História O Que Não Podemos Evitar - Capítulo XXIV

 

Apartamento de Jon e Jeyne

 

 

Jon estava estranhamente quieto para quem acaba de saber sobre a verdadeira paternidade de sua irmã, ele estava em uma luta interna para não explodir em ódio, Robb aguardava a reação de seu irmão enquanto olhava o rosto indecifrável de Jon.

―Tem certeza de que ouviu o que ouviu? – Robb assentiu. – E você não disse a ela e nem confrontou nosso pai e nossos tios? – Robb negou. – Eu passei quinze anos da minha vida no escuro, vivendo uma mentira, isso quase me destruiu e posso dizer com toda certeza que ainda sofro com as consequências dessa mentira, mas eles não aprendem! – Jon soca a mesa tentando extravasar a raiva que sentia. – Ela tem que saber, sua mãe tem que saber.

―Eu concordo por isso eu estou aqui falando com você, eu tenho medo da reação dela e de minha mãe. Olha Jon nosso pai quer falar a verdade para a Jey, pelo menos foi isso que eu entendi, mas o tio Brandon não, o que faremos.

―Falar com o nosso pai agora! – Jon pega as chaves do carro e sai do apartamento seguido por Robb, ambos queriam resolver a questão o quanto antes, segredos e mentiras só tinham causado problemas para a família, mas aparentemente eles continuam voltando.

Robb e Jon andavam apressados pelos corredores da empresa indo em direção à sala de Ned, o homem mais velho estava lendo alguns documentos quando percebeu a presença dos filhos em sua sala.

―Que bom que estão aqui. – Disse em um sorriso. – Quero que vocês dois analisem esses números, o preço do minério de ferro está nos favorecendo, que caras são essas?

―Pai eu e o Jon queremos discutir um assunto muito importante com você. – Robb fala primeiro e Jon concorda. – É sobre a Jeyne.

―Escuta filho, não vou dizer que eu estou confortável com isso que acontece entre vocês, mas eu estou realmente tentando ao máximo... – Jon o interrompe.

―Não é disso que estamos falando pai, é sobre o tio Brandon ser o verdadeiro pai da Jey. – Jon disse de uma vez deixando Ned sem reação alguma por alguns momentos.

―Como sabem disso?

―Eu ouvir a conversa que vocês tiveram em Winterfell. – Robb falou. – É verdade não é?

―É sim, eu queria que não, mas é eu também não queria ficar sabendo disso nunca, mas fiquei, tem sido difícil lidar com isso, estou travando uma guerra comigo mesmo e com a Catelyn, ela reluta em contar para Jeyne a verdade.

―Minha sabe disso? – Robb perguntou surpreso.

―Sabe e está à beira de um ataque com tudo que vem acontecendo.

―Mas vocês precisam contar a verdade pra Jey. – Jon interveio. – Não cometam o erro que cometeram comigo, alias já está se repetindo. Avise ao tio Brandon se ele não contar eu conto! – Jon sai da sala a passos largos, deixando Robb e Ned sozinhos.

―Ele tem razão pai.

―E você acha que eu não sei? Por mim ela ficaria sabendo lá mesmo em Winterfell, mas sua mãe quase surtou e ficar sabendo de você e da Jeyne daquele jeito não ajudou em nada. – Ned soltou e Robb apenas assentiu e saiu da sala.

―Droga! – Ned procura o celular em meio aos papeis da sua mesa até encontra-lo. – Brandon é melhor você pegar o primeiro voo para Kings Landing. – Ele ouve o seu irmão questionar do outro lado. – Porque o Jon e Robb sabem de tudo e estão dispostos contar tudo para a Jeyne se você não o fizer. – Sem esperar respostas do irmão Ned desliga vislumbrando a tempestade que se formava logo mais adiante e ele ainda teria que lidar com sua esposa e seus planos mirabolantes de separar os filhos, ele não teria paz tão cedo.

 

 

Mansão Stark

 

 

―Nossa você está linda. – Arya disse para Sansa que descia as escadas com um lindo vestido verde longo, estava radiante. – E muito feliz pelo que posso notar, não acha Jey?

―Absolutamente, isso tudo é para o Garlan? – Sansa riu maliciosa. – Ela vai ter um ataque! Sansa você é má, como pode fazer isso com o coitado e não são nem nove horas da manhã? – Arya não consegue segurar uma gargalhada alta.

