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História O Príncipe de Daegu - Caput Primum


Escrita por: jiho

Notas do Autor


Hey gentinha <3 Wow nós somos mais de cem em um só capítulo??? É isso mesmo produção??? EU AMO MUITO VOCÊS!!! <3333
Eu ia postar esse capítulozinho domingo, mas eu tinha um passeio com a escola de coreano (diga-se de passagem: melhor dia ever) e ontem eu meio que fui escravizado pela minha mãe a dobrar umas Telefone Removido875675843 roupas. Psé. Eeenfim, espero que vocês gostem desse capítulo <3
Esse capítulo é narrado pelo Jimin e leiam as notas finais depois de ler tudinho, okays?
XOXO~

Capítulo 2 - Caput Primum


Fanfic / Fanfiction O Príncipe de Daegu - Caput Primum

Park Jimin

 

O amanhecer sempre é bonito, ver o sol nascer é uma beleza que poucos tem a coragem de presenciar. Acordar cedo para ver a grande bola laranja subir pelo céu até se tornar em um amarelo extremamente claro é algo que poucos tem o interesse de fazer, a preguiça e a falta de coragem em perder tempo que poderia ser gasto com o sono. Mas o que essas pessoas preguiçosas não sabem é do poder que o amanhecer tem sobre todos na Terra. Com o sol vem o dia, a esperança, a felicidade e a falta do medo. Por muitas vezes já me peguei fazendo pedidos ao sol, para que junto ao seu calor trouxesse também a alegria de viver em todos do reino.

A preocupação é algo que sempre esteve presente em mim, eu naturalmente tenho a necessidade de cuidar dos outros e tentar sempre fazer o melhor. Mesmo que o meu jeito não seja o melhor para fazer boas ações, ainda assim eu zelo muito por elas. Isso porque com o sol e o dia, vem também os afazeres e a preparação para a noite, que é onde ocorre o perigo.

Alguns tem medo do escuro por acreditarem nos demônios, acreditarem em dragões ou na kumiho. Mas eu tenho medo do escuro porque a noite é traiçoeira. Quando o sol se vai, a Terra se torna fria, os animais dormem e o sono pega a todos. E o sono significa guarda baixa, meus soldados dormindo e uma chance maior de invadirem meu castelo ou fazerem algo contra meu reino.

Quer dizer, o reino ainda não é meu, porém um dia será e para isso tudo precisa estar perfeitamente bem. Ah, se eu pudesse controlar o tempo, eu com toda certa jamais deixaria o sol ir embora, faria ele ficar em cima do meu reino pela eternidade, espalhando a quentura, o bem-estar e a segurança. Mas eu não sou um Deus do tempo, nem tampouco poderia fazer isso se fosse. Os outros lugares do mundo também precisam do sol e não seria eu o Deus mais egoísta do mundo capaz de deixar toda a população mundial morrer só para ver a minha sempre bem.

E eu poderia ficar o dia inteiro olhando para o sol, até meus olhos cozinharem e minha pele queimasse na mais perfeita combustão; eu nunca me cansaria do seu brilho e da sua beleza resplandecente. Porém isso não é possível, não é o trabalho de um príncipe ficar apenas admirando o sol enquanto há muitas coisas a fazer e muitas coisas a aprender.

Eu ainda tinha que aprender muito antes de me tornar o rei, mas por conta do repentino adoecimento do meu pai, vi-me obrigado a aprender tudo com ainda mais agilidade, certas vezes virando as assustadoras noites, acordado apenas para entender como as coisas funcionavam. Felizmente isso não se aplicava a essa noite, cujo eu havia dormido perfeitamente bem e não poderia reclamar em nada.

Agora depois de ver o sol nascer, terei que me arrumar e ir até onde está o meu mestre de esgrima, para então refinar a habilidade com espada que me era ensinado desde muito pequeno. Todo dia a rotina costumava ser a mesma, mas eu não achava cansativo. Gostava de cada segundo do meu dia e provavelmente não poderia viver melhor, nem se reencarnasse como o rei de Seul, o mais reino com mais posse da Coreia. E apesar de muitas coisas rotineiras que tendem a me acontecer e, até mesmo, me entristecer, ainda assim eu me considero a pessoa mais feliz dos quatro cantos da Terra.

