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História Milhas para felicidade - Ágata


Escrita por: Kendra-san

Notas do Autor


Oie meus queridos e queridas, estou de volta atualizando os capítulos dessa história espero que vcs gostem, desculpe por não atualizar os cap com frequência, e por sumir😊. Mais agora vai!! Conto com vcs muito obrigado a todos que leram. XOXO

Capítulo 3 - Ágata


Não havia muitas coisas dentro da minha mochila, apenas uma calça, duas camisetas, um casaco extra, um passe de ônibus escolar e um envelope pardo, com algumas moedas e notas que totalizavam 150 reais. 

Passara-se dois dias de viagem, ora caminhando, ora sacolejando dentro de alguns ônibus que vagavam de cidade em cidade. Eu não sabia para onde ir, eu entrava nos ônibus de viagens escondido, me esgueirando entre as poltronas para não ser visto, afinal nenhum motorista me deixava embarcar sozinho. Dentro de mim se instalara um vazio, e se eu me distraisse um segundo, lembranças aterrorizantes invadiam minha mente, me matando, de novo e de novo. “ fuja para longe”, “fuja para longe”, “fuja para longe” essas palavras se repetiam como um mantra em minha mente, mais quão longe eu deveria ir? Estava cansado e sem ânimo, já havia desembarcado de um ônibus que parou em um lugar que eu não conhecia, eu sentia que já estava   bem longe de casa e que se tentasse voltar eu provavelmente me perderia, estava sentado em um terminal rodoviário, imaginando o que eu faria a partir daquele momento, quando uma mulher se aproximou de mim, ela se sentou em uma cadeira do meu lado com várias sacolas e malas, parecia cansada, pois soltava uns “huf” “hufa” e respirava lentamente recuperando o fôlego.

- Ah! Nossa como viajar é cansativo... hufa... 

Fiquei quieto no meu lugar enquanto ela falava, e massageava os joelhos.

- Oi tudo bem? Perguntou ela com olhos brilhantes e azuis.

- Hum bom... eu não sei. Respondi, e ela franziu o cenho preocupada.

- Hum? 

- Eu não me sinto muito bem hoje... confessei.

- O que houve? Você realmente não me parece bem. Aconteceu alguma coisa? Onde estão seus pais?

Me encolhi  na cadeira, não sabia como responder. Apenas fiquei em silêncio.

- Você está sozinho?

Concordei com a cabeça.

- Você tem um lugar para onde ir?

- Na verdade... eu não tenho para onde ir... Senti o peso dessas palavras se alojar em minha garganta, meus olhos arderam e lacrimejaram. Travei o maxilar e tentei não chorar, eu precisava ser forte.

- Você está perdido? Devo chamar ajuda?.

Meus olhos se arregalaram e eu pulei na cadeira, se ela chamasse ajuda minha mãe sofreria na mão do meu pai, eu não podia deixar  ninguém saber da minha situação , se não tudo que minha mãe passou seria em vão, o que eu deveria fazer?... Enterrei o rosto entre as mãos e comecei a pensar o que poderia fazer, quando senti um toque leve no meu ombro.

- Eii tudo bem eu não vou chamar ninguém, você está tremendo você está bem? Dois olhos lindos e azuis estavam me encarando preocupados. Sem entender meu desespero, aquela mulher que parecia um anjo me afagou na cabeça. 

- Está tudo bem, está tudo bem. Façamos o seguinte, me ajude com essas malas e eu vou te dar um lugar para dormir, está bem?

- Mas eu não te conheço, e você também não me conhece moça! Por que está fazendo isso por mim?

Ela pousou a mão sobre o queixo pensativa, e depois com um sorriso largo respondeu.

- Por que você é fofo! E também por que não consigo levar tudo isso sozinha. Ah vai, por favor...

Suspirei e pensei se seria uma boa ideia, não que ficar em uma rodoviária e dormir em bancos sujos seja a melhor escolha, mais ela era uma estranha, suspeitosamente gentil. Olhei bem para ela, loira, estátura mediana, magra com olhos azuis, ela não parecia muito velha, mais reclamava igual uma senhora de idade. Pensei que seria uma boa ideia se eu ajudasse essa mulher, senti que podia confiar nela por hoje.

- Me chamo Erik. Eu disse meio sem jeito.

- Eu me chamo Ágata. Ela disse  com um largo sorriso.

- Você  poderia me ajudar com essas malas  Erik? E no caminho você me conta como veio parar aqui! Que tal? 

Franzi o cenho e concordei receoso. 

- De onde você está vindo? Pelo seu tamanho não deve ter mais que 10 anos...

Ela ergueu as sobrancelhas esperando uma resposta. Suspirei e dei de ombros.

- Minha casa já está muito longe, não posso mais voltar... E eu já tenho 12.

