História O Que Não Podemos Evitar - Capítulo XXI

Winterfell

Jeyne estava deitada em sua cama. Estava repassando em sua cabeça a conversa que tinha tido com sua mãe, foi melhor do que ela imaginava, mas mesmo assim ela pôde ver nos olhos dela a decepção, ela realmente esperava gritos e até rejeição por parte da mãe, mas ela parecia diferente, tinha alguma coisa em seus olhos além da evidente decepção que Jeyne não conseguiu identificar. Ela tinha passado o dia inteiro no quarto, não queria olhar as pessoas que estavam em casa, de repente ela ouviu um som vindo da varanda do seu quarto e resolveu ver o que era.

Ela não estava esperando por aquilo, ao abrir as cortinas que cobriam as portas que davam para a varanda de seu quarto. Era Robb e o som na verdade era uma música que vinha de seu celular, ela não conseguiu evitar o riso, ele fez sinal para que ela abrisse a porta e ela o fez. A música ainda tocava.

I walked across an empty land
I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river and it made me complete

(Eu andei por uma terra desabitada
Eu conhecia o caminho como a palma da minha mão
Eu senti a terra sob meus pés
Eu sentei ao lado do rio e ele me completou.)

Ele depositou o celular em sua cômoda e a tomou em seus braços embalando Jeyne no ritmo da música.

Oh, simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

(Oh, simplicidade, para onde você foi?
Eu estou ficando velho e preciso de algo em que confiar
Então me diga quando você vai me deixar entrar
Eu estou ficando cansado e preciso de algum lugar para começar)

Ela devia manda-lo embora, as coisas já estavam bem complicadas e eles não precisavam piora-las, mas ela se sentia tão segura ali em seus braços e no final o seu querer foi mais forte do que o sentimento de dever, então ela ficou ali, nos braços de Robb sendo embalada pela música.

I came across a fallen tree
I felt the branches of it looking at me
Is this the place, we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?  

(Eu passei por cima de uma árvore caída
Eu senti seus ramos olhando para mim
Esse é o lugar, onde costumávamos nos amar?
Esse é o lugar com o qual eu tenho sonhado?)

Robb estreitou Jeyne ainda mais em seus braços e então tomou seus lábios em um beijo calmo, lento como se quisesse com um beijo tirar dela qualquer resquício de duvida sobre o que sentiam.

And if you have a minute why don't we go
Talking about that somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?

(E se você tiver um minuto por que nós não vamos
Falar sobre isso num lugar que só nós conhecemos?
Isso poderia ser o final de tudo
Então por que nós não vamos
Para algum lugar que só nós conhecemos?)

A música acaba e eles permanecem abraçados, Robb apoia seu queixo na cabeça de Jeyne e ela afunda seu rosto no peito dele aspirando seu cheiro.

―Como você está depois da conversa com nossa mãe? – perguntou por fim, ela se afasta e se joga na cama.

―Bem eu acho, ela não agiu exatamente como eu esperava, não gritou, não me ameaçou ou disse aquelas frases clássica como: “Onde foi que eu errei” ou “vocês querem me matar” entre outras.

―Então acho que isso é um bom sinal. – Ela ergue o corpo se apoiando pelo cotovelo fazendo uma careta. – Não é?

―Eu não sei, tinha alguma coisa errada eu não sei dizer o que, ela disse que precisava de tempo pra digerir toda essa história, mas o jeito como ela me olhou... eu não sei, tem algo acontecendo. – Ele se aproxima dela a fazendo se sentar na cama ficando de joelhos na sua frente. – O que ela disse a você?

―Nada, ela me evitou o dia todo, meu pai veio falar comigo e a única coisa que disse era que já desconfiava, só não queria acreditar. – Ela assentiu, Catelyn tinha dito que Ned já sabia de alguma forma. – Me perguntou se eu estou disposto a levar isso adiante.

―E o que você respondeu? – perguntou desconfiada.

― Que sim, que eu estou cansado de ter que me esconder e me envergonhar pelo que eu sinto e não vou voltar atrás. – Jeyne levantou e foi para o outro lado do quarto.

―Por que você veio pela janela? Sabe que temos uma porta aqui. – Riu, mas ele sabia que era uma intenção de mudar o rumo da conversa.

―Porque eu andei o dia inteiro com cães de guarda em meu encalço, tentando evitar que eu me aproximasse desse quarto. – Jeyne parecia confusa. – Estou falando de tio Benjen, tio Brandon e nosso pai.

