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História O Rei dos Condenados - Cão do Mar


Escrita por: Anchovinha

Notas do Autor


Hello amoras, como estão? Espero que estejam bem.

Essa estória é apenas pra enaltecer meu amor por piratas e reis.

Capítulo 1 - Cão do Mar


Sorrisos e gritos preenchiam o ambiente junto com o cheiro de álcool e cigarro, homens dançavam uns com os outros enquanto mulheres tentavam atraí-los. A música alta e festeira deixava todos extasiados, talvez fosse culpa da embriaguez ou apenas felicidade de chegar em terra firme depois de meses no mar.

Levando um copo até meus lábios, deixei que o álcool arranhasse minha garganta enquanto meus olhos passeavam pelo local, esta era uma das poucas tavernas próximas ao porto que aceitavam minha tripulação sem medo de serem castigados pelos oficiais. A corte não enviou nenhum comunicado para nos caçar, porém conhecíamos o risco que representávamos para eles e talvez por este motivo ainda não tivessem mandando ninguém atrás de nós. De mim.

Já faziam alguns anos que explorava mares e ilhas, saqueava navios e fazia o serviço sujo para aqueles que estão acima de todos os outros, os nobres pagavam bem para tirar empecilhos de seus caminhos. Não podia negar o quanto isso deixava os marujos felizes, não o fato de tirar a vida de alguém, mas sim o dinheiro fácil.

— Mais uma rodada Capitão? — Levantando o olhar para o dono da taverna, assenti com um sorriso torto enquanto minha tripulação gritava em alegria.

Relaxando o corpo no banco, levei uma das mãos para o colarinho da camisa desfazendo o nó que duas cordas faziam. O ambiente estava quente demais para uma noite fria, mas isso sempre acontecia depois de uma longa viagem, era confortável sentir o corpo se aquecer pelo álcool em terra firme, pois estava cansado de vomitar no convés.

A cada ano que passava, meu nome se tornava uma grande referência entre os mares e fora deles, talvez por culpa das embarcações que tinha afundado ou dos nobres que havia derrubado, mas seja lá qual das ações fossem a causa disso não me tirava o conforto de ser temido por muitos e ser objeto de desejo por outros.

Eu era um cão do mar no fim das contas, alguém esperto que não tinha medo de encarar quem fosse.

Olhando ao redor, sorri fraco ao ver minha tripulação explodindo em gargalhadas, alguns estavam bêbados demais para se levar em conta, outros, os mais espertos, bebiam poucas doses enquanto faziam apostas entre si. Nossa última passagem pelo mar das Ilhas do Desespero foi regada a lutas e machucados graves, os corsários do rei Hyuk tentaram capturar meu navio e dizimar a tripulação.

Eles eram bons, eu tinha que admitir, mas meus homens eram melhores, pois conheciam cada canto de Eleanor, meu navio, como se tivessem nascido nele. Os marujos defenderam seu lar e não permitiram que nada acontecesse a embarcação.

Com os dedos preguiçosos abri os quatro primeiros botões da camisa amarelada, permitindo que meu peito com cicatrizes ficasse exposto como os dos outros conforme a outra mão buscava o copo cheio de rum sobre a mesa que estava. Neste percurso, os olhos observaram a entrada da taverna ser preenchida pelo corpo de um rapaz de fios claros, cujo fiquei encarando-o caminhar para a ponta do balcão enquanto seus olhos pareciam procurar por alguém pelo local.

Um sorriso brincou em meus lábios conforme reconhecia seu perfil ao deslizar meu olhar sobre si, não esperava que alguém de seu nível aparecesse em um lugar como este, o futuro rei deveria saber dos perigos que as ruas da Capital ofereciam junto com os riscos que uma taverna próxima ao porto poderia abrigar.

As pessoas da realeza eram tão descuidadas.

Inclinando a cabeça para o lado, permiti que minha língua estalasse no céu da boca enquanto analisava os trajes que o príncipe vestia, as botas de cano alto e de couro tinham um ar gasto, mas eu sabia que elas eram novas o bastante para o rapaz tê-la usado poucas vezes. A calça escura de tecido grosso apresentava o mesmo caso, porém o casaco que vestia era algo diferente do que tinha visto, ele estava desbotado e envelhecido, parecia ter sido lavado pela água salgada do mar e secado pelo sol escaldante dos dias de verão.

Enruguei o nariz levando uma das mãos para a franja preta que descansava em na testa, provavelmente o príncipe devia ter conseguido com algum dos seus servos... Interessante.

— Conhece ele Capitão Jung? — Não me virei ao escutar a voz de Jeongguk, um dos observadores que fazia parte da tripulação de Eleanor.

Talvez estivesse olhando o príncipe por tempo demais.

— Não — falei me levantando —, mas irei conhecê-lo agora — respondi divertido enquanto caminhava até o rapaz.

Nenhum súