História O Que Não Podemos Evitar - Capítulo XXII

Winterfell

―Tem alguém chegando. – Lyanna chama a atenção do grupo que se encontrava no pátio principal, Rickon, Theon, Arya e Gendry, Meera e Bran. – Vocês estão esperando mais alguém?

Todos se voltaram para a estrada revestida de pequenas pedras onde um carro luxuoso se aproximava da entrada principal da casa, até que Ned e seus irmãos deram ordem para que o portão fosse aberto e o carro estacionasse no pátio. Eles pareciam sérios e ao mesmo tempo apreensivos, quando o carro parou foi possível notar o selo oficial do governo de Westeros e dentro do carro não saiu nada mais nada menos que o presidente e pai de Jon, Rhaegar Targaryen e seus irmãos Daenerys junto com seu noivo e Viserys acompanhado de Domeric.

―Seja bem vindo senhor presidente. – Brandon recebeu os recém-chegados, mas sua fala não continha emoção nenhuma.

―Por favor, apesar do carro oficial eu sou apenas um convidado e me chame de Rhaegar. – Brandon assentiu sem nada dizer e guiou o grupo até o interior da casa deixando os outros que continuava no pátio atônitos com a cena.

―Onde está Jon? – Arya foi a primeira a quebrar o silêncio. – Ele precisa saber que Rhaegar está aqui. – Ela se volta para o restante com pouca paciência. – Vamos entrar! Estão esperando o que? Que nasça uma segunda cabeça no presidente? Andem se mexam. – Com esse pequeno surto todos se adiantam para dentro da casa.

A sala se encontrava em um silêncio profundo estavam todos acomodados e ninguém disse uma palavra, o noivo de Daenerys segurava a mão da moça que parecia que queria fugir, Brandon estava com um semblante sério e olhava para Rhaegar como se realmente ele tivesse duas cabeças, Viserys cochichava no ouvido de Domeric que apenas ria, a tensão era enorme e só foi desfeita quando Aegon e Rhaenys que estava de mãos dada com Willas entram na sala eufóricos por verem o pai e seus tios.

―Pai! Que bom que veio. – Rhaenys vai em direção ao pai e o abraça e é correspondida com carinho, Aegon também cumprimentou o pai e seus tios, em seguida Jon aparece e apenas com um pequeno gesto de cabeça acena para Rhaegar.

―Sei que veio de longe para visitar o tumulo de nossa irmã, então gostaria que soubesse de antemão que nós só concordamos com sua visita pelo Jon. – Brandon se pronunciou.

―Por favor, se minha presença causa algum desconforto eu posso ir embora agora mesmo. – Rhaegar afirma, mas sem perder a altivez. – Sei que a história entre nossas famílias deixaram feridas que ainda estão bem vivas. – Olha para Jon. – Mas eu acho que passamos por transformações ao longo desses anos e eu realmente quero passar a limpo o passado.

―A minha irmã você quer dizer? – Benjen se pronuncia pela primeira vez. – Talvez você não saiba, mas esse passado ao qual se refere é a minha irmã, a morte dela que ainda causa dor a toda nossa família e principalmente ao filho que ela não conheceu. – Benjen estava visivelmente emocionado. – Então senhor Targaryen não é tão simples passar tudo a limpo.

― Não foi o que eu quis dizer, não quero que pensem que não me importo com a Lyanna, ela é a mulher que mais amei na minha vida e...

―Chega! – Ned interrompe. – Não quero discutir sobre isso. – Voltou-se para o homem loiro e falou. – Veio para visitar o tumulo da minha irmã então faça, só não quero ficar aqui parado discutindo sobre essas dores, abrindo velhas feridas e voltar a sofrer tudo novamente. – Com um suspiro de cansaço continua. – O Rhaegar tem razão, já se passou muito tempo e mudanças ocorreram, nossos filhos merecem mais do que uma família presa em rancor e ódio. Jon leve o Rhaegar até as criptas. – Jon assente e fez sinal para que o outro homem o acompanhe.