Contudo as responsabilidades tendem a tocar a porta do meu quarto sempre muito cedo, igualmente a agora, onde posso escutar as batidas reais na madeira fechada. Com uma voz baixa e pouco sonolenta, permiti a entrada de quem fosse e logo notei que a pessoa finalmente abriu a porta.

Era uma das escravas, mais precisamente Shin Hye, meu braço-direito. A mulher estava sempre comigo em todos os momentos, auxiliava-me em tudo o que precisava, ajudava-me no banho, atendia aos meus desejos e estava sempre zelando por mim. A garota, apesar de pequena, era na verdade muito forte. Carregava nos ombros uma longa e triste história de vida e estava sempre a mascarar suas dores com um sorriso bonito estampado em seu rosto; na cintura sempre estava embalada uma espada. Apesar de ser uma mulher, era altamente treinada em lutas e era uma das melhores guerreiras do castelo, por conta da sua grande habilidade, foi escalada para proteger e cuidar do príncipe, no caso, eu.

Era também ela quem me acordava e, por conta disso, estava agora frente a minha porta cobrando-me para que levantasse logo. E eu obviamente obedeci. Shin Hye não era apenas uma escrava como as outras, ela era também uma amiga, na qual eu poderia contar sempre que precisasse e por isso nossa relação era tão boa. Era como uma irmã mais velha, sempre ao meu lado para o que der e vier.

E ela me fez não só sair daquele quarto de uma vez naquela manhã, como também preparou o meu banho e me ajudou a tomá-lo. Escolheu minhas vestes e chamou outras escravas para que me vestissem. Agora com um grande sorriso no rosto, a garota descia em minha companhia as grandes escadas do castelo, que davam direto no grande salão de jantar.

O lugar era tão imenso, que provavelmente se eu fosse medir, daria umas vinte cabanas dos moradores da vila. A mesa ao centro era exageradamente grande, muito mais do que deveria para um lugar que abrigava apenas a família real composta por três pessoas e o duque e duquesa. Aquela mesa deveria ter cerca de cinquenta acentos e não, eu não estou exagerando. Acontece que, algumas vezes ao ano, sempre vêm reis e rainhas de outros reinos. Eles costumam jantar e festejar, geralmente quando tratados de paz eram assinados e alianças entre os reinos eram renovados.

Aos arredores do salão, haviam muitas pinturas penduradas nas paredes e estátuas de anjos e antigos reis eram alinhadas em pontos estratégicos. Sempre achei a decoração do meu palácio extremamente bonita, porém um tanto desnecessária. A quantidade de coisas em ouro que haviam ali, poderiam provavelmente pagar moradias enormes para os plebeus, melhorando suas vidas e condições de saúde, que não eram das melhores devido a pobreza em que viviam. Claro que existiam os burgueses, os comerciantes ricos com casarões grandes. Mas haviam tantos barracos caindo aos pedaços e crianças morrendo cedo demais por conta de doenças trazidas pela podridão que lhes rondava, que a minha vontade era vender todo o castelo para que pudesse fazer de todos em meu reino pessoas felizes e com boa saúde.

Mas infelizmente nem meu pai, minha mãe, o duque ou qualquer outra pessoa da nobreza pensava como eu. Shin Hye costuma sempre dizer que esse tipo de pensamento que eu tenho é bonito e nobre, diz que Deus irá me recompensar muito um dia por conta disso, mas ainda assim eu sinto que não é o bastante. Oras, pensamentos nobres nunca se tornarão nobres realmente se não forem colocados em prática. É por isso que quando eu me tornar rei, o meu maior foco vai ser o meu reino, e não a mim mesmo.

 

— Jimin, você está encantador hoje. — a voz feminina e um pouco fina demais se fez presente.

 

Eu já conhecia bem aquela voz, a mulher estava sempre por aquele canto da casa, já que a sua única serventia era a de ser mulher do duque. Kim Hyuna era uma das mulheres mais bonitas do reino inteiro, eu reconhecia bem isso já que poucas mulheres eram tão vaidosas quanto ela. Mas também era venenosa como uma cobra, era tão mesquinha que as vezes me perguntava como podia ter se casado com alguém tão doce quanto o duque. A mulher geralmente apenas destratava alguns escravos, usando da saúde deles e da paciência para conceder os seus desejos luxuosamente malucos.

