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História O Principe das Trevas... Ou Não! - Capítulo 14


Escrita por: LuhLuhPandinha e Miranachan

Notas do Autor


Olha... Eu não tenho boas desculpas.
Nós não conseguimos nos encontrar para escrever durante um bom tempo e veio aquele bloqueio de escritor, sabe? Mas vamos tentar compensar por isso, fazendo um capítulo extra grande dessa vez.
Obrigada pela paciência e tenham uma boa leitura!

Capítulo 14 - Capítulo 14


Fanfic / Fanfiction O Principe das Trevas... Ou Não! - Capítulo 14

Capítulo 14, parte 1

Harry se escondeu embaixo da capa de invisibilidade, secando suas lágrimas na mesma. Ele não queria falar com Draco. O que ele tinha acabado de fazer... Julgar e condenar uma pessoa apenas por quem ele era... Lembrava muito da sua antiga vida, com os Dursleys, onde ele era maltratado por ser uma aberração.

Se Draco fazia a mesma coisa com outras pessoas, isso não iria querer dizer que ele podia ser comparado aos Dursleys?

Depois de tudo o que eles passaram...

Harry sabia que estava sendo irracional, mas sua mente estava realmente perturbada. Ele não conseguia pensar direito.

Ele queria evita-lo por um tempo até que pudesse colocar seus pensamentos em ordem. Ele não podia deixar seus sentimentos tomar o melhor dele.

Não sabia quanto tempo havia se passado desde a briga, sua memória parecia borrada. Tudo de repente parecia fora de proporção. Ele não queria ver ninguém e não queria que ninguém o visse. Foi nesse momento que a capa de invisibilidade foi extremamente útil.

Depois de passar não sei quanto tempo escondido no banheiro e chorando até seu coração não estar mais pesado, ele finalmente se sentiu confiante para sair... Pelo menos ele pensava que sim. No momento em que ele viu outras pessoas, já sentiu vontade de se encolher e desaparecer novamente. Todos aqueles olhares de pena, julgando sua aparência – que estava péssima. Ele tentou seu melhor para disfarçar, lavando seu rosto para tirar o vermelho dos olhos, arrumando o cabelo despenteado, mas agora percebia que não foi bem sucedido. A expressão de pânico que ele demonstrou ao encarar os outros alunos e suas pernas ficando bambas foi suficiente para que eles percebessem que ele não estava nem um pouco bem.

Ele já pretendia voltar para dentro do banheiro, ignorando tudo o que os outros estudantes poderiam pensar. Eles o achariam covarde? Provavelmente. Mas Sonserinos preferem salvar a própria pele em situações críticas e isso era exatamente o que ele faria.

Mas de repente...

-Ah, s-senhor Snape, e-eu estive pro-procurando alguém para m-me ajudar– uma voz falou atrás dele, a pessoa pegando-o pelo braço.

Harry olhou para ele, desconsolado.

-Professor Quirrell... – ele cumprimentou o seu professor de Defesa Contra Artes das Trevas – O senhor quer alguma coisa?

“Porque eu estou meio deprimido no momento, caso não tenha notado.”

Era o que ele queria dizer, mas não pôde.

-S-senhor Snape, eu p-preciso que alguém l-leve isso p-para as masmorras – ele mostrou uma caixa – É uma e-encomenda para o seu p-pai, professor Snape.

Harry suspirou, frustrado. Por que tinha que ser ele?

-Por que tem que ser eu? – as palavras escaparam de sua boca.

-V-você foi o p-primeiro que eu encontrei, s-senhor Snape. P-por favor, e-eu preciso d-de ajuda de um son-sonserino – ele gaguejou.

Harry revirou os olhos disfarçadamente. Ele não queria fazer nada para ninguém, mas se ele levasse a caixa para as masmorras, ele poderia ficar sozinho novamente, dessa vez em seu dormitório. Se ele tivesse sorte, seus companheiros estariam em outro lugar e ele podia descansar na sala comunal sem ser perturbado.

-Tudo bem, eu levo – ele se rendeu. Ele segurou a caixa firmemente em seus braços e começou a caminhar para as masmorras.

Enquanto isso, Draco continuava procurando freneticamente por Harry. Ele se recusava a pedir ajuda para seus colegas para encontra-lo, ele sabia que eles o estavam julgando nesse exato momento. Ele sabia... Que eles deviam o estar considerando como o cara mau da história. E com razão! Ele traiu a confiança de seu melhor amigo, por um deslize. Como ele pode ter feito isso... Com alguém tão inocente...?