―Eu agradeço Eddard de verdade. – Rhaegar fala erguendo a mão para Ned que retribui o gesto, logo em seguida o homem desaparece junto com Jon em direção ao grande mausoléu da família e Ned vai para o escritório.

Com a saída de Ned, Rhaegar e Jon o silêncio recai novamente na sala até que Domeric perguntar a Arya onde se encontrava o resto do pessoal que se encontrava na casa.

―Estão por aí, tenho quase certeza que a Sansa e o Garlan estão em um passeio a cavalo, você devia ver a Jeyne, acho que ela vai gostar de te ver. – Disse por fim.

―Desculpem minha falha. – Catelyn entra na sala. – Estava enrolada com os preparativos para o almoço, Ned me disse que viriam. – Olhou para o grupo que parecia deslocado no ambiente, Daenerys, Daario e Viserys. – Vou mostrar os quartos de vocês.

―É muita gentileza senhora Stark, mas ficaremos em um hotel, não queremos incomodar. – Dany fala de forma doce, mas a mulher rebate com firmeza.

―Não há nenhum incomodo, por favor, me sigam e vocês dois. – Apontam para os cunhados. – Desfaçam essas caras e venham nos ajudar a acomodá-los. – Brandon e Benjen bufam em resposta, mas atendem ao meigo pedido de Catelyn.

Os outros que ficaram na sala tinha em seus rostos uma expressão confusa com o que acabaram de presenciar.

―Isso foi bem tenso e esquisito, até pra nossa família. – Bran fala.

―Bom quem sou eu pra julgar a sua família, já viu a minha? – Theon fala deixando a sala em direção a cozinha.

―Bom eu acho que vocês deveriam acompanhar o pai de vocês e o Jon, Ygritte você também. – Gendry falou

―Não sei acho que eles devem ficar sozinhos neste momento. – Willas falou passando o braço envolta da cintura de Rhaenys. – Acho que devemos contar sobre nosso namoro em outro momento. – A garota concorda.

―Eu serei o tio dela em breve, então digo que você está mais que aprovado! – Dom falou arrancando um sorriso de Willas. – Tia falou do almoço, será que teremos comida nortenha? Estou salivando só de imaginar.

―Vai sim, mas estou avisando que as tortinhas de limão são da Sansa, ela implorou para fazer uma formada imensa. – Dom bufou com a noticia.

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Depois de toda a tensão vivida durante a chegada dos Targaryen e mais ainda durante o almoço onde Rickon descreveu com uma cena de um filme de suspense ruim, Domeric vai até a sala de música onde encontra Jayne sentada à frente do piano de calda, ela não tocava, apenas estava debruçada sobre ele.

―Sei que hoje foi um dia muito estranho, mas entre mortos e feridos salvaram-se todos, como diria o ditado. – Ele se senta ao lado dela. – Arya me contou o que aconteceu, eu queria muito está aqui ao seu lado. – Jeyne deitou a cabeça no ombro do amigo. – Vocês vão assumir? Agora que o segredo acabou.

―Assumir o que? Você não viu a cara de decepção da minha mãe e meu pai... – Ela queria gritar. – Ele nem veio falar comigo ainda.

―Meu amor me escute uma única vez, você ama muito o Robb eu vi isso de perto e sei o quanto você tentou esquecê-lo, mas não conseguiu. – Ele segurou o rosto da amiga entre as mãos e sorriu. – Você tem que viver esse sentimento e esquecer esse drama todo.

―Eu queria que fosse fácil assim.

―Tá, talvez você esteja certa, mas olha o que aconteceu comigo, eu me escondi, eu mentir e de nada me ajudou, eu sou o que eu sou e eu sou essa pessoa maravilhosa que você ama e que todos invejam. – Disse fazendo graça.

―E humilde, esqueceu essa qualidade que praticamente é sua definição. – Falou entre risos.

―Querida, enfrente vocês não estarão sozinhos isso eu garanto. – O que seria de Jeyne sem seu melhor amigo, ele sempre sabia como deixa-la bem, tinha sempre a melhor palavra de conforto.

