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História O Príncipe de Daegu - Caput secundum


Escrita por: jiho

Notas do Autor


Peço desculpas pela demora para postar isso aqui. Acontece que eu entrei em hiatus por uns motivos pessoais que eu avisei por meio de um jornal no meu perfil e me ausentei há algum tempo. Não muito, afinal entrei pouco antes do ano novo, mas ainda assim foi tempo o suficiente para fazer vocês ficarem um tempão sem att disso aqui q
Eu estou com novos projetos também e em breve farei um jornal explicando sobre tudo, enfim, leiam o capítulo e espero que gostem <3

Capítulo 3 - Caput secundum


Fanfic / Fanfiction O Príncipe de Daegu - Caput secundum

 

Jeon Jeongguk

 

Quando criança, uma das coisas que eu mais gostava de fazer era brincar com meus irmãos e fingir estar em uma guerra. Em nossa imaginação éramos grandes guerreiros, viajávamos por diferentes lugares do mundo e vencíamos os mais poderosos exércitos existentes e até inexistentes. Jaemin, o meu irmão caçula, sempre dizia que guerras não eram legais e que eu e meus outros irmãos não deveríamos brincar sobre isso, porque muitas pessoas de verdade morriam em batalha. Nós obviamente apenas ríamos da cara dele e continuávamos a brincar da nossa forma. Nós achávamos Jaemin um idiota, mas hoje em dia eu percebo que ele era um idiota redondamente certo.

Na guerra não há diversão, heróis ou superpoderes, na guerra ninguém se importa se você tem família, um filho pequeno ou pais velhos demais para alimentar. Ninguém se importa com sua classe social, sua etnia ou o quanto de terra você possui; a única coisa que importa é a cor do seu sangue manchado na roupa. Eles só querem matar, matar para não serem mortos e isso é algo realmente deprimente.

Eu nunca estive em uma batalha, apesar de ter sido treinado para defender o meu povo junto aos meus irmãos caso fossemos atacados. Mas mesmo que eu nunca tenha entrado em combate, isso não significa necessariamente que eu nunca tenha estado em uma guerra. A guerra não significa apenas dois exércitos lutando entre si para disputar algo ou alguém, guerra não é só o sangue derramado ao chão enquanto corpos sem vida ficam jogados por todos os lados. Na verdade, guerra é tudo aquilo que for contrário a paz.

E por isso agora eu posso me considerar em guerra. Considerar que estou guerreando contra mim mesmo, guerreando a favor da minha esperança que a cada minuto que passa está cada vez mais perto de morrer. Dizem que a esperança é a última que morre, mas então por que tudo à minha volta parece tão sem saída? Por que essa guerra fria parece não ter mais fim?

Eu estou em um lugar que eu não sei onde é, não sei a quem pertence e não sei nem por que eu estou aqui. Nunca fiz mal a ninguém, nunca derrubei sangue de ninguém, nunca fiz uma criança chorar, nunca falei mal de Deus. Então por que eu estou aqui? Por que eu estou sendo castigado por essa guerra interna que eu tenho a máxima certeza que só terá fim no dia de minha morte?

Nunca tive muitas riquezas, sempre fui de família pobre. Mas creio que mesmo se agora eu fosse um cara de família rica, se minha família possuísse milhões de terras; ainda assim não mudaria o fato de que eu fui trazido para cá, obrigado a servir gente que eu nem fazia ideia da existência. Não há como pagar pela minha liberdade, eu me tornei um escravo.

 

— Você irá servir as comidas hoje junto aos outros até a mesa do rei. Não faça besteiras, está certo? — a mulher perguntou.

 

O nome dela eu desconhecia, porém já tinha conhecimento que era uma espécie de chefe dos escravos da cozinha; ela mandava em todos dali e parecia possuir um demasiado respeito vindo dos outros escravos. Como se todos, na verdade, tivessem medo dela.

Fazia mais ou menos uma semana que eu estava ali, sendo escravizado. Na verdade, não tenho certeza se faz realmente esse tempo, já que não tenho podido sair do castelo e por conta disso não podia olhar o sol; o que fazia eu me perder completamente no tempo e até mesmo achar que todo aquele dia ficava ainda mais longo.

Eu realmente tinha medo da tarefa que me foi dada, de ter que servir ao rei e a família real diretamente. Eu não era a pessoa mais coordenada e sortuda do mundo, e também sabia que qualquer deslize, eu poderia ser cruelmente castigado.

 

— Ei, você pode ficar só com o vinho. Ele não é pesado e é só colocar nas taças. — Taehyung disse, logo tocando meu ombro numa tentativa de me acalmar.

 

Kim Taehyung era como uma benção para mim em meio a tanta desgraça que havia ali. O garoto era somente um ano mais velho que eu e, infelizmente, também era um escravo. Mas ao contrário de mim, Taehyung contou que nasceu ali, filho de uma escrava que faleceu há dois anos por conta de uma punição exagerada que recebeu. Seu pai era um soldado que não podia ter se relacionado com uma escrava e, por conta disso, foi castrado em praça pública.

Esse tipo de história realmente me causava muita dor, pensar no quão desumanas são as pessoas desse castelo e no quão cruéis podem ser com pessoas simples que nem queriam estar ali. E por um lado, achava que isso era um pouco de sorte minha; de não ter nascido ali. Pelo menos minha mãe continuava viva, sem nunca ter sido agredida por ninguém e meu pai havia morrido de forma heroica, em uma guerra que defendia o nosso povo.