―O Garlan vai ter uma surpresa sim, mas será logo mais a noite esperem para ver, eu sou vou provocar meu noivo sabe? Esquentar as coisas.

―Então que tal um abraço entre irmãs! – Arya fala abrindo os braços para Sansa junto com Jeyne cercando a ruiva.

―Não, não, não. Vocês estão suadas e grudentas! – Sansa fugiu. – Vou avisando para as duas boxeadoras que nossa mãe vai ficar feliz em ver as filhas neste estado.

―Não é boxe sua tonta. – Arya falou entre risos. – É só autodefesa e você devia tentar.

―Eu vou tomar um banho e falar com a senhora Catelyn, onde ela está? – Jeyne perguntou.

―Está tomando café lá fora enquanto espera você e vou te avisar que a tia Lysa está aqui e eu estou caindo fora. – Sansa soltou a bomba e fugiu.

―Não olhe pra mim assim maninha. – Arya falava já se afastando. – Eu até te daria apoio moral nessa, mas eu não quero.

―Por favor, Arya não me deixe sozinha com aquelas duas, com certeza a mamãe já disse para tia Lysa sobre o que aconteceu em Winterfell, ela vai me olhar com aquela cara de julgamento. – Jeyne estava quase chorando o que amoleceu o coração da irmã mais nova.

―OK! Eu vou, mas vamos agora se chegarmos suadas tia Lysa não vai querer nos abraçar. – Arya e Jeyne estremeceram com essa possibilidade.

As garotas seguiram o caminho pela cozinha em direção a mesa do café posta na área externa da casa, Catelyn conversava com a irmã algo que parecia muito importante. Arya e Jeyne ficaram observando de longe.

―Eu estou começando a me arrepender de ter vindo com você! – disse a mais nova.

―Vamos Arya eu juro que te compenso.  – Suplicou a mais velha.

As duas se olharam como se buscassem apoio uma na outra e se aproximaram da mesa.

―Bom dia, desculpe o atraso mãe. – Jeyne foi a primeira a falar. – Como vai tia?

―Jeyne e Arya isso são modos? Estão grudentas. – Repreendeu Catelyn, as garotas assentiram. – Bom sentem-se e comam. Tem noticias do irmão de vocês que passou a noite fora? – As garotas negaram.

―Ele deve ter dormido no apartamento de Theon e há essa hora está na empresa. – Arya respondeu. – Tia o que faz aqui?

―Vim fazer uma visita surpresa, achei que sua mãe estivesse precisando de um apoio já que seus filhos resolveram lhe causar tanto aborrecimento. – Olhou para Jeyne que apenas abaixou os olhos para o copo de suco em suas mãos.

―Vamos mudar de assunto? – Catelyn cortou a irmã. – Jey querida, queria lhe falar sobre o que tenho em mente, como ainda não se decidiu sobre sua participação na empresa, achei que gostaria de fazer parte da Fundação Stark junto comigo, na verdade eu pensei que se você ficasse aqui na capital eu não precisaria viajar até aqui para supervisionar os nossos projetos em Kings Landing.

―A fundação não tem projetos em Kings Landing. – Arya se pronunciou. – Todos os projetos que a fundação atua estão no Norte. – A garota olhou para Jeyne com o olhar que dizia fuja agora!

―Na verdade nós temos agora, sabe aquele prédio lindo que está abandonado ao lado do pequeno bar que pertence a uma amiga de vocês? – As garotas acenaram que sim, enquanto Lysa ria por sobre a xícara de chá que bebia. – Será uma escola sobre o patrocínio da Stark e da Lannister.

―Lannister?! – Jeyne e Arya falam ao mesmo tempo

―Sim isso mesmo. – Catelyn falou tranquila. – Eu entrei em contato com o CEO da Lannister e ele pareceu interessado, temos um almoço na sexta para discutir o assunto e quero que vá comigo.

―Quando você falou com o Jaime? O pai sabe disso? Ele nunca cogitou parceria alguma com a Lannister.

―Eu dirijo a Fundação e seu pai a empresa, eu dito as regras aqui e ele lá, eu não tenho que pedi autorização ao qualquer outra coisa ao Ned esse foi o nosso acordo. – Catelyn falava de maneira calma. – Algum problema em trabalhar com o Jaime? Eu pensei que fossem amigos apesar de tudo.