Antes os Sonserinos o olhavam com admiração e respeito, mas agora parecia que todos o odiavam.

Não era para ser assim. Sonserinos deviam ficar juntos, já que todas as outras casas os ignoravam. Eles não devem dar as costas uns aos outros. Eles não deviam...!

...

Eles não deviam fazer seus amigos chorarem. Sim, Draco tinha certeza de que Harry estava chorando em algum lugar da escola. E isso quebrava o coração dele. Se os Sonserinos o tratassem mal agora, era por uma boa razão. Ele machucou um dos seus, quando na verdade devia protege-lo. Talvez mais do que ele, Draco, Harry era ainda mais amado pelos Sonserinos e no momento em que Draco o machucou, foi perdida a boa opinião que eles tinham dele.

E todos sabem que, a boa opinião de um Sonserino, uma vez perdida, era difícil de ser recuperada.

Nada nos banheiros, nada na sala comunal. Nada nas salas de aula, nem na quadra de Quadribol. Onde ele poderia estar?! Ele também não queria pedir a ajuda de tio Severo... A não ser que ele quisesse receber um sermão por ter perdido Harry no castelo. Ele realmente não precisava disso. Já se sentia mal o bastante. Ele já tinha procurado em todos os lugares, menos a sala de jantar. Se Harry não estivesse lá, ele não teria escolha a não ser pular o jantar e procurar em cada um dos lugares de novo.

Certo. Todos já estavam se sentando para jantar. Na mesa de Sonserina tudo parecia normal, exceto dois lugares vazios, o de Draco... e nenhum sinal de Harry. Ah Deus, por que ele tinha que estudar numa escola tão grande? E por que ele tinha que perder seu melhor amigo no meio daquela escola tão grande?

Sem olhar para trás para seus colegas, ele juntou suas forças para refazer a busca, embora seus pulmões estivessem queimando e seu rosto suando de tanto correr. Ele não podia desistir.

(Severo P.O.V.)

Quando o jantar foi servido, eu não conseguia tirar os olhos daqueles dois lugares vazios na mesa de minha casa. Eu fiz uma lista mental de todos os alunos que estavam ali para descobrir quem estava faltando. Começando pelos mais velhos, até chegar nos mais novos, até perceber que...

Draco e Harry.

...Que desastre. É pior do que eu pensava.

-Severo? – ouvi Minerva me chamar, me tirando de meus pensamentos – Sua comida vai esfriar, você precisa comer.

Eu sabia que ela só estava sendo gentil, mas eu não pude deixar de me estressar. Aonde eles podem ter ido? Eu realmente não posso deixa-los sozinhos por um minuto.

-Agora não, Minerva – eu tentei olhar em volta, procurando os dois, mais preocupado do que eu gostaria de admitir.

-Quem está procurando? – Minerva tentou seguir o meu olhar.

-Draco e meu filho, eles não-! – eu parei de falar de repente, tomando um gole de suco de abóbora, já que minha garganta secou de uma hora para outra.

Meu filho. Foi isso o que eu disse. Eu sei que eu devo manter as aparências e agir como se eu fosse seu pai, mas eu poderia simplesmente chama-lo pelo primeiro nome. Não seria suspeito. Minha escolha de palavras... Quando foi que eu comecei a chama-lo de filho?

Ele não é. Isso é apenas... Apenas uma encenação.

-Severo – Minerva tentou tocar meu ombro, mas eu imediatamente fiquei tenso, não estando acostumado com isso. Ela deve ter percebido meu desconforto, pois retirou sua mão logo em seguida – Está tudo bem em ficar preocupado, sabe? Só quer dizer que você é humano. Ser pai é complicado mesmo.

Ah Minerva, eu sei que você está tentando ajudar, mas é exatamente isso com o que eu estou preocupado.

Quando eu aceitei cumprir esse papel, eu não pensei nas consequências que isso poderia me trazer. A verdade é que eu não sei cuidar de outro ser vivo. Seria mais fácil se eu não tivesse que me envolver emocionalmente com aquele garoto. Mas parece que agora todos esperam que eu seja esse pai cuidadoso e eu não faço ideia de como fazer isso.

Como eu posso ser um bom pai se eu não tive um bom pai como exemplo?

