História O Principe das Trevas... Ou Não! - Capítulo 9

O dia chegou.

Harry não podia acreditar que depois de tanta espera ele poderia finalmente ir para a famosa Hogwarts, onde ele iria aprender junto com Draco tudo sobre magia. A ansiedade quase o dominava, pensando em todas as maravilhosas histórias que ouvia sobre a escola que Narcisa contava, de quando ela e seu marido estudaram lá. Ambos tinham muito orgulho de sua escola e sua casa, Sonserina.

Junto com essa ansiedade, havia também uma pontada de medo, já que era a primeira vez que ele iria estudar longe de seu pai Tom e dos Malfoys. Até o ano anterior, ele costumava ir com Draco na escola primária para bruxos que ficava perto da mansão. Aquilo já era um pouco assustador, mas ficar tão longe durante o ano todo era emocionante e intimidador ao mesmo tempo.

A parte boa é que a escola não seria totalmente estranha para ele. Ao menos ele teria Draco ao seu lado, além de Snape que ensinaria poções em Hogwarts. Pelo menos ele teria algo familiar, com o qual ele estava acostumado. Ele tinha a sensação de que o mestre de poções começava a ficar menos e menos hostil com ele a cada dia que se passava. Antigamente, ele achava que a cada vez que ele visitava para ficar de olho em seu afilhado e em Harry, que Severo ia lá por obrigação e achava a situação desagradável. Tendo se passado vários anos desde seu primeiro encontro, a relação entre os dois melhorou bastante e Harry até podia ver um brilho de despreocupação e divertimento naqueles olhos negros, antes completamente opacos e sem emoção.

Enquanto ele fazia as malas, preso em seus pensamentos e fantasias, Harry se assustou com um bater em sua porta.

-Ah! Entra – disse rapidamente, um pouco surpreso. Não poderia ser hora de ir ainda, não é?

A porta se abriu e revelou seus três mentores – seu pai Tom, seu “tio” Lucio e o homem em quem Harry estivera pensando em alguns momentos atrás, Severo.

Imediatamente ele começou a entrar em pânico, pensando que ele estava encrencado. Era raro que os três estivessem ali para vê-lo.

-É... Sim? – ele tentou manter a calma da melhor maneira possível.

-Harry, precisamos conversar com você – Tom falou com firmeza.

-Eu não fiz nada! – ele estrondou, tentando se defender. Ele nem havia feito nada errado e mesmo assim se sentia culpado!

Seu pai apenas riu.

-Não estamos aqui para te punir, meu príncipe – ele deu um riso abafado, falando com o mesmo tom de leveza que ele reservava apenas para seu herdeiro.

-Oh... – Harry imediatamente se tranquilizou – Então o que foi?

-É sobre sua entrada em Hogwarts – olhos verdes o fitaram com curiosidade, pedindo que continuasse – Por certos motivos, você... Não poderá usar seu verdadeiro nome na inscrição.

-Hã...? – Harry continuava encarando, dessa vez com confusão – Mas por quê?

-Não questione, Harry – Voldemort exigiu, dessa vez com uma tonalidade mais dura e autoritária – São assuntos de adulto, nada com o que você devesse se preocupar.

-Ah... Ok... – Harry sabia que não era bom discutir. Ele amava seu pai, por tudo o que ele já fez por ele, mas não faria bem argumentar contra ele. Tom era um homem de suas próprias regras e quando algo lhe vinha à cabeça, nada poderia fazê-lo mudar de ideia.

Era sempre assim. Se Harry tentasse discutir, Tom o mandava esquecer e se focar em seus estudos, que aquilo era assunto de adultos e que ele não deveria se intrometer.

-Mas então – Harry prosseguiu – que nome eu poderia usar? Se eu não sou Harry Potter, então quem eu sou?

-A escolha é sua – continuou Tom – Poderíamos dizer que você é filho do Lucio ou filho do Severo – ele gesticulou para os dois homens – Então será Harry Malfoy ou Harry Snape.

Harry ainda não entendia. Será que algum dia chegaria a entender? Ele poderia compreender porque seu pai tinha tantos seguidores que faziam tudo o que ele mandava num piscar de olhos? Ele compreenderia por que, embora tendo sido adotado por ele, não podia usar seu nome e ser conhecido como “Harry Riddle”? Ele compreenderia porque ele não podia ser “Harry Potter”?

Aquilo era tudo tão confuso. Devia realmente ser conversa de adulto, porque era complicado demais para sua mente de garoto de 11 anos. Ele decifraria esses mistérios quando fosse adulto? Se sim, quantos anos ele teria que esperar?

-Harry – o garoto em questão levantou a cabeça que ele não percebeu que havia abaixado. Era a voz de Snape. – Sem pressão – o mestre de poções o assegurou, e só então Harry percebeu que ele tinha as mãos fechadas em punhos e parecia realmente tenso.

Embora Severo continuasse sério como sempre, ele viu ali um traço de preocupação em seus olhos.

Agora estava confirmado que o professor, de fato, se importava com ele. Ele podia tentar negar e acobertar com aquela expressão sombria, mas a verdade estava ali. Se ele não quisesse chamar Harry de seu filho, era só passar essa responsabilidade a Lucio, que parecia mais que disposto a fazer isso. No entanto, a maior apreensão de Severo naquele momento foi se certificar que Harry não se sentisse desconfortável com a decisão.

