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História O Príncipe de Daegu - Caput Quinque


Escrita por: jiho

Notas do Autor


ADIVINHEM QUEM VOLTOU? Isso mesmo, O Príncipe de Daegu!!!
Eu sei que eu devo MUITAS explicações pra vocês devido ao meu sumiço a respeito dessa fanfic, mas a realidade é que eu meio que sumi do site por completo. Eu andei sem inspiração nenhuma nos últimos tempos e a escola estava me cobrando DEMAIS. Buut, grazadeus eu finalmente consegui tirar uma nota boa no trimestre, yey! Agora são mais alguns dias de estudo e vem a deliciosa férias de julho.
Bom, esse capítulo aqui é destinado a começar mais as interações jikookinhas, porque eles precisam se aproximar, né? 'q
Eu já estava com esse capítulo aqui pronto, mas não queria postar até que o próximo estivesse com pelo menos a metade escrita. E agora que eu já estou quase finalizando o próximo, estou postando pra vocês esse aqui. Eu espero que gostem <3

Capítulo 6 - Caput Quinque


Fanfic / Fanfiction O Príncipe de Daegu - Caput Quinque

Jeon Jungkook

 

 

Estava sentado na grama observando o pequeno pedaço de seda branca em minha frente, estava um pouco nervoso, mas tentava me concentrar ao máximo naquilo. O príncipe Jimin estava um pouco mais a frente, treinando a habilidade de esgrima com o duque; por isso eu poderia tirar minha atenção do herdeiro para focar na seda em minha frente.

 

— Vamos, eu te ensinei o ideograma de água. Você se lembra, né? É só desenhar. — a voz de Taehyung falava ao meu lado.

 

Com o novo cargo de braço-direito, agora eu teria que aprender tudo o que não aprendi ao longo de minha vida. Tinha que aprender a ler, aprender a ter etiqueta, deveria refinar a habilidade em esgrima e todo o resto. Porém, o mais difícil mesmo era na parte de leitura e escrita. Era tão complicado, que por diversas vezes eu jurei que minha cabeça ia explodir. Quem havia inventado aquela idiotice? Verdadeiramente era um desocupado que não podia pelo menos fazer uma escrita com menos traços.

— Por que pra falar só “água” tem que desenhar tantos traços? Não era mais fácil somente desenhar um pingo ou um rio? — perguntei enquanto bufava. — E sinceramente, escrever vai me ajudar a proteger alguém? — indaguei mais uma vez.

A verdade é que tudo aquilo parecia uma extrema baboseira para mim, nada fazia nenhum mínimo sentido. Eu tinha a tarefa de proteger o príncipe agora, então por que tinha que aprender aquelas coisas ridículas? Eu tinha apenas que saber lutar e fazer isso. Era esse o meu dever afinal, não era?

Eu não queria de fato proteger o rei daquele assassino ou de qualquer outra pessoa, e de fato eu não iria. Acontece que a guarda em volta do palácio estava cada vez mais potente devido aos constantes atentados, seria difícil simplesmente deixar Jimin morrer sem que eu precisasse fazer. Eu achava toda aquela situação muito mórbida, mas ele precisava morrer.

Não deveria ser natural do ser humano desejar que uma pessoa morra, sentir tanto ódio ou repulsa. Afinal, somos todos da mesma raça, dividimos o mesmo planeta e temos as mesmas necessidades. Não deveria ser natural também escravizar o outro, maltratar o outro ou qualquer outra coisa que aqueles seres horríveis estavam fazendo conosco. Odiar eles é o mínimo que eu poderia fazer, não é? Afinal não é como se eu pudesse amar eles mesmo depois de tudo o que aconteceu.

Então tudo bem, eu não me sentia assim tão mal por desejar a morte de alguém. O problema mesmo era que eu é quem teria que findar com a vida do príncipe. Poderia até parecer fácil, já que há muitas histórias que rondam por aí falando sobre servos que envenenaram seus senhores e etc. O problema é que ninguém jamais percebeu a tensão que acontece por detrás de tudo isso.

Há dias atrás eu havia pensado em envenenar o príncipe, colocar alguma coisa mortal no chá dele e apenas colocar a culpa disso nas mulheres que deveriam ter o preparado. Elas provavelmente seriam mortas como desertoras, mas pelo menos o príncipe morreria envenenado e então tudo isso iria acabar de uma vez.