(Draco P.O.V.)

Onde ele está, onde ele está?! Qual é, ele não pode ter ido muito longe, ele tem que estar em algum lugar do castelo! Pra onde mais ele pode ter ido, para a Floresta Proi-?!

Eu senti meu coração parar. Ele não pode ter ido para a Floresta Proibida, pode? Ele... Ele não faria isso. Harry não se arriscaria tanto só para se manter longe de mim, não é? Ele não seria capaz de...

COMO EU POSSO TER CERTEZA?!

Harry era muito impulsivo, fazia as coisas sem pensar! Talvez ele pensou em se afastar, num lugar onde eu não pensaria em procurar.

A esse ponto, eu já estava quase arrancando os cabelos. Não, Draco, fique calmo. Vai dar tudo certo, você precisa confiar que Harry não seria estúpido o suficiente para pensar em fazer algo assim. Ele não se colocaria em risco desse jeito.

MAS ENTÃO ONDE ELE ESTÁ?!

Tremendo dos pés a cabeça, eu falei a senha de nossa casa comunal. Eu quase caí de joelhos ali mesmo quando vi uma pessoa ali de pé, com uma caixa estranha nas mãos.

-Harry! – eu fui correndo até ele, esquecendo completamente que ele estava bravo comigo. Tudo o que importava era que ele estava bem e não naquela floresta perigosa – Você está bem, você está...!

Harry silenciosamente me afastou e eu percebi seus olhos avermelhados. Acho que o mesmo poderia ser dito sobre mim. Minha visão ficou um pouco enevoada.

-Eu ainda estou bravo com você – ele disse quietamente, enquanto cruzava os braços.

-Eu achei que... Eu pensei que você tinha ido pra floresta proibida, eu estava tão preocupado! – exclamei, sentindo o coração acelerado com adrenalina.

-Por que eu faria isso?! – perguntou Harry, irritado.

- Eu te procurei pela escola inteira e... Não importa. O que importa é que você está aqui agora. Harry, eu sinto...!

-Eu não quero ouvir! – berrou Harry.

-Mas foi sem querer! Foi força do hábito! Ela me provocou! Você teria feito a mesma coisa.

-Não, eu não teria, eu nunca chamaria uma pessoa de um nome tão... tão sujo. Não importa quem seja!

-Por que isso é tão grande coisa?!

-Porque isso é exatamente como os Dursleys teriam feito comigo!

Eu congelei com aquelas palavras. Quando eu me tornei maduro o suficiente, papai me explicou o que exatamente tinha acontecido com Harry em sua antiga casa. Seus parentes horríveis e o abuso que ele sofreu.

Mas isso não podia ser verdade. Isso era diferente! Eu não sou como eles, não sou!

-Harry, eu... – murmurei.

-É isso mesmo! – chorou Harry – Eles faziam a mesma coisa! Pra eles, eu era uma aberração! Por algo que eu não podia controlar, algo que eu não podia evitar. E agora, você está fazendo a mesma coisa!

Não. Eu não quero ser assim.

-Harry, eu não que-!

-Eu não quero ouvir. Já cansei de ouvir você. Só o que eu quero é que você me deixe em p...!

Harry não conseguiu terminar sua frase. Um barulho ensurdecedor o interrompeu. Nós dois ficamos petrificados no lugar enquanto ouvíamos aquele crocito horripilante e passos pesados se aproximando de nós. Parecia uma águia, mas... Muito maior.

-H-Harry... – eu olhei para ele, apavorado e sabia que ele tinha chegado à mesma conclusão que eu. Não demorou até que a porta das masmorras fosse derrubada e aquela terrível criatura se acercava perigosamente perto.

-T-tem um...

 

 

“Um grifo! Um grifo nas masmorras!”

Foi esse o aviso que Quirino Quirrel deu a todos na sala de jantar.

 

Capítulo 14, parte 2

(Severo P.O.V.)

Tem um grifo nas masmorras. Foi isso que Quirrel disse. E é claro que ele escolheu o melhor momento para dizer aquilo, que foi quando eu estava novamente bebendo suco de abóbora e me engasguei com o mesmo. Minerva teve a chance de se abaixar antes que eu jogasse o líquido para fora. Alvo, no entanto, não teve a mesma sorte. Felizmente nenhum dos alunos percebeu isso, porque estavam ocupados demais tendo um ataque de pânico.