Taehyung era meu colega de quarto e também o meu sol. Apesar de todas as desgraças que sofrera ao longo da vida, ele ainda assim conseguia sempre manter um sorriso no rosto e uma esperança no olhar; esperando pelo dia em que todos os escravos ali fossem libertos e toda essa angústia acabasse no mundo inteiro. Contou-me que desde o dia de seu nascimento, o seu maior sonho era que a escravidão acabasse em todo o mundo, que ninguém mais precisasse de mão-de-obra escrava e que todos pudessem ser felizes.

Também dividia meu quarto com Min Yoongi, mas dele eu não sabia muito. As únicas coisas que sabia a respeito do Min era que ele possuía uma aura extremamente enigmática e séria. Nunca havia o visto sorrir e nem dizer nenhuma palavra sequer fora as obrigatórias, como quando tem que responder a algum superior.

Taehyung me contou que Yoongi era calado assim desde que chegara ali, ninguém tinha uma relação muito próxima a ele e todos os escravos o consideravam um mistério. Porém eu realmente acredito que ele apenas seja machucado demais, sofrido de tantos traumas que sequer consegue ter novamente a capacidade de ter algum tipo de alegria ou felicidade.

Com um suspiro, assenti à fala de Taehyung e peguei o vidro com vinho dentro. O líquido vermelho tinha cheiro forte; nunca havia experimentado e nem visto bebida como aquela. Em Wonju os homens não bebem nada fora água. Consideramos que o líquido é o que dá energia ao nosso corpo e a água é a vida, então bebendo água nós estaríamos sendo energizados com a vida que Deus preparou para nós. Seria um sacrilégio beber energias que não fossem a vida.

Com passos lentos e um pouco amedrontados, andei para fora da cozinha enquanto seguia os outros escravos até o salão de jantar. Eu não conhecia muito do castelo, até por que ele era tão grande que talvez nem o rei conheça cada canto. Mas tudo era exageradamente decorado, com tantos ouros que poderiam ser usados para pagar a alforria de todos os escravos desse e de mais cinco castelos.

Perguntava-me quanto tempo será que deve ter levado para construir tamanha obra, quantos escravos devem ter sido usados e, até mesmo, mortos na construção de todo aquele luxo. E o pior é que as reformas não haviam acabado, haviam muitos escravos na obra, construindo templos, levantando estátuas com o rosto da família real, fazendo carruagens desnecessárias e enchendo aquela família do bom e do melhor, enquanto seu próprio povo sofria pela pobreza.

Eu não conseguia entender, definitivamente, como uma família que nem se importa com os seus pode comandar um reino tão grande como era Daegu. Se fossem os líderes de Wonju a comandar aquele reino, provavelmente todos estariam felizes. Em Wonju não há escravos, não há privilégios e mesmo que nós sejamos sim pobres, ainda assim os líderes sempre dividem tudo de si com o povo; se um de nossos irmãos é pobre, isso significa que todos nós somos também. Isso me trazia saudade, mesmo que nem fizesse tanto tempo que estava em Daegu, ainda assim sentia extrema saudade do meu povo e junto a isso vinha também a tristeza de saber que nunca mais os veria.

 

— Comece a servir pela direita. — Taehyung sussurrou próximo ao seu ouvido e então partiu até a mesa onde estava a família com uma bandeja em mãos.

 

A mesa era enorme. Gigante demais para apenas cinco pessoas que estavam ali, era realmente espantoso o quanto todo aquele luxo era exagerado e desnecessário. Com um suspiro, andei sem pressa até a mesa, começando pelo lado direito assim como Taehyung havia me instruído. Eu estava com medo e minhas mãos tremiam um pouco, mas ainda assim consegui servir o rei, a rainha, o duque, a duquesa e, quando cheguei ao príncipe, minha mente simplesmente travou. Não sei bem como explicar, mas simplesmente senti algo nele que me apavorou. Minhas mãos começaram a suar e pareceram tremer três vezes mais do que já estavam tremendo. O motivo disso, talvez, fosse simplesmente por conta do rosto daquele desgraçado. Em todos os traços de seu rosto, desde os lábios até os olhos, o formato do rosto e a pele levemente bronzeada. Simplesmente tudo, tudinho, me lembrava a minha mãe. Era tão semelhante que chegava a ser assustador e fazia-me até ponderar se não tinham algum tipo de parentesco. O pior é que aquilo definitivamente aumentava minha saudade de casa pelo menos umas mil vezes mais. Suspirei em meio aos pensamentos enquanto minha garganta se embolou totalmente e uma vontade absurda de chorar se fez presente em mim. Estava tão sensível que os homens de Wonju teriam vergonha de mim naquele momento.

As mãos que seguravam a jarra foram lentamente até a taça frente ao príncipe e logo o vinho caía por ali normalmente. Bom, teria ocorrido tudo bem, porém o moreno pareceu ler meus pensamentos e se mexeu, levando a cabeça levemente para o lado, fazendo com que eu pudesse ter uma visão perfeita de seu rosto. E como já tinha notado, era fato, a semelhança dele com a minha mãe chegava a ser sufocante. E foi em meio a tantos pensamentos, a tanta saudade que meu braço vacilou e acabou tombando um pouco para o lado, fazendo com que a jarra acabasse derrubando o vinho que havia dentro, sujando as vestimentas do príncipe e desperdiçando todo o vinho.