 

— Obrigado, Shin Hye é ótima escolhendo minhas vestimentas. — falei em um tom deveras formal.

 

Não era do meu feitio agir informalmente com as pessoas. Poucos eram os que conseguiam realmente descobrir o tipo de cara que eu sou, isso devido a minha insegurança. Não pelo o que vão pensar de mim, mas sim pelo que podem tirar de mim. Costumo pensar que sempre que uma intimidade é criada com alguém, essa pessoa começa a descobrir três vezes mais rápido tudo sobre si e isso de certa forma pode ser ruim, já que minhas fraquezas podem ser desvendadas e, consequentemente, serem usadas contra mim.

Quando se é um príncipe herdeiro, a confiança é algo que raramente existe. Shin Hye é a única pessoa na qual eu confio, na qual eu mostro minhas risadas e minha graça. Ela é minha melhor e talvez única amiga de verdade, por conta disso ela sabe praticamente tudo sobre mim, inclusive minhas fraquezas. Mas diferentemente do que eu penso em relação às outras pessoas, Shin Hye não é alguém que se aproveitaria dos meus pontos fracos, mas sim alguém que defenderia esses pontos caso fossem atingidos por alguém. Como um escudo protetor que está sempre ao meu lado quando preciso. E é por isso que a gente se dá tão bem, porque Shin Hye me completa em muitos pontos e porque ela me faz mais feliz. Me faz feliz por se mostrar feliz mesmo sendo uma escrava, mesmo estando ali porque há anos atrás foi obrigada a estar. Ela é radiante, sempre com um humor incrível e é por isso que despejo nela toda a confiança do mundo.

Meus olhos passearam pela mulher de cabelos negros a minha frente, Hyuna estava vestindo um vestido vermelho sangue, o decote em seus seios era ousado demais para alguém que nem sequer iria participar de um banquete especial com reis vizinhos no jantar. Ela gostava de estar sempre elegante e talvez por isso fosse tão bonita. É realmente uma pena que uma mulher tão linda externamente tenha uma podridão absurda escondida em seu âmago.

Alguns passos e eu já estava frente a enorme mesa, enquanto Shin Hye puxava a cadeira um pouco para trás para que eu sentasse confortavelmente. Arrumei-me melhor e então pus as mãos por cima da mesa, enquanto esperava o restante da família para tomar o café da manhã. Minha mãe não tardou muito para chegar até ali também, junto ao meu pai que parecia mais pálido hoje. Talvez tenha passado a noite mal de novo, tossindo tanto que até mesmo os morcegos pousados nas gárgulas do último andar poderiam ouvir.

Os dois sentaram-se na mesa também, meu pai bem a ponta e minha mãe na extremidade esquerda, ao seu lado. Eu estava há muitas cadeiras de distância, mas não me importava muito, gostava de ter o meu próprio espaço para comer. Hyuna sentou-se um pouco mais a frente, cruzando as pernas enquanto esperava pela chegada de seu marido, para que então o banquete do café pudesse ser trazido e todos ali presentes pudessem desfrutar das comidas que lhe eram preparas.

Alguns minutos e logo chegava o duque um pouco apressado, se desculpando e dizendo que não achava sua espada e por conta disso se atrasou. O rei não deu muita importância a isso, na verdade talvez ele nem conseguisse mais entender muito bem as coisas que lhe eram ditas, por isso apenas assentiu e pediu para que o café lhes fosse servido.

E logo adentravam os escravos, trazendo em mãos inúmeras bandejas que arrumavam ao longo da mesa, acabando por ocupar quase toda ela apenas com os alimentos para aquelas cinco pessoas, que sabiam que não iriam comer nem cerca de 20% de tudo que lhes era servido. Aquela era uma das coisas também que eu mais odiava naquilo tudo. O desperdício.

