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História O Príncipe de Daegu - Caput Tertium


Escrita por: jiho

Notas do Autor


Ayo peoplezinhas <3
Mais um capítulo procês hohoho~
Esse capítulo é mais uma transição e é onde começa o ponto-chave da fanfic, onde o plot vai realmente começar a rolar.
Quero agradecer muito aos comentários do capítulo anterior e aos favoritos <3 Adorei vocês falando que já estavam começando a criar teorias sobre o assassino kjhiufshjdoeisfd'. SÓ DIGO UMA COISA: nem tudo é o que parece ser -qqq.
Espero que gostem e boa leitura <3

Capítulo 4 - Caput Tertium


Fanfic / Fanfiction O Príncipe de Daegu - Caput Tertium

Jeon Jeongguk

 

Foi realmente muito estranho eu ter sido escolhido como braço-direito, eu não conseguia ver como eu poderia trazer vantagens ao príncipe ou à corte fazendo aquilo. Mas não podia fazer nada, aliás, não queria ser obrigado a voltar para perto daquela mulher doentia que quase me matou por uma jarra de vinho, nem tampouco queria ser mudado para o setor de amassadores de uvas, como a chefe dos escravos havia dito. Ser um braço-direito era algo que a maioria dos escravos iriam querer, afinal creio eu que seja o “cargo” mais alto para um escravo de dentro do palácio, sabia bem que muitos dariam suas vidas para estar no meu lugar.

Porém tudo ainda parecia muito novo para mim e, apesar de ter concordado com a ideia, ainda assim estava extremamente indeciso com aquilo. Claro que agora não tinha volta, mas simplesmente me apavorava quando eu parava para refletir e notava a responsabilidade que me foi emposta. E eu não era nem de longe o melhor guerreiro dali, havia sido sim treinado para lutar durante a minha infância, mas aquilo seria o bastante para proteger o príncipe? Eu seria o suficiente para guardar uma vida que estava sendo tão caçada?

Não sabia ao certo e era também agora que as imagens passadas vinham a minha cabeça em total disparada. Eu vi uma cabeça sendo cortada bem diante aos meus olhos, como não havia vomitado e nem ficado apavorado com aquilo? Como eu tinha arranjado coragem e pulado para cima de um assassino que claramente tinha treinado muito a esgrima antes de tentar enfrentar alguém da família real? Eu simplesmente não compreendia de onde havia tirado tanta força de vontade, ainda mais ao que lembrava da minha dúvida naquele momento. Me sentia péssimo porque eu realmente cogitei a ideia de virar as costas e deixar uma vida se acabar.

Mas aí eu também pensava com outros olhos, com os olhos que Taehyung destampou. Aquele príncipe provavelmente era o culpado de toda a minha dor, era também para servir a ele e a todo o lixo real que eu fui caçado e escravizado. Taehyung tinha razão em muitas coisas que me disse. Eu sou um homem de Wonju, mas também tenho que ter ciência que não é Wonju que cria os homens, mas sim os homens que criam Wonju. Meu povo sempre jogou a culpa na tradição e na injustiça do mundo, quando na verdade os culpados sempre fomos nós. Somos culpados por sermos tão bons, tão puros e, consequentemente, tão covardes. Claro que se alguém chamasse algum homem de Wonju de covarde, provavelmente iria levar um murro na cara. Nós somos orgulhosos por natureza, não gostamos que falem mal de nós ou de nossa terra, somos extremamente apegados a nossa pátria. Mas éramos covardes a ponto de nem cogitarmos a ideia “vingança”, ocasionando assim em todo nosso povo sofrendo com a escravidão.

E era ao olhar o rosto bonito e sereno do príncipe adormecido, que todas as lembranças de casa vinham em minha mente. Ele lembrava muito o rosto da minha mãe e isso me partia o coração. Será que ela está sentindo a minha falta tanto quanto eu estou sentindo a dela? Será que alguém lá em casa ainda lembra de mim? Será que algum deles já cogitou se vingar por tudo o que aconteceu? Provavelmente não.