Mas por algum motivo eu pensei que talvez aquele não fosse o momento certo, estava com um mau pressentimento e, por conta disto, preferi não colocar veneno dentro daquela bebida. E meu subconsciente estava completamente certo, já que naquele mesmo instante eu tive que provar da bebida na frente dos dois, por estarem desconfiados de mim. Se eu tivesse de fato envenenado aquele chá, eu estaria morto nesse exato momento.

E com isso em mente, me surgia toda a angústia de ter que pensar em como o mataria. Eu não queria ser o culpado pelo fim da vida de uma pessoa, mas se não fizesse isso, meu povo seria cada vez mais escravizado e isso era algo que eu não poderia suportar. Não conseguiria imaginar os meus primos mais novos, as pequenas crianças de minha vila sendo seladas a um destino de completa escravidão.

— Oh! Isso mesmo! Está certinho! — Taehyung disse com um sorriso no rosto. — Wah, você está recém aprendendo isso e sua letra já é mais bonita que a minha. — falou ficando falsamente emburrado e então riu.

Arqueei uma de minhas sobrancelhas, um pouco confuso com o dito do mais velho, no entanto compreendi a sua surpresa assim que olhei para o pedaço de seda a minha frente. O ideograma de água estava feito e bonito, além disso, também havia feito o de Terra e Ar. Confesso que fiquei bem surpreso comigo mesmo, estava tão submerso nos meus pensamentos, que nem notei meu subconsciente trabalhando tão bem na escrita enquanto isso. E aquilo era estranho, porque eu sequer estava prestando atenção no que desenhava.

Sorri largo, satisfeito comigo mesmo e então continuei a seguir os ditos de Taehyung, que me ensinava outros ideogramas e me guiava na hora de desenhá-los. Aquilo se passou durante horas, diria eu que quase o dia inteiro. O Kim toda hora fazia uma pausa para ir ao banheiro, tomar água ou comer alguma coisa, me trouxe um pedaço de pão e água em certo momento, mas ainda assim não tirei o meu foco daquela seda.

Seokjin havia dito que iria levar Jimin para comer e que ele estaria sob a sua proteção, então não precisava que eu o seguisse e assim pudesse continuar os meus estudos. Em parte eu agradeci muito por aquilo, já que realmente precisava me concentrar para estudar e aprender aquilo de uma vez; todavia parte de mim dizia que havia algo errado em deixar o príncipe sem a minha supervisão.

Sei que não estava completamente apto para aquele cargo tão importante ainda, e que para isso precisaria de muito esforço. Mas ainda assim, eu sabia em quem confiar? Quer dizer, o duque era extremamente importante no castelo e fora ele mesmo que havia me escalado para participar daquela missão tão importante que era proteger o príncipe. Mas ainda assim, eu poderia confiar cem porcento nele?

A realidade é que eu não poderia confiar tanto assim em ninguém. Com esse trabalho, meu dever era ser extremamente desconfiado com qualquer um que se aproximasse e isso se aplicava em qualquer pessoa. Seja o duque, o conde, soldados, pai, mãe e até mesmo aquele primo chato de Jimin; eu deveria suspeitar de todos eles.

Mas era aí que minha mente me alertava de que eu nem sequer deveria me preocupar tanto assim. A missão de matar o príncipe fugia de minha cabeça a cada segundo e, sempre que eu me lembrava daquilo, o ar parecia ficar cada vez mais sufocante.

— Jungkook. — ouvi meu nome ser pronunciado, logo fazendo com que eu virasse meu tronco para trás para que pudesse visualizar quem era.

De maneira súbita dei de cara com o sorriso encantador que o príncipe possuía, sorrindo simpático enquanto parecia estar feliz com algo. Seu rosto não estava mais sujo e nem seu cabelo estava emaranhado como há pouco tempo antes, quando ele estava treinando a esgrima. Provavelmente ele havia tomado um banho.

Eu poderia dizer sim que Park Jimin era um homem muito bonito. Seus cabelos eram lisos e bem escovados, sua pele era levemente bronzeada por conta das incontáveis horas de treino abaixo do sol escaldante; suas mãos eram pequenas e lisas. Suas roupas eram bem alinhadas e sua postura estava sempre bonita. Era o visual de um cara extremamente rico, afinal. Seu sorriso era simpático e talvez fosse com ele que o príncipe conseguisse tudo o que queria. Porque apesar de não conhecer de fato tudo o que se esconde por trás de Jimin, Jungkook conseguia sentir que ele era apenas um príncipe mimado como todos os outros deveriam ser. Ele apenas almejava cada vez mais o luxo e não se importava de ter que escravizar, maltratar e até mesmo matar pessoas para que consiga sempre estar no topo daquela pirâmide ridícula que todos insistiam em impôr naquela sociedade fajuta que chamavam de reino. Era ridículo.