As comidas eram servidas em uma quantidade muito maior do que realmente seriam consumidas, por conta disso sobrava tanta comida que as vezes até iam fora. Os escravos geralmente comiam o que sobravam quando o alimento não podia ser utilizado no dia seguinte, como era o caso da carne que azedava caso fosse preparada e sobrasse. Por um lado isso era bom, já que alimentava também os seus escravos; porém se sobrasse alimento até mesmo entre os escravos da cozinha — os únicos que podiam comer aquilo —, tudo ia fora. Nada daquilo era dado aos escravos das obras, nem repartidos entre os camponeses mais pobres que passavam fome. Ia tudo simplesmente fora e apodrecia, servindo mais tarde de comida aos urubus e outros animais que se alimentavam do que estragava. Partia-me o coração porque muito daquele trigo saía de mãos camponesas, mãos famintas que trabalhavam para os seus senhores. A carne que comia pertencia aos animais dos pobres, que eram criados para servir de alimentos aos seus filhos, mas que eram tirados de si quando não conseguiam pagar os impostos do reino e da igreja. Esses pensamentos muitas vezes me faziam perder a fome, ter vontade de esconder todo esse alimento em alguma carroça e distribuir para todo o feudo. Mas isso não era possível, pelo menos não enquanto eu ainda não for o rei.

 

— Oh, me desculpe! — a voz amuada se fez presente, tirando-me dos meus devaneios.

 

Sem entender, olhei para o lado de onde a voz vinha e então arqueei uma de minhas sobrancelhas, sem entender o motivo pelo qual desculpas eram ditas para mim. Porém logo pode entender ao finalmente sentir o líquido gelar minhas pernas, fazendo-me olhar para baixo um tanto espantado. O servo havia derrubado vinho em mim.

Abri a boca para dizer algo, pedir para que ele prestasse mais atenção, todavia acabei me perdendo quando vi os olhos amendoados e muito amedrontados olharem diretamente para mim. O garoto possuía cabelos tão negros que me perguntava se algum tipo de tintura já havia passado por ali, seus olhos eram grandinhos e davam um ar inocente ao rosto do jovem rapaz, enquanto sua boca rosada se comprimia com o medo de ser punido por ter derrubado vinho em seu superior.

Era até engraçado a maneira amedrontada dele, como se eu fosse lhe bater com algum chicote apenas por ter me sujado sem querer. Todavia a graça sumiu ao lembrar-me de que ele era um escravo e que, muito provavelmente, já deve ter apanhado de chicote por fazer algo “errado”. A escravidão era outra coisa que não me apetecia, ver seres humanos seres tratados como animais serventes era algo horrível. Porém eles eram muito necessários, eu não poderia ser tão hipócrita ao nível de defender ludicamente alguma causa abolicista, desde que nasci fui cuidado por escravos e verdadeiramente não saberia o que fazer sem eles. Eles eram tão necessários no reino quanto o próprio rei, eu só creio que não precisavam ser tão judiados, ou fazerem isso por obrigação. Seria realmente muito interessante se eles fizessem aquilo por quererem, se eles se escalassem para cuidar dos afazeres do castelo por vontade própria enquanto recebiam algo em troca; assim como os burgueses e feirantes que vendiam joias, comidas e roupas ganhando algo em troca. Porém seria impossível criar um sistema assim, sem escravos, ninguém jamais fez ou nem irá fazer algo assim. Até porque ter escravos é bem mais fácil.

 

— Está tudo bem, foi apenas um acidente. — disse em um tom extremamente calmo, vendo o garoto logo me olhar um pouco estranho.

 

Talvez não fosse acostumado a ser tratado de igual para igual por algum superior, talvez fosse bem maltratado por todos e isso é bem triste. Mas pensando bem, não me lembro de ter visto aquele rosto juvenil em nenhum canto de meu castelo, não lembrava de ter um escravo tão belo e tão jovem logo na cozinha, tão perto de mim. Iria lhe perguntar se era novo ali, se havia vindo por conta de uma nova captura de escravos mais recentes. Eu nunca estava por dentro desses assuntos de escravos, isso era de trabalho do duque e do conde, então eu não tinha conhecimento algum sobre eles. Só me interessava o fato de ter um escravo aparentemente tão delicado e com uma aparência tão nobre quanto ele. Ia abrir a boca para lhe perguntar algo, porém antes que o fizesse pude ouvir uma voz um pouco longe interrompendo os meus pensamentos.

 

— Jungkook! Anda logo e limpa o chão que você sujou! — a voz velha e carrancuda disse de um lugar que eu não tive certeza de onde era, na verdade não precisei olhar em volta para saber que era a chefe dos escravos falando.

 

O garoto assentiu baixinho e saiu dali às pressas, logo voltando com um pano em mãos enquanto se ajoelhava no chão e limpava a sujeira que acidentalmente havia feito. Ainda com um pouco de medo, enquanto tentava limpar tudo da melhor forma possível.

 

Jungkook. Seu nome é Jungkook.

 

.

.

.

 

Eram agora cerca de sete horas da tarde, de acordo com a posição do sol que já estava no final do processo de se pôr. Eu havia ficado o dia inteiro debaixo do belo sol, treinando junto ao duque com as espadas. Kim Seokjin era um cara gentil e bem doce, sua personalidade era tão calma que as vezes eu sentia inveja. Apesar de eu me achar muito bom e preocupado com os outros, sempre sou impulsivo e explosivo em certas ocasiões e Seokjin conseguia controlar-se muito bem. Comandava toda a tropa de soldados do reino e seu cargo era tão importante quanto o do próprio rei, estando apenas abaixo dele e de mim, o sucessor. Jin era muito habilidoso em luta, o melhor guerreiro que já tive a honra de conheci e, com muito orgulho, é também o meu professor de esgrima.

 

— Já está de noite, não é melhor nós entrarmos? — ouvi Shin Hye nos perguntar.

 

A garota estava um pouco mais afastada, sentada em um banco enquanto observava todo o nosso treinamento. Apesar de eu claramente odiar a noite, Jin havia me prometido ensinar um golpe novo com a espada e disse que somente quando eu estivesse totalmente aquecido é que poderia aprendê-lo. Eu estava curioso e queria saber sobre o tal golpe e ele disse inúmeras vezes ser tão sensacional. Eu tinha que saber tudo sobre esgrima caso quisesse ser um rei de honra, que bate de frente para proteger o seu reino de todo e qualquer ataque inimigo.

 

— Só mais um pouco, o hyung ainda não me ensinou o golpe fantástico. — falei com um sorriso nos lábios, logo vendo Jin sorrir para mim também.

 

— É realmente fantástico, mas você precisa estar mais aquecido para aprendê-lo. — disse a mesma frase que havia repetido umas três vezes, sempre sendo a resposta que dava quando eu lhe pedia para que ensinasse logo. — O tempo já está escuro, mas não há perigo ficar aqui dentro. Estamos sob a supervisão dos melhores sentinelas da Coreia, esqueceu? — disse logo seguido de uma piscadela. — Mas antes eu preciso ir trocar de espada, acho que o fio da minha está quase quebrando. Eu já volto.

 

Dito isso Seokjin colocou a espada na bainha da calça e então saiu de lá a passos um pouco rápidos. Olhei para Shin Hye e então suspirei, passando a mão por minha testa já suada de tanto esforço que fiz. Ela parecia um pouco emburrada, realmente detestava a noite assim como eu e queria entrar o mais rápido o possível para dentro do castelo, onde tudo parecia mais seguro.

Todavia minha curiosidade aguçada jamais deixaria eu voltar para lá antes que aprendesse o golpe incrível que Seokjin estava prometendo me mostrar. Se ele fosse tão incrível assim, então talvez eu pudesse usar caso alguém ousasse invadir o meu castelo ou encostar em alguém do meu reino. Mas Jin já estava demorando, o que me causava estranheza e até mesmo preocupação, já que ele estava sozinho. A noite era traiçoeira demais e as constantes histórias de demônios, fadas e trolls não ajudavam muito para que o medo de estar tão exposto ao escuro sumisse. Não que eu acreditasse nessas histórias para criança dormir, mas pensar nelas enquanto estava no completo breu não me ajudava muito a raciocinar direito.

Acabei suspirando aliviado quando vi uma luz ao meu lado, notando então que Shin Hye havia acabado de ascender uma tocha. Claro, Shin Hye estava sempre preparada para tudo a qualquer hora. Iria lhe agradecer, mas antes que pudesse abrir minha boca, ouvi um grito um pouco fino, semelhante a de uma criança, ecoar pelo local.

Shin Hye arregalou seus olhos assim como a mim, logo ouvindo a criança gritar mais uma vez em pedido de ajuda. A garota ao meu lado automaticamente empunhou a espada guardada na bainha de sua calça, enquanto meus pés começaram a se movimentar até onde a voz vinha.

 

— Jimin, onde você vai? Não seja maluco de sair por aí durante a noite! — a garota advertiu, logo correndo em minha direção para ficar ao meu lado.