 

— Onde eu estou? — a voz ecoou baixa, tão amuada que quase nem pude ouvir.

 

Mas ouvi e me assustei um pouco. O duque havia saído há vários minutos, pediu para que eu ficasse cuidando do príncipe como era de agora a minha tarefa. Mas a realidade era que eu não havia me preparado psicologicamente para vê-lo despertar. Eu teria que lhe contar tudo o que ocorreu e não saberia como lhe anunciar que eu era seu novo braço-direito. Isso me deixava com medo, porque talvez se ele não gostasse da ideia de me ter ao seu lado, pudesse simplesmente me negar e me mandar de volta para a cozinha. E eu morria de medo de voltar para lá e ser espancado de novo.

 

— Desculpe, eu não sei como chamar esse lugar. — falei por fim.

 

Era verdade. Um pouco estranho, mas era. Eu não conhecia praticamente nada daquele castelo, ele era tão grande que eu morria de medo de caminhar por aí e me perder. E logicamente se eu não conhecia quase lugar nenhum fora a cozinha e sala de jantar, eu obviamente também não sabia onde estava. Ou sabia, apenas não sabia como denominar.

 

— Você conseguiu derrotar o assassino? — indagou com um fio de esperança em sua voz.

 

Eu estava realmente torcendo internamente para que ele tivesse perdido a memória com esse desmaio, já que para ele paralisar provavelmente deveria ter sido alguma pancada na cabeça. Mas fiquei frustrado quando ele fez aquela pergunta e então eu vi que ele não havia esquecido nada. Não queria ter que explicar tudo o que aconteceu, aliás nem eu ao certo sabia o que tinha acontecido. Mas o pior seria lhe dizer que a cabeça de sua antiga braço-direito havia sido arrancada e que agora eu tomaria o lugar dela. Tinha medo de vê-lo chorar e isso acabar entristecendo o meu coração. Apesar de eu estar começando a cogitar certa ideia de vingança pelo meu povo, eu ainda assim não conseguia esquecer nossos princípios de Wonju. “Ajude o seu irmão durante os momentos de tristeza”.

 

— Ele fugiu. — ditei um pouco baixo, vendo a expressão do príncipe adquirir uma pitada melancólica. — Ele conseguiu escapar, mas acho que o duque irá organizar uma equipe para ir em busca dele…

 

— Já enterraram? — perguntou de maneira direta, não dando muita atenção para o que eu dizia anteriormente.

— O quê?

— Shin Hye. — disse e então seus olhos novamente se fecharam e, por alguns segundos, pensei que ele tivesse adormecido novamente. — Eu queria que ela fosse sepulcrada e não enterrada…

 

Aquilo me doía o coração, afinal podia ver nos olhos do outro a tristeza imensa ao proferir aquelas palavras. Aparentemente aquela escrava significava muito para si e por alguns momentos cogitei a ideia dela ser sua concubina, mas isso logo foi ao ralo ao constatar que a organização daquele reino era completamente diferente da do seu e que provavelmente ele não pudesse ter concubinas.

Mas por um lado ele lembrar da morte da aparente amiga foi algo bom para mim. Eu realmente estava receoso de ter que lhe contar e com ele lembrando do ocorrido realmente ficava mais fácil para mim. Mas ao mesmo tempo era extremamente desagradável para o meu coração, pois ele doía ao lembrar da cena da cabeça da garota rolando e o príncipe também viu, o que deve ter o ferido centenas de vezes mais por já conhecer aquela pessoa e ainda ser íntima dela.

 

— Pelo que eu sei, escravos não podem ser sepulcrados. — eu falei e então suspirei fundo. — Nós estamos no mesmo nível dos cavalos e animais domésticos.

— E realmente, qual a diferença entre você e um cavalo? — perguntou alterando seu tom, aparentemente irritado com algo e então sentou-se na cama, fazendo uma pequena careta de dor em seguida. — Você é exatamente igual a um cavalo, assim como eu sou exatamente igual a você. Todos nós respiramos, bebemos, comemos, dormimos e vivemos sobre o mesmo planeta. O que me faz tão diferente de você?

