História O quê? Super Poderosas, nós? - A Nítida Diferença entre Sonho e Realidade

Capítulo 22_ A Nítida Diferença entre Sonho e Realidade

A noite era clara, não o claro que usamos para definir o dia, mas iluminada. As ruas estavam cheias, não como um copo, mas lotadas. Centenas de pessoas iam e vinham, carregando sacolas, bolsas, carteiras. Com o céu sem nuvens, a lua era a melhor pra iluminar aquelas pessoas e como estava cheia, ficava ainda melhor. Entre aquelas pessoas, obviamente há uma a qual queremos observar. Cautelosa, a loira examinava as vitrines de joias e bijuterias. Qual deveria escolher? Escolheria naquela loja mesmo?

Após uma respiração profunda, preparou os pés para partir.

Seu plano era simples, encontrar algo que agrade sua irmã e fazer novamente as pazes com ela. Não tivera uma oportunidade sequer de fazê-lo, pois a outra mantinha-se ocupada, mas se levasse algo talvez ela conseguisse, não? A complicação estava era nela, Bubbles era comparada com uma bola de cristal quando se tratava de escolher presentes - mesmo que um deles tenha sido um despertador -, mas em se tratando de fazer as pazes, não sabia muito o que dar. Não queria algo qualquer, e sim uma coisa que trouxesse um significado. Mas o que? O que seria significante para a perfeccionista Blossom?

O comércio era intenso e ela já andara demais, decidiu, por fim, descansar na lanchonete. Pensou se a ruiva se contentaria com um sorvete, mas… ela só tava pensando mesmo. A garçonete se aproximou, trazendo consigo o pedido de Bubbles.

-O que uma mocinha linda como você faz aqui sozinha? E nessa época do ano? - aparentou estar indignada com o fato.

-Anh? Ah, não. Só estou a procura de um presente!

-Um presente, é? Por aqui você nunca vai achar mesmo.

-Não?

-O melhor lugar é mais próximo do parque. A maioria das pessoas estão indo lá, algumas pra tirar foto e outras pra compras.

-Mas nós já estamos perto do parque! - resmungou Bubbles, afundando o rosto no balcão. - E eu já procurei em todo lugar…

-Não, este é o Novo Parque! Eu falo do outro. - a loira ergue a cabeça.

-O outro? Aquele interditado pela polícia?

-Esse mesmo! O original Parque de Townsville. Esse daqui é só uma cópia. - a moça falava com entusiasmo sobre a infância que passara naquele lugar, enquanto Bubbles prestava a devida atenção. - Mas é uma pena o que aconteceu com ele, tsc! - a mulher reclama, limpando alguns copos. Os movimentos bruscos exibiam sua indignação.

-Bem, realmente é uma pena. Não entendo como o Instituto de Ciências de Townsville não conseguiu prever a erupção! - Bubbles chacoalhou levemente a cabeça e sorriu. - Pelo menos tem o lado bom, a cidade pôde construir um parque melhor, né?

-É… - falou, irônica. - Destruíram uma parte da floreste pra fazer ele. - Bubbles foi pega de surpresa, não ficara sabendo disso. - Disseram que foi difícil, que expulsaram uma fera extraordinária do habitat e a mantiveram em cativeiro até hoje.

-Nossa…

-Enfim! - a mulher voltou a sorrir. - Não vou ficar tomando seu tempo, afinal você têm um presente pra comprar não é? - ela assente. - Segue minha dica, ali vai achar o que procura com certeza!

-Muito obrigada! - Bubbles se afasta do balcão, a pagando e logo indo embora.

Andou mais apressada que antes, quase que correndo como se uma energia a tivesse invadido. O lugar realmente estava mais cheio, e teve que ir mais devagar, mas quando chegou na esquina onde situavam-se as lojas…

-GAAAAHH!! - puxou suas chiquinhas pra baixo, encarando as lojas ali em frente. - Perfect Romance?! Destiny Love...Big Heart?!! Mas o que… - ela olha em volta. Os painéis vermelhos e brilhantes, as rosas em quase todo lugar, os casais que integravam aquela grande multidão. Agora ela entendeu tudo, o porquê do “E nessa época do ano?” da garçonete. - Dia dos namorados?! Ela entendeu tudo errado!! Eu não tô procurando presente pra um… aaah!! - puxou novamente o cabelo.

Frustrada, caiu sentada num banco de mármore. Ficou olhando o lugar, pensando em já ir embora. Após uns minutos foi na direção de alguns vendedores ambulantes por ali, pelo menos compraria uma blusa quente para suportar aquele frio. Quando ali chegou, foi tomada pela diversidade de blusas, porém seus olhos foram atraídos por uma em especial, era um moletom que consistia num azul marinho que ia se transformando em um azul claro a partir da metade do mesmo. Aquilo a lembrava alguém...e algo.

