História O Professor - Capítulo 10

Nem acredito em como dois dias passaram voando bem diante de meus olhos. E depois desses dois dias, Sakura estava de volta, porém parecia um pouco mais leve, mais radiante. Talvez a viagem tivesse tirado um pouco do peso de suas costas, ou algo assim, ela pé sempre muito preocupada e controladora, as vezes passa até dos limites. Mas dessa vez estava tão diferente que em uma noite dessas eu nem acreditei que estava falando com minha esposa. 

-Com licença?- Sakura bateu em minha porta e pediu permissão para entrar.  

Estávamos em casa já fazia um tempo, e como sempre, fui direto para meu escritório. Aquilo já tinha virado rotina a anos, e nem com a chegada de Sarada eu consegui mudar muito isso. Só no início que foi um pouco difícil, mas agora voltou tudo aos seus eixos.  

-O que quer? - Perguntei ainda olhando para a tela de meu computador. 

-Sabe, eu estava pensando... - Começou a falar sem jeito até que tomou coragem para terminar o que dizia.- A gente podia ir ao cinema, sabe... Sarada nunca foi em um e agora já tem idade. - Fitei a mulher com incredulidade, então ela suspirou e disse: - Sei que é ocupado, mas pode pelo menos dedicar uma noite com sua filha?  

Engraçado, que agora tudo relacionado a Sarada me lembrava do professor. Aquele loiro intrometido que passou a rondar meus pensamentos por quase todo o dia, agora tinha retornado.  

Dar mais atenção a Sarada, foi o que ele quis dizer desde o primeiro dia em que nos vimos. Dei atenção a ela, e desde então, sempre ao tocar no nome dela, me deixava fraco. Ela agora era meu ponto fraco. Passei a prestar atenção na pequena menina com outros olhos e a ama-la mais do que eu, um dia, já pensei em amar.  

-Tudo bem. - Falei por fim dando um longo suspiro.  

-Está falando sério? - Sakura, mesmo contida, demonstrava espanto e felicidade em suas palavras. 

-Sim. Já terminei o que tinha que fazer, de qualquer forma. - Menti. Ainda faltava quase meio arquivo para atualizar, mas tenho certeza que poderia esperar algumas horas. Me levantei e coloquei meu paletó de volta, já que ainda não havia me trocado desde que cheguei. - Vá arrumar Sarada que eu espero no carro.  

Depois que ditei, Sakura saiu as pressas para arrumar nossa filha. Suspiro fundo e me dirijo até a garagem.  

Não demorou mais de uma hora e já estávamos no shopping. Sarada parecia que iria explodir de tão eufórica. Porque, apesar de não ter ido em um cinema, ela também nunca tinha ido a um shopping, sendo assim, ficava encantada com tudo que via. Todos aqueles letreiros brilhantes e lojas cheias de detalhes aos olhos, era tudo motivo para uma exclamação nova vendo da pequena. Tudo que eu pude sentir naquele momento era satisfação. Talvez tenha sido a única coisa certa que já fiz em minha vida, na verdade, tomei certeza disso quando ela veio até mim e abraçou minhas pernas, assim que Sakura diz que tem que ir ao banheiro e se retira. 

-Papai, esse está sendo o passeio m-mais legal da minha vida! - Disse alegre, mas logo depois mudando seu rosto para pensativo. - Não, esse é o segundo! - Falou alegre novamente. 

-Segundo? - Pergunto não entendendo o que a menor queria dizer com isso. 

-Sim! Porque o m-mais legal de t-todos foi o com o tio Naru! - Falou gritando o nome do loiro.  

Apenas ao mencionar o nome do professor eu senti meu estômago revirar e não sabia o que responder para minha filha. Apenas a encarei estupefato e com o coração acelerado.  

-Vamos? - Perguntou, Sakura, assim que se aproximou da gente. - Temos que escolher o filme ainda, mocinha. - Falou sorridente para nossa filha e segurou sua pequena mão. Voltei a mim quando percebi que elas já tinham tomado uma certa distância em direção á bilheteria. 

E foi na fila que ele pareceu. Será que eu não iria me livrar dele nunca? Mas que saco! 

-Naruto! - Sakura o chamou alegremente indo cumprimentar o loiro. Foi quando me virei para ver que ele estava perto de nós, mas não estava sozinho.  

-Sakura! Quanto tempo! Falou sorrindo e quando me viu, vacilou um pouco ao mantê-lo no rosto. - Sasuke. 

-Naruto. - Fui breve e então olhei para o moreno de longos cabelos a sua esquerda, estreitei os olhos mas logo me assustei com o grito de minha filha: 

-Tio Naru! - praticamente berrou e saiu correndo para os braços do loiro, que teve que se abaixar para segura-la. - Que b-bom te ver! - Disse animada enquanto abraçava o pescoço do mais baixo.  

