-Deixei um bilhete na geladeira sobre as sessões de fonoaudiólogo da Sarada. As roupas dela estão dobradas em cima da mesa dela para todos os dias que eu estiver fora. - Sakura falava sem parar sobre tudo o que deixou organizado para a Sarada para os próximos dias que passaria fora. - Sasuke, está me ouvindo? - Perguntou brava enquanto via seu marido olhar mais e mais papéis sobre sua mesa.
-Ah, estou sim. - Disse indiferente enquanto olhava os lucros desse mês e o do passado, já frustrado com os números que só despencavam.
-Tudo bem. Eu já vou indo. - Disse indo até o marido e lhe dando um singelo beijo na bochecha.
Sasuke parou o que fazia ao sentir os lábios da esposa tocarem seu rosto de forma tão carinhosa. Olhou para mulher assustado, enquanto ela ia embora sem olhar para trás.
Sakura não merecia ficar com ele. Não merecia ficar com um homem como Sasuke, um homem tão frio e calculista, que não se importava consigo, que não conseguia a amar. O moreno se pergunta o que sua mulher tem na cabeça por continuar ao seu lado. Esperança de que algum dia ele a ame? Um pouco difícil de acontecer, mas pelo que conhecia, Sakura não dava o braço a torcer e tentaria até realmente não ter mais jeito. Então ela tinha sim, esperança.
Frustrado, Sasuke joga os papéis sobre as estatísticas de sua empresa no chão e coloca suas mãos nos cabelos. Sua cabeça doía e sua mente borbulhava de pensamentos, assim como seu coração de sentimentos.
Naruto, o homem que virou sua vida de cabeça para baixo, que com tão pouco conseguiu fazer com que o moreno sentisse coisas novas e boas, mas não ao seu ver. Para Sasuke, o que o loiro fez consigo foi imperdoável, ele odeia esses sentimentos e senti-los, era pior ainda.
A conversa que tiveram hoje mais cedo fez com que surgisse uma tremenda dor de cabeça tremenda no moreno, que foi para casa logo depois. Mal conseguia dirigir direito pelos pensamentos que o frustravam e deu graças ao poder chegar em casa inteiro.
Seu dia estava horrível e agora em saber que suas esposa passaria quase duas semanas fora de casa, o dava um certo peso a mais. Agora teria que cuidar de Sarada, a levar na escola, a buscar e tudo mais. Não que não gostasse de fazer isso, mas sempre que fosse fazer, se lembraria do loiro e de como aquele energúmeno pode ser tão cretino.
E foi exatamente isso que aconteceu depois de ter deixado Sarada na escola. Sasuke estava parado na calçada olhando a pequena escola de sua filha e imaginando o loiro saindo dali pra a ver chegando. Imaginou o sorriso dele e de como ele pegava a menina no colo de forma carinhosa. Mas tudo que viu, foi sua filha entrar na escolinha e passar direto.
Sasuke fechou os olhos e respirou fundo. Aquilo estava ficando ridículo ao ver do moreno. Naruto nem era tanta coisa assim para o fazer perder a mente. O que o outro tinha de tão especial para que fizesse seu coração bater mais rápido?
Talvez fosse o sorriso, os olhos, a forma de falar e de cuidar de sua filha, a forma de como o olhava e de como o provocava.
Estava decidido a se esquecer do loiro. Nem que fosse a ultima coisa que fizesse.
Se virou para rumar-se ao carro, mas seus movimentos pararam quando olhou em direção ao seu veículo e viu um outro em sua frente, do mesma marca do seu que era azul escuro, só que branco. O problema nem era pelo carro estar quase encostado no seu, lhe impedindo a passagem para saída, ou que tinha amassado a lataria pelo motorista inexperiente e sonso que não conseguia estacionar um carro corretamente na vaga, mas sim pelo motorista em si.
Sasuke engoliu a seco, fechou a expressão e foi até seu carro.
-O que faz aqui? - Perguntou enquanto olhava o outro em sua frente. - Não, isso não importa. Só tire essa merda de carro daí. Está me atrapalhando na saída.
-Sasuke, a gente precisa conversar. - Naruto falou tentando se aproximar do moreno, mas o mesmo levantou a mão pedindo que o outro parasse.
-Não, não precisamos. - Disse convicto. - Eu preciso é que você saia daqui e pare de me seguir.- Falou. - Ah! E você vai desamassar isso. Aonde aprendeu a dirigir? Sozinho? - Perguntou irônico enquanto tentava passar pelo micro espaço entre os carros.
-Legal. Olha, ontem eu ouvi você jogar na minha cara coisas horríveis sem nem mesmo me dar espaço para me defender. - Naruto disse querendo que o moreno prestasse atenção em si e o desse a oportunidade de falar. - Não acha justo me ouvir agora?