 

— Oh, me desculpe! — disse, só então notando que minha voz havia falhado durante a fala.

 

Me encolhi um pouco quando vi o rosto do outro direcionar-se completamente para mim, logo depois olhando para as suas vestimentas. Um medo extremo me cercou, não queria receber a punição por ter feito aquilo. Taehyung já havia me contado alguns dos castigos que já sofreu e eu não queria experimentar nenhum deles, principalmente pelo fato de que todos eles eram extremamente dolorosos e desumanos.

 

— Está tudo bem, foi apenas um acidente. — o príncipe ditou em um tom extremamente calmo, logo lançando-me um sorriso bem pequeno.

 

Aquilo instantaneamente me fez arquear as sobrancelhas e entreabrir a boca em sinal de surpresa. Pelas coisas que me contavam, minha cabeça já deveria estar rolando no chão há muito tempo apenas por proferir alguma palavra a alguém da família real. Mas, por algum motivo, apenas com a fala gentil que o príncipe dirigiu a mim, pude sentir que ele era diferente. Talvez não tanto, mas ele definitivamente tinha algo no qual eu não sabia explicar, uma aura diferente, causava uma estranheza em mim. Além de, sobretudo, parecer quase idêntico à minha mãe.

Porém logo fui tirado dos meus devaneios assim que ouvi a Sra. Song, chefe dos escravos, ditar alto que eu deveria limpar a sujeira que havia feito. E bom, foi naquele exato momento que eu finalmente notei que o chão havia sujado muito. Andei à passos apressados até onde estava ShinNa, o escravo que geralmente carregava coisas de limpeza caso acontecimentos como o anterior acontecessem, peguei um dos panos e voltei para o lugar sujo tão rápido quanto saí, me ajoelhei no chão e então comecei a limpar. Se os homens de Wonju me vissem ajoelhado servindo alguém, com toda certa iriam tirar muita chacota. Meus irmãos provavelmente iriam dizer que eu estava patético e ririam de mim, mas ainda assim eu não conseguia não sentir saudades.

Assim que terminei de limpar, levantei-me um pouco de pressa e logo já notei que os outros escravos haviam voltado para a cozinha, porém a Sra. Song ainda continuava um pouco atrás, de braços cruzados enquanto me olhava com uma cara nada agradável. Na realidade, a cara dela nunca era agradável, porém nesse momento parecia estar fazendo um esforço para que a carranca se intensificasse três vezes mais.

Suspirei e então andei até ela, logo a vendo sorrir pequeno. Mas aquele sorriso de alguma forma me assustou, pois ele não parecia alegre ou contente; aquele sorriso transmitia algo ruim e eu estava realmente com medo do que ele talvez pudesse significar.

— Venha comigo. — ela ditou de maneira autoritária e então começou a andar.

 

Eu apenas obedeci e a segui para onde ela estava indo. Seus passos eram lentos e o tamanco fino parecia quase quebrar ao chão de tanto barulho que fazia ao andar. Ela usava um vestido longo e verde, um pouco surrado, mas ainda assim muito mais elegante do que os outros escravos. Era a mordomia que aquela velha tinha por ser a chefe. Ela era uma escrava também, havia parado ali também porque foi capturada e não era nenhum pouco diferente dos outros, bom, pelo menos isso aos nossos olhos. Aos olhos dela, ela era superior, eu até ousaria dizer que ela realmente pensa como se fosse um deles, um da realeza.

Os barulhos altos do salto de seu sapato cessaram e seu corpo parou logo em frente a uma porta de madeira aparentemente bem velha. Ela abriu a porta lentamente, de maneira com que fizesse rangir cada pedaço da madeira velha, causando um barulho tão irritante que até fazia os ouvidos arderem. Entrou dentro daquela sala e logo pediu para que eu assim fizesse também e, assim que entrei, me arrependi completamente. A sala estava escura, mas como era dia, dava para ter uma noção já do que me aguardava. A velha andou até um lampião e ascendeu o fogo, logo iluminando o que talvez fosse o meu fim. Droga.

Toda a sala estava coberta por madeiras grossas na parede, talvez como forma de fazer com que os barulhos feitos ali dentro não pudessem ser ouvidos do lado de fora. Ao meio da sala havia uma espécie de tronco, pregado ao chão e em seu dorso tinham algumas correntes soltas. Aos lados, encostadas nas paredes estavam estantes e mais estantes equipadas com diversos objetos que eu nem sonhava que existiam, eu só sabia que deveria temê-los. A mulher então fechou a porta atrás de mim, de maneira com que a madeira rangesse assustadoramente, para então soltar uma risada divertida enquanto olhava em minha direção.

 

— Tire suas roupas. — ordenou.

 

Subitamente minhas sobrancelhas se arquearam, completamente assustado com a ordem que me foi dada. Por que eu deveria tirar a minha roupa? Eu temia absurdamente a resposta daquilo, mas sabia que nas minhas condições — a de escravo — eu não poderia questionar, negar e nem indagar o motivo pelo qual ela havia feito aquela ordem. Só pude aceitar e então começar a me despir.

Aquilo era muito constrangedor, sentia o olhar da velha pesar sobre mim enquanto as vestimentas iam saindo do meu corpo. Retirei a blusa que vestia, para logo então tirar a calça e a roupa íntima. Estava completamente envergonhado, enquanto as mãos tapavam minhas partes íntimas para que a mulher não visse.