―Ele nem veio falar comigo. – Os olhos delas ficaram embaçados de repente pelas lágrimas. – Ele não veio aqui nem pra me dá uma bronca. – Robb caminhou em sua direção e ela se afastou ainda mais. – É melhor você ir, não quero mais causar problemas.

―Está desistindo de nós? Sem nem ao menos tentar? - Ele espera uma resposta, mas ela fica em silêncio. – Você sabe que nós já quebramos qualquer barreira depois da última noite, você confessou que me ama e isso você não pode mais negar. – Ele a beija novamente e sai pela varanda deixando Jeyne sozinha com seus pensamentos.

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Catelyn se aprontava para dormir, o dia tinha sido cheio e o seguinte não lhe parecia promissor, Ned sai do banho e encara a sua esposa estava tão distraída passando hidratante em suas mãos, seu olhar perdido como se buscasse algo em um lugar muito distante.

 ―Você não me disse nada sobre sua conversa com a Jeyne e pela sua cara parece que não foi tão boa. – Ned questionou.

―Não brigamos se é o que quer dizer. – Ela respondeu. – Ela ficou tão nervosa quando me viu ali na sua frente que disparou a falar que eu quase fiquei tonta. – Ned riu, Jeyne sempre fazia isso quando estava nervosa. – Eu disse que teremos que aprender a lidar com tudo isso e que nada vai mudar o que sentimos por eles. – Ned ficou surpreso.

―Você disse isso? Com essas palavras? Estou surpreso, falando com o Robb ele me pareceu bem decidido sobre o que sente e disse que não pretende desistir da Jey. – Catelyn fechou os olhos ao ouvir isso.

―Bom temos tempo. – Disse como se falasse com ela mesma.

―Temos tempo pra que? – Ned perguntou curioso.

―Robb pode está decido, mas a Jeyne não. – Ned encarou a esposa tentando entender onde ela queria chegar. – Ela tem medo de nos decepcionar, ela ainda não aceita bem o que sente.

―O que você quer dizer exatamente e porque eu sinto que eu não vou gostar? – Ned ficou tenso.

―Que ainda podemos parar isso. – Ela falava séria. – Você viu como ela ficou triste quando terminou o namoro com o Lannister, pode ser que ela sinta alguma coisa.

―Pelos deuses Cait, você nem aprovava esse namoro! – Ele estava ficando realmente preocupado com o rumo daquela conversa.

―O Lannister não me parece agora uma opção ruim, e você mesmo falou que ele tratou nossa filha com retidão, melhor do que ela está de caso com o próprio irmão! – Catelyn, secou uma lágrima que caíra teimosamente de seus olhos.

―Você levou em conta nessa equação o sentimento do Robb e da Jeyne e até mesmo os sentimentos do Jaime? Querida eu sei que pode ser difícil aceitar que dois de nossos filhos estão se envolvendo romanticamente, mas eles não são irmãos de fato, não é como se o Robb estivesse apaixonado pela Sansa ou a Arya. – Ned tenta argumentar.

―Eles são irmão tanto quanto Arya e Sansa, é muito conveniente agora lembrar que nós a adotamos, isso não vai acabar bem e pelo bem dos meus filhos é melhor que isso acabe agora enquanto está só começando.

―Isso não está só começando Catelyn, escute a si mesmo, eles se amam há muito tempo isso não é algo que surgiu de um dia para o outro, ponha-se no lugar deles. – Ele tinha que tentar fazer com ela entendesse. – Amar alguém e se sentir inapropriado por isso, imagine o sofrimento que foi infligido para os dois todos esses anos?

―Exatamente por não querer que eles sofram mais do que já sofreram que eu acho que eles devem abandonar essa ideia, não é o certo Ned, isso é sim muito inapropriado. Eu não estou dizendo que devemos agir de forma invasiva, mas podemos ajuda-los a ver que isso não vai dá certo.

―Induzindo a Jeyne voltar a namorar o Jaime Lannister? E o que pretende fazer com Robb? – Ele não queria saber, na verdade.

―Não sei. Eu tenho que pensar em tudo? – Ela parecia nervosa. – É a nossa família Ned, é nosso dever preservá-la!

―Não faça nada que possa se arrepender depois. – Falou por fim.

―Me arrependeria mais se não fizesse nada. – Catelyn parecia decidida.