-Sabe o que eu acho justo em ser feito agora? Você tirar a porra do seu carro da frente do meu e me deixar ir trabalhar. -Disse sério. - Isso que eu acho justo.
-Tudo bem. Mas eu só vou tirar o carro, se você me ouvir.
Sasuke não tinha como discutir sobre aquilo. Ele não estava nessas condições, já que seu carro estava encostado no muro, na parte traseira, e na frente tinha o grandessíssimo imbecil. Respirou fundo umas cinco vezes e contou números desordenados a procura de paciência.
Naruto sabia ser insistente quando queria, e isso, irritava Sasuke pois era da mesma forma.
-O que você quer tanto falar comigo, peste? - Sasuke perguntou se virando para o loiro.
-Quero explicar que não era eu no cinema, que não fui eu quem decidiu parar de lecionar. - Sasuke ficou chocado com o que o loiro acabara de falar.
-E porque quer tanta que eu ouça? O que isso importa tanto pra você? - Perguntou. - Não era melhor deixar as coisas como estavam e seguirmos por nossos caminhos?
Naruto pensou um pouco, mas disse determinado:
-Porque eu gosto da Sarada, e sei que não me deixará vê-la por causa de mal entendidos. - Falou sério vendo Sasuke das rum passo para trás.
Desde quando um professor tinha tanto interesse em uma aluna. Sasuke olhou perplexo para Naruto e disse:
-O quer tanto com minha filha? - Perguntou atônito. - Você... seu pedófilo! Tire esse carro agora da frente do meu e não chegue mais perto de Sarada! - Disse por fim. - Se você não tirar seu carro dai, eu vou porrar ele até eu conseguir sair. Depois eu vou te mandar a conta do concerto dele.
Naruto não sabia se Sasuke era idiota ou se a imaginação dele era realmente fértil, mas isso já tinha passado dos limites. Como ele conseguiu pensar nesse tipo de coisa? Nem o loiro que era bem estranho conseguiria pensar em uma coisa dessas.
-Você é doente? - Perguntou espantado enquanto se aproximava do moreno. - É claro que eu não faria isso! O que você acha que eu sou?
-Eu não sei. Não te conheço. Posso achar o que eu quiser. - Falou convicto. -Você pode realmente ser um estuprador pedófilo e continuar com essa carinha ai. -Apontou para a cara do loiro. - Ninguém iria descobrir mesmo. - riu. - Olhando pra você parece que não conseguiria matar nem uma mosca. - Começou a rir. Naruto não sabia o que o outro sentia pra ser desse jeito.
-Sasuke não tem como eu gostar de sua filha desse jeito! Pelo amor de Deus, me deixa explicar! - Pediu. - Você está fazendo uma confusão sem necessidade! - Se aproximou do outro a ponto de quase mesclarem suas respirações. - Por favor, me deixa explicar. Não deixe, o que for que tenha nessa sua cabeça, te deixar tomar decisões precipitadas. - Pediu sereno.
Sasuke mal conseguia raciocinar o que estava acontecendo ali. "Muito perto" foi o que pensou quando viu Naruto tão perto de si. Será que Naruto não conseguia ter o senso de espaço para estar sempre perto demais de si? Querendo acabar com a situação constrangedora que estava presenciando, disse:
-Tudo bem, pode se explicar. - Disse parado esperando que o outro falasse.
-Aqui? - Perguntou olhando ao redor. - Por favor, Sasuke. - Olhou incrédulo para o outro.
Sasuke revirou os olhos, abriu a porta do carro e se sentou no baco, fechando a porta logo em seguida. Olhou para Naruto do lado de fora e disse:
-Café Kaito, vê se não fica pra trás. - disse. - E tira logo esse negócio da minha frente.
Naruto riu, o que fez o coração de Sasuke falhar uma batida, e foi para seu carro, que ao tira-lo da vaga, encostou no do moreno sem querer.
-Ta de sacanagem né? - o Uchiha gritou do lado de fora do carro a ponto de ver o loiro sorrir malicioso para si e arrancar com o carro.
-Seja breve. - Sasuke disse imitando o loiro no dia anterior. Naruto suspirou e começou seu pequeno, grande, monólogo.
-Bem, pra início de conversa, não era eu no suposto cinema que você tanto fala. Inclusive quero saber dessa história depois. - Suspirou. - Enfim. Meu irmão está saindo com Neji já faz bastante tempo, então eles decidiram firmar as empresas. Concordei pois é realmente uma ótima oportunidade tendo em vista o poder econômico e... - foi parando de falar assim que percebeu o olhar ameaçador do Uchiha sobre si. - Bem, não vem ao caso. - Sorriu sem graça. - Eu não tenho nada a ver com o Neji, a não ser que agora ele é meu cunhado. E sobre ter deixado de trabalhar na escola... bem, foi mais por motivos familiares do que tudo. Eu nunca iria querer me separar das crianças, mas as coisas ficaram um pouco complicadas e eu tive que fazer. - Lamentava-se ao lembrar das grossas palavras de seu pai.