Pude ouvir uma risada baixa e logo seus passos vindo até mim, suas mãos encostaram em meu braço, fazendo com que meu corpo inteiro se arrepiasse com o medo que aquilo me causava. Ela alisou levemente meus braços, para logo apertar com extrema força a região, empurrando-me sem delicadeza alguma em direção ao tronco que ficava ao centro daquela sala escura.

Um de seus pés chutou a parte de trás do meu joelho, fazendo com que eu caísse de joelhos ao chão e sentisse meu rosto bater no tronco grosso a minha frente. A velha ordenou para que eu abraçasse o tronco e logo o fiz, eu tinha medo de contraria qualquer coisa que ela dissesse e o momento acabasse piorando ainda mais.

Ela largou o aperto em meus braços e então pegou uma corrente que estava amarrada no tronco, logo então a desamarrando e levando até os meus pulsos, prendendo-me com ela àquela madeira empoeirada. O tronco acabou balançando um pouco devido a força com que ela puxava os meus braços, fazendo com que cerca de cinco aranhas aparecessem ali. Tentei puxar meus braços rápido para que as aranhas não chegassem perto de mim, afinal eu tinha muito medo daqueles insetos, porém a mulher me xingou e me mandou ficar quieto.

Quando terminou de amarrar minhas mãos, ela pegou outra corrente e amarrou então minhas coxas, fazendo com que meu corpo nu ficasse extremamente colado ao tronco velho e cheio de insetos. Aquilo me deixava com um medo absurdo, principalmente quando via as aranhas caminharem perto ao meu rosto, mas também tinha conhecimento que aquilo não era o bastante para a mulher sádica que me prendia.

Ela afastou-se então de mim, eu não conseguia mexer muito a minha cabeça, mas logo pude perceber que ela estava indo até uma das estantes com objetos estranhos que eu não conhecia. Não consegui ver o objeto que ela havia pegado, mas coisa boa com toda certeza não era.

O medo que me acometia era absurdamente enorme, completamente amedrontado com a situação em que havia me enfiado. Eu definitivamente sabia que iria ser torturado ali até a morte, eu só não conseguia entender o porquê de eu merecer aquilo. Não, eu não merecia nem estar naquele castelo servindo àquela gente desumana.

 

— Você não serve nem para fazer tarefas básicas, seu inútil. — a mulher proferiu, com uma raiva notável em sua voz. — E ainda ficou encarando o príncipe, como se quisesse que ele tivesse alguma compaixão de você. Seu frouxo! Envergonhou a toda a equipe da cozinha derramando o vinho ao chão. Você tem noção do trabalho que passa os escravos do vinho? Talvez você devesse ir para lá, ficar amassando uva até seus pés caírem, seu desgraçado.

 

E então eu pude ouvir um barulho estranho, eu não conseguia visualizar, mas era como o barulho de algo que cortava o ar. E então pude ter certeza quando, além de cortar o ar, aquilo também cortava as minhas costas. Acabei gritando alto de dor, estava sendo chicoteado. Meus braços apertaram com força o tronco, tentando descontar a dor que aquele couro causava em minhas costas. Mais uma chicotada.

Minhas costas se curvavam, enquanto a mulher continuava a me bater com aquilo, cortando minha pele e fazendo o meu corpo inteiro arder. Meus olhos já não conseguiam prender as lágrimas que saíam de maneira descontrolada, enquanto pela minha boca saíam gritos de dor que imploravam para que ela parasse.

Mas ela parecia estar se divertindo muito com aquilo, ela ria enquanto escutava meus gritos e meu choro, ela batia com cada vez mais frequência e cada vez mais forte, demonstrando o quanto fazer aquilo era gratificante para si. E eu já nem estava mais me importando com as aranhas que mordiam meus braços, sabia que apesar delas estarem me machucando muito, deveriam estar tão assustadas quanto eu naquela situação.

Aquela mulher parecia o demônio. Havia colocado-me frente a frente com o bicho que eu mais tinha medo, fez eu ficar completamente nu apenas para sentir a minha humilhação e agora estava espancando-me com aquele chicote que fazia todo o meu corpo arder em completo desespero. Ela continuou por longos minutos, talvez horas. Parecia uma eternidade, a dor nunca passava, era simplesmente impossível se acostumar com as chicotadas e com todo o sofrimento que aquilo me causava. Meu corpo ia se cansando cada vez mais, a dor estava fazendo-me ficar totalmente fraco e eu só queria poder desmaiar logo. Tinha conhecimento de que ela não iria parar com aquela tortura até que eu estivesse morto e eu, pelo menos, não queria morrer sentindo toda aquela dor. Se desmaiasse, pelo menos não iria sentir quando o último fio de vida me fosse arrancado.

Porém, diferentemente do que eu pensei, ela parou. As chicotadas cessaram e eu pude escutar algumas vozes diferentes atrás de mim. Mas não conseguia raciocinar direito, tudo a minha volta parecia girar e minha mente estava completamente confusa, eu não conseguia escutar direito e por um momento achei que estivesse ficando surdo. Só não sabia se aquilo era efeito dos chicotes ou talvez fosse efeito do veneno de alguma aranha que me picou. Provavelmente eram peçonhentas e eu estava com um medo terrível de morrer ali, de maneira tão porca. Iria morrer sem honra e esse seria a pior vergonha que eu causaria para a minha família. Meus olhos pesaram e então mais uma vez eu senti as lágrimas descerem pelo meu rosto, para então em seguida, tudo escurecer.