— A diferença está no fato de que eu levo chibatadas nas costas e acordo desnorteado pelo pós-desmaio no meio de uma grama, tendo que usar folhas para curar minhas dores; enquanto você acorda numa cama macia sendo vigiado e cuidado por alguém. — falei e então fechei os olhos minimamente, tentando controlar um pouco mais a minha língua. — A diferença está nos restos de alimentos e ossos secos que eu como na minha única refeição do dia; enquanto você come um banquete e joga tudo fora depois. Não seja hipócrita, nós não somos iguais.

 

Observei o rosto espantado do príncipe me olhando de uma maneira estranha, aparentemente surpresa. É claro, eu estava praticamente xingando alguém que apenas ao estalar os dedos poderia sentenciar a mim uma morte lenta e dolorosa. Mas eu estava realmente bravo com aquilo. Achava completamente idiota ele ser tão hipócrita a ponto de dizer que somos iguais, quando ele claramente se acha superior.

E eu já esperava os xingamentos e punições por causa da minha boca grande, já esperava que ele desse algum ataque e mandassem cortar a minha cabeça, já estava esperando o pior. Se só por derrubar vinho eu já quase morri, sabe-se lá o que aconteceria por eu ter chamá-lo de hipócrita.

Mas diferentemente do que eu pensava, o príncipe não disse nada, ele apenas inspirou o ar fundo e manteve-se calado. Talvez fosse fazer como mais cedo e pedir para que me matassem quando ele não estivesse na minha frente, já que como Taehyung falou, ele gosta de passar a imagem de “bom samaritano” para todo mundo só para conseguir mais simpatia das pessoas a sua volta. Por mais que alguma coisa dentro dos seus olhos negros continuasse a repetir que ele não me faria mal.

 

— Você disse que o duque está preparando uma equipe para capturar o culpado pelo ocorrido, não é? Por que ele pediu para você ficar cuidando de mim? — indagou e então pude sentir minha barriga gelar.

 

Deveria contar agora que era o seu braço-direito e, por alguns minutos, eu até mesmo havia esquecido essa informação. Agora era mais que lógico que ele iria me negar, já que eu claramente lhe enfrentei ao contrariar suas hipocrisias e ele notavelmente já não estava “indo com a minha cara”. Aquilo me preocupava pelo simples fato de que voltar para a cozinha era mais apavorante do que enfrentar aquele assassino de mais cedo.

 

— O duque me escalou como seu braço-direito. — disse enfim, ignorando qualquer covardia que assolasse o meu peito.

 

O príncipe pareceu ter arregalado um pouco os seus olhos, olhando-me de uma maneira estranha enquanto parecia me analisar. E aquilo foi verdadeiramente muito desconfortável, porque ao mesmo tempo que um silêncio ensurdecedor alcançou o clima dentro daquela sala, meus pensamentos também começaram a gritar no medo de ser negado. Ele desviou o olhar de mim, enquanto voltava a deitar seu corpo completamente na cama e então fitou o teto. Aparentava estar um pouco pensativo, alheio a tudo a sua volta e por algum momento achei até que ele fosse me ignorar.

 

— Se o duque te escalou é porque confiou em você, então por mim tudo bem. — falou sem se preocupar muito com o assunto, dando de ombros.

 

Mas uma vez ele levantou seu dorso, parecendo completamente inquieto enquanto sentava mais uma vez na cama. Mas agora não voltou a deitar, pelo contrário, ele rodou os pés sobre o colchão e então se levantou subitamente, logo fazendo uma expressão de dor enquanto colocava ambas as mãos na cabeça.

E foi naquele momento que eu percebi que não fazia ideia de como cuidar de alguém. Ele estava mal, então não deveria sair da cama, não é? A verdade é que eu não sabia se eu podia mandá-lo se deitar novamente, ou se dar uma “ordem” pudesse deixá-lo bravo a ponto de mandar que me punissem de novo.