 

— Noona, tem uma criança pedindo por ajuda, eu não posso simplesmente ficar aqui parado, não é? — perguntei e então molhei os lábios, sentindo um nervosismo estranho me apossar. — É uma criança do meu reino gritando socorro, eu não vou ignorar isso.

 

Logo o grito se fez presente mais uma vez e então meus olhos puderam capturar uma sombra que vinha do meio das árvores. Aquilo fez meu estômago esfriar e então corri naquela direção. Se aquela era a criança que pedia por ajuda, então ela deveria estar correndo de alguém e estar apavorada. Aquilo me fazia ficar extremamente sentido, com medo de que uma pobre criança possa sofrer nas mãos de algum doente que está a perseguindo. Ouvi Shin Hye gritar para que eu não entrasse na floresta, porém eu apenas ignorei. Se havia uma vida correndo perigo, eu deveria dar o meu melhor para salvá-la, afinal era alguém do meu reino.

Estava escuro, podia enxergar apenas coisas próximas a mim que eram iluminadas pela tocha de Shin Hye, que corria um pouco atrás de mim tentando me alcançar. Eu era rápido, esse era uma das minhas principais habilidades e se fazia extremamente útil em momentos como esse, em que eu precisava ajudar alguém que precisa.

Pude ver a sombra um pouco mais a frente de novo e logo o grito se fazer presente, dessa vez um pouco mais perto. Faltava pouco para que eu conseguisse alcançar a criança que corria mais a frente e isso de certa forma me deixava feliz, já que faltava pouco para que eu pudesse salvá-la de seja lá quem estivesse correndo atrás.

Ao que olhei para o lado, notei que a quantidade de árvores estava diminuindo e aquilo me fez parar de correr bruscamente, só então notando que uma vertente mediana, porém profunda, de água corria bem a minha frente. Olhei para os lados a procura da criança que estava pedindo por socorro e então pude ver a silhueta abaixada ao chão, chorando baixo em pequenos soluços.

 

— Calma, está tudo bem. — disse em um tom calmo, tentando deixá-la tranquila. — Está tudo bem, ninguém irá te fazer mal.

 

Ao ritmo em que eu ia falando, ia também me aproximando em passos lentos a criança, cujo o choro só parecia aumentar cada vez mais. O rosto que antes estava escondido no meio dos joelhos agora se levantou, revelando as órbes negras completamente coberta pelas lágrimas que ali jaziam, enquanto sua face parecia completamente amassada devido ao choro.

 

— Me desculpa, eles me obrigaram a fazer isso… — a voz infantil ditou.

 

Arqueei uma das sobrancelhas sem entender a fala da criança, porém logo pude ouvir um grito alto de Shin Hye ecoar atrás de mim, fazendo com que eu me assustasse diante àquele desespero. Olhei para trás e, antes que pudesse raciocinar qualquer coisa, senti um impacto extremamente forte e doloroso em minha cabeça, fazendo-me cair ao chão completamente imobilizado.

A espada caiu de minhas mãos, ficando a alguns metros longe de mim, impossibilitando que eu tentasse a pegar. Minha cabeça doía muito e minha visão ficava meio turva, porém ainda conseguia ver Shin Hye à minha frente, com a espada em mãos enquanto partia daquilo que me atingiu, no qual eu não havia visto nem mesmo a sombra.

A garota pulou em direção do homem que agora notei estar encapuzado, enquanto sua espada se erguia para cima e descia com uma forte precisão. Tentou atingir o homem com a lâmina, porém sua tentativa foi falha, já que ele conseguiu se defender. Ela fazia força com a espada, tentando empurrar a do homem que estava a proteger o seu próprio rosto e, quando a espada da garota quase conseguiu vencer-lhe na força, com um dos pés o homem deu um chute forte da barriga de Shin Hye, fazendo-a cair para trás.

As costas bateram no chão e a espada escapou de suas mãos, voando tão longe que teria que correr para conseguir alcançá-la. Apoiou rapidamente as duas mãos no chão na tentativa de se levantar e voltar a lutar, porém antes que pudesse fazer qualquer coisa, o homem chutou-lhe novamente, empurrando-a ainda mais longe. A garota gemeu de dor e então, mais uma vez tentou se levantar, mas o encapuzado a sua frente apenas riu, levantando a sua espada na direção da mulher, logo abaixando a lâmina com extrema brutalidade.