 

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Acordei um pouco atordoado, os olhos se abriam e enxergavam tudo a minha volta de uma maneira totalmente embaçada. Pisquei diversas vezes para tentar me acostumar com a claridade do local em que estava, até que conseguisse enxergar realmente e por fim ver que estava deitado em um gramado. Levantei meu tronco bruscamente, assustado por de repente ter lembrado de todas as chicotadas que levei, mas acabei relaxando o meu corpo ao ver Taehyung sentado ao meu lado. Meu corpo inteiro doía e minhas costas ardiam bastante, mas nada comparado a situação anterior, quando os machucados estavam sendo feitos.

 

— Como você está se sentindo? — Taehyung perguntou enquanto em sua face transparecia uma expressão preocupada.

— Sinceramente? Me sinto horrível… — falei um pouco cabisbaixo, mas logo forcei um sorriso na tentativa de tranquilizar o outro. — Onde eu estou?

— No jardim. — disse e então sorriu minimamente. — Eu te trouxe para cá porque aqui tem algumas plantas medicinais, assim eu poderia cuidar dos seus machucados.

 

Meu olhar então baixou até os meus braços, vendo diversas folhas e uma espécie de pasta que não sabia identificar o que era. Nunca havia visto ninguém ser curado assim, mas pelo que tinha notado, pelo menos as dores estavam se amenizando. Aquelas folhas tinham aliviado bastante a dor das picadas de aranha presentes em seus braços, todavia suas costas ainda doíam bastante.

 

— Minhas costas estão ardendo. — falei um pouco baixo, enquanto baixava minha cabeça um pouco triste.

— Os chicotes cortaram sua pele bem fundo, vai demorar um pouco para cicatrizar. — ele explicou com bastante calma em sua voz, logo arrastando-se um pouco mais para perto de mim e colocando uma de suas mãos em meus cabelos, afagando os fios.

— Eu achei que eu fosse morrer… — ditei enquanto já sentia minha garganta arder, com vontade de chorar apenas em lembrar da agonia que foram os momentos anteriores. — Eu senti tanto medo…

— Eu sei, eu já passei por isso também… Calma… — tentou me tranquilizar enquanto sua mão continuava a afagar meus fios de maneira fraternal. — Se não fosse pelo duque, talvez você realmente tivesse morrido… Argh, eu realmente odeio essa gente! Eles podem nos salvar tão fácil quanto podem nos matar. Fazem o que quiser das nossas vidas, como se fossemos brinquedos… Eu só quero que essa gente morra logo. Qual é! Você quase morreu por ter derrubado um pouco de vinho naquele príncipe filho da puta! Quem sabe foi até ele que pediu pra fazer isso com você, enquanto pagava de santinho na frente de todo mundo na mesa… Caralho!

— Tae… — chamei, fazendo-o se calar e olhar para mim. — Eu não morri, okay? Eu estou bem. Não deseje a morte de ninguém nunca.

— Jungkook, aqueles desgraçados iam acabar com você!

— Mas não acabaram. — conclui. — Você falou que o duque me salvou, não é? Isso significa que ele não é um cara mal, então você já pode concluir que nem todo mundo da realeza é ruim. E o príncipe também não pareceu ser mal, você não precisa ter pensamentos tão cruéis…

— Não seja tão tolo, é óbvio que o duque só te salvou porque a cozinha está com poucos escravos e você é da “safra” nova. Eu realmente não te entendo! — disse e então bufou, logo afastando-se um pouco de mim. — Depois de tudo isso você não consegue ter nenhum pouquinho de desejo de vingança?

— É claro que eu quero que todos eles queimem no inferno, mas em Wonju nós somos ensinados a nunca cedermos para a vingança. A vingança só gera mais vingança e isso é um efeito dominó que nunca acaba. — expliquei e então suspirei.

— É por isso que vocês de Wonju viram escravos. — o garoto disse e então negou com a cabeça. — Vão ser sempre submissos, sempre bonzinhos demais, por isso são sempre comandados. Se fossem um pouco mais agressivos, se devolvessem com a mesma moeda as coisas que acontecem com o seu povo, então talvez parassem de ser escravizados.

 

E de repente Taehyung pareceu realmente ter razão. Quer dizer, não concordava com a ideia de vingança, mas ainda assim não conseguia deixar de pensar que talvez o meu povo era escravizado justamente por ser pacífico demais. Bom, nós aprendíamos a lutar com espadas desde pequenos e aprendíamos a defender nossas terras caso fossemos atacados; porém a escravidão foi algo que no qual nós nunca conseguimos fugir. E é exatamente por isso que eu estava aqui, agora, todo machucado e traumatizado com tudo o que havia acontecido.

 

— Eu estava com a tarefa de regar as plantas, mas acho que você pode fazer isso, né? É melhor do que ter que ir encher os baldes de água, que é o que pediriam se você voltasse lá pra dentro. — falou e de prontidão eu assenti, estava dolorido demais para carregar baldes pesados com água. — Ótimo, eu vou ir então. Os regadores estão naquela casinha de ferramentas lá. — disse enquanto apontava para o pequeno espaço de madeira.

