhos se encontrando mais uma vez com as íris azuis instigantes do editor chefe. Mais uma vez estava sendo pressionado. O aquariano se pôs confortável no estofado, aquilo havia ocorrido à semana inteira, porque diabos estava acontecendo no final de semana também?

 

O que havia acontecido com o seu almejado descanso de final de semana?

 

Dégel e Kardia não tinham um contato direto dentro da editora. Enquanto o editor chefe ficava responsável pelo conteúdo do jornal, coordenando todas as etapas da produção e edição da editora. Dégel era o que se podia chamar de classe “mais baixa” responsável por atuar com a produção de textos e materiais publicitários, quem realizava o controle de processos da área era Defteros. Porém, naquela semana Kardia pediu toda assessoria que precisou diretamente para Dégel. Fato que o fez ter um maior contato com o grego.

 

Um desgosto desnecessário – foi o que pensou. Kardia era arrogante, narcisista. Pedante muita das vezes.

 

O redator era uma pessoa que gostava de trabalhar, mas devido a essa brusca mudança, a semana havia sido uma verdadeira ponte de contrariedades. E o francês não sabia o que era pior... Ter que lidar com o temperamento pedante do editor chefe ou expulsar a lembrança de um momento tão único dentro de um elevador em momentos nada apropriados.

 

Era uma situação complicada!

 

Dégel ponderou um pouco se deveria contar ou não o real tema da conversa. Não era uma pessoa curiosa sobre as reações alheias, mas gostaria de poder ler a mente de Kardia e saber qual pensamento passaria por aquela cabeça loira quando soubesse o tema da conversa entre ele e Mu. Nesse meio tempo Aiolia veio até eles, trazendo consigo uma bandeja com quatro copos de polietileno devidamente tampados.

 

Sentou-se ao lado de Dégel e passou a distribuir os copos.

 

— Chocolate quente para você... – Aiolia entregou um dos copos fechado para Mu. Dégel não pode deixar de nota que as bochechas do assistente atingiram um tom rosado – E cappuccino para os demais.

 

— Paixão... – Murmurou Mu de repente. Todos os olhares se voltaram para ele. – Estávamos... Conversando... Sobre paixão. – explicou. Seu rosto atingindo um tom maior de vermelho.

 

Os olhos de Kardia logo encontraram os de Dégel. Uma inexorável onda de sentimentos atingiu o redator.

 

— Mu, você não deve satisfação da sua vida a ninguém, muito menos ao seu chefe. – o aquariano o repreendeu.

 

Kardia exibiu um sorriso desdenhoso.

 

— É um bom tema... – Aiolia falou, seus olhos encontraram os de Mu. Já o havia visto aonde trabalhava. Ele aparecia três vezes por semana e aos sábado a tarde. Normalmente desacompanhado, dificilmente comprava algo, na maioria das vezes ficava na parte de leitura aberta, talvez observando a movimentação. Então não foi de fato uma estranheza encontrá-lo em um lugar como aquele. E que lugar..., aconchegante e bem movimentado. Não chegava a ser como o lugar onde trabalhava, mas valia a pena tomar um cappuccino ali. – Paixão é um bom tema para uma conversa entre amigos. – continuou. Provando de seu cappuccino. – Esse lugar também parece bem legal. É a primeira vez que venho aqui.

 

O redator olhou de esguelha para o rapaz sentado ao seu lado. Era a primeira vez que o via... não aparentava ter mais que vinte anos. Era alto, forte, com uma encaracolada juba dourada. Olhos grandes e íris esverdeadas.

 

Kardia fechou o semblante ao perceber que não era mais a atenção do aquariano.

 

— Dégel, Mu esse é o Aiolia. – começou as apresentações. – Ele será nosso futuro representante comercial. Claro, isso se ele quiser largar a “banca” onde trabalha para vir se associar a Mekai.

 

— Banca? – o aquariano enrugou a testa.

 

Aiolia olhou contrariado para o editor chefe do Mekai. Tudo bem que o santuário da leitura não era tão confortável como aquele lugar, e não possuía livros de capa dura. Também não tinha aquele espaço café, nem tão pouco era tão bem organizado com mesas retangulares e bancos estofados de dois lugares. Mas não havia nada que o publico jovem, e mediano, procurasse que não conseguisse encontrar aonde trabalhava.

 

— Aiolia esses são Dégel Chevalier, um dos redatores da Mekai, e esse ao meu lado se chama Mu Arians e é meu assistente. Rapazes o Aiolia trabalha no santuário da leitura. – Kardia respondeu sem dar a ênfase necessária que o lugar merecia.