―Claro que não, eu não vejo problema algum. – Olhou na direção de Arya que fez um gesto de cabeça.

―E como seria essa parceria mãe, a nível de curiosidade? – Arya pergunta.

―Bom o projeto da escola já era algo que eu tinha em mente e como a Lannister está envolvida na restauração do centro histórico da cidade achei que seria vantajoso e como a Jeyne vem me dizendo a tanto tempo que o Jaime é um bom homem e diferente do pai eu resolvi dá uma chance.

―Agora? Do nada você quer dá uma chance ao Jaime? – Jeyne pergunta incrédula.

―Não questione sua mãe querida, ouvir por aí que a Lannister esteve envolvida com desvio de dinheiro feito pela administração anterior e teve que devolver todo o dinheiro desviado. – A mulher falava cheia de maldade. – Parece que seu namorado, está tentando fazer com que a empresa se recupere desse golpe recente.

―É ex-namorado tia Lysa. – Jeyne corrigiu. – E como a senhora soube disso?

―Isso não importa agora Jeyne. – Catelyn interveio lançando um olhar de repreensão para a irmã. – O que importa é que esse projeto pode trazer confiança novamente a empresa do Jaime e será um ganho para cidade, não é só uma escola é um centro cultural onde crianças e jovens podem desenvolver atividades que os deixaram longe das ruas, pense nisso. – Catelyn se levanta junto com Lysa. – Não se esqueça do almoço na sexta. – Dá um beijo em cada uma das filhas e segue junto com a irmã para o interior da casa.

―Você sabe que isso é uma armadilha né? – Arya disse ainda olhando na direção onde a mãe tinha ido. – Ela está aprontando alguma, nunca gostou do Jaime e agora quer se associar a ele? Aí tem, você devia falar com o papai.

―Eu vou é falar com o Jaime e vai ser agora. – Arya olha para a irmã divertida.

―Posso ir junto? Por favor, deixa! – Fazendo a sua melhor cara fofa para convencer a irmã.

―Você não tem que trabalhar não? – Jeyne disse rindo, ela já tinha cedido só não queria parecer fácil.

―Meu pai é meu patrão, posso dá um jeito e você?

―Só volto ao trabalho na segunda, Renly está em Highgarden, então não tenho como ensaiar até lá. – Dá de ombros. – Vamos logo, precisamos de um banho.

 

 

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Jeyne e Arya chegam a empresa Lannister, mesmo a noticia do término do namoro não ser mais nenhuma novidade para a cidade os funcionários da empresa ainda a tratavam como se Jeyne ainda fosse a namorada do chefe.

―Lancel o que faz aqui? – Jeyne questiona o rapaz que se encontra na recepção da presidência. – Está um gato! – Elogiou sincera.

―Estou estagiando, agora sou assistente da presidência. – Falou orgulhoso. – Uma visita para o Jaime?

―Acertou, você pode avisá-lo que estamos aqui, não vamos demorar eu prometo. – Jeyne fez o pedido que o rapaz acatou com simpatia, voltando em pouco tempo.

―Jeyne Stark? – A voz masculina chama atenção. – O senhor Lannister irá recebê-la. – Jeyne fez uma mesura ao rapaz que sorriu agradecido.

―Obrigada Lancel, muito gentil da sua parte.

Jaime estava em pé ao lado da mesa e estava surpreso e feliz ao vê-la ali diante dele, ela notou que ele perecia bem e até mesmo sereno em sua postura.

―Jeyne e Arya Stark, o que devo a honra? – Ele fez sinal para que as garotas se sentassem.

―Eu queria fazer algumas perguntas, se não for tomar muito seu tempo. – Jeyne falou um pouco nervosa e Jaime percebeu de imediato.

―Eu vim apenas para dá apoio bonitão. – Arya piscou para Jaime que riu do gesto da garota, ele até gostava da pestinha.

―Indo direto ao assunto, eu gostaria de saber sobre essa parceria repentina entre a Fundação Stark e a Lannister. – Jeyne disse de vez. – Quando isso começou?