Me levantei imediatamente e então fiz uma breve reverência, demonstrando meu respeito. Mesmo que eu tivesse ódio por quem ele era e pelas coisas horríveis que ele fazia, eu ainda assim era seu servo e deveria lhe mostrar respeito.

— Você já estudou bastante por hoje. — ele falou, logo desviando o olhar até a seda na qual eu estava escrevendo há minutos atrás. — Sua letra é bonita.

— Obrigada. — disse em um tom seco, enquanto permanecia com a minha feição séria.

— Eu quero passear um pouco, você quer me acompanhar? — perguntou educado.

E obviamente foi só por educação mesmo, porque aquela pergunta era obviamente retórica. Eu não tinha opção nenhuma de escolher o que queria ou não fazer. Se o príncipe quisesse ir para a lua, eu teria que apenas abanar a cabeça e lhe seguir como um bom cachorrinho adestrado faria.

— Está ficando escuro, senhor, não tem medo que o assassino possa atacar novamente? — perguntei um pouco sem vontade.

— Não iremos até a floresta. — disse e então suspirou pensativo. — eu quero ir até o jardim do leste. — comentou, logo começando a andar.

Um pequeno sorriso brotou em meus lábios e então o segui. Por mais que não gostasse da ideia de ficar perambulando por aí num horário tão tardio, me interessava demais visitar o jardim. O jardim do lado leste era o único que eu ainda não havia visto. Ele era o mais afastado do castelo e, pensando por um lado, era até perigoso ir até lá com as chances de um assassino aparecer de repente. Mas apenas ao pensar em todo o aroma doce, o vento levemente gélido batendo contra as flores coloridas fazia com que toda a preocupação de minha mente se esvaísse. Eu realmente havia adquirido um amor muito grande pelas flores daquele castelo e esperava que as flores do lado leste fossem tão belas quanto as dos outros cantos.

— Você avisou ao duque que viria até aqui? — perguntei enquanto andava um pouco mais atrás de si.

— Não, eu decidi vir para cá enquanto vinha até você para lhe chamar para entrar. — disse e então suspirou. — Por algum motivo você me lembra as flores do jardim do leste.

Arqueei uma de minhas sobrancelhas e então o fitei, completamente confuso com a sua fala.

— Eu te lembro flores? — perguntou.

— É, mais ou menos. — disse e então suspirou. — Quem sabe um dia eu te conte o motivo disso. — falou e então virou seu rosto levemente para o lado, para observar o meu e então sorriu.

Admitia que havia ficado extremamente confuso com aquilo, até porque nunca havia sido comparado com flores antes e bem, não sabia ao certo se isso significava algo bom ou ruim. Mas preferi não insistir por saber, eu não queria muitos contatos com o príncipe, na realidade e toda aquela chatice de lhe acompanhar duraria por bastante tempo.

Continuamos andando até que enfim pudemos avistar o campo um pouco mais aberto, onde as mais diversas flores pintavam o lugar. E era tudo extremamente muito muito bonito. Havia flores de diferentes tipos, diferentes formatos, tamanhos e cores. Era realmente diferente que os outros jardins, entretanto esse parecia ter uma aura diferente. Uma tranquilidade que me atingia de forma tão tremenda, que até chegava a me assustar. O céu que agora estava escuro fazia com que apenas a lua iluminasse o belo jardim, todavia não estava um breu. A noite estava clara, como se o próprio tempo quisesse fazer com que eu pudesse apreciar aquela vista. E eu verdadeiramente estava fazendo aquilo, parado enquanto observava tudo em volta. Era tão belo, tão diferente.

— Está surpreso? — o príncipe perguntou, enquanto também olhava em volta. — A sensação que você está sentindo agora… É exatamente a mesma sensação que eu senti quando te vi pela primeira vez.

— O que? — perguntei saindo de meus devaneios e então fitei o príncipe. — O que quer dizer com isso?

— Ninguém nunca costuma vir nesse jardim, porque ele é muito longe. As pessoas esquecem da beleza dele por simplesmente terem preguiça ou medo de vir até aqui para apreciá-la. Algumas vezes esquecem até mesmo de vir regar essas belas flores. — dizia aparentemente ignorando a minha pergunta. — Há uma flor aqui muito bonita, que floresce apenas uma vez em uma única noite em dez anos. Eu costumava vir aqui todos os dias para ver se conseguia vê-la desabrochar, mas nunca tive essa sorte. — falou e então suspirou. — Eu parei de vir depois que meu pai adoeceu. É realmente perigoso andar por aí sozinho agora.

