História O Príncipe Perdido. - Uma mensagem para muitos.

- Akira...como você conseguiu...

- Quebrar a força de Ícarus? Não consegui. Se pudesse, falaria com você em carne e osso. Mas estamos num local...espiritual.

Miho não sabia como reagir àquela sotuação. Ela mesma não estava ali em corpo; somente seu interior faz-se presente ali. Seu físico, uma simples casca da alma, permanecia no quarto, assim como o de Ícarus, que naquele momento voltou a ser Akira.

- Vocês...não são a mesma pessoa, então?

- Claro que somos. Esta força, o Dark Stage, vem mostrando minha verdadeira origem há muito tempo. Eu...só achei que tudo não passou de sonhos. - ele riu sem graça, coçando a cabeça. Não demorou muito a voltar ao foco da conversa - Desde que a rainha Mithrys mostrou meu verdadeiro destino e causou meu despertar, estou tentando voltar. Mas estou cansado demais, Miho.

- Conheci a mamãe, Akira. Eu sei que ela não fez isso para te ferir. Ela...amou nós três.

- Eu entendo o que sente, Miho. Mas ela não foi minha mãe de verdade...minha mãe é da Superfície. Ela me criou com todo amor que alguém pode sentir. Ensinou que, se quisermos, podemos fazer a diferença para o mundo todo. E eu quero isso.

O garoto andou poucos passos distantes da princesa, tocando o tronco daquela árvore que só existia naquele mundo de sonhos. Fechou os olhos por alguns minutos. Aos poucos, outra figura começava a surgir naquele local. Miho viu que tratava-se de um homem. Ao reconhecer o rosto, ela ficou paralisada. E depois um imenso sorriso adornou seu rosto.

~~~~~~*~~~~~~

Takeo parecia extremamente confuso, olhando para os lados, como se acabasse de entrar no lugar mais estranho do mundo. Tentou dar alguns passos, mas foi impedido por um baque que o derrubou no chão.

Miho o abraçava com toda a força e toda a saudade que sentira.

- TAKEO!

- M...Miho...Miho! - olhou para aquele rosto apaixonante, sentindo-se leve como há muito não acontecia. O sorriso largo foi seguido de um abraço apertado e um beijo na testa da princesa - Você...está bem?! 

- Agora estou. Fui libertada de minha prisão. Que bom que pude ver você!

- E...aonde estamos? Você me trouxe aqui?

- Não. Fui eu.

O RedMask virou-se com o susto. Não escutava aquela voz há semanas, e temia que nunca mais pudesse ouvi-la. Andou a passos largos até Akira, abraçando-o com força e bagunçando os cabelos do mais jovem.

- Akira...não acredito! Como você fez isso?! Conseguiu se libertar! Podemos ir pra casa!

O rapaz pareceu triste naquele momento. Ele também teve este momento de confusão quando descobriu o local em que estava. Pensou que tudo tinha acabado, que poderia voltar para seus amigos, para sua família. Demorou para descobrir a verdade. E precisava contá-la a Takeo sem qualquer tipo de rodeio.

- Não. Eu não me libertei, e não posso ir pra casa. Trouxe vocês dois até aqui por um motivo.

Takeo não gostou do rumo que aquela conversa tomava. Tudo sério demais, soturno demais. Nada parecido com a personalidade tão alegre de Akira. Por outro lado, o jovem BlueMask também sentia que as próximas palavras seriam as mais difíceis de sua vida. Fazer o certo e o fácil são, quase sempre, coisas totalmente diferentes.

- Miho, Takeo...eu não consigo mais lutar contra isso. Ícarus e eu somos um só. Somos dois lados da mesma moeda. Usei o máximo de meu Poder Aura e o melhor que consigo fazer é o que estão vendo. No começo consegui lutar, mas depois do encontro com minha mãe biológica, algo dentro de mim explodiu. Infelizmente, Ícarus é meu verdadeiro eu.

- Não fale uma bobagem dessas! Você pode acabar com isso, não se deixe vencer!

- Não estou. Muito pelo contrário, pretendo vencer o sangue do Império Tube que corre em mim. Mas pra isso...eu preciso da ajuda de todos vocês. Principalmente dos Maskman. E não podem negar isso, ou vão renegar o próprio juramento de proteger a Terra.

O líder dos Maskman já sabia o que Akira iria pedir. A mesma sugestão de Barabass. E não aceitaria isso. Seu amigo, seu companheiro de lutas...

- Eu não vou sacrificar você, Akira. Nenhum de nós vai! Barabass já nos falou dessa ideia idiota! O que foi, ele enfiou isso na sua cabeça?! 

- Barabass...então ao menos uma vez na vida ele teve uma ideia decente. - Akira sorriu, sentindo uma melancolia que não fazia parte dele. Logo depois sua própria figura enfraqueceu. Parecia feito de fumaça em alguns momentos.

- Akira!! - Miho e Takeo chamaram ao mesmo tempo, preocupados com a queda do mais jovem.

O rapaz ergueu uma das mãos, pedindo para eles ficarem aonde estavam. Seu rosto, sofrido, ainda expressou um sorriso e as últimas palavras antes de saírem daquela dimensão foram ouvidas.

- Avisem aos outros...Miho, Takeo, por favor! Esqueçam de mim e salvem a Terra!

Eles não viram mais nada. Tudo virou um turbilhão de imagens confusas, que tornou-se um borrão imenso. 

~~~~~~*~~~~~~

- AKIRA! 

Takeo despertou num susto. Estava em meditação junto a Sayaka, Keyko, Kenta e chefe Sugata. Todos interromperam o treinamento mental na hora, olhando o amigo.  Ele estava com o rosto lívido, os olhos arregalados e a respiração entrecortada.

Quem falou foi Sugata. Pela expressão do RedMask, ele teve uma breve intuição do que aconteceu:

- Ele entrou em contato com você, não foi?

- Eu...estava aqui...e no segundo seguinte estava num lugar diferente. Escuro...triste...ainda assim, pacífico. Miho estava lá, Akira a levou pra lá, assim como a mim.

- Ele disse alguma coisa? 

Takeo tremia. Saiu da posição de lótus e levantou-se, indo em direção à uma janela. Ao ver o céu, escuro como a noite em pleno meio-dia, ele finalmente entendeu as palavras de Akira. E por isso cada sílaba saiu dolorida de seu coração.

- Chefe Sugata...ele sabe. Sabe o que é preciso para isso tudo acabar.

~~~~~~*~~~~~~

Muito distante dali, no Mundo Subterrâneo, uma princesa despertava de seu próprio transe.

Miho estava ofegante e olhando para todos os lados, certificando-se  de que ali é o mundo real, não uma dimensão paralela.

Ao notar o irmão adormecido, quase reconheceu a bondade de Akira naquele rosto.

Mas não precisou disso para admirar a coragem do rapaz. Disposto a sacrificar-se pelo mundo. Pelos dois mundos.

A princesa levantou-se, saindo do quarto. Sabia exatamente o que devia fazer. 

E é seu dever ajudar.