Meus olhos instantaneamente se arregalaram ao ver o sangue escarlate voar pelos lados, meu peito torceu-se em uma dor tão intensa e minha maior vontade era a de gritar o mais alto que podia, porém nem mesmo conseguia projetar minha voz para que saísse de minha garganta. Meus olhos horrorizados continuavam a olhar a cena a minha frente e de repente uma vontade absurda de chorar se apossou de mim ao olhar para Shin Hye. A sua cabeça. Ela estava sem a sua cabeça.

O homem virou-se novamente em minha direção, então pude ouvir uma gargalhada alta sair de si. Andou lentamente até mim enquanto fazia questão de exibir a sua espada coberta do sangue de Shin Hye, o sangue da minha melhor e única amiga. Quando o homem esteve próximo o suficiente de mim, senti um chute ser depositado em minha barriga; logo então outro, outro e mais um. Minha mente que já estava turva aos poucos começava a se apagar ainda mais, quase perdendo a consciência ali mesmo.

Vi então a lâmina do homem ir em minha direção e então apenas fechei meus olhos com o medo, esperando a morte chegar ao ritmo em que vi que não havia mais nada ao que fazer. Eu não conseguia me mexer, Shin Hye estava morta e a lâmina estava voando em direção ao meu pescoço. Eu apenas poderia aceitar que a morte decidiu me visitar cedo demais, antes de poder realizar os meus sonhos e as coisas que sempre prometi que iria fazer ao meu povo assim que assumisse o trono. Morreria de uma forma completamente desonrosa, enganado em uma cilada.

Mas a morte estava demorando demais para vir, por isso acabei abrindo meus olhos novamente, espantando-me ao encontrar a figura de um rapaz de costas com uma espada em mãos enquanto pressionava com força a espada do homem que segundos antes tentava me matar. O garoto conseguiu empurrar o bandido para um pouco mais longe e então direcionou o olhar rapidamente para mim, aparentemente preocupado por eu estar tão machucado.

E foi quando meus olhos bateram naquele rosto pálido que rapidamente pude o reconhecer. Era o mesmo escravo que havia derramado vinho em mim hoje mais cedo no café da manhã. Por que ele estava ali? Por que estava lhe defendendo? Como ele sabia tão bem como se lutava?

As perguntas rondavam a minha mente de forma desesperadora, enquanto meus olhos pareciam ficar cada vez mais turvos. Não queria que ele morresse também, ele acabasse como Shin Hye por minha causa. Eu não suportaria ser a cause de mais uma morte. Mas eu nada podia fazer, principalmente agora, quando minha visão ficava escura e eu sentia que iria desmaiar.

 

Eu só peço a Deus que se for para eu morrer hoje, que não leve mais ninguém junto a mim.


Notas Finais


Então é isso people, que tenham gostado.
Eu queria explicar um negocinho aqui antes que vocês buguem muito rigdkjvfgbv.
Primeiramente, #ForaTemer. Segundamente, se vocês são fodões em História, reis das Humanas, vocês devem ter notado umas coisas... estranhas? Acontece que a fanfic tem um cenário medieval sim, com todo o ar como se fosse no período da Inquisição e tals, mas essa época aqui tecnicamente não existe. Como assim? Bem, a Coreia nessa época era uma só e estava passando pelo período Joseon. No prólogo foi citado um pouco disso, como as Kisaengs ("gueixas" coreanas) e toda a questão de honra e guerreirismo que era típico na Coreia da época. Porém no reino de Jimin, vocês já podem notar uma pegada bem mais medieval ocidental, não oriental. Acontece que a época da fanfic é como uma mistura dos dois, sendo que o cenário mais "samurai" é ligado ao povo de Jungkook, enquanto o lado "cavaleiro" ligado ao reino do Jimin. Sendo assim, essa época aqui é fictícia, já que ela é uma mistura de épocas somadas com alguns adicionais criados por mim mesmo. Além do mais, tem até umas coisas meio Idade Moderna que vocês podem notar aí. Por esse motivo a fanfic tem marcado "Universo Alternativo" nos gêneros. Estamos explicados?

Não esqueçam de favoritar e comentar a fanfic para me dar aquela forcinha marota a ter mais inspiração para continuar <3 Também me observem/sigam para ficar ligados com exatidão cada vez que sair um capítulo ou novo conteúdo meu. Beijões e até a próxima~


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