História O Professor - Capítulo 16

(Sakura) 

Eu nunca pensei que minha vida chegaria a esse ponto. Ao ponto de não ter voz, de não ser amada e viver em uma casa aonde sua presença é desprezível por aquele que ama. 

No início não foi diferente, mas eu estava cega, porque eu o amava. Sasuke, pra mim, era um símbolo de liderança e de responsabilidade, um exemplo de homem. Mas então passei a conhece-lo melhor, a conhecer sua prioridades e a saber que eu não era uma delas.  

Soube que sua família estava com um passo para entrar em extinção e isso me deixou com esperança, já que o irmão de Sasuke era gay, não podia ter filhos de sangue, já Sasuke podia. Foi aí que eu tentei me aproximar do moreno. Não por interesse financeiro, nem para tomar vantagem do status social, mas sim porque eu sempre o apreciei. Desde que eu o vi lá no palco, dando uma palestra de conclusão de curso. Ele estava tão bonito. Me lembro até hoje de como nos conhecemos formalmente. Foi logo depois dessa palestra, uns amigos em comum marcaram de ir á uma pizzaria comemorar o fim da faculdade, e Sasuke, foi arrastado. 

Ele nunca gostou de sair, confraternizar, mas um de seus colegas o fez ir. Nos sentamos um do lado do outro e passamos a conversar, não que ele quisesse, eu tomava partido o tempo inteiro.  Sempre curiosa pra saber o que ele fazia, o que ele gostava, por  naquele momento eu estava encantada. Eu pensei que fosse amor a primeira vista, e então ele sorriu. Por uma piada boba minha, mas ele sorriu. Meu coração se aqueceu naquele momento, eu não sabia o que fazer, parecia que eu estava hipnotizada.  

Eu estava tão cega, que nem percebi o que realmente aconteceu ali.  

Sasuke só tinha uma coisa em mente, procriar. Ter filhos em não deixar seu nome morrer, eu descobri isso na nossa primeira discussão, antes de eu falar que estava grávida de Sarada. Suas palavras forma tão firmes que até hoje me arrepiam ao lembrar. 

"-Você acha que o que temos é um amor de conto de Fadas? Sakura, eu só quero um filho. Nada a mais."  

Então logo depois dessa frase eu disse: 

"-Então meus parabéns, sua missão foi concluída, senhor Uchiha." Peguei o teste de gravidez que tinha escondido em minhas costas e joguei em seu rosto, não tardando a correr para meu quarto.  

Depois de um tempo minha barriga foi crescendo e eu não pude fazer muito esforço, tanto que fui afastada do trabalho para poder me cuidar melhor e não perder a criança, já que minha gravidez era de risco. Eu trabalho como médica sem fronteiras, vou a vários países diferentes e cuido de crianças necessitadas sempre que posso, mas quando não faço isso eu trabalho no hospital local. 

Então, me casei com o Uchiha não por dinheiro, pois disso eu não preciso que venha da parte dele. 

Quando chegou no meu sexto mês de gestação as cólicas passaram a ser frequentes e os desmaios igualmente. Foi aí que Sasuke contratou uma babá. Disse que ela iria ficar comigo caso algo acontecesse e que já deixaria contratada para cuidar da bebê quando ela chegasse.  

Por um segundo meu peito que aqueceu, pensei que ele estava se importando comigo, mas essa preocupação era indireta, pois ele estava preocupado mesmo, era com a criança, e apenas ela. 

Sendo assim , na semana seguinte estávamos com uma pessoa amais em nossa casa. Hinata é seu nome. Ela ficava até tarde pra cuidar de mim até que Sasuke chegasse. Teve dias que ela dormiu comigo pois o moreno não havia retornado do trabalho.  

Ela me ouvia chorar, me abraçava quando eu precisava e acima de tudo, me apoiava, me fazia seguir em frente, mesmo que eu não quisesse. Bem, ela e minha filha, é claro. Depois do parto ela continuou conosco, me ajudou a cuidar da menina, sim é uma linda garotinha, na qual eu amo e me orgulho até hoje.  