Foi um sonho… não foi?, pensou. Suas bochechas esquentavam levemente, enquanto sua mão ia na direção do moletom, pronta para sentir sua maciez. Mas por que eu sonharia isso?

Uma outra mão chocou-se com a sua, fazendo com que ambas recuassem milímetros. Bubbles virou-se para a moça em questão, uma bela morena de cabelos medianos a encarando surpresa com os olhos azul-esverdeados.

-Oh, me desculpe! - disseram ambas. - Pode pegar!...Anh? - vendo que imitavam uma a outra, riram.

-Está tudo bem, eu só ia dar uma olhadinha! - sorriu Bubbles.

-Tem certeza?

-Sim! O que eu ia pegar era… esse!! - ela pega a primeira coisa que vê na frente. Sua cara logo murchou quando viu o que pegou, uma blusa-de-frio roxa com uma joaninha preta enorme no meio. - Mas que porcaria é essa...? - murmurou fraco.

-Haha. - riu a moça. - De verdade, acho que você ficaria bem no moletom… pelo menos melhor do que esse. - sorriu simpática. - Seu nome é Lola?

-Hein? Não, por quê?

-Atrás da blusa. - Bubbles olhou e então sua cara ficou bem parecida a um bagaço de limão, ali estava o nome gravado nas costas da blusa, extremamente brilhante! - Hahaha! Que cara é essa?

-Ok… me pegou. - riu a loira, guardando de vez a blusa. - E definitivamente este não é meu nome.

-Mas é bonito, mesmo que seja comum.

-Pra ser sincera, meu nome é bem incomum, hehe. Mas, enfim… - ela pegou no tecido azul-marinho e então a entregou. - Vou dar uma olhada naquele dali, fique pra você! - sorri meigamente, surpreendendo a mulher.

Por um momento, ela ficou quieta, apenas olhando a cor daquele tecido. Bubbles não ficou muito tempo por ali, pois tinha verificado a hora no celular e viu que estava bem tarde e Blossom poderia ficar ainda mais brava com ela! Porém estava ficando cada vez mais frio e seus pés doíam, optou severamente por mais um descanso. Sentada num banco de madeira, podia ver a área cercada do original parque. De súbito alguém sentou ao seu lado. A moça de antes.

-Você esqueceu isso. - a entregou uma carteira branca, sendo logo agradecida – E então, porque está sozinha até tarde faltando poucos dias pro Dia dos namorados? Se eu fosse você agarraria logo alguém!

-O-O quê?! - corou violentamente.

-Brincadeirinha, hehe!

-Bem… - Bubbles abriu um pequeno sorriso. - Estou procurando um presente, mas não achei nada que me interessasse. Faz horas que estou fora de casa e já encontrei todo tipo de produto! Mas talvez eu só não esteja com cabeça pra presentes.

-…Essa pessoa parece ser bem importante… - falou, com o olhar distante.

-É. Muito especial.

-Acho que se fosse eu, desistiria. Ficar esse tempo todo andando? E ainda sozinha á noite? De jeito nenhum… - ela parou por um tempo. - Meus parabéns.

-Eh? Pelo quê? - a loira a olha, confusa.

-Por continuar com algo a mais tempo que eu, persistir!… Bem… Eu tenho que ir, está muito tarde, acho bom você ir também!

-Ah, é verdade! - riu.

-Toma, está frio. - ela a entregou uma sacola, justamente daquela venda onde se encontraram.

-Não precisava, mas… Muito obrigada!! A propósito, qual seu nome?

-Rilary! E você?

-Bubbles, prazer!

-Nossa, bem que você disse que seu nome era incomum. Gostei! - a jovem reuniu as sacolas de compras do chão e foi se afastando. -Tchau, Bubbles, até qualquer dia aí!

-Até, Rilary!!

-Espero que ache seu presente!

A azulada então abriu a sacola que lhe fora entregue e se espantou a ver ali o moletom azul de antes. Rilary havia a entregado por ter se encantado com a loira, seu jeito meigo e persistente. Era tarde para que ela pudesse devolvê-lo, pois talvez fosse para alguém importante pra ela também! Mas o problema era outro agora: ainda não encontrara nada pra Blossom.

Com o olhar distraído, mal percebera que estava próxima àquele beco… Onde fora atacada muito tempo atrás, após ter encontrado o corpo caído de sua irmã dos olhos rosas e Boomer aparecera de repente para resgatá-las. Duas coisas passaram por sua cabeça. A primeira era a grande coincidência de pessoas e lugar – Boomer, Blossom, ela e o Parque de Tonwsville destruído. - e a outra era que podia ser perigoso ficar ali.

