História O Que Não Podemos Evitar - Capítulo XXXV

Kings Landing

―Está pronta? – Robb pergunta enquanto carrega a última caixa de livros de Jeyne, eles estavam de mudança para a casa dos pais.

―Estou sim, só vou levar mais alguns minutos e já desço.

Robb chega à sala e encontra Theon sentado no sofá olhando para as caixas que se encontravam na sala.

―Nossa aventura de morarmos juntos foi curta. – disse o amigo meio triste, agora ele ficaria sozinho ali, pelos menos até sua irmã mudar de vez para a capital.

―Veja pelo lado positivo, você vai morar com sua irmã. – Robb fala com graça tentando fazer o amigo rir.

―Morar com a Asha, sua namorada e minha sobrinha de cinco anos não tem lado positivo. – Ela fez uma careta engraçada, sua irmã é promotora e havia sido transferida para a capital junto com sua namorada Myranda.

―Do que estão falando? – Jeyne se joga no sofá ao lado de Theon que põe as pernas da garota sobre seu colo.

―Estamos falando do fato do Greyjoy dividir o apartamento com a família da irmã. – Robb achava graça da atual situação do amigo.

―Isso não é engraçado Robb, maldita hora quando disse que ficaria sozinho neste apartamento! – Bufou descontente.

―Bom se ela está vindo com a namorada e a filha, acho que elas vão precisar de privacidade. – Jeyne olhava de Theon com um olhar despreocupado e Robb sabia que sua mulher estava na verdade o provocando.

―Ah que maravilha, você quer que eu vá morar debaixo da ponte e deixe minha irmã ter a privacidade que deseja no meu apartamento. – Deu ênfase no meu apartamento.

―Bom como seu amigo me disse quando estávamos em Winterfell, teremos um quarto em cima da garagem na nossa futura casa para você. – Jeyne olha para Robb que faz sinal negativo com a cabeça. – Ele acha que você nunca vai casar ou coisa parecida então teremos que adotá-lo. – Robb fecha os olhos prevendo todo o dramalhão que o amigo faria.

―Eu fiz uma brincadeira. – Ele se defendeu de imediato.

―Fique sabendo que em caso de separação minha guarda será exclusivamente da Jeyjey. – Disparou Theon com cara de ofendido. – Você sabe que os filhos sempre ficam com as mães. – Jeyne gargalhou ao ouvir aquilo.

―Ok então deixa sua mãe aqui fazer uma proposta. – Theon volta o olhar para Jeyne. – Você pode morar com a gente, não seria a primeira vez já que durante a infância você praticamente morava conosco em Winterfell.

―Não sei... - Ele parecia indeciso. – Não precisa.

―Qual é? Você pode ficar no quarto de Robb já que ficaremos no meu.

―De jeito nenhum ele pode ficar com o seu, nós ficaremos no meu quarto. – Robb rebateu.

―Nem pensar o meu tem vista para o jardim. – Jeyne voltou-se para Theon e sussurrou. – Ele acha que decide alguma coisa ainda. – Theon riu com vontade.

―Não se preocupem comigo, na verdade eu já resolvi o meu problema, em parte por assim dizer. – Robb ergue a sobrancelha questionando o amigo. – Eu vou ficar com o apartamento de Jon e da Jey aqui no prédio, já está tudo acertado o problema é que ainda ficarei perto demais da Asha.

―Você já alugou o apartamento deles? – Robb perguntou surpreso.

―Nossa e não me disse nada? – Jeyne pôs as mãos sobre o peito. – Pensei que você amasse a mamãe. – Fez sua melhor cara de desapontada fazendo os dois homens rirem. – Então já que está tudo resolvido vamos levar essas últimas caixas eu não sei vocês, mas eu estou um bagaço. – Ela se levanta do sofá sendo seguida por Robb e Theon.

Jey organizava suas coisas em seu quarto, claro que ela ganhou a discussão sobre qual quarto ficariam, ela não iria abrir mão da vista para o jardim, ela andava de um lado para o outro dentro do quarto colocando as coisas em seus lugares, Robb estava no escritório com Jon há horas falando com pai sobre os primeiros dias a frente da empresa. Depois de deixar o quarto em ordem ela decide descer e ver como andam as coisas lá embaixo.

―Nossa essa casa é enorme e parece tão vazia agora. – Jeyne suspira falando pra si mesma, ela já estava com saudades dos seus pais.