 

Eu assenti mais uma vez e logo Taehyung saía dali. Com todos os ferimentos que eu estava, com toda certeza deveria é estar repousando. Mas eu sou um escravo, não sou nem ao menos considerado como um humano para os ditos “superiores”, então deveria continuar a trabalhar mesmo em situações tão críticas. E eu não iria pestanejar, afinal trabalhar assim ainda era melhor do que ficar amarrado ao tronco de aranhas.

Levantei-me com um pouco de dificuldade, gemendo baixo de dor ao sentir minhas costas arderem três vezes mais. Tentei pensar em outras coisas e ignorar aquele incômodo, então andei até onde estava a casa de madeira, logo abrindo a porta que parecia estar um pouco emperrada. Felizmente não era tão escuro lá dentro, já que as frestas das madeiras deixavam bastante luz entrar no lugar. Estava com um pouco de medo de entrar em lugar escuro agora. Procurou pelo regador que Taehyung havia dito e enfim o achei repousado ao chão, em uma das extremidades das paredes. Peguei-o e então suspirei em alívio ao ver que ele estava cheio de água.

Saí do quartinho em passos não muito apressados, indo novamente até o jardim para começar a regar as flores. Havia uma variedade enorme de flores ali, desde grandes roseiras, até pequenas violetas. A diversidade era realmente muito bonita e a mistura de tantas cores fazia a imagem parecer uma obra que deveria ser grafada. Comecei a derramar a água levemente por cima das flores, era um pouco idiota da minha parte mas talvez eu estivesse com medo de machucá-las caso derrubasse a água forte demais. E por um momento me esqueci. Esqueci de que estava fazendo aquilo por ser um escravo, esqueci das dores e de todo o medo, por um singelo momento apenas prestei atenção das flores e na água caindo por cima delas. Eram como as anestesias de Wonju, deixando-me completamente sedado apenas em poder observar o quão linda era a natureza.

Mas logo minha atenção foi tirada dali ao que ouvi um grito ao longe. Olhei curioso em volta, procurando por onde aquele grito vinha. E o grito se repetia e aumentava cada vez mais, até que então pude ouvir uma voz que conhecia. Arqueei uma de minhas sobrancelhas e tentei procurar pelo som, logo então avistando um pouco longe uma criança correndo e atrás de si um homem e uma mulher. Forcei um pouco a vista e então pude ver claramente que o homem que corria era o príncipe no qual eu havia derrubado vinho mais cedo.

A lembrança fez eu me encolher minimamente, pensando novamente nas dores que acometiam o meu corpo. Talvez Taehyung estivesse certo e a culpa fosse daquele homem de rosto tão familiar para mim, o que acabava criando um ódio imenso dentro de mim e me fazia querer matá-lo. Eu realmente sou contra a ideia de vingança, mas simplesmente é impossível não sentir raiva de qualquer pessoa da realeza.

Observei eles entrarem na floresta afobados, correndo tão rápido que fora até difícil para mim acompanhá-los com os olhos. Iria apenas dar de ombros e voltar a me anestesiar com as flores, todavia um grito feminino me assustou. E mesmo que estivesse odiando quem quer que fosse da realeza, ainda assim estava preocupado por eles estarem correndo de maneira tão suspeita.

Suspirei fundo e então dei-me por vencido à curiosidade, logo então correndo também em direção à floresta. Tentava seguir os sons deles, porém agora eles não gritavam mais e aquilo me deixava com bastante receio. Ao momento em que eu ia correndo por entre as árvores daquela floresta, minhas costas ardiam ainda mais e as folhas anestésicas iam desprendendo-se de meus braços, fazendo-os começar a arder também. Mas ainda assim não desisti, estava com um mal pressentimento e não poderia simplesmente ignorar isso.

Parei os meus passos ao ritmo em que ouvia o barulho de lâminas se cruzando, o que denunciava que uma batalha havia sido travada entre todo aquele mato. Pude então visualizar dois corpos brigando, o que fez com que eu me jogasse ao chão, escondendo-me entre uma moita para que não fosse pego. Olhei para a direção e então vi a garota escrava que era o braço direito do príncipe lutando contra um homem que usava um casaco longo com capuz. Meus olhos passearam mais um pouco pelo local e então caíram sobre o príncipe herdeiro, vendo-o jogado ao chão enquanto olhava para a batalha, possivelmente paralisado.

Aquilo me deixou com medo de continuar ali, já que eu poderia acabar sendo descoberto ali e morto por quem quer que me achasse, mas se eu levantasse agora também poderia ser visto caso fizesse algum barulho. Minhas mãos tremiam um pouco em nervosismo, analisando a cena completamente pasmo enquanto não sabia o que fazer.

Foi então que, bem diante aos meus olhos, pude ver uma quantidade absurda de sangue espirrar para todos os lados, praticamente manchando o céu de tanto líquido que havia saído. E então notei que a cabeça da escrava havia sido arrancada. Aquilo me fez paralisar, ficar completamente assustado com a visão da cabeça rolando ao chão enquanto o corpo caía para o lado oposto já sem vida. Aquela visão com toda certeza atormentaria todos os meus sonhos de agora em diante.

O homem encapuzado seguiu até o príncipe deitado ao chão, parecendo falar algumas coisas para ele no qual eu não era capaz de ouvir. O nervosismo havia tomado posse do meu corpo inteiro, pois eu sabia que aquele homem ia matar o príncipe.