— Por que decidiu vir aqui hoje então? Eu te protegi uma vez, mas foi por sorte. Talvez eu não consiga fazer isso de novo. Na realidade, todo esse negócio de cuidar de você é uma loucura. — falei um pouco impensado e então baguncei levemente meus cabelos. — E se eu quisesse te matar também? Você não me conhece nem um pouco, por que confia tanto em mim ao ponto de vir até um lugar tão escuro sozinho comigo?

— Acho que você é a única pessoa que não me chama de majestade. — Jimin disse e então riu baixinho. — Vamos sentar, eu estou cansado.

Arqueei uma das sobrancelhas, realmente incrédulo por ele ter ignorado minhas perguntas. Porém apenas me contive e então o segui. Ele andou apenas mais um pouco, indo até um lugar que havia somente grama ao chão, com poucas flores em volta. Ele sentou ali e então olhou para o céu e, por um segundo, pude sentir meu coração parar.

Jimin estava sorrindo. Mas era um sorriso diferente dos outros sorrisos simpáticos que ele tentava lançar a todo tempo, era um sorriso que eu jamais havia visto antes. Ele apenas estava observando o céu, sorrindo abertamente enquanto a lua iluminava o seu rosto e, sinceramente, aquela visão era realmente muito bonita. Daria um quadro muito bom para ser pintado.

E eu admitia, Park Jimin era um homem realmente atraente. Todavia eu não deveria pensar nesse tipo de coisa, principalmente porque ele é um príncipe e porque eu não sou nenhuma dama que deseja ser cortejada, ainda mais por ele.

— Por que você sorri o tempo todo? — perguntei e então me sentei ao seu lado.

— Por que você é tão sério o tempo todo? — rebateu e então me olhou. — Em meio a tanta desgraça, pobreza e tragédia, o mínimo que eu posso fazer é sorrir. O meu sorriso pode não ser o mais bonito, mas ainda assim é o suficiente para consolar as almas mais desesperadas. Algumas pessoas precisam apenas de um pequeno sorriso para se sentirem melhor, precisam apenas de um consolo para esquecer dos problemas do dia a dia. Se eu não sorrir, como vou parecer feliz e tentar passar aos outros a minha felicidade?

— As pessoas não precisam de sorrisos, elas precisam de comida, água, elas precisam ter o livre arbítrio para poder fazer o que quiserem, precisam ter as próprias escolhas e mandar na própria vida. — falei e então estalei a língua no céu da boca. — O seu sorriso pode ser bonito, mas não mascara nada de ruim que sua família já fez.

— O sol já queimou muita coisa, mas nem por isso ele deixa de nascer. — disse e então jogou levemente seu corpo para trás, deitando-se na grama para poder observar melhor o céu.

— O que quer dizer com isso? — perguntei.

— Que mesmo que o meu passado me condene, mesmo que meus ancestrais tenham feito coisas bárbaras e sem perdão, eu não sou como eles. Eu tenho outra mente, Jungkook; outros propósitos, outros pensamentos, outros amanheceres, outros crepúsculos, outros solstícios e outros equinócios. — respondeu. — Olhe para o céu.

Virei lentamente minha cabeça para cima e então olhei para o que tanto atraía os olhos de Jimin e então me surpreendi. A noite estava triplamente mais estrelada do que o de costume, a lua cheia estava enorme e amarela e toda a combinação de constelações deixava o céu impressionante. Não era atoa que Jimin estava olhando para lá por tanto tempo. Não só o jardim estava bonito, o céu estava extremamente belo e o mundo inteiro parecia ter parado, apenas para que aquelas duas belezas conjuntas pudessem ser apreciadas pelos meus olhos.

— Nenhuma estrela é igual a outra. — Jimin falou. — Todas as constelações têm formatos diferentes e a cada dia o céu parece nos impressionar de uma maneira diferente. Ele é sempre imprevisível. — completou. — Não ache que eu sou igual aos meus pais ou quem quer que seja. Todos somos diferentes.

— Então o que é que te difere tanto dos seus pais ou de qualquer outro nobre sujo? — perguntei sem temer o palavreado.