―Falando sozinha minha querida?

―Mordane? – Jeyne corre para abraçar a mulher forte parada na sala. – O que está fazendo aqui?

― Ordens de sua mãe, eu vou ficar e cuidar de vocês e da casa. – Jeyne teve vontade de chorar, ela estava morrendo de medo de ter que cuidar daquela casa sozinha com Sansa, pois ela sabia que iria sobrar apenas para as duas.

―Eu te amo sabia? – Falou enchendo o rosto da mulher de beijos. – Como estão as coisas em Winterfell? – Quis saber.

―Indo muito bem, seus pais planejam uma nova viagem de lua de mel. – Jeyne estancou seus passos e olhou para a mulher mais velha. – O que foi meu bem? Seus pais querem passar um tempo a sós, aproveitar a companhia um do outro, namorar. – Mordane sorriu maliciosa e Jeyne fez uma cara de horror.

―Não quero pensar sobre meus pais namorando ou coisa parecida. – ela estremeceu os ombros.

―Mordane! – Arya corre na direção da mulher. – Meus deuses o que faz aqui?

―Ela veio cuidar de nós. – Jeyne envolve a mulher em seus braços.

―Os deuses ouviram meus pedidos. – Bran fala por trás de Arya. – Estava morrendo de medo dos dotes culinários da Jey e da Sansa!

―Que garoto mais ingrato! – Arya defendeu as irmãs. – Até parece que não temos cozinheira nesta casa. Mas confesso que fico feliz que esteja aqui pra cuidar da gente. – Ela falou com carinho.

 ―Onde estão os outros? – Perguntou Mordane.

―Rick está na universidade a essa hora, deve chegar no fim do dia, Robb e Jon estão no escritório trabalhando e Sansa bom você já sabe. – A mulher assente.

―Então eu vou ver as quantas andam o almoço de vocês. – Bran deu um soco no ar e depois deu um beijo no rosto de Mordane.

―Você é a melhor! – Ele a fez rir.

―Isso eu já sabia. – Respondeu se gabando. – Agora vão e tirem àqueles garotos do escritório, o almoço não vai demorar.

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Arya estava deitada no sofá com a cabeça apoiada no colo de Gendry e ela fazia carinho em seus cabelos.

―Como estão as coisas por aqui? – Ele quis saber. – Seus pais e Sansa deram noticias?

―Nossos pais estão bem, estão até planejando uma viagem juntos, já Sansa chega depois de amanhã estava tão feliz ao telefone que me deixou enjoada. – Gendry riu da namorada, pois ele sabia que ela estava feliz pela irmã.

―Boa noite casal. – Jeyne disse ao chegar, jogou a bolsa sobre a poltrona e cumprimentou a irmã e o cunhado. – Estou morta!

―Onde esteve? – Perguntou Arya.

―Estive no conservatório, tem uma turma nova começando e depois passei na obra do centro cultural que está quase pronto! – ela bateu palmas animada. – E vocês quais os planos?

―Nenhum por enquanto, o Gendry vai passar a noite aqui tudo bem?

―Por mim tudo bem. –Respondeu já se levantando. – Vou subir e tomar um banho antes do jantar. – Rickon chega como um furacão batendo a porta com tanta força que assustou a todos.

―Hey! – Jey gritou, mas ele nem deu ouvidos e subiu as escadas. Robb chegando logo depois. – O que aconteceu? – Perguntou para Robb.

―Nada. – Ele também parecia com raiva, Jeyne e Arya que agora estava de pé ao lado da irmã, cruzaram os braços encarando Robb. – O que foi? – Elas continuaram na mesma posição. – Nós discutimos no caminho, ele quer abandonar o curso! – Robb não podia acreditar no absurdo que seria tal coisa.

―E por que ele faria isso? – Arya perguntou.

―Eu não sei o que se passa na cabeça do Rick. – Rebateu.

―Ele diz que quer abandonar o curso, mas você não pergunta o porquê, você pelo menos o deixou explicar seus motivos? – Jeyne lança aquele olhar que Robb odiava o olhar que dizia que ele fez besteira, logo ele bufa em resposta. – Foi o que pensei, eu vou falar com ele. – Jeyne segue em direção ao quarto de Rickon.

―O que está havendo? – Jon acompanhado de Ygritte quis saber.

―Robb e Rick brigaram. – Arya respondeu.