―Confesso que fiquei tão surpreso quanto vocês, eu não sou a pessoa favorita da senhora Stark, ele sempre deixou isso claro e quando me ligou ontem tive dificuldades de entender por que. – Jeyne e Arya trocaram olhares cumplices.

―Você concordou com essa parceria? – Arya quis saber.

―Ela me apresentou um projeto que me pareceu muito viável e a Lannister enfrenta problemas não só legais como na reputação que eu venho trabalhando duro para construir, você sabe disso. – Olhou para Jeyne.

―Nós sabemos sobre a evasão de divisas feita pela empresa, sinto muito Jaime. – Ele lhe deu um sorriso. – Mas eu não entendo, como você mesmo disse minha mãe nunca gostou de você e agora quer associar o nome da Fundação que ela tanto ama a sua empresa de uma hora para outra.

―As motivações da sua mãe eu não sei Jey, mas será bom para a cidade e os moradores do centro histórico, sem contar para os moradores da Baixada das Pulgas, isso traria uma boa imagem para a minha empresa.  – Jaime se senta a frente das garotas. – O que está acontecendo? Tem alguma coisa que eu tenho que saber?

―Jaime o que a nossa mãe disse exatamente? – Jaime olhou para Arya com um olhar questionador. – Olha o projeto é real e a Jeyne vai mesmo está a frente dele, é que só estamos surpresas com a atitude da mamãe. – Explicou levando um olhar cúmplice da irmã.

―Ela disse que sentia muito pela forma como me tratou enquanto estávamos juntos e que ela estava tentando aumentar a atuação da fundação e que gostaria desfazer a impressão que temos um do outro. – Jaime riu. – Tudo bem o que está acontecendo?

―Ela descobriu durante a viagem a Winterfell sobre o Robb e eu. – Jeyne disparou, assustando não só Jaime como Arya.

―Então vocês contaram para seus pais? – Ele parecia pensar nas palavras. – Vocês estão juntos? – Jeyne fechou e abriu a boca várias vezes tentando dizer algo que não saia.

―Não... é nã... não estamos juntos, e sim ela soube e ela anda esquisita desde então e eu não sei...

―Ah pelos deuses, que enrolação! – Arya grita. – A verdade é que a gente, bom eu acho que nossa mãe está tentando fazer com que você e a Jeyne voltem a namorar, para afastar o Robb de vez, pronto é isso e esse projeto tem como principal intenção aproximar vocês. – Jaime começou a rir. – Que legal além de lindo tem senso de humor. – Arya disse por fim.

―Bom essa é uma teoria bem interessante, e eu até gosto. – Disse olhando para Jeyne. – O homem que era odiado e não era bom o bastante para a garotinha da mamãe, agora esse mesmo homem passa a ser uma boa opção para evitar um romance proibido. Jaime rir e Arya o acompanha.

―Que ótimo, que bom que isso tudo diverte vocês e essa teoria é uma furada. – Jeyne se defende.

―Isso foi divertido, ver a senhora da razão Catelyn Stark tendo que dá o braço a torcer e tramar de forma quase infantil para que você e o bonitão aqui voltem. – Arya se levanta e vai até onde Jaime está sentado e apoia o braço nos ombros dele. – Ah vamos deixar ela pensar que vai conseguir o que quer ou talvez ela realmente consiga. – Arya olha de Jaime para Jeyne. – Existe essa possibilidade? Até os nomes de vocês rimam.

―Tá legal chega, desculpe Jaime termos tomado seu tempo. – Ela o abraçou. – Nos vemos na sexta para o almoço?

―Claro que sim, como eu te disse eu vou está sempre aqui. – Beijou a testa da garota e se despediram.

Já no carro as irmãs falavam sobre o que fariam a partir dali, Jeyne custava acreditar que a mãe estaria tramando em suas costas, mas ela devia saber que a mulher que se mostrou tão compreensiva ao saber que ela e Robb foram flagrados juntos não é a mesma mãe que ela conhecia e que via a harmonia familiar acima de qualquer coisa.

―E agora o que fazemos? – Jeyne pergunta perdida. – Acha mesmo que  ela faria isso? Isso é tão ridículo.

―Ah, por favor, nós conhecemos muito bem a nossa mãe só vamos ver aonde isso vai dá, o Robb vai surtar.

―Deixe o Robb fora disso, pelo menos por enquanto.