"Querido amigo infiel"
"Hoje eu fugi novamente. Claro, eles me pegaram. Mas o que vale é a tentativa. Fui para um lindo lugar, uma praia, e, acredite se quiser, eu gostei. Sonhei novamente com o menino dos olhos frios, ainda não sei quem ele é, e pretendo não saber.
Nota: As laminas não funcionaram, preciso de remédios"
Guardei o meu livro debaixo de uma tabua solta e fui me deitar, eu não conseguia esquecer a praia, não conseguia esquecer tudo que ela me lembrou, mas, não consigo parar de pensar nessa nova escola, é a quinta nesse ano - mas para todas as vias eu tenho meu jeito de escapar-.
-Merlia! Porra volta aqui!. Alguém gritou meu nome, mas ele se perdeu na brisa da praia, não qualquer praia, aquela praia. Eu me virei e vi o menino dos olhos frios, ele estava sorrindo -e puta merda que sorriso!- e sem entender eu retribui. Meus dedos tocaram a espuma do mar e tudo ficou preto,eu cai e não conseguia mover as pernas, ao procurar o menino o vi ensanguentado no chão, a areia branca da praia estava manchada da vermelho, mas foi se tornando purpura...
O sol começou a entrar pela janela, ainda não eram nem 5 da manhã ,mas eu estava acordada. O sonho me acordou. Me lembrei que meu primeiro dia de aula seria hoje, e que só estava uma hora adiantada, então tomei um demorado banho frio. Ao sair meu "pai" estava sentado na minha cama. John na verdade é meu tio ,mas ninguém sabe disso, ele é apenas meu guardião legal.
-Merlia, quero pedir uma coisa. - Pela sua expressão seria eu já sabia o que viria a seguir, mas eu tinha que ouvir é claro- Não seja expulsa, OK?
-É só isso que você quer?
-Posso pedir mais?
-Tem razão, se contente com isso.
John saio do meu quarto e eu me troquei. Coloquei uma calça jeans clara, uma regata branca, minha jaqueta de couro e um converse vermelho. Passe um gloss vermelho para tentar tirar a palidez da minha pele, mas não funcionou, e meus cabelos ficaram molhados -logo eles se secariam mesmo-.
Eu desci para cozinha, mas não comi, apenas sai e vi a monotona paisagem de Lacock. O céu estava brilhando, o verde realçado pelo orvalho e as pessoas sorrindo... ótimo dia. A escola ficava perto, umas duas quadras talvez -não é certeza não parei pra contar- mas, o caminho era entediante. Peguei meu celular e coloquei Still 24k. Essas musicas coreanas me lembrar a minha infância, com meus verdadeiros pais, e tudo o que eu sinto é ódio, mas isso me mantem de pé.
Realmente não demorou, eu precisei de apenas 3 musicas para chegar. O grande portão de metal já estava aberto, e algumas pessoas já iam entrando. Antes de entrar claro que eu preciso de uma rota de fuga... e só por essa primeira olhada, já achei duas, mas não posso... não hoje. Passei pelos portões e me arrepiei, eu não parei, nem olhei em volta, apenas chutei o portão e continuei. Eu não sei me localizar por aqui, apenas sei que meu armário é o 66 e que meus horários estão nele, -nossa já estou arrependida de não ter matado aula, esses caipiras nunca viram um jeans? Por que as meninas só usam vertidos? Aigoo...- o corredor estava movimentado, e todos -literalmente todos- me olhavam, isso estava me irritando num nivel surpreendente, eu não aguentei -desculpe John- tombei minha cabeça para trás e gritei
-Se outro caipira me olhar eu juro que vocês vão brincar de fazendeiros no inferno!
A conversa cessou, ao olhar ao redor, notei que todos estavam palidos, mas ainda me olhavam. Joguei minha bolsa no chão e falei novamente.
-Alguém não entendeu o recado?!
Dessa vez meu berro foi mais eficiente, todos se concentraram nos seus armários e me deixaram em paz. Peguei minha bolsa e sai em busca do meu armário. Por onde eu passava as pessoas saiam da frente empurrando umas as outras. Ate que eu vi meu armário, ele estava rodiado de pessoas e eu não entendi o porque.
Até que eu o vi... o menino dos olhos frios -só que não né porra, eram só uns delinquentes mesmo-
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