E eu poderia simplesmente continuar escondido e deixar que ele morresse, afinal por causa dele eu também quase morri. Poderia simplesmente ficar ali e esperar o assassino fugir, para então eu correr dali e continuar regando as plantas como se nada tivesse acontecido. Mas não, eu não podia fazer isso. O sangue de Wonju estava em mim e um dos nossos principais lemas era “proteja o seu irmão com a sua própria vida”. Aquele homem não era meu irmão, eu não devia nada a ele, mas ainda assim não poderia deixá-lo simplesmente morrer ali. Ainda mais pelo fato de que minha compaixão me atacava de maneira forte ao lembrar do quanto o príncipe era parecido com a minha mãe.

Avistei que próximo a onde eu estava, a espada da escrava morta estava jogada. Eu poderia pegá-la e apunhalar o assassino pelas costas e então salvar o príncipe. Suspirei baixo, ponderando de novo se deveria ou não fazer aquilo, já que não ajudá-lo serviria como vingança e diante as circunstâncias eu estava realmente considerando me vingar. Mas foi ao ver o homem de capuz levantar a espada ao alto que eu não me segurei. Eu não poderia ficar parado.

Saí da moita com rapidez e apunhalei de dificuldade a espada da garota que havia morrido, logo jogando-me frente ao príncipe, segurando a espada do assassino com a minha própria espada. Ele pareceu se surpreender, apesar de eu não ter conseguido visualizar o seu rosto. A pressão que fazia com a espada pareceu ter diminuído, quase como se não quisesse me matar ali também. Ele acabou pulando para trás, fazendo com que sua espada descolasse da minha.

 

— Você não deveria se meter nesse assunto. — ele disse. Sua voz era grave, aparentando um pouco forçada, talvez para esconder sua verdadeira identidade.

 

Mas eu dei de ombros ao que me foi falado e então parti para cima dele, levantando a espada ao alto e cortando o ar até que chegasse a ele. Mas ele conseguiu ser mais rápido e desviar do golpe. Tentei mais uma vez, porém desta ele conseguiu prender a minha espada na sua, iniciando então uma luta de esgrima enquanto eu tentava acertá-lo e ele parecia apenas tentar desviar dos meus ataques.

Ele ia indo para trás ao mesmo momento em que eu lhe ataca, até que, como eu havia calculado, ele acabou batendo as costas em uma árvore e ficado completamente encurralado. Minha espada fincou forte contra o corpo alheio, porém por conta da extrema habilidade que o outro parecia possuir, conseguiu jogar sua cintura um pouco para o lado, de maneira com que minha espada fincasse fundo na árvore. Aquilo por alguns segundos me apavorou, pois eu não conseguia desprendê-la dali e agora seria fácil para o assassino conseguir me pegar, mas diferentemente do que eu pensava, ele apenas deu um pulo para trás e então correu, fugindo dali extremamente rápido.

Continuei fazendo força para puxar a espada e, no momento em que eu consegui desprendê-la da árvore, meu corpo pareceu ter sido jogado, fazendo-me cair de bunda no chão. Gemi baixo de dor, afinal minhas costas haviam feito muita força também. Grunhi enraivecido e então olhei em volta, vendo que o assassino havia sumido por completo. E não iria ir atrás dele, não era meu problema cuidar dos bandidos do reino, eu só quis defender o príncipe de morrer quando não tinha nem condições de se defender. É, é isso. Não é que eu estivesse preocupado com o príncipe, eu só não queria que ele morresse sem honra e ficasse então impossibilitado de conseguir achar o caminho espiritual certo.

Suspirei e então olhei para onde o príncipe estava, vendo-o desacordado ao chão. Levantei-me rapidamente, correndo em direção ao homem deitado ao chão e logo ponto dois dos meus dedos no seu pescoço. Aliviei-me ao ver que tinha pulso, e então o observei. O que eu deveria fazer? Sair dali para procurar ajuda? Não, de jeito nenhum poderia deixá-lo sozinho desacordado na floresta.

Cocei minha cabeça em aflição e então decidi que deveria carregá-lo. Ele parecia ser um pouco pesado e meu corpo estava dolorido demais, mas era a única opção que eu tinha para tirá-lo dali. Pigarreei um pouco, mas logo coloquei um os braços por baixo das costas do nobre, enquanto o outro ia na região de suas coxas e então o peguei no colo, fazendo uma careta breve por conta da dor que aquilo me causou.

Mas de novo apenas tentei ignorar, saindo às pressas dali enquanto carregava-o. A floresta parecia cada vez mais longa e quanto mais eu corria mais parecia estar longe, ainda assim conseguia correr por um longo caminho até ver a luz do sol que irradiava o jardim. Corri em direção à primeira porta que eu vi, apenas a procura de alguém que pudesse ajudar o príncipe que estava tão mal. Acabei avistando ao longe um corpo masculino andar despreocupado, o que me fez gritar para chamar a sua atenção.

O homem se virou lentamente e então notei ser o duque, logo vendo o seu olhar parecer confuso e amedrontado, ele correu na direção onde eu estava enquanto eu também estava seguindo até ele. Sua expressão parecia muito preocupada e então pude reconhecê-lo do almoço de mais cedo, era o duque.

 

— O que aconteceu? — perguntou um pouco nervoso ao olhar o príncipe desacordado nos meus braços.

— Um… Assassino… Atacou ele… Na floresta… — minha voz estava totalmente pausada por conta da respiração pesada por ter corrido tanto com tanto peso em mãos.