Foi embora correndo, porém feliz, pois agora sabia o que dar para fazer as pazes com Blossom. Ao chegar em casa, encontrou mechas alaranjadas espalhadas pela mesa de centro e uma rosada profundamente sonolenta. Perto de suas mãos estavam o celular, ligado, e o sensor do GPS que deram a Bubbles – para quando estivesse em perigo.

Ela estava me esperando... Pensou, se aproximando.

Porém sentiu um arrepio na espinha assim que se deu conta de que não estava sozinha ali. Havia um segundo cheiro no ar, um perfume forte e enjoativo. De súbito sua face fora coberta com um lenço de mesmo cheiro e seu corpo, puxado violentamente pra trás.

* * *

[Bubbles]

Por mais que me sentisse tonta e fraca, aquela adrenalina não parava de subir e com isso, pude impedir que aquele alguém me levasse para mais longe. Uma cotovelada reunindo todas as minhas forças foi o suficiente para me afastar daquele cheiro sufocante, mas ainda estava sendo agarrada.

-Me larga! - eu gritava, incessantemente, até que ele parece ter se cansado disso e tentou tampar minha boca, mas eu me debatia. - Eu mandei me soltar! Kyyyyaaahh!! - gritei ao perceber que fui jogada contra a parede de uma loja qualquer. Meu corpo estava mole, minha cabeça doía durante minha batalha interna de me manter acordada. Encarei aquela pessoa de frente, pensando ser apenas um criminoso qualquer das ruas de Tonwsville, mas ao ver seu longo casaco escuro e a cor flamejante dos olhos, não houve dúvida; eles estavam de volta!

Ele veio se aproximando devagar, aproveitando enquanto eu era incapaz de dar sequer mais um golpe nele… mas eu sentia, que mais cedo ou mais tarde eu apagaria. Num ato muito veloz, meu corpo perdera o contato com o chão e estava numa situação ainda mais sufocante. Tentei reunir forças para chutá-lo, mas nada conseguia mexer! O que tinha naquele lenço?!

De súbito, um borrão passou na minha frente e caí de imediato no chão. Ouvi mais um impacto, ele caíra também, porém mais longe. Havia mais alguém na minha frente, que eu não conseguia identificar pelo fato da minha visão começar a embaçar e estar muito escuro – apenas uma lampada estava acesa ali. O misterioso de casaco voltou à cena, dando um salto enorme e partindo com o punho pra cima daquela pessoa, que pôde desviar, mas logo em seguida vieram os outros ataques. Ela, no entanto, acompanhava o ritmo, analisando bem cada posição.

Ao desviar de um soco, movendo apenas o rosto, agarrou com força o braço do inimigo e deu-lhe uma joelhada digna de um estomago esmagado, em seguida um golpe forte nas costas do cara, que o fez cair no chão. Ainda agarrando o braço, sentou em cima das costas do mesmo e puxou o membro em uma posição complicada, imobilizando-o. No entanto, aquele ser não era normal e conseguiu lançar a pessoa para o outro lado, ela obviamente se levantou, mas não esperava o próximo golpe.

Em um chute estrondoso, meu “salvador” foi jogado para uma cerca de ferro que se encontrava próxima, mas no momento em que receberia um soco devastador, alguém bloqueia seu ataque com uma só mão. Uma segunda pessoa. Com apenas aquela mão, o homem em questão parecia esmagar o punho do agressor, mas o mesmo fora esperto e pulara para trás. O segundo cara avançou enquanto aquele que fora lançado na cerca se levantava e vinha na minha direção.

Não conseguia ouvir mais nada, estava um som muito agudo na minha cabeça e qualquer barulho era abafado. Devia estar quase desmaiando, mas me forçava a continuar vendo o que acontecia. Aquela pessoa na minha frente… o que ela estava falando? Não pude ver seu rosto e nem sentir seu cheiro.

Ao fundo, eu percebia a luta acirrada que se travava entre os dois caras. Num único chute no queixo, vi o misterioso ser lançado para o alto e, se aproveitando da situação, o desconhecido ao meu lado correu, tão rápido que chegou a subir na parede – a qual eu estava encostada – por um instante suficiente para pular na mesma altura que o inimigo fora lançado e desferir-lhe um chute durante um breve giro, teria sido um golpe invejável se o cara não tivesse segurado o outro pé. Como resultado, ambos rolaram no chão por causa do impacto do golpe e pararam debaixo daquela única lampada. Aquela figura suspeita estava por cima, preparando um soco que por acaso tinha os punhos exalando uma espécie de faísca.

Quando forcei um puco mais a minha visão, pude ver um pouco melhor as cores. Foi então que percebi, antes de desmaiar, as longas mechas alaranjadas espalhadas pelo asfalto.

* * *

-Hey, Bubbles, acorde. - ouvi a voz de minha irmã.

-Hum…? - ao abrir os olhos, percebi estar no meu quarto, na minha cama. - O...o que?