―Eu não fiz por mal, eu fiquei preocupado quando ele disse que queria largar o curso. – Robb se defendeu.

―Mas o que esse moleque tem na cabeça? – Jon esbravejou. – Onde ele está? Alguém precisa colocar juízo na cabeça desse garoto! – Jeyne revira os olhos.

―Ygritte você se resolve com esse aqui. – Bateu nas costas de Jon. – Que eu vou falar com o Rick. – Falou já saindo.

―Posso entrar? – Rickon estava deitado olhando o teto, como ele não respondeu ela entrou. – Quer conversar?

―Veio me repreender porque eu não quero mais fazer esse curso idiota? – Falou se sentando. – Eu não vou voltar atrás, eu vou falar com nossos pais ainda hoje. – Jeyne sorriu e sentou-se ao lado dele.

―Se você não está feliz fazendo o que está fazendo, acho que é uma decisão sábia e madura, mas a questão é você pretende fazer o que? – Ela perguntou olhando diretamente para o irmão caçula.

―Cinema. – Respondeu deixando Jeyne surpresa, agora ela entendeu porque do marido ter enlouquecido.

―Bom, é uma mudança e tanto, trocar o curso de relações internacionais para cinema. – Jeyne respirou fundo e sentiu o coração apertar quando o caçula a olhou como se pedisse seu apoio. – Acho que você daria um excelente cineasta. – Ele riu da sua resposta. – Tá legal ligue para nossos pais e explique a sua decisão eu estou aqui por você sempre. – Tocou o rosto do irmão. – Depois desce para o jantar, acho bom vocês se comportarem eu não pretendo bancar a mãe de vocês. – Rickon riu da irmã e a abraçou.

―Eu te amo Jey, muito mesmo.

―É bom mesmo. – Brincou. – eu também te amo. – Ela o deixa sozinho no quarto para falar com seus pais.

De volta na sala Jey explica os motivos de Rickon e aconselha os irmãos a apoiá-lo, Jon e Robb não gostam muito da ideia, Rickon podia está trocando uma carreira promissora por uma não tanto assim.

―É o que ele gosta logo ele vai se sair bem. – Ygritte defende o cunhado. – Jon nem todo mundo precisa seguir os passos dos pais, deixa o garoto.

―Quem sabe não esteja nascendo um novo Stanley Kubrick. – Jeyne endossa a campanha.

―E você acredita nisso? – Robb era cético, ele estava realmente preocupado com o irmão. Neste momento Rickon desce e todos ficam na expectativa da sua conversa com os pais.

―E aí? – Bran preguntou. – Nossa mãe com certeza surtou. – Meera lhe dá uma cotovelada.

―Deixa seu irmão falar. – Reclamou a garota.

―Sim a mamãe surtou, e o papai me deu um sermão daqueles e depois me deu um voto de confiança, eu tenho dois anos para provar que eu realmente quero isso e que sou bom, caso contrário eu volto para o curso anterior. – Ygritte, Arya, Meera e Gendry lhe dão os parabéns já Robb e Jon não estavam entusiasmados pelo irmão. Jeyne e Ygritte olham feio para os dois e apontam para Rickon.

―Parabéns irmão eu espero que você tenha sucesso. – Disse Jon com ressalva.

―Boa sorte.  – Foi a vez de Robb.

―E... – Jeyne fez sinal indicando que faltava alguma coisa, ele respira fundo e torna falar.

―E me desculpe pelas coisas que eu disse no carro. – Jeyne pisca para ele.

―Valeu gente, mas estou com fome o que tem para o jantar? – Jeyne e Arya abraça o caçula cada uma de um lado e seguem a mesa de jantar, Jon segura Robb pelo braço e o chama em um canto.

―Somos votos vencidos não é? – Fala olhando na direção onde os outros foram.

―Se a San estivesse aqui perderíamos de lavada. – Robb riu e Jon o acompanhou para o jantar.

―Vai ficar com essa cara até quando? – Jeyne pergunta para Robb que estava amuado debruçado na varanda do quarto que agora dividia com Jeyne. – Robb?

―Acha que fez a coisa certa apoiando essa ideia maluca do Rick? – Ele continuava olhando para o jardim, Jeyne solta um suspiro tentando manter a paciência.