Por quê? Por que as masmorras? De todos os lugares, por que as minhas masmorras?

-Severo, meu garoto... Por favor, se controle – o diretor me repreendeu.

-Sinto, diretor – eu coloquei um feitiço simples de limpeza nos robes dele, antes que ele se levantasse para chamar a atenção dos alunos.

-SILÊNCIO! – ele gritou e todos pararam imediatamente – Todos os monitores, levem seus estudantes para a sala comunal.

Eu fiquei imobilizado por um momento antes de exclamar:

-Alvo, a sala comunal de meus alunos fica nas masmorras! Você não pode ser tão irresponsável de manda-los até lá!

-Severo, acalme-se...!

-Eu não vou me acalmar! – eu sei que não devia deixar minhas emoções tomarem conta de mim dessa forma, mas eu não conseguia aguentar o fato de  meus alunos sempre sendo deixados de lado como se importassem menos que todos os outros. Sempre foi assim. – Eu não vou permitir que você os coloque em perigo!

-Tudo bem, tudo bem, não vamos perder o controle – Pomona se colocou entre nós, tentando impedir o conflito – Severo, seus alunos podem ficar com os meus até que tudo seja resolvido. Eles parecem se dar bem uns com outros.

-Mas não será possível manter todos na mesma sala, são muitos! – Minerva retrucou – Eu posso levar alguns deles à torre comigo. Eles podem causar alguma confusão, mas pelo menos estarão a salvo.

-Eu me ofereço também, eu levo alguns deles com os meus corvinos. Eles parecem ter algumas coisas em comum – Flitwick completou.

Um alívio percorreu o meu corpo quando todos se ofereceram para me ajudar. Deve ser a primeira vez que eles fazem isso. E parecia que eles estavam olhando para mim de outro jeito. Eu me pergunto por que.

Já é uma preocupação a menos. Agora eu preciso...

Eu encarei Quirrel, que pareceu tremer com o ato. Harry e Draco não estavam aqui, então tinha grande chance de que estivessem em nossa sala comunal. E se eles estiverem lá, Quirrel teria que tê-los visto. Ele é o professor de defesa contra artes das trevas, por que ele iria sair correndo para avisar a todos ao invés de domar a criatura, quando havia alunos em perigo?

 A não ser... Que ele tenha feito isso de propósito.

E se isso for verdade...

Eu agarrei a gola dos robes de Quirrel, que engasgou quando eu o fiz.

-Você. Venha.

-S-Snape, o quê-?! – ele gaguejou, mas eu não tinha tempo para isso.

-Você é o professor de defesa contra artes das trevas, não é? Então venha comigo e faça seu trabalho, afastando essa criatura daqui. – eu me aproximei dele antes de sussurrar algo, para que ninguém ouvisse – E se você tiver algo a ver com isso, Quirrell, se eu descobrir que você passou um dedo fora da linha... Você vai se arrepender de ter cruzado o meu caminho.

-Severo, aonde vai?! – eu ouvi a voz de Minerva me chamando. Quando dei por mim, eu já estava correndo até as masmorras, ainda puxando Quirrell por seus robes.

-Eu tenho que encontrar o meu filho! – eu anunciei antes que pudesse me impedir. E lá se foram anos de má reputação.

(P.O.V. Normal)

Os alunos que ainda restavam na sala de jantar, olhavam boquiabertos para a direção onde o professor de poções tinha corrido. Talvez ainda mais surpreendente do que ter um grifo letal na escola, era o fato de que professor Severo Snape tinha acabado de demonstrar mais emoção em uma frase do que em todos os anos de sua carreira. Esses alunos restantes não conseguiriam contar a ninguém o que tinham presenciado, pois ninguém acreditaria. Na verdade, eles mesmos mal conseguiam acreditar.

-Minerva, nós precisamos de um médico! – Dumbledore chacoalhou McGonagall, tão descrente da situação quanto todos os outros.

-Nem olhem pra mim! – Poppy exclamou – Eu me recuso!

-Era isso o que eu estava falando, Alvo – McGonagall, como sempre foi a voz da razão – É isso que a paternidade faz com as pessoas.

-Está mais para “maternidade” – Flitwick riu em voz baixa – Parece que os instintos maternos do Severo estão à flor da pele.

-Filius, por favor! Eu achei adorável – Pomona comentou.