-Também estou feliz em te ver, pequena! - Falou animado enquanto alisava os cabelos da morena. A colocou de volta ao chão e se levantou para nos fitar novamente.- Nossa que falta de educação minha, Sakura, Sasuke.. Sarada, esse é Neji, um ... amigo. - Falou sorrindo enquanto nos apresentava ao moreno que apenas observava até agora. 

-Muito prazer em te conhecer. - Falou, minha esposa, enquanto apertava a mão do homem.  

Enquanto a mim, apenas aceitei o cumprimento sem realmente dizer nada. Apenas o olhava dentro dos olhos e tentava me controlar para não o estapear. Se eu sei o porque desse sentimento repentino? Não, na verdade isso até me assusta de certo modo, mas eu não vou  pensar nisso agora.  

-Tio Naru? - Sarada quebrou o clima enquanto chamava o loirinho.  

-Sim? - Perguntou. 

-Você vai ver o filme com a gente? - Perguntou animada. Naruto olhou para Neji, como se perguntasse se estaria tudo bem pra ele. E isso me fez querer vomitar. 

Eu não sou tão idiota quanto pareço a ponto de não perceber que os dois são muito mais do que apenas "amigos", olhares e principalmente o modo como estavam antes de começarmos a nos falar. Naruto estava com o braço em volta da cintura do tal "Neji" e ele com o braço em Naruto. O modo como Naruto desfez o abraço em segundos e repleto de nervosismo, isso denunciou tudo.  

Patético. 

-Então vamos! - Naruto falou animado vendo o grande sorriso brotar nos lábios de minha pequena.  

O filme decorria normalmente irritante, por sei infantil e o lugar ser lotado de crianças barulhentas e o choro constante de bebês. Eu teria que me acostumar com isso por algum tempo, só até minha filha ter doze anos. Creio que depois dessa idade as coisas mudem. 

-Já venho, vou ao banheiro. - Pude ouvir Neji falar baixo para Naruto que estava ao meu lado. Olhei com o rabo de olho podendo ver o selinho que os dois deram e, por sorte, consegui controlar a ânsia de vômito que veio até a boca de meu estômago. 

O que realmente me intrigou é que eu nunca fiquei assim ao lado de homossexuais, eu ficava com nojo claro, mas nunca com esse sentimento. Parecia que minha cabeça não parava de girar e que eu iria vomitar a qualquer hora. As imagens dos dois se beijando não saia da minha mente e nessas horas eu desejava estar brigando com Sakura sobre Sarada estar comendo muita pipoca do que ter bisbilhotado o que o loiro estava fazendo.  

É realmente um sentimento horrível.  

E como não sei lidar com meus eles, parti para alfineta-lo e provoca-lo. 

-Ser um professorzinho e dono de uma das maiores empresas do país até foi um choque, mas nada se compara  ao saber que além disso ainda é viado. - Disse baixinho sem mesmo o olhar, apenas me aproximei o suficiente para que o outro escutasse. 

Pude perceber uma agitação na cadeira ao lado, aonde Naruto estava sentado, provavelmente ele tinha se espantado com minha fala, mas não me preocupei muito com isso. 

-Além de ser um pai irresponsável eu fiquei um pouco surpreso quando vi como você é aproveitador, mas saber que é esse tipo de pessoa, nada se compara. - Repetiu minhas falas, porém com suas próprias alterações.  

Não pude deixar de o olhar nessa hora. Como ele ousava falar sobre que tipo de pai eu sou? Aproveitador? Talvez.  

-Como assim "esse tipo de pessoa"? - Perguntei indignado e não escondendo essa entonação em minha voz. Eu não gritava, nem chegava a falar em um tom normal, eu apenas sussurrava. 

-O tipo de pessoa que se incomoda com a felicidade alheia já que não tem. - Falou convencido e calmamente, enquanto voltava sua atenção ao filme.  

Ele estava me provocando, eu conseguia sentir isso no seu jeito de falar. Não ficou mais irritado depois que viu como EU fiquei irritado. Orgulhoso como sou, não deixaria que esse gostinho ficasse em sua boca. Voltei minha atenção ao filme e fingi indiferença quando voltei a falar: 

-Como pode ter tanta certeza? - Perguntei debochado.- Tenho um carro caro, uma esposa linda, uma filha maravilhosa. - Disse por fim e pude ouvir um riso sarcástico. 

-Do que adianta ter tudo isso e não se importar com nada disso, de fato? - a frase me pegou desprevenido, e pela segunda vez, olhei para Naruto completamente intrigado. - Mas de tudo que você falou, nada é realmente felicidade, e sabe o porque? - Perguntou esperando minha resposta. Esse é o tipo de pergunta retórica, mas ele não falou até que eu respondesse sua pergunta. 

-Não. - Falei a contragosto nunca imaginando que a sua resposta poderia me afetar tanto. E novamente, pela segunda vez naquela noite, eu desejei não ter prestado atenção em Naruto e sim em qualquer outra coisa. 

-Porque você não tem amor.