Eu estava completamente receoso em tudo o que se dizia a respeito do príncipe, medo de dar qualquer passo em falso e acabar pagando por isso. Eu não sabia nada sobre ele, sua idade ou seu nome; não sabia os seus costumes e nem do que ele gostava que fizessem por ele. Aliás, eu não fazia a mínima ideia de como ser um braço-direito.

O duque não me explicou, não me disse nada sobre aquilo, nem sobre o que eu deveria fazer. Eu não fazia a mínima ideia de quais eram os deveres de um braço-direito e então comecei finalmente a perceber no quão irresponsável foi o duque por ter me colocado nesse cargo. Veja bem, provavelmente não fazia nem um mês que eu estava naquele castelo, numa das tarefas mais fáceis que era a de simplesmente colocar vinho na jarra eu consegui falhar, eu nem sequer sei ler ou escrever como eles fazem. Qual seria a vantagem do duque de me ter como braço-direito?

Eu não fazia a mínima ideia de como faria nada daquilo, nem onde poderia aprender. Mas qualquer coisa era muito melhor do que voltar para os braços da chefe dos escravos, que com toda certeza não pouparia as punições se eu voltasse para o antigo cargo.

Eu deveria me esforçar.

 

.

.

.

 

Já havia amanhecido em um novo dia. Confesso que estava extremamente receoso com tudo aquilo ainda, principalmente porque hoje seria o primeiro dia em que eu realmente teria que agir como um braço-direito de verdade. Admito que fiquei muito aliviado pelo príncipe não ter me negado, pois assim todo o meu medo de ser novamente punido havia passado.

Claro que eu continuaria dormindo no mesmo quarto, com os mesmos colegas e os mesmos móveis. A única diferença é que ao invés de ir para a cozinha no horário de serviço, agora iria até o príncipe. Provavelmente o novo cargo iria exigir menos esforço físico, já que as únicas coisas que eu via em Shin Hye quando conseguia de fato a ver, era ela apenas seguindo o príncipe em tudo o que é lugar que ele fosse. E bem, apesar de eu não gostar do príncipe que foi o motivo da minha quase morte, ainda assim não seria tarefa inteiramente difícil andar para lá e para cá com ele. A única coisa que me preocupava de fato era a possibilidade daquele assassino voltar.

Aquilo ainda assolava a minha cabeça como fortes marteladas, eu simplesmente não conseguia entender ainda tudo o que havia acontecido. Ainda não conseguia achar motivos plausíveis para ele não ter me matado e consequentemente matado o príncipe quando teve chance. E eu podia estar ficando maluco, mas aquilo aparentava ser totalmente pessoal. Ele não queria que eu morresse e por isso fugiu… Ou eu só estava imaginando coisas mesmo.

 

— Você virou cãozinho do príncipe, pelo o que eu ouvi. Não é? — a voz um pouco calma demais soou pelo quarto, fazendo-me desviar de meus pensamentos e prestar atenção no lugar de onde ela vinha.

— Cãozinho? — perguntei com uma de minhas sobrancelhas arqueadas.

 

Aquele era Yoongi, meu colega de quarto fora Taehyung. Era realmente uma raridade vê-lo falar, já que na maior parte do tempo ele se fazia um completo mistério. Poucas pessoas conseguiam ter um diálogo duradouro com aquele garoto e de certa forma aquilo até me dava um pouco de medo. Pessoas que são quietas demais geralmente escondem coisas demais, e com toda certeza as coisas que o garoto de pele completamente pálida escondia não aparentava ser nada boas.

 

— Você se tornou braço-direito, não é? Você tem sorte. — disse com o melhor tom de desinteresse que conseguia emanar. Na verdade aquele tom era bem comum para o homem e eu já havia notado isso há alguns dias. — Shin Hye era uma mulher cheia de ideais, destemida e muito bravia. Mas ela ganhou esse carguinho e virou o cachorrinho de Jimin, até que morreu por ele.

— Jimin?

— Você nem ao menos sabe o nome dele? — perguntou e então acabou por deixar uma risada debochada sair de seus lábios. — O príncipe se chama Park Jimin, você já deveria saber disso.