―E você e o Viserys, como estão? Você não me disse nada.

―Após retornarmos para Kings Landing Rhaegar irá convocar uma coletiva e vamos falar tudo. – Jeyne estava surpresa. – Pois é garota, eu vou esfregar na cara de todos o meu relacionamento com um cara gato! – Jeyne não consegue conter o riso enquanto bate palmas.

―Em uma coletiva? Você e o Viserys são tão exibidos, você pretende falar com seu pai? Foi por isso que veio junto com Rhaegar?

―Não, eu não vou falar com ele. Eu não tenho pai esqueceu? Ele deixou isso bem claro então que me veja brilhar pela TV, ele e aquele demônio em forma de filho que ele tem. – Domeric se levanta e vai até uma grande parede espelhada, lançando um olhar de malicia para a amiga. – Mas o que eu quero saber mesmo é se o sexo proibido entre você e o Robb foi bom! – Jeyne queria um buraco para entrar e ficar por lá mesmo. – Não faça essa cara de donzela, porque isso é uma coisa que você não é. Me conta vai?

―Não vou falar. – Jeyne cruzou os braços a frente do corpo.

―Foi bom, pela sua cara sei que foi bom e sei que foi mais de uma durante a noite. – Jeyne devia está vermelha e Domeric estava se divertido. – Robb tem cara de que entende da coisa, aqueles olhos, aquela barba é melhor parar por aqui ou eu entro em combustão espontânea.

―Você é tão depravado Dom, eu te amo sabia? – Ele se levanta e abraça forte o seu amigo.

―Se amasse me daria detalhes, apesar de que eu posso ver uma marquinha bem safada aqui em seu pescoço. Pelos deuses! – Domeric puxa um pouco a gola da camisa que Jeyne vestia. – Isso é uma mordida? É sim, é uma mordida! Que safado, ele mordeu você, ganhou muitos pontos comigo.

―Fala baixo! Quer chamar a atenção de todo mundo?

―Nunca te vi marcada quando você estava com o Jaime. – Ele estreitou os olhos para a amiga que apenas balançou a cabeça de forma negativa. – Me ouça Jey... – Eles são interrompidos por uma batida na entrada da sala de música.

―Posso entrar? – Era Ned.

―Claro que pode tio. – Domeric abraça Jeyne e se despede, mas antes fala ao seu ouvido. – Você não me escapa, ainda temos muito que falar.  – Segue em direção a saída passando por Ned com um sorriso.

Jeyne lança um sorriso para o pai e ele apenas se senta a frente do piano e faz sinal para que ela se sente ao seu lado, ela obedece e se senta ao lado do pai que fica  quieto por um tempo até que ela quebra o silêncio.

―É tão difícil assim olhar pra mim depois do que aconteceu? – Ele podia ver nos olhas dela uma dor e ele se odiou pela sua atitude.

―Quando minha irmã Lyanna se envolveu com o Targaryen, ela escondeu da nossa família, ela tinha medo da nossa reação e até mesmo rejeição e ela estava certa. Quando ela me ligou pedindo que eu fosse até Dorne para vê-la e me deparei com a minha irmã gravida, abandonada e doente e ver que mesmo assim ela pediu que eu mentisse que eu dissesse todas aquelas mentiras. – Tinha pesar em suas palavras. – Penso que se ela tivesse a certeza que sua família jamais a julgaria ou a rejeitaria por está apaixonada ela ainda estaria aqui e teria visto o grande homem que é o filho dela.  – Ele segurou a mão de Jeyne. – Jey eu queria dizer que o fato de eu não ter vindo falar com você antes foi por que eu não sabia o que falar que eu estava com raiva do que aconteceu e como aconteceu, mas a verdade é que eu pensei em Lyanna, pensei que mais uma vez se você e o Robb tivesse a certeza que nós estaríamos do lado de vocês, não teriam escondido tudo de nós.