Nesse meio período eu passei a sentir coisas estranhas pela morena. O jeito que ela cuidava do meu bem mais precioso e além de tudo cuidava de mim, mesmo que não precisasse mais, me faziam bem. Ter alguém que se importe consigo é bom demais e eu sentia falta disso até ela chegar.  

Por um tempo eu cheguei a pensar que ela só fazia isso porque era paga, mas depois eu vi que já passava da área profissional, que ela realmente tinha criado uma circulo de afeto comigo e com a Sarada. 

Eu nunca tinha pensado em uma mulher da forma que eu penso nela. Chega a ser estranho demais um coisa dessas, mas eu fui aceitando aos poucos. Hinata sempre me disse que amar não é pecado, é um milagre, pois as pessoas estão se esquecendo do real significado dessa palavra. E isso fez sentido para mim, pois eu achava que amava Sasuke, achava que algum dia ele iria me amar de volta.  

As vezes eu penso se realmente foi uma boa escolha ter insistido tanto no moreno, mas então eu lembro de minha filha, e tudo parece ter valido a pena.  

As noites choradas, as palavras duras a serem ouvidas e ditas, os riscos de morte por causa da gravidez, tudo isso valeu a pena quando eu olhei o rostinho dela pela primeira vez. Foi estranho ver um pedaço meu respirando ao meu lado,  e pensar que em pouco tempo estará conversando comigo. Nunca deixei de rir ou pensar nisso.  

Lembro-me até agora do primeiro beijo que nos damos. Sim, eu e Hinata já estamos em uma relação a dois anos. Foi em uma quarta feira, depois do almoço. Eu tinha acabado de chegar em casa quando vi Hinata na sala vendo televisão com Sarada, que na verdade estava no chão brincando com um monte de blocos de construir.  

Ao me ver, a morena sorriu e se levantou, vindo em minha direção. 

"-Como foi o seu dia? - Perguntou me ajudando a tirar o sobretudo, já que estava nevando do lado de fora. Mas inesperadamente a morena segurou em minha cintura e me deu um breve selar nos lábios.  

Eu fiquei chocada na hora, mas ela pareceu não notar, na verdade, a ação dela pareceu normal ao seu ver. Saiu e foi em direção a Sarada. 

-Eu já fiz o almoço e já limpei a mocinha aqui.  - Pegou minha filha no colo e sorriu, assim como a menor que deu um gritinho agudo e levantou os bracinhos em minha direção. " 

Aquele momento foi mágico, me sentia acolhida e em família. Nada estava errado, para mim estava tudo certo.  

Isso passou a ser rotina, sempre que eu chegava, Hinata selava meus lábios ou eu os dela. Passamos a conversar mais uma sobre a outra até que nossa relação foi evoluindo. Não sei mutio bem dizer como aconteceu, nem quando, mas quando percebi já a amava, já a desejava e eu sabia que ela queria o mesmo. Foi quando Sarada completou um ano de aniversário, e Sasuke não estava presente, que ela me disse: 

"-Sakura, eu posso ser melhor do que ele, quero participar da sua vida, e da vida da Sarada. Eu amo vocês duas e não sei como fazer pra que você aceite meus sentimentos, mas quero que aceite, que me deixe te provar que eu posso fazer valer cada segundo. " 

Naquele dia nos deitamos pela primeira vez, não a ultima claro, e também começamos a namorar. Passaram-se dias, semanas, anos, mas continuou tudo igual. Ela via como eu ficava quando Sasuke não me ouvia ou quando ele ia dormir no escritório. Hinata sempre me incentivou ao divórcio, mas eu não tinha coragem. Não tinha coragem de me divorciar para ficar com uma mulher. Sim, eu amo Hinata, mas o que diriam pra minha filha quando ela fosse maior? O que diriam de Sasuke? Não gosto nem de imaginar o que ele faria ou descobrir que eu o estava trocando por outra mulher. 

Eu sabia o que tinha que ser feito, só não conseguia, não até aquele momento. Não até ver aquela cena.