-O que, como assim? - Sasuke estava curioso, muito curioso. Além de que, ver o loiro assim partia se coração.
-Ahm... - hesitou um pouco. Não sabia se podia confiar no Uchiha, eles nem amigos eram, porque teria que se abrir com um cara como ele? Mesmo que não tivessem um laço tão forte formado, Naruto decidiu falar. Estava muito triste e não tinha nenhum amigo para quem contar, não que ele pensasse que o Uchiha ia ajudar em alguma coisa, mas foi sua ultima opção.
-Bem, minha mãe era professora, pedagoga, assim como eu. Ela adorava crianças, chegava em casa sempre alegre tendo alguma história pra contar, mas ela acabou falecendo e levando a alegria da casa com ela. Bem, eu ainda conseguia tirar umas boas risadas do meu pai e de Menma, mas no fundo, ainda não superamos. Exemplo disso foi como meu pai agiu. Pediu para que eu largasse meu emprego e cuidasse da empresa. De primeira instancia eu disse que não, que eu amava meu trabalho e adoro crianças. Ele insistiu e insistiu até que chegou um dia que ele não aguentou mais. Disse que eu seguir os passos da minha mãe não iria a trazer de volta. - Naruto falava sem parar e Sasuke só sabia ouvir e tomar um pouco do café quando ouvia algumas partes bem delicadas.
-Eu sei que ela não vai volta, e sei também que meu trabalho não é só por ela, é por mim também. Mas eu já tinha cansado de ouvir aquilo tudo, todos os dias. Meu plano é trabalhar o suficiente para comprar uma casa, me mudar e poder fazer o que eu quiser da minha vida. Mas até lá, eu vou ser seu concorrente, Uchiha. - Sorriu na ultima parte, para quebrar um pouco o gelo.
-Bem, eu não sei o que falar, mas ... meus sentimentos por sua mãe, Naruto. - Ouvir seu nome ser chamado pelo outro, fez o loiro sentir o calafrio que sempre sentia com Sasuke. Era bom, mas ao mesmo tempo ruim, por vir dele. - E sobre sermos concorrentes, você sabe que podemos mudar isso não é? - Perguntou já se aproveitando da situação.
-Você é inacreditável, Uchiha. - Naruto falou bravo e virou o rosto de forma infantil, enquanto cruzava os braços.
-Ah! Por favor, Naruto. Eu estou brincando. - Pausou e pensou um pouco. - Não eu não estou brincando, você sabe que nossas empresas combinam muito. - disse convencido.
-Eu não acredito nisso! Eu acabei de contar a história da minha vida e tudo que você sabe falar é de trabalho? -Perguntou perplexo.
-Mas eu já falei sobre sua mãe! Eu sinto muito, não sei lidar com sentimentos! - Confessou, só percebendo depois o que tinha falado.
-Eu sei que não sabe lidar. Desde a primeira vez que eu te vi e você disse coisas horríveis sobre como cuidar de sua filha, sério. E eu não acredito que você achou que eu era um pedófilo! - Disse indignado.
-Você queria que eu pensasse o que? Ah, mas você ainda não disse o porque é tão fissurado na minha filha. - Perguntou cruzando os braços e se encostando.
-Bem, ela é uma menina incrível, sem contar que viramos ótimos amigos. - disse.
-Se bem que faz sentido. Criança adora criança. - Falou debochado.
-Há-Há, deve ser por isso que eu gosto de você. - Disse debochado. Sasuke parou tudo que fazia e olhou incrédulo para Naruto, que não entendia o do porque a ação do outro. - Viu, nem você discorda em ser uma...
-O que disse? - Interrompeu o loiro.
-Que você é uma cri...
-Não, você disse... esquece. Deixa pra lá. - Disse já tendo algo em mente. - O que vai fazer hoje de noite? - Perguntou com um sorriso ladino.
-Eu... eu não sei, porque a pergunta? - Perguntou sem entender o porque da mudança de assunto.
-Sarada está com saudades. E como você são bem amigos, quer vê-la? - Perguntou.
-Posso?? - Os olhos de Naruto brilharam tão intensamente que Sasuke achou ser uma joia.
-Claro. Me passa seu número. - O Uchiha acabara de matar dois coelhos em uma cajadada só. Conseguiu uma desculpa para ver o loiro mais uma vez e ainda conseguiu seu número.
-Meu número? P-Pra que? - Perguntou envergonhado.
-Preciso passar meu endereço, ou você tem bola de cristal? - Perguntou irônico.
-Vai ser na s-sua c-casa? - Naruto estava muito constrangido pelo rumo que sua noite estava sendo traçada.
-Seria mais aonde?
Depois da troca de telefones, se despediram e foram trabalhar, já sabendo que pela noite, teriam suas agendar compromissadas.
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