— Você não me conhece, Jungkook. — respondeu. — Eu queria que conhecesse, mas você não parece querer isso. Não importa o que eu falar, isso não vai interferir em nada na sua vontade de me ver morrer, não é?

E então minha barriga gelou por completo, fazendo com que todo o meu corpo paralisasse apenas ao ouvir aquilo. Ele sabia que eu queria o ver morto? Como ele imaginaria algo daquele tipo? Eu nunca sequer comentei a ninguém sobre minha missão ou sobre o que eu pensava a respeito do príncipe, então como ele sabia daquilo?

— E-eu não…

— Eu não preciso estudar nada pra perceber o ódio nos seus olhos quando nossos olhares se cruzam. — falou e então sorriu fechado. — Na verdade, todo mundo me olha desse jeito. Eu acho isso extremamente desconfortável, mas eu já me acostumei. — comentou baixo e então deu um longo suspiro. — As pessoas me veem somente como um herdeiro, como o nobrezinho metido que logo logo assumirá o poder do rei. Ninguém enxerga o tipo de pessoa que eu realmente sou. E parecerá baboseira se eu falar, mas eu me preocupo tanto com o povo, que eu daria a minha vida por ele. Eu queria poder doar cada tostão para as pessoas pobres da vila, queria poder me redimir com cada escravo, poder deixar todos felizes. Eu queria mudar cada pedacinho desse reino e dar tudo de mim para que ninguém mais ficasse triste. Mas eu sou só um príncipe. Eu não posso fazer absolutamente nada enquanto não for rei e talvez eu nem chegue a ser, querem me matar porque sabem como minha mente é diferente da deles e isso é algo realmente muito triste. Você já imaginou como seria levantar todos os dias de manhã pensando que todas as pessoas que você conhece, até mesmo a sua família, te odeiam e querem você enterrado a sete palmos do chão? Eu sei que ser escravo deve ser realmente muito horrível, eu não consigo sequer imaginar a dor que você sofre por ser obrigado a fazer algo que não quer, mas não significa que eu também não possa sofrer somente porque seu sofrimento é maior do que o meu. Tem dias que eu realmente acho que morrer seria a melhor solução para mim. Afinal, se ninguém gosta de você, deve ser porque tem algo de errado, não é? Se ninguém me deseja aqui, é porque eu realmente não deveria estar aqui. Mas se eu simplesmente sumir do mapa, outra pessoa irá assumir meu lugar depois que o meu pai morrer e as coisas nunca mudarão.

Meus olhos se arregalaram subitamente ao ouvir tudo o que me era dito. Eu não sabia se a surpresa momentânea que havia me acometido era pelo fato de que o príncipe parecia sincero no que falava, ou se era porque ele realmente havia falado demais. Jimin falou tanto, que no final ele ficou até um pouquinho ofegante e, por algum motivo, aquilo fez um sentimento estranho se apossar da minha barriga.

No início, não sabia o que era aquela sensação, porém assim que a senti em minha garganta, pude ter ideia do que era. Era graça. E foi em uma questão de segundos onde eu simplesmente não consegui segurar uma gargalhada que estava presa em minha garganta, rindo tanto da cara do príncipe herdeiro que acabei deixando sua feição completamente desentendida. Okay, eu sabia que não tinha necessariamente um motivo para eu estar rindo, até porque o assunto era teoricamente sério, mas só de voltar a pensar no semblante sério do príncipe enquanto balbuciava milhões de ideias utópicas, minha garganta doía para rir ainda mais.

— Por que está rindo, seu idiota!? — o príncipe disse alto, aparentemente com certa raiva.

— Desculpa, eu… — acabei interrompendo a fala para rir mais ainda. — Desculpa, desculpa. É muito engraçado como você parece um bebê revolucionário. — falei e então mais uma série de gargalhadas saiu de minha boca, chegando a fazer com que minha barriga doesse.

Mas antes que pudesse pelo menos controlar aquilo, senti algo batendo contra o meu rosto, sujando-o completamente e machucando um pouco os meus olhos. Não precisei de muito esforço para que eu pudesse reconhecer que aquilo era terra.

— Para de rir de mim, seu energúmeno! — Jimin gritou, porém acabou rindo quando observou minha cara completamente suja.

— Ah, seu príncipezinho metido! — disse semicerrando os dentes.

Minhas mãos foram de encontro ao chão, cavando-o lentamente enquanto notava que Jimin estava se levantando, possivelmente já notando a ameaça eminente. Mas ele não escaparia assim tão fácil das minhas mãos, se ele quer guerra, é o que ele vai ter.