 

— Kardia, aquele lugar é o maior ponto de leitura da cidade. Livros, revistas, jornais, gibis, mangás... Tudo relacionado à leitura juvenil e atualidades pode ser encontrado lá. Então não é necessariamente uma banca. – Dégel o repreendeu.

 

“Sem contar que aquele é o ponto onde os produtos da Mekai são os mais vendidos.” O aquariano não expos tal pensamento.

 

— Detalhes, Dégel. Apenas detalhes. – disse sem realmente se abalar. – Chamei Aiolia aqui por um motivo maior...  Uma conversa informal antes da real entrevista.

 

— Você não devia fazer pouco caso de algumas coisas. – insistiu o redator.

 

— Eu soube que ele é o melhor vendedor que há no santuário da leitura, então nada mais natural que uma grande oportunidade apareça, não?

 

Dégel não tinha argumentos para discordar de Kardia. E, se o cara era bom e a equipe de vendas da Mekai estava desfalcada..., então porque não? Olhando pelo modo profissional do “candidato” era uma ótima oportunidade de crescimento, afinal trabalhar em uma editora era muito melhor do que trabalha em uma “banca” de acordo com as palavras de Kardia. No entanto, se aquela conversa havia se tornando um encontro de negócios, não precisava da presença dele para uma decisão final. Desse modo, o aquariano apenas retirou os óculos e o guardou dentro da case. Pegou o livro que estava lendo e o segurou junto ao peito, dizendo que já iria embora.

 

— Dormindo com o inimigo? – Kardia leu em voz alta. – Relembrando experiências ressentes? – Alfinetou.

 

Havia apreciado a grande surpresa de encontrar Dégel por ali. Mas o aquariano apenas o ignorou; Kardia não merecia nem seu ato de indignação. O editor saiu do estabelecimento em completa revolta com a afronta do editor chefe, mas não demonstrou nenhuma alteração além do leve rubor sem graça.

 

No lado de fora, já quase no fim da rua, Dégel sentiu alguns pequenos flocos gelados entrar em contato com a pele sensível do seu rosto. O redator fechou os olhos, apreciando o contato inédito.

 

Como era bom sentir aquele friozinho lhe acertar a ponta do nariz!

 

O redator estava completamente imerso em um deleite despretensioso, alheio dos acontecimentos ao redor, quando sentiu a gola de sua camisa ser puxada com força. Seu corpo inclinou-se para frente, o desequilíbrio foi certo e quando pensou em harmonizar sua coordenação motora, sentiu suas costas irem de encontro com uma parede fria de uma ruela paralela. Uma língua já conhecida pediu passagem entre seus lábios de maneira afoita. Explorando sua boca, o que fez com que estremecesse. Sua cintura foi possessivamente envolta por braços fortes. Mais uma vez ficou incapaz de mover a própria língua e ficou com dificuldade em respirar.

 

— Nn... hum. – O beijo apaixonado não se findava, deixando-o inquieto. Tentou reagir, mas suas mãos foram presas no alto da cabeça e o livro que carregava foi ao chão.

 

Deixou um suplicante gemido escapar.

 

Aquela língua afoita era incrivelmente boa, fazia-o querer mais daquela boca que estava colada a sua. A sensação de ter outro corpo pressionando o seu, mesmo que em uma rua parcialmente escura, era incrível. E mesmo que quisesse empurrá-lo para longe – o que não era o caso. – sua vontade foi completamente submetida e seu corpo não correspondia, fazia tudo contraditoriamente.

 

Era como se Kardia o tivesse enfeitiçado.

 

Dégel sentiu seus braços serem induzidos a se posicionarem ao redor do pescoço do editor chefe. E ele não conseguiu reagir de modo diferente em relação aquilo. Podia não se lembrar da sensação de ter transado com Kardia, mas conseguia lembrar com perfeição do momento dentro do elevador e toda vez que isso acontecia... seu coração batia acelerado, seu rosto ficava vermelho e uma eloquente pressão se instalava em seu estomago. Naquele momento, por exemplo, não conseguia pensar em outra coisa que não fosse à sensação maravilhosa de ter seus lábios tomados naquela euforia enlouquecedora. Em como o escorpiano era gentil e voraz na medida certa.

 

Kardia o abraçou pela cintura e acariciou suas costas. Um grupo de bêbados passava por ali, fazendo muito barulho, no entanto os lábios dos dois permaneciam unidos. Quando finalmente o beijo acabou, Dégel sentiu-se fraco, incapaz de se manter em pé por conta própria, mesmo com Kardia segurando-lhe a cintura. Apoiou-se contra a parede, reclamou com seus lábios ainda dormentes.