- Nossa! Sério? Você é tão pequeno nem parece que tem essa idade, no começo até pensei  que você era uma menina, pois parece tão delicado...

Suas palavras foram interrompidas pela minha indignação.

- Uma menina? Sério? Eu sou um garoto sabia? 

- Ah eu percebi agora, desculpe por isso. Ela juntou as mãos e encolheu os ombros, parecia realmente arrependida. Esboçei um leve sorriso, e dei um suspiro.

- Não tem problema. Ao escutar isso seu rosto se iluminou de novo em uma fração de segundo, suas mudanças repentinas de humor eram curiosamente engraçadas.

- Pois então vamos indo, o caminho é longo. Hesitei.

- Você tem certeza? Tem certeza que eu posso ir ? Eu não vou  te atrapalhar?

- É claro que não tem problema, eu que te convidei afinal.

Ela se levantou e pegou algumas sacolas e lentamente começou a andar, fiquei ali sentado olhando para a mala vermelha e a sacola restante, me perguntando se deveria segui-la, eu não tinha nenhum destino certo para onde ir, e aquela mulher parecia muito inofensiva. Ela se virou e disse: - Você não vem? 

- Voce não vai ligar para a polícia? Perguntei. Ela passou a mão pelos cabelos loiros e disse: 

- Eu deveria? 

- Não é melhor não. Ela riu de novo.

- Então vamos logo, pretendo chegar em casa antes de escurecer. Vamos, vamos.

Levantei e peguei minha mochila, a mala e a sacola e segui ela como me pedira.

Entramos em mais um ônibus e viajamos por mais uma hora, no caminho nos conversamos sobre muitas coisas, e em algum momento ela me perguntou por que eu estava viajando, e então senti um aperto no peito.

- Estou procurando um lugar seguro.

- Mas por que? Perguntou. Dei um longo suspiro.

- É complicado. Disse  apenas. Mas Agata continuou me encarando curiosa. Suspirei quando percebi que ela não iria se render facilmente, entao contei tudo pra ela, falei sobre minha mae e como meu pai tratava ela, contei sobre como eu fugi, mais não falei toda a verdade, omiti varias coisas. Certas memorias são dificeis ao serem lembradas e eu não estava afim de lembrar mesmo, não havia o menor orgulho em falar coisas como: “ Fui violentado pelo meu pai, por isso fugi de casa” Ágata me ouvia em silêncio, eu nem conseguia imaginar o que ela estava pensando, houve uma pausa longa no final da minha história, e então Agata finalmente falou:

- A pouco mais de cinco anos, meu marido faleceu, me deixando uma casa e todos os bens que possuía, Francis era um bom homem, dedicado a família e ao trabalho eu o amava muito... Mas sua história é muito mais sofrida do  que a minha, agora vejo que tive sorte em ser amada por todos ao meu redor durante a minha vida...

Ela afagou minha cabeça, enquanto falava:

- Vou te ajudar! Você pode contar comigo Erik. Senti as lágrimas quentes rolaram pelo meu rosto, toda a força que eu havia reunido se perderá naquele momento, chorei em silêncio enquanto sentia Ágata afagar minha cabeça, sem dizer uma palavra, ela simplesmente ficou lá comigo, não havia nada para ser dito, e ela sabia disso.

  Chegamos então em uma cidade rodeada por morros, tão linda que desejei que mamãe estivesse ali para ver. Desembarcados e pegamos um táxi até sua casa e no caminho Agata parecia entusiasmada apontava lugares onde ela costumava visitar, uma pequena pracinha no centro da cidade, um shopping, um parque que parecia um local para camping  e entre outros lugares que ela gostava de ir.

- Ágata você  não trabalha? Perguntei ainda olhando pela janela distraído, ela deu uma gargalhada e disse ainda sorrindo.

- Não, não eu não preciso trabalhar. Ergui as sobrancelhas surpreso.

- Voce é rica?

- Ora que pergunta curiosa...

- É que minha mãe me disse que só os ricos não trabalham.

- A sua mãe e uma mulher esperta, devo admitir , então respondendo sua pergunta... digamos que sim. Encarei-a admirado, e   me perguntei como seria a casa dela.

- Enfim chegamos, me  ajude com as malas agora.

O carro parou em um portão com muros cobertos de ramos e folhas, não dava para ver com clareza o que havia dentro deles, desci do carro e peguei as sacolas e minha mochila, enquanto Ágata caminhava  até o portão, ela apertou um interfone e disse algo que eu não consegui ouvir, e então eles se abriram


Notas Finais


Sejam pacientes comigo por favor, essa história vai ser um pouco comprida, por que não quero perder o foco da narrativa, mais tá ficando muito bom prometo fujoshis <3


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