— Eu não sou muito bom com nomes. — admiti e então suspirei fundo. Realmente, se tivesse já ouvido o nome do príncipe, com toda certeza havia esquecido-o completamente. Isso acontecia frequentemente comigo, eu sou um esquecido por natureza. — Mas eu não acho que eu vá me tornar um “cachorrinho”.

— Esse é um cargo que só os cachorrinhos aceitam. Você vai obedecer tudo o que ele mandar sem restrições. — falou e então acabou por cruzar seus braços, enquanto me encarava sentado na pequena cadeira de maneira que havia no nosso minúsculo quarto.

— Mas nós já fazemos isso desde o momento em que pisamos dentro desse castelo. Somos escravos, pau mandado de todos os integrantes da família real. — disse com uma convicção grande em minha voz. Claro, não fazia sentido me chamar de cachorrinho quando na verdade todos já eram considerados cachorrinhos apenas por serem escravos.

— Não, ele vai exigir mais do que isso. — pausou a fala pra pensar um pouco e deixar que um sorrisinho ladino minúscula brotasse em seus lábios. — Se ele pedir para você beijar os pés dele, você vai ter que fazer; se ele pedir para você pentear os cabelos dele e escovar os dentes alheios, você vai ter que fazer; se ele pedir para você tirar a roupa e chupar ele, você vai ter que fazer.

 

Então meus olhos se arregalaram bastante ao ouvir aquilo. Um absurdo tão grande que subitamente encheu o meu peito de nojo. Só não sabia ao certo se era nojo por ouvir palavras tão chulas saírem pela boca de Yoongi, ou então por realmente imaginar aquela cena. Logicamente eu nunca chuparia outro cara, não, de jeito nenhum! Homens de Wonju jamais se relacionariam com outros homens e, aliás, até onde sabia as igrejas católicas costumam queimar os “pervertidos” que se relacionam com gente do mesmo sexo.

 

— Não seja maluco, porque ele pediria isso? Eu sou um cara!

— Exatamente por isso. Shin Hye era linda e ele nunca nem deu uma olhadinha sequer no corpo dela! É sério, até eu já olhei. Ele via ela como uma irmã mais velha e nunca cogitou a ideia de pedir por sexo. E isso é bem estranho, já que o príncipe é um cara de mais de duas décadas que nunca aceitou quando lhe era proposto casamento com outra mulher… Isso me faz pensar que ele é um pervertido que só se satisfaz com rapazes.

— Não seja idiota, Yoongi, talvez ele seja apenas o tipo de cara que prefere se apaixonar para depois ter algo. Ele não era apaixonado por Shin Hye e por isso nunca tentou nada com ela. Não é como se ele fosse tentar abusar de mim. — disse e então rondei meus olhos.

 

E por alguns segundos eu percebi o motivo no qual Yoongi estava sempre de boca calada: era porque quando ele abria, com toda certeza alguma merda sairia dali. Definitivamente Jimin não tinha cara de ser pervertido, aliás, eu jamais deixaria que ele ou qualquer outro homem me tocasse. Mesmo que escravos não pudessem casar e por conta disso eu nunca vou ter a oportunidade de ter uma esposa, ainda assim jamais ousaria ficar com outro homem. Isso é repulsivo, completamente nojento.

 

Com um suspiro, levantei-me da cama na qual estava deitado, sentindo novamente uma ardência descomunal nas costas. Claro, minhas feridas ainda não haviam cicatrizado. Minha quase morte havia sido ontem e não tinha dado tempo de me recuperar, fora que alguns cortes devem ter sangrado novamente durante a luta de ontem e os momentos em que tive que carregar Jimin no meu colo. Meu corpo ardia só de me lembrar de todo o ocorrido do dia passado.