―Pai eu e o Robb não somos a Lyanna e o Rhaegar.

―Eu sei que não, mas ela se escondeu e mentiu pelo mesmo motivo que você e o Robb se esconderam e mentiram e o pior fugiram um do outro, medo. – Ned abraçou Jeyne. – Farei de tudo para que com vocês seja diferente.

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―O que aconteceu?  - Jon perguntou com visível preocupação. – Arya me ligou e disse que era urgente.

―E é irmão, calma, falta a Jey e o Rick que como sempre se atrasam. – Eles estavam no bosque de Winterfell, que era conhecido pelos antigos como um lugar dos deuses que regiam o Norte há séculos atrás, este era o lugar favorito dos irmãos.

―O que você está aprontando garota. – Bran disse impaciente. – Porque nos trouxe aqui?

―Faço minhas as palavras de Bran. – Robb andava mesmo mal humorado.

Neste momento Rickon chegar ao bosque seguido de Jeyne que como sempre os dois estavam discutindo sobre um assunto qualquer.

―Podemos saber do que se trata agora? – Sansa se manifesta. – Estamos todos aqui, o que aconteceu de tão grave?

―Bom quando decidimos vir para Winterfell eu pensei que poderíamos passa mais tempos juntos sabe? Como éramos quando crianças e morávamos todos aqui, mas a viagem não saiu como o previsto né? Primeiro temos o romance proibido de Robb e Jeyne. – Robb tenta protestar. – Cala a boca, que eu não terminei, continuando, bom a chegada surpresa, pelo menos para nós, do presidente Rhaegar e todo aquele drama e choros e lamentações que acompanham essa família.

―Aonde quer chegar Arya? – Jon quis saber.

―Que eu fiz tudo isso pra nós. – A garota foi até o outro lado da árvore que ficava no centro do bosque e arrastou de lá uma cesta enorme. – Bom tem comida para um batalhão aqui e realmente esse batalhão vai chegar, Gendry, Theon, Ygritte, Meera, Lya, Garlan, Willas, Rhaenys, Daenerys e o noivo, Aegon e Margaery... Ufa! Esqueci alguém? Bom a Margaery tentei não convidá-la, mas como o Aegon vai está aqui eu sei que ela vai ficar calminha, mas até que eles cheguem no horário que eu determinei, temos esse tempo pra nós! – Terminou como se tivesse acabado de realizar um discurso para o Oscar.

―Você é a garota mais incrível. – Jon abraça forte a irmã. – Eu te amo pestinha.

―Arya isso é maravilhoso! Você pensou em tudo. – Sansa estava emocionada com a atitude da irmã. – Eu realmente estava com saudades da gente junto falando besteira e implicando um com o outro.

―Ah que lindo também vou me desmanchar em lágrimas. – Disse Rickon de forma debochada. – Mas quanto tempo temos até o batalhão chegar? Tenho coisas para falar e não quero que ninguém me veja rasgar seda com vocês. – Jeyne abraça o irmão pelo pescoço, o moleque estava bem mais alto que ela.

―Você é sempre tão doce Rick, todos deviam ser como você? – O garoto apenas riu.

As garotas estenderam uma toalha enorme no chão ao pé da árvore. Enquanto os garotos acendiam uma fogueira, já que a noite já caia sobre Winterfell e o frio ficava mais intenso os irmãos estavam juntos e era tudo que importava, riram fizeram planos e juraram está sempre presente na vida um do outro, era uma bela cena que se desenrolava ao pé da árvore sagrada e Catelyn assistia ao longe.

Riu quando Jon jogou Arya em seus ombros e rodopiou deixando a pobre irmã tonta, enquanto os outros riam, Jeyne fazia carinho nos cachos de Rickon que estava deitado em seu colo enquanto apoiava suas costas em Bran, Sansa estava no colo de Robb e em um determinado momento ela viu a família que ela tanto amara e cuidara, mas do que nunca ela tinha que fazer alguma coisa para impedir sua família de ruir e ela já sabia o que iria fazer e como fazer.