Ariel nadava decidido atrás do homem e da mulher quando ouviu alguém gritar:
- Ariel! Ariel! - Sebastião puxou o braço dele - o que você está fazendo nadando com esses….esses tipinhos?
- eu estou indo falar com Urs
- como? não! ele é é um demônio - o conselheiro tentou puxar o garoto para longe dos dois, mas Ariel se afastou dele irritado:
- por que você não vai contar para minha mãe? você é bom nisso - o garoto se afastou e voltou a seguir os dois enquanto Linguado o seguia desesperado:
- Ariel! eu sei que você está chateado, mas você não pode fazer isso!
- e quem vai me impedir? você? - Linguado parecia que acabara de levar um tapa no rosto, mas o ruivo nem ligou enquanto voltava ao seu caminho
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Ariel e os dois guias nadaram até se aproximaram de um caminho escuro. o garoto olhou apreensivo ao redor vendo os peixinhos amigáveis e coloridos sendo substituídos por criaturas estranhas de aparência nada amistosa. um jato de ar quente explodiu perto dele, assustando-o. de repente o sereio começava a repensar sua decisão:
- ãnh… pensando bem eu… - os dois se aproximaram dele e puxaram ele para perto de restos de um esqueleto de uma criatura gigantesca. os três se aproximaram do que antes era a boca da criatura:
- por aqui
- vamos, entre
O garoto engoliu em seco e entrou pelo que antes era a boca da criatura. na pouca luz ele podia ver criaturas pegajosas se contorcendo no chão de forma agonizante, mas não conseguiu identificar o que eram a sereia o empurrou até uma sala iluminada por uma luz arroxeada. assim que entraram na sala os dois se viraram e saíram por outra saída, deixando o garoto sozinho
Ele esperou um tempo antes de começar a observar a sala em que estava. no chão perto dele estava um caldeirão feitos de dentes enormes. haviam várias prateleira cheias de coisas estranhas. havia também um banco longo e uma gaiola pequena cheia de cavalos marinhos presos. ele se aproximou da gaiola e ia tocar em um dos animais quando uma voz o censurou:
- não, não, não! não se deve tocar nas coisas dos outros sem permissão, menino, é feio! - um homem alto saiu de trás de uma cortina feita de alga. ele sorriu para o garoto enquanto ajeitava seus cabelos brancos espetados. seu sorriso era agradável e amistoso. ele olhou para o ruivo animado:
- então você é o sereiozinho que se apaixonou por um humano? não te culpo, ele é um galã - ele piscou para o ruivo - mas a solução é bem simples na verdade, você só precisa se tornar humano também
- você...você pode fazer isso? - o homem riu animadamente:
- se eu posso? é claro que eu posso meu peixinho anjo - ele pegou um cavalo marinho da gaiola e comeu a cabeça do animal ainda vivo
Ariel olhou para o homem comendo o cavalo marinho levemente enjoado. Urs pegou outro animalzinho e estendeu ao príncipe:
- onde estão meus modos? aceita um? - o ruivo olhou para o bicho se contorcendo na mão dele:
- não, obrigado
- certeza? são uma delícia
- certeza - Urs deu de ombros e enfiou o cavalo marinho na boca:
- então….vamos voltar a conversinha sobre humanos e tudo mais, que tal? - o garoto esperou quietamente enquanto o homem mexia em seu brinco de concha distraidamente - devo dizer que eu pessoalmente não recomendaria você a fazer isso, peixinho, mas estou vendo que você está realmente decidido…
Ariel olhou enquanto Urs pegava algo de uma prateleira e jogava no caldeirão junto com um cavalo marinho e o que parecia uma cabeça de moréia. o garoto não tinha ideia do que ele estava fazendo enquanto balançava a cauda indeciso. o homem se aproximou e disse:
- eu posso te fazer um feitiço que te transformará em humano, porém, se o seu príncipe amado se casar com qualquer coisa neste mundo que não seja você, no pôr do sol do primeiro dia de sua lua de mel você volta a ser um sereiano e pertencerá a mim
O garoto abriu a boca para responder, mas a fechou ao pensar que tinha ouvido uma voz familiar gritar para ele parar apesar de não haver mais ninguém ali com eles. Urs levantou o rosto dele:
- então? temos um acordo?
- s-se eu virar humano eu nunca mais verei minha mãe e meus irmãos e nem mesmo Linguado
- é, verdade, mas você terá o seu homem - ele riu - a vida é cheia de escolhas difíceis, não é?
Ariel não respondeu ao comentário. apesar de tudo ele amava sua família. ele gostava dos irmãos e gostava de sua mãe. porém nenhum deles o entendia. eles não se importavam com o que ele queria e eles agiam como se ele fosse uma criança que precisava de constante supervisão, sem contar que agora era a chance dele de conhecer o mundo que tanto o fascinava e ter a chance de conquistar Eric. o ruivo mordeu o lábio indeciso. Urs olhou para ele:
- e então? é para hoje? eu sou um homem muito ocupado e não tenho o dia inteiro
- er… eu…- de repente Urs exclamou alto:
- ai! que bobagem a minha! a gente não pode fechar o negócio sem falar do detalhe do pagamento, não se ganha nada de graça nessa vida, sabia? - Ariel olhou para ele. pagar? a parte de consiga se casar com ele ou você vira meu já não era o pagamento?
- pagar? mas eu pensei que….. mas eu não tenho nada! - o sereio interrompeu o ruivo:
- não precisa se preocupar com isso, eu não quero grande coisa é algo do qual você nunca irá sentir falta
- ah, se é assim eu pago
- eu quero a sua voz - o garoto tocou no pescoço quase que instintivamente:
- c-como é? minha voz? mas como eu vou….
- não vai, peixinho, nem cantar, sussurrar, gritar, cantarolar, murmurar, nada, silêncio total
O garoto soltou um som engasgado e ficou parado olhando o homem cantarolando enquanto jogava coisas no caldeirão. o sereio atirou um peixe dentro do caldeirão:
- por que está hesitando? voz é algo superestimado nos dias atuais, e o que você faria com uma voz? falar?
- sim? eu gosto de falar e cantar e tudo mais, e como eu vou conquis…
- na terra é considerado atraente ser quieto, então sendo quieto e trabalhando um pouco na linguagem corporal você irá conquistar o príncipe em menos de uma hora - o homem piscou para ele e lhe estendeu um contrato e uma caneta:
- é só assinar na linha pontilhada e eu prometo que todos os seus sonhos virarão realidade
O garoto respirou fundo antes de pegar a caneta e assinar seu nome onde o bruxo apontava sorrindo. assim que ele terminou de assinar Urs puxou o contrato de suas mãos e avaliou sua assinatura:
- você tem uma letrinha bem bonitinha, garoto - o homem dobrou o contrato - bem, irei tirar sua voz primeiro e depois iremos a sua transformação em humano com pernas e tudo que têm direito, combinado?
Ariel concordou apreensivo enquanto o homem se preparava para tirar sua voz
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