―Talvez obrigar o garoto a fazer um curso que ele detesta e deixa-lo ser infeliz seria o mais correto. – Ela era boa em ser irônica pensou Robb. – Escuta, ele vai fazer o curso de cinema e pronto, nosso pai deu dois anos para ele, Rick só tem dezoito anos é jovem e tem tempo. – Ele abraça o marido por trás deitando a cabeça em suas costas. – Está chateado comigo? – Ele põe as mãos sobre a sua.

―Eu já estou me convencendo que neste casamento eu vou perder todas as discussões. – Falou sorrindo, virando-se para ficar de frente pra ela. – Ele é meu irmão e estou com medo que ele enfim, não consiga o que quer.

―É do Rick que estamos falando, ele sempre consegue o que quer. – Ele enlaça seu pescoço. – Vem vamos pra cama. – Ele dá um sorriso safado pra ela. – É isso mesmo garotão nós ainda somos recém-casados e sabem o que os recém-casados fazem? – perguntou.

―Não, o que os recém-casados fazem? – Ela chegou bem perto de seu ouvido e respondeu.

―Sexo meu bem, muito sexo. – Ao ouvir isso Robb a ergue em seus braços e a joga sobre a cama já ficando sobre ela.

―Quem sou eu para quebrar a tradição.

Na manhã seguinte na mesa do café os irmãos estavam conversando amenidades sobre o que fariam durante o dia quando Theon Greyjoy aparece para uma vista surpresa, ele parecia nervoso.

―Já sentiu saudades Greyjoy? – Jon perguntou rindo.

―Não foi por saudades que eu vim aqui, foi por isso. – Theon passou o jornal que estava segurando para Robb que se engasga com o café.

―Sete infernos o que é isso? – Robb praticamente grita, Jeyne toma o jornal de sua mão.

―Me deixa ver, esse é o jornaleco do Baelish? – Quando ela olha para a matéria que Robb tinha visto ela sentiu seu sangue gelar nas veias. – Como? Eu não entendo. – Depois que todos viram a matéria no jornal o silêncio reinou na mesa.

―Jey? Está tudo bem? – Ygritte pergunta, mas a resposta veio em forma de uma atitude inesperada, Jeyne se levanta as pressas e sai, seus olhos brilhavam, mas não eram por lágrimas, mas sim ódio, Robb tenta para-la, mas ela se livra do seu aperto e segue para seu carro e sai cantando pneus.

―Robb para onde ela foi? – Arya perguntou aflita.

―Isso não pode está acontecendo. – Bran olhava para o jornal em suas mãos, na matéria dizia:

“Amor ou Perversão?

Caso de incesto em família influente de Westeros,

mostra a decadência da moral em nossa sociedade.”

Por Petyr Baelish.

O título da matéria era repulsivo e buscava unicamente chocar a quem lia. O conteúdo da matéria então, pintava a relação de Robb e Jeyne como algo sujo e odioso que devia ser combatido, mas o que esperar de um jornal como aquele que vivia de destruir a reputação alheia.

―Eu preciso ir atrás da Jeyne. – Robb corre até o próprio carro e arranca indo na mesma direção que Jeyne seguira anteriormente.

―Arya liga para o Dom e peça pra ele avisar caso a Jey apareça por lá. – Jon pediu e a garota corre para dentro de casa. – Bran vá para a empresa com o Theon e me avise caso aconteça alguma coisa. – Os dois rapazes se adiantam a seguir a ordem dada. - Ygritte vem comigo eu vou para a Fortaleza Vermelha.

―O que vai fazer lá? – Perguntou a ruiva.

―Eu vou pela primeira vez usar a vantagem de ser filho do presidente. – Jon começa a sair e Rickon o interrompe.

―E eu o que eu faço?

―Vai para o conservatório ela pode aparecer por lá, mas antes ligue para o nosso pai e tia Cat e tenha certeza que eles ainda não saiba sobre o que saiu no jornal. - Jon podia jurar que se desse de cara com o tal do Baelish ele o mataria.

Jeyne dirigia como uma louca pelas ruas, no visor do seu celular o nome de Robb soltava na tela, ela agarra o aparelho e joga no banco de trás do carro, ela estava com raiva e ela não queria ser sensata ou muito menos ponderada neste momento ela queria vingança.

Ela estaciona em frente a casa que sua tia Lysa se hospedava quando vinha a Kings Landing e Jeyne tinha a mais absoluta certeza que ela estava na cidade e que aquele artigo na coluna do miserável do Mindinho tinha o dedo dela. Ela não iria escapar, não mesmo.

Continua.