Mas não adiantava eu ficar resmungando de dor ou pensando no quanto a minha vida é uma merda. Mesmo que realmente fosse, pelo menos eu ainda tinha vida. O dia de ontem me fez refletir muito sobre viver e com isso acabei descobrindo que, mesmo em meio a toda essa desgraça de escravidão, eu ainda assim queria continuar vivendo nesse mundo. Simplesmente pelo medo de saber o que tem — ou o que não tem — por detrás da morte. Se existisse céu, inferno, reencarnação ou o que fosse, eu tinha medo de descobrir e ainda não saber o que aconteceria comigo depois daquilo. Mesmo que minha vida atual esteja sendo um horrível inferno, eu não queria realmente acabar no inferno de verdade e sofrer ainda mais do que já sofri em vida.

Espreguicei-me um pouco e então bocejei alto, preparando-me psicologicamente para o dia que me aguardava. Estava com muito medo, porém ainda assim tentava manter a máxima confiança em mim mesmo e o pensamento positivo de que tudo daria certo. Mesmo que desde que eu comecei a pensar positivo, tudo na verdade sempre dava muito, muito errado.

Comecei a andar para fora do quarto pequeno, olhando para a cama de Taehyung e vendo-a vazia. Possivelmente ele tivesse acordado mais cedo para arrumar os talheres na mesa da sala de jantar, como fazia frequentemente. Apenas dei de ombros e então andei a passos lentos pelo castelo, um pouco despreocupado já que havia acordado bem antes do horário que o príncipe despertava, o que significava que eu não precisava ter pressa.

Pensava um pouco no destino, no porquê dele ter me largado onde estava e fazendo o que eu estava fazendo. Com toda certeza, eu estava ali por algum motivo e seja ele bom ou não, teria que cumprir já que tudo havia sido traçado desde o meu nascimento. Eu acreditava nessas coisas, desde pequeno minha mãe sempre me falou muito sobre o destino. Ela costumava dizer que eu não precisava acreditar em Deus, se eu não quisesse, mas que deveria sempre acreditar no destino. Ela me contou que todos nós temos o nosso propósito de vida, todos nós nascemos com uma missão e teríamos que concluir ela enquanto estivéssemos vivendo sobre essa Terra.

Mas aí eu refletia e pensava: qual era o meu propósito de vida? Como descobri-lo?

Eu realmente não conseguia imaginar porque um simples garoto de Wonju havia sido capturado como escravo para sofrer nas mãos de alguém, salvar alguém e ainda servi-lo diretamente depois disso. Não conseguia ligar os pontos e pensar em qual missão eu deveria fazer a partir disso. Se a minha missão de vida era proteger o príncipe, então talvez faria algum sentido. Mas se era esse o meu propósito, então eu não deveria sentir alguma simpatia por Jimin? Quer dizer, não que eu o odiasse ou algo do tipo, já que sequer havia o conhecido verdadeiramente ainda. Eu só não entendo no quão cruel o destino pode ser para simplesmente me dar uma missão como essas, para proteger alguém que não merecia, que escravizava os menos privilegiados e deixava o povo passando fome, enquanto ele nadava em um mar de ouro e desfrutava suas inúmeras posses de terra.

E foi enquanto refletia sobre o meu destino que, subitamente, meu corpo inteiro se eriçou ao sentir uma mão pesada tocar-me um dos ombros. A mão me puxou com força, fazendo com que eu caísse dentro de uma pequena salinha onde estava escondido aquele que me arrastou. Estava escuro e por um momento achei que fosse entrar em pânico por lembrar das cenas na sala de tortura, todavia a pessoa que estava junto a mim apenas continuou segurando meus ombros e agora, com uma das mãos tampou a minha boca.

 

— Eu não vou te machucar. — a voz grossa e forçada se fez presente, fazendo um arrepio extremo percorrer por todo o meu corpo. Eu lembrava bem daquela voz e sinceramente desejava nunca mais ouvi-la de novo. — Eu só quero te fazer uma proposta.

 

Tentei me desprender de seu aperto, porém ele continuou puxando o meu corpo para perto do dele com força, impossibilitando que eu conseguisse me mexer. E novamente o medo fazia parte de mim, fazendo com que eu me sentisse completamente covarde por sempre me amedrontar em situações de risco, quando na verdade eu deveria ser forte e encarar tudo como um homem de verdade encararia. Eu era um homem, então por que não podia ser tão forte quanto os guerreiros, que eram homens assim como eu?