E se ele se importava, então talvez não fosse tão ruim ser filho dele, não é? Não poderia ser ruim ser “Harry Snape”. Agora que ele pensava nisso, seu nome soava realmente agradável assim...

-Eu... Tudo bem se eu escolher “Harry Snape”? – como esperado, Severo arregalou os olhos com a pergunta, perplexo. Ele rapidamente se recompôs, mas Harry sabia que ele ainda estava surpreso.

-Tem certeza disso? – Severo perguntou.

-S-Sim! – agora ele falou com precisão. Ele só esperava que Lucio não ficasse chateado com a decisão. Ele apreciava muito o que ele havia feito por ele, o tirando das ruas e trazendo para essa mansão maravilhosa, mas...

Lucio já tinha um filho para cuidar, não é? E Severo não tinha ninguém...

-E-Eu espero que não fique chateado, tio Lucio – Harry expressou sua preocupação – Eu te amo muito, mas prefiro que as coisas continuem como estão. Com você só... Só como meu tio. E também, eu não poderia ficar no lugar do Draco.

Lucio sorriu com ternura.

-Não seja bobo, Harry. Ninguém está pedindo para você ser como o Draco. No entanto, se esta é sua decisão, eu só posso aceitar.

Harry suspirou, aliviado por não ter ofendido nenhum dos dois.

-E por falar no meu filho... – Lucio continuou – Seria melhor se eu ver como ele está indo com os preparativos para Hogwarts. Não posso deixá-lo se arrumar para o primeiro dia de aula sozinho, não é?

-Boa tentativa – Narcisa exclamou, do outro lado da mansão – mas você ainda vai dormir no sofá!

-Maldição! – Lucio sibilou, indo embora com frustração.

-Agora que já está tudo decidido, eu tenho reuniões para comparecer. Eu voltarei para vê-lo antes de sua ida a Hogwarts. – Tom falou com importância.

-Eh? – Harry pareceu ferido – M-mas pai, você não vai me levar até a estação?

-Eu não poderei, Harry. Severo e Lucio podem te acompanhar – e com isso ele saiu.

-É sempre assim, não é? – Severo não sabia se Harry estava falando com ele ou consigo mesmo, mas continuou escutando – Eu só queria que ele me explicasse o que toma tanto o tempo dele!

-...Ele se preocupa com você, Harry – Snape assegurou – As coisas estão complicadas para ele no momento, mas ele faz tudo isso por você. Pra ele, ninguém mais importa, só você. Talvez você não saiba, mas você é o mundo dele. – Harry olhou surpreso com aquela declaração. Parecia um pouco exagerada, mas Severo era tão próximo de Tom, então... Ele devia saber o que dizia, certo?

Harry continuava olhando para Severo com surpresa... E inacreditável felicidade. Às vezes, com seu pai tão ocupado ele se sentia desprezado, mas agora ele sabia que não precisava se sentir assim.

-O que foi Potter, o gato comeu a sua língua? – Snape o tirou de seus pensamentos, o chamando por esse nome por pura força do hábito.

-Você não pode mais me chamar assim – Harry sorriu, divertido – Agora é Harry Snape.

-Ah... Certo. – iria demorar um tempo para ele se acostumar com isso. A verdade era que Severo nunca gostou muito de seu sobrenome. Ele costumava ter vergonha de carregar um nome “trouxa” e sempre o lembrava de seu próprio pai e não eram boas lembranças. Honestamente, ele não pensava que Harry iria escolher seu nome. Ele só aceitou para que o Lorde das trevas não se zangasse, mas o garoto o surpreendeu como sempre.

-Você não se importa, não é? – Harry perguntou, um pouco apreensivo.

-Se fosse o caso, eu teria dito, não acha? – Harry concordou com a cabeça. Severo Snape era brutalmente honesto e deixava claro quando algo não o agradava.

-Eu gosto – o menino disse de repente – No nome, eu quero dizer.

-...Certo. – Severo não conseguiu disfarçar o sarcasmo em sua voz. A ideia parecia ridícula demais, mas se Harry dizia...

O jovem bruxo continuava a encara-lo com divertimento, o que causava sentimentos misturados no mestre de poções.

-Só não pense que eu vou te dar tratamento especial na escola só porque você agora é “meu filho”. Você será tratado como todos os alunos. Então eu sugiro que o senhor se esperte, porque o Draco não vai poder te salvar na hora de eu dar as notas.

Seu tom era ameaçador de uma forma divertida, que poucas pessoas pareciam entender seu humor. No entanto, o jovem bruxo começou a rir e Severo não sabia se ficava estressado por suas ameaças não terem sido levadas à sério, ou se sentisse divertido pelo mesmo motivo. Geralmente o riso de seus alunos o irritava sem fim, mas surpreendentemente não era o caso com o Harry.

...Não mais, pelo menos.

-Pode deixar, professor – ele pareceu todo confiante de repente.

-...Que bom. Se me der licença – e com isso ele se retirou do quarto do garoto.

Merlin... Ele estava amolecendo. Maldito mini Po...! Hã, quer dizer... Mini “Snape”?