-Se eu soubesse que algum dia vocês achariam o professor Snape “adorável”... – Trelawney olhou confusa – Nem eu pude prever isso.

(Harry P.O.V.)

Antes que eu percebesse o que estava fazendo, Draco e eu já estávamos encolhidos, nos abraçando. Draco estava tremendo muito e eu não estava muito melhor. Eu tentei desesperadamente lembrar das aulas de defesa contra as artes das trevas, tentando lembrar de alguma coisa, qualquer coisa que podia ser usado para nos defender de um grifo.

Isso não estava nas matérias do nosso ano, mas algo que eu sabia, era que ameaça-lo era ruim e correr era ainda pior, pois ele nos veria como presa.

-Fique bem parado – eu sussurrei para Draco – Não faça movimentos bruscos ou você vai ameaça-lo.

Draco acenou com a cabeça, respirando pesado. Ele parecia ainda mais assustado do que eu!

O grifo farejou o lugar, parecendo estar procurando algo. Por enquanto não parecia ter notado a nossa presença. Um alívio me percorreu, pensando que ele podia simplesmente nos deixar quando percebesse que o que queria não estava aqui, mas de repente ele me olhou diretamente nos olhos e soltou aquele grito novamente. Eu empalideci quando percebi que ele nem prestava atenção em Draco, muito embora nós estivéssemos tão próximos. Seus olhos mortíferos estavam grudados nos meus. Eu fiquei paralisado enquanto ele se preparava para dar o bote, e...

-NÃO! - Draco gritou, antes de me jogar para longe, em um dos sofás. Depois disso ele soltou um grito de dor e eu percebi que o grifo tinha avançado pra cima dele – Não... - ele murmurou com a voz dolorosa – Não encoste nele...

Eu olhei horrorizado para ele, seus enquanto seus robes ficavam ensanguentados e seu rosto perdia a cor. Não... Não era isso o que eu queria!

-Harry... - Draco olhou para mim com o olhar perdido – Vá... - ele me implorou, mas eu não serei capaz de conceder os desejos dele.

Sonserinos são corajosos, mas eles não são estúpidos. Quando ameaçados, é muito provável que vão fugir para salvar a própria pele. Nossa casa é muito criticada por essa razão. Mas eles não sabem de nada sobre nós. Nós temos outra característica que nos define ainda melhor do que essa.

Lealdade.

Nós somos exageradamente leais aos nossos companheiros. Nós nunca deixamos um dos nossos para trás. Nunca.

-Draco, não! – com uma onda de adrenalina me enchendo, eu me levantei, sentindo minhas emoções e energia fervendo dentro de mim, e logo foram materializadas em magia. Não sei se era verdade ou coisa da minha cabeça., mas um momento depois eu a vi ali.

-Serpente! - eu exclamei, surpreso. Lá estava ela, tão grande que não deveria caber nas masmorras, no entanto seu corpo não parecia ter forma sólida, apenas uma névoa. Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, ela deu o bote em cima do grifo, que não teve nenhuma chance para se defender. Ela não o matou, no entanto. Apenas o manteve cativo.

-Harry... – ela sibilou meu nome em língua das cobras, não mais alto do que um sussurro – A caixa...

-Caixa, que cai... – então eu percebi. O grifo estava procurando por algo. Eu corri até a caixa que professor Quirrell me entregou e a abri nas pressas. Eu ainda ouvia o grifo gritando, tentando se libertar.

Assim que a desempacotei, tudo fez sentido. Havia um ovo enorme lá dentro, todo de ouro. Sem pensar duas vezes, eu o peguei em minhas mãos e me aproximei do grifo, que esperneava e agora eu sabia por que. Aqueles eram os gritos agonizantes de uma mãe aflita.

-Aqui! – eu exclamei para ele – Ele é o seu bebê, não é? Pode pegar! Pegue! – Eu coloquei o ovo no chão perto dela. Minha serpente a soltou apenas o suficiente para permitir que o grifo se reunisse a seu filhote. Entretanto, a serpente continuou mantendo vista rígida por cima dele, para que ele não tentasse me atacar novamente. Eu corri até Draco.

-Draco! – chamei desesperadamente por ele, tentando impedir o sangramento – V-vai ficar tudo bem, você vai ficar bem! – eu deixei de lado minha raiva de antes. Eu posso dar muitas broncas nele mais tarde, quando eu me certificar que ele não esteja mais em risco de vida.