— Ele está bem? Foi machucado? — perguntou enquanto colocava as mãos no pescoço dele e também tentava visualizar se havia pulso.

— Quando eu cheguei ele já estava ao chão… Mas ainda estava acordado… Ele deve ter sido paralisado com algum golpe e então desmaiado. — tentei explicar enquanto sentia a minha respiração já normalizar um pouco. — A escrava… A que estava com ele… Ela teve a sua cabeça decepada.

— Shin Hye morreu? Droga… Mas como você conseguiu salvar o príncipe? — perguntou um pouco desconfiado.

— Eu peguei a espada da escrava morta e lutei contra o assassino. — expliquei.

— Shin Hye, uma das melhores espadachins do palácio morreu para esse assassino, mas você que não está aqui há nem duas semanas conseguiu matá-lo?

— Não, ele não morreu. Ele fugiu. — disse. — Ele escapou entre a floresta, eu não sei, ele estava próximo a me matar também.

— Tudo bem… — o duque disse e logo suspirou pesado. — Vamos levar ele para dentro e chamar um médico.

 

Assenti e então segui para onde o mais velho ia, enquanto eu ainda tinha o príncipe em meu colo. Caminhamos por entre os corredores do palácio enquanto diversas pessoas paravam e perguntavam o que havia acontecido, todavia o duque apenas ditava que iria explicar depois e que era para deixá-los sozinhos agora, que ele cuidaria do assunto.

E assim fomos durante o percurso até o quarto do príncipe, que assim que entrei pude notar o quão enorme era. Aquele quarto deveria dar uns nove do meu, e isso que naquele quarto só dormia o príncipe, enquanto no meu eu tinha que dividir com mais duas pessoas. Larguei-o em sua cama macia, pensando no quão bom devia ser dormir ali, já que na minha cama eu dormia em cima de alguns panos apenas. Mas tentei mudar o rumo da minha mente, aquilo só me dava mais raiva e mais vontade ainda de me vingar como Taehyung havia dito.

Assim que meus braços estiveram completamente livres, pude suspirar em alívio, logo sentindo o olhar do duque sobre mim. Sabia que aquilo deveria ser suspeito para ele. Um mero escravo da cozinha conseguindo colocar um assassino para correr quando nem a braço-direito conseguiu, mas eu não estava mentindo. Não poderia ser punido por conta daquilo, não é?

 

— Qual o seu nome? — a voz soou um pouco baixa, fazendo-me acordar dos meus pensamentos.

— Jeon Jeongguk. — respondi.

— Eu sou Kim Seokjin, o duque e eu quero que você cuide bem dele. — falou, deixando-me extremamente confuso com a sua fala. — Ele está sem um braço-direito e você conseguiu defendê-lo de maneira exímia hoje.

— Que? — disse um pouco avoado enquanto meus olhos piscavam diversas vezes entender a situação. — Você quer que eu me torne o braço-direito dele?

— Apenas até eu conseguir capacitar alguém. Eu estou grato por você ter salvo a vida dele e essa é minha maneira de te agradecer… Ou prefere que eu deixe você voltar a levar chicotadas na cozinha? — perguntou e então sorriu. — Eu nem sempre vou estar no lugar certo e na hora certa para te salvar.

 

Inspirei fundo o ar e então pensei um pouco. Realmente ele estava certo e talvez aquilo fosse bom para mim. A escrava que antes cuidava do príncipe parecia estar muito melhor que os funcionários da cozinha e ela parecia não servir às ordens da chefe dos escravos. Aquilo era bom, talvez não apanhasse mais como apanhei hoje e pudesse viver melhor, se é que pode chamar o que eu ainda tenho de vida. Porém também feria o meu orgulho ter que defender todos os dias alguém que, mesmo que indiretamente, quase me matou hoje. Percebi que o duque continuava olhando para mim e que ele ainda precisava de uma resposta, mas eu também não estava seguro sobre aquilo. Todavia era o que tinha a fazer, então apenas respondi o que o meu instinto me ordenava.

— Tudo bem, eu aceito ser o braço-direito.


Notas Finais


Perdoem-me eventuais erros, eu não editei hohoho.
Eu estou fazendo uma fanfic em parceria com a Cattifi, sextop, UlzzangBabe, PudimDiKookie e Taehywgx (mds quanta gente) e o prólogo já foi postado. Ela se chama pinte-me e a história é muuuuito linda. Conta sobre um mundo onde os humanos não possuem cores e por isso fizeram tudo a sua volta ficar extremamente colorido, porém existe uma lenda chamada Suisaiga, que diz que se você encostar na sua alma gêmea, você vai ser presenteado com as cores. Mas ninguém mais acredita nesse lenda e ela caiu quase que em esquecimento total, e teria caído, se Jungkook não tivesse notado uma pequena mancha na pele depois de ter encostado em um estranho.
A fanfic é Jikook e é bem diferente e tem um plot único, por isso tenho certeza que vocês irão gostar <3
Link: https://spiritfanfics.com/historia/pinte-me-7630655

Bom, espero que vocês tenham gostado desse capítulo, o próximo sai logo logo (juro que vou tentar não atrasar dessa vez). Me digam o que vocês gostaram aqui nos comentários para me incentivar a trazer cada vez mais conteúdo pra vocês. Também não esqueçam de adicionar a fic nos favoritos e de apertar no botãozinho de me seguir.
Beijos e até logo~


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