Peguei uma quantidade considerável de terra e então inclinei meu braço para trás, logo usando um pouco de minha força para arremessar a bola de terra para frente. Jimin até tentou desviar, mas o coitado não era páreo para mim. A terra acabou acertando em cheio em seu rosto.

E então mais uma vez ele se abaixava, para pegar mais terra para jogar em mim. Levantei do chão rapidamente e corri pelo jardim, logo percebendo que estava sendo seguido pelo príncipe, que conseguiu acertar a terra nas minhas costas. Grunhi em desaprovação e me abaixei, percebendo que ele fazia o mesmo ao mesmo tempo e então acabamos por jogar ambas as bolas de terra ao mesmo tempo, ato esse que fez com que toda a sujeira se espalhasse e arruinasse mais ainda nosso estado.

— Como ousa sujar um nobre? — Jimin falou com falsa prepotência, logo pegando um graveto do chão e apontando em minha direção.

— Você que começou com essa guerra quando sujou um nobre guerreiro! — falei pegando outro graveto.

Avancei para a frente, levantando meu graveto para lutar com ele, entretanto ele conseguiu se defender com seu graveto também. Estávamos rindo e agindo como duas crianças, fazendo esgrima com dois pedaços de pau enquanto estávamos imundos de terra. E apesar de aquilo ser realmente muito estranho, eu tinha que admitir que não me divertia desse jeito há muito tempo.

Entretanto acordei dos meus devaneios quando percebi que o graveto de Jimin havia quebrado. Aquilo não teria sido um problema se nós não estivéssemos nesse exato momento prensando com força um graveto no outro. Quando ele quebrou, meu corpo simplesmente desequilibrou para a frente, fazendo com que eu acabasse por tropeçar em meus próprios pés. Quando menos percebi, já estava caído ao chão. Seria cômico se não tivesse sido trágico e eu não houvesse caído por cima do príncipe herdeiro.

— Touché! — falei, logo seguido de uma risada.

Todavia no exato momento em que abri os meus olhos, notei a proximidade que nossos rostos se encontravam. Eu conseguia até mesmo sentir a sua respiração um pouco ofegante por causa da luta de gravetos, sentia seu nariz tocar levemente ao meu e seus olhos extremamente negros se fixarem aos meus.

E aquilo por alguma razão fez com que eu me sentisse estranho. Não sabia o que era aquela sensação que havia me acometido, mas por algum motivo era como se eu não quisesse sair dali, não quisesse me afastar do príncipe.

Mas obviamente esses pensamentos eram estranhos até demais e, por conta disso, levantei-me rapidamente dali, sentindo-me levemente constrangido com os sentimentos estranhos que haviam me acometido. E por educação, estendi minha mão para que o príncipe pudesse se levantar com minha ajuda, e ele logo o fez.

— Você é um bom guerreiro. Mas um dia eu ainda terei a minha revanche. — Jimin disse e então sorriu. — Você é legal, Jungkook. Eu pensei que você não soubesse o significado da palavra “diversão”.

— Que? — falei falsamente indignado. — Claro que eu sei o que é diversão, seu panaca. Eu sou muito divertido, aliás! — me vangloriei e então o ouvi rir. Eu sorri junto, porém esse sorriso logo morreu ao ritmo em que meus pensamentos tomaram um outro rumo. — Eu me divertia bastante com meus irmãos antes de… Ser trazido para cá.

O sorriso de Jimin pareceu ter morrido instantaneamente também assim que ouviu aquilo e eu admito que me senti um pouco culpado, como se já estivesse sentindo saudades daquele sorriso. Não que eu goste de ficar olhando para ele enquanto sorri, longe disso, caras normais não se importam com o sorriso de outros homens. Eu só não queria, por algum motivo, ver-lhe triste. Pelo menos não hoje.

Percebi sua boca se entreabrir, mostrando que ele falaria algo. Porém meu rosto se vira rapidamente para o lado do castelo assim que vejo uma luz estranha pela visão periférica. Senti um frio gelar minha barriga e então arregalei meus olhos.

— O castelo… — falei apontando em direção ao castelo, fazendo com que Jimin olhasse para lá também. — … Está pegando fogo!?


Notas Finais


E é isso. Deixem um favoritinho e um comentário caso tenham gostado e queiram me motivas. Não esqueçam de apertar no botãozinho lá em cima pra me seguir, assim vocês ficam sempre ligados quando um novo conteúdo meu sair do forno -qq

Byyye~


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