-Harry... – ele murmurou para mim, e eu percebi que meus olhos estavam cheios de lágrimas – M-me perdoa...

-Não! – eu gritei, soluçando – Não fale, poupe sua energia!

-Eu não... Eu nunca percebi... – teimosamente, ele continuou falando.

-Draco, cale a boca!

-...o quanto eu era cruel até você me dizer. Você não entende...? – eu o encarei, de repente muito interessado no que ele tinha para me dizer – É por isso que eu preciso de você...! Eu preciso que você me diga quando eu estou errado... Porque... Eu me torno uma pessoa melhor quando você está comigo.

-Draco... – minhas lágrimas já começavam a cair sobre o rosto dele – Para com isso...! Não fale como se nós estivéssemos nos despedindo. Nós ainda vamos fazer muita coisa juntos! Lembra, os nossos anos em Hogwarts serão incríveis! Segura firme, por favor! – eu me virei para a serpente, para pedir socorro – Serpente, por favor, você tem que me ajudar!

-Minha criança, você precisa aprender a se apoiar em outras pessoas. Não precisa carregar todo o fardo sozinho. Eu não sou a única que quer o seu bem. Há muitas pessoas dispostas a cuidar de você. Você só precisa abrir os olhos e perceber isso. E não se esqueça de dar valor àqueles que estão sempre aqui – sua figura começava a ficar cada vez menos sólida.

-Não! – eu gritei – Não vá ainda, você não pode...!

-Harry! – no meio de meus prantos, a porta das masmorras foi aberta com força, e eu vi professor Snape (como ele mandou que eu o chamasse) com raiva e afobado, sem ar, como se tivesse corrido desesperadamente até ali.

“Não precisa carregar todo o fardo sozinho. Não se esqueça de dar valor àqueles que estão sempre aqui.”

Essa frase ecoou na minha mente. Eu abri minha boca para pedir socorro, mas não foi necessário.

-Immobillus! – Severo gritou, apontando a varinha para o grifo, imobilizando-o – Hagrid, Quirrell, cuidem do resto! – eu nem tinha notado a presença deles na sala, mas quando eu percebi, Severo já estava na minha frente, olhando horrorizado para Draco e eu – Episkey... – ele sussurrou para Draco, o que pareceu tê-lo curado, apenas o suficiente para não ter perigo de feri-lo ainda mais caso nós mexêssemos no corpo dele.

Num movimento rápido, ele segurou Draco em seus braços e com sua outra mão encontrou a minha. Eu nunca o tinha visto tão desesperado e impulsivo, deve ser por causa da adrenalina.

-Harry... – ele só parou de correr quando nós finalmente nos distanciamos das masmorras e chegamos à ala hospitalar, deixando Draco sob os cuidados de madame Pomfrey – Nós falamos disso mais tarde... – Severo agora parecia exausto, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Eu não pude deixar de sentir um grande peso na minha consciência. De alguma forma eu sabia que ele estava muito abalado, embora tentasse manter a calma por fora.

-T-tio Sev... – nós estávamos sozinhos agora, então eu não pude deixar de chama-lo assim – Eu... Eu sinto muito.

Ele me olhou, sua expressão ilegível. Ele se ajoelhou de repente, o que me tomou de surpresa. Eu estava preparado para a maior bronca da minha vida, para ele gritar comigo sobre o como eu era irresponsável por me colocar em perigo daquele jeito. Mas ele fez algo que me surpreendeu ainda mais.

Ele me abraçou.

Por longos segundos nós permanecemos em silêncio, e eu percebi que, assim como eu, tio Severo não era acostumado a esse tipo de demonstração de afeto. No entanto, ele continuou me abraçando como se sua vida dependesse disso.

-Eu também sinto, Harry.

Talvez fosse minha imaginação, mas eu podia jurar que ele estava chorando... Assim como eu.


Notas Finais


Eu sei que o Sev pareceu meio fora do personagem, mas se você for ver bem... Nem tanto assim. Eu tenho 100% de certeza que ele ficava assim nos livros, toda vez que o Harry se colocava em perigo, só que ele disfarçava kkkk. Além disso, ele já está todo afeiçoado pelo Harry. São os instintos maternos-
Severo: Como é?!
Autoras: Ah, quer dizer- Instintos paternos. Foi isso que nós falamos. Só isso e mais nada, Sev XD


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