 

— O-o que pensa que está fazendo? Ainda mais em um lugar como esse?

 

O aquariano estava terrivelmente vermelho. Limpou os lábios húmidos com a palma da mão, mas não podia apagar a sensação que ainda tinha nos lábios e na língua.

 

Kardia sorriu nervoso. O coração disparado dentro do peito e a dificuldade de respirar era sua companheira naquele momento.

 

— Então..., se tivesse sido em outro lugar, estava tudo bem?

 

— Claro que não! – Dégel falou firme, apesar de ainda estar afetado pelo beijo. – Não posso acreditar que tenha utilizado um truque sujo como esse.

 

— Truque sujo? Até onde sei você não me deixaria te beijar. Ou deixaria? – Dégel apertou as têmporas com força. Suas bochechas corando furiosamente. – Você é orgulhoso demais, jamais admitiria que havia gostado do beijo e tão pouco diria que queria, ou quer, mais do que isso.

 

— O-o q-uê? – o aquariano perguntou num engasgo. Suas bochechas ficando ainda mais vermelhas.

 

Kardia sorriu vitorioso, tinha acertado?

 

Dégel respirou profundamente, inflando o pulmão e liberando de vagar, como se assim conseguisse colocar os pensamentos em ordem. Empurrou o escorpiano até que atingisse uma distancia mínima de si. Apenas o suficiente para que conseguisse respirar em paz.

 

Era perigoso demais estar perto de Kardia.

 

— Porque está fugindo? – o editor chefe perguntou cruzando os braços.

 

— Não estou fugindo. – Dégel respondeu enfático.

 

— Sim, você está! Ou não teria saído da cafeteria quase correndo. – o escorpiano rebateu desgostoso, sabendo que o principal motivo da escapulida de Dégel era ele. – Está nevando sabia?

 

Dégel ajeitou alguns fios de cabelo atrás da orelha, aquilo não podia continuar... Precisava dar um basta naquelas situações que vinha decorrendo uma atrás da outra. Fosse dentro de um elevador, ou em uma rua escura, até mesmo em seus pensamentos, não importava a situação, não conseguia se livrar a moléstia de Kardia.

 

— Escute... Não sei o que pretende com essas suas atitudes, mas, por favor, eu te peço, não me envolva mais. – pediu cansado. Não estava no clima para um relacionamento de momento e nem queria ter aquele tipo de relação com o editor chefe do Mekai. Kardia sempre o deixava confuso com suas ações vorazes e Dégel precisava de paz. Curtir sua dor de cotovelo a sós. E ter aquele monte de sensações o atormentando não o ajudava em nada. – Além do mais, são apenas alguns flocos. Consigo chegar vivo em casa. – falou com um pouco de rispidez.

 

Kardia afastou-se do aquariano e colocou as mãos no bolso.

 

— Dégel, escute...

 

— Não, Kardia. Por favor, não. Você está em uma conversa de negócios e eu não quero te atrapalhar.

 

— Você não estava atrapalhando. – Kardia devolveu. Nesse momento Mu saiu da cafeteria e o chamou, informando que Aiolia precisava partir.

 

— Já estou indo, Mu. – Kardia informou ao seu assistente e o pediu que segurasse Aiolia um pouco mais. – Por favor, me espere. Preciso conversar com você.

 

— Eu não tenho para conversar com você! – Dégel rebateu. – Agora eu preciso ir... – falou e seguiu rapidamente o caminho para casa, antes que Kardia inventasse de molestá-lo novamente.

 

Estava tão desnorteado que acabou esquecendo-se do livro caído naquela ruela, bem aos pés do edito chefe.

 

***


Notas Finais


Pobre Dégel, tudo o que quer é paz, mas como sempre Kardia não tem piedade dele. Estariam às moléstias do escorpiano fazendo algum efeito sem que o aquariano perceba? Afinal, ele descreveu roboticamente tantos predicais dos apaixonados e não percebeu, que além da dor da rejeita por um amor não correspondido, também reside aquele inicio interesse por outra pessoa. E agora ele se encontra no velho paradoxo: um cego guiando o outro já que Mu resolvera pedir sua opinião, ou melhor, decidiu desabafar com ele sobre o amor...

Vamos aguardar e ver o que acontece, né?

Quero agradecer as lindinhas: Nia-nya, UchihaSenpai, Seiji_Chan, ynari do animespirit e as Hargreaves e a PSX do nyah pelo comentário deixados no capitulo anterior.

Até o próximo!


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