Igor Cavalari
— Esperei tanto por esse momento! - Falei enquanto ela sorria tímida.
Seus olhos brilhavam e seu sorriso de lado me deixava louco. Eu, Igão, não me sinto assim quando beijo outras meninas, quer dizer, bobagem querer comparar a Thaís com as outras.
— Por que fez isso? - Cortou o silêncio.
— Não adianta me dizer que não gostou, que não queria ou algo do tipo, Thaís! - Ela cruzou os braços - Eu sei que você também tinha essa vontade.
— Que vontade, Igor?
— Vontade de sentir eu te querendo, de eu te beijando, vontade de… - Ela me interrompe.
— Cala boca!
“E me beija!” Pensei. E assim fiz, a beijei de novo.
Thaís Barcelos
Consegui sair da festa do Júlio sem o Igor me ver e fui correndo pro colo da Ingrid. Não deu tempo nem de avisar as meninas que eu já estava indo embora. Enquanto eu caminhava até o quarto da minha irmã, mandava mensagem no whatsApp pra Manuela.
Bati na porta e em seguida entrei. A Di estava acordada, mexendo no celular.
— São quatro horas da manhã e você ainda não dormiu? - Perguntei me sentando na cama.
— Claro que dormi, ainda não sou uma pedra - Gargalhou - Mas e aí? A festa acabou?
— Não - Cruzei as pernas me virando de frente pra ela - Di, lembra da nossa conversa sobre um garoto pela qual eu estava…
— Não enrola! - Atrapalhou.
— Ele é o Igor - Abaixei a cabeça - Ele me beijou.
— Mas…
— Duas vezes, Ingrid.
A cara de assustada que ela fazia, me deixava mais tensa ainda.
— Você não tá me ajudando! - Resmunguei.
— O Igor é um cara incrível, não vejo problema vocês se conhecerem - Respirou fundo - Tá, estou vendo que pra você tem muito problema, oque tá se passando por essa cabecinha?
— Eu fiz merda, não era pra mim ter beijado ele - Abaixei a cabeça - Imagina o clima chato que vai ser quando nós todos se encontrar.
— Não vai ficar clima chato, Thata - Pegou em minhas mãos - Vocês são adultos, se rolou beijo, foi por livre e espontânea vontade.
— E se o Júlio… - Ela interrompe.
— O Júlio não tem nada a ver com isso, mas se você acha que deve satisfação pra ele, seja curta e grossa - Olhei sem entender - Chega nele e fala “Catei o Igor… Tem cerveja na geladeira?” - Gargalhamos.
— Mas Di, eu e o Igor éramos muito amigos, agora por causa de cachaça, tudo vai mudar! - Disse logo depois de parar de rir.
— Se mudar, vai ser porque vocês estavam com vontade de estar juntos, nada a ver esse negócio da bebida, é apenas uma desculpa pra se safar dos problemas - Sorriu - Meu, vocês são solteiros, tem que beijar mesmo! Se não pegar os amigos, vai pegar quem? Os inimigos!?
— Do jeito que você fala, parece que é super fácil estar no meu lugar! - Resmunguei.
— Fácil não é, mas também não é um bicho de sete cabeças. Às vezes, somos nós mesmo que complicamos as coisa, por mais simples que seja - Colocou meus cabelos atrás da orelha - Então não se culpa e nem se ache a pior pessoa do mundo, tá?
— Obrigado! - Me deitei nas pernas dela - Eu precisava falar dele pra você, isso tava me consumindo por dentro, sabe oque é o pior?
— Você tá gostando dele? - Eu assenti.
— Mas não sei se é paixão ou se é apenas carinho - Pausei - Que porra!
— Faz assim, vai pro seu quarto, toma um banho e descansa, Thaís. Amanhã quando você tiver completamente relaxada, terminamos de conversar.
— Você tem razão - Me levantei e estalei um beijo em sua testa - Boa noite, te amo.
[...]
Olhei no relógio de parede e era exatamente sete horas da manhã. Sim, eu praticamente não dormi nada. A ressaca estava me matando, coloquei meu sobretudo e desci as escadas para ir na cozinha beber água.
Enquanto eu caminhava, ouvia uma voz vindo da cozinha, já comecei achar estranho, quando finalmente passo pela sala e olho pro sofá, vejo a Manuela, Mauro, Kiara e Júlio, de pernas pro ar, dormindo. Filhas da mãe! Pensei em acorda-los, mas antes, continuei indo até a cozinha.
Olho pra frente e vejo o Igor deitado no chão, falando com alguém no telefone, quer dizer, tentando falar, né.
— Oque ta acontecendo aqui? - Falei fazendo com que ele se assustasse. Não aguentei, morri de rir.
— Que susto, desgraçada! - Disse depois de dar um grito fino - Já que está aqui, me ajuda levantar - Ergueu suas mãos - Eu tô muito bêbado.
— A festa era na sua casa, oque vocês está fazendo aqui?
— Viemos trazer as meninas, mas os meninos dormiu no sofá junto com elas, a gente bebeu demais! - Se levantou com minha ajuda - E eu fui ligar pra minha mãe, perdi o equilíbrio, acabei caindo de bunda no chão.
— Três babacas! - Desviei dele indo em direção ao filtro - Agora me da licença, só vim pegar um copo de água.
— Aquele beijo não significou nada pra você? - Falou caminhando até mim.
— Que beijo? Você tá bêbado!
— Você me beijou com tanta vontade, não parecia ser imaginação - Disse dando dois passos pra trás, quase caindo.
— Senta aqui! - Puxei uma cadeira da mesa - Não se levanta daí, enquanto eu não acordar os idiotas do seus amigos, lá na sala pra vocês irem embora.
— Você se faz de besta, né? Inocente e adolescente - Se levantou me colocando contra parede. Da onde ele tirou força? - Só não se esqueça, que já é madura o suficiente pra assumir seus sentimentos.
— Que sentimentos? Igor, se toca, não sou obrigada a gostar de você, muito menos dizer oque estou sentindo, que no momento é medo.
— Medo do que?
— Você tá parecendo um psicopata, maníaco, me solta! - Ele fez o mesmo, me soltou. Mexeu em seu boné e andou de um lado para o outro.
— Eu gosto de você, como amigo! Aquele beijo não significou nada, me entendeu? Nada.
— Oque você veio fazer aqui na cozinha mesmo? - Disse parando de andar e me olhando - Beber água, né? Já bebeu?
— Só oque me faltava - Gargalhei - Levar desaforo dentro da minha própria casa.
— Então fica aqui, me deixa com vontade de te beijar, só não me responsabilizo pelo o que sou capaz.
— Que desnecessário! - Caminhei até a porta - Vou voltar pro meu quarto que ganho mais.
— É melhor mesmo.
Eu não estou acreditando! - Pensei enquanto subia os degraus da escada.
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