-Olha, Buttercup está nos esperando lá embaixo, então vamos! - ela disse, indo para o guarda-roupa.

Está tudo normal… Mas o que aconteceu ontem? Aquilo realmente aconteceu? Seria outro sonho? Bem, é provável, afinal eu ando tendo sonhos muito malucos ultimamente. Porém, uma coisa confirmou o contrário. Enquanto Blossom trocava de blusa percebi um hematoma na sua cintura, que estava com alguns band-aids próximos da área roxa. Não foi outro sonho, e sim outro ataque.

[Buttercup]

Depois de um tempo, fomos pra escola. Eu não queria ir, mas vocês já sabem quem me obrigou. O caminho foi tranquilo e as aulas também, se bem que eu não prestei muita atenção nelas, pois estava meio preocupada sobre o que fazer caso visse a diretora por aí. Não a vi desde aquele dia, porque depois matamos aula. Mesmo nos dias em que Dexter estava vindo visitar minha irmã. Já estava na hora do intervalo e Blossom disse que tinha uma coisa pra resolver no Conselho, então eu e Bubbles estamos a acompanhando porque somos um bando de sem o que fazer, brinks!

-Então tudo aquilo aconteceu mesmo?! - perguntou ela, incrédula.

-É o que estou te dizendo. - Blossom falou. - Não foi um sonho.

-Por falar nisso, como sabia o que estava acontecendo? - pergunto.

-O alarme do rastreador da Bubbles começou a tocar, deve ter sido quando ele te jogou e pressionou o botão no bolso do seu short. Eu só sai correndo o mais rápido possível, pelo menos não estavam longe, era nos fundos daquela lojinha do Seu Nicolau! Ah...estou feliz por não trabalhar mais lá, tinha uma criança lá que só vomitava!!! - ela começou a exalar uma aura negra do meu lado, mano, deu medo.

-Bem, mas Blossom – começou Bubbles – Era só imaginação minha ou tinha alguém lá também?

-Ah! - eu ri, já sabendo a resposta. - Esse foi o Brick!

-Nem me fale naquele idiota!! - esbravejou a certinha.

-Desculpe, mas é que eu tinha que me certificar de que não era mesmo um sonho, sabe? Hehe. Eu tive um sonho esses dias, mas eu podia ter certeza de que era verdade, mas ninguém disse nada, então…

-Que sonho? - perguntamos.

-Ah, nada demais. Só que eu pensei que havia beijado o Boomer durante um tipo de festa, não é engraçado? Hahahaha! - ela ria forçado, mas eu e Blossom começamos a chorar de rir. - O que foi?

-Bub, isso aconteceu de verdade. - eu disse.

- “Nada demais” ela diz!

-De...verdade?!!!!

-Pois é, e adivinha só! Foi você que puxou ele… - ela sorri maliciosa.

-E ele correspondeu… - fiz o mesmo. Meu deus, a cara dela tá pálida. - Er, Bub? Tudo bem?

-Uh oh, Butter. - falou a Blossom. - Ela tá puxando as chiquinhas pra baixo de novo. - ela suspira.

-Vixe Maria…

-Vai ficar carequinha um dia.

-C-C-C-C-omo assim? Eu beijei mesmo ele! EuperdimeuBVenemsabiadisso!* O que eu estava pensando? O que ele está pensando? Ah...agora eu entendo as indiretas dos meninos, o sonho, a ressaca e o… bom humor! Ele ficou de boa com isso? Mas como pode? O que eu faço? Como eu ajo na frente dele agora? Eu não vou conseguir olhar na cara dele!
*Tradução: Eu perdi o meu BV e nem sabia disso.

-Ei, ei. Vá com calma…

-Blossom, foi meu PRIMEIRO BEIJO!! - gritou, sacudindo ela pelos ombros. Acho que já fiz isso antes. Bubbles parou e desceu as costas pela parede, até ficar sentada.

-Calma, não é pra tanto. - digo.

-Diz isso porque não foi você que beijou alguém enquanto bêbada.

-Nãão. - comenta Blossom, pondo a mão no queixo. - Mas ela chegou perto disso, hehe.

-AAAAH, CALA A BOCA!!! - gritei.

-E...o Cody? - ela perguntou de repente.

-Ele? Bem… - eu e Blossy nos entreolhamos.

-Não apareceu até agora.

-E ficou bem bolado depois daquilo.

-Entendo. - ela disse, cabisbaixa. - Tenho que falar com ele antes de qualquer…

-Huh? Falar com quem?

-HÁÁÁ! DE ONDE VOCÊ SURGIU?! - Blossom grita.

-Hehe, sorry! Eh? Bubbles o que tá fazendo sentada aí? Se sente mal do ataque de ontem?

-Ai meu deus… - digo.

-Péssima hora pra aparecer, Boomer. - sussurra minha irmã.