Relaxei um pouco o meu corpo, pronto para ouvir a tal proposta que o assassino tinha a dar. Sim, eu sabia que era o assassino, apenas aquela voz grossa e muito forçada era o bastante para trazer todas as lembranças do dia anterior de volta a tona. Não queria demonstrar para ele que estava com medo, então simplesmente ouviria o que ele tinha a falar e arcaria com as consequências de acordo com o que o destino quisesse que eu fizesse.

 

— Eu quero que você mate o príncipe. — disse um pouco simplista, fazendo-me arregalar os olhos, surpreso.

 

Ele é idiota? Por que cargas da água queria empurrar sua sede de sangue para cima de mim? Aliás, por que afinal eu mataria o príncipe?

 

— Eu sei que você pensa em vingança. — ele falou em um tom baixo, logo tirando sua mão de minha boca lentamente. — Você foi escravizado injustamente, tirado de sua família como um animal. Todo o seu povo tem sofrido com injustiças há anos e agora você tem a oportunidade de vingá-los, de mostrar que o seu povo também pode ser tão forte quanto o exército de Daegu.

— Eu não vou fazer o seu trabalho sujo. — cuspi as palavras um pouco alto, ato esse que fez o homem encapuzado novamente tapar minha boca.

 

E apesar de toda a determinação em insistir que aquilo era loucura, algo dentro de mim ainda latejava forte, fazendo-me ficar completamente confuso. Estava ele totalmente errado? Aquelas palavras tinham razão e me lembravam também do que Taehyung havia me dito ontem. Meu povo era escravizado há décadas por simplesmente não reagir aos raptos, se algum de nós pelo menos se vingasse, as coisas poderiam ser bem diferentes.

 

— Eu não quero que você faça o meu trabalho, eu quero te dar a oportunidade de se vingar, de fazer esses nobres pagarem com suas próprias vidas tudo o que fizeram com você e com os outros. Eu quero que essa família nojenta saia do poder e para isso eu vou precisar da sua ajuda. — ditou e então pude ouvir um longo suspiro. — Você tem duas opções: ou você aceita se vingar, ou eu te mato aqui mesmo.

 

E novamente começava a sentir todo o medo voltar. Estava sim pensando em vingança, mas não teria coragem realmente de matar uma pessoa. Mas aí vinha a questão de que era a vida do príncipe, ou a minha. Se o príncipe morresse, o rei não teria sucessor e assim outra família assumiria o poder e parecia ser isso o que o assassino desejava. Mas se eu morresse, ninguém ligaria para isso e o assassino apenas iria em busca de uma próxima pessoa para tentar negociar. Eu não queria continuar sendo assim tão insignificante.

 

— Se eu te ajudar, eu quero ser alforriado. E quero que Wonju pare de sofrer com a escravidão, eu quero que as pessoas parem de sofrer pelo luxo das outras.

— Então temos um acordo. — concluiu, logo largando completamente o meu corpo.

 

E talvez fosse aquela a minha missão de vida, talvez fosse aquilo que o destino queria que eu fizesse: o meu propósito desde que vim ao mundo é o de acabar com o reino daqueles monstros.


Notas Finais


Aya, o que acharam? Digam aí embaixo nos comments para me motivar :D
Não esqueçam de adicionar a fic nos favoritos e também de me seguir para ficar ligado sempre que aparecer alguma fanfic nova produzida por moa!
Era para eu ter postado essa fanfic no domingo, mas acabei me enrolando com uns problemas pessoais. Eu ando bem sumido ultimamente, mas não se preocupem, é proposital ieosdjwief eu tenho que esfriar a cabeça sobre certos assuntos e tentar melhorar em várias coisas que estão me incomodando muito. Whatever, próximo capítulo vai sair na semana que vem, então não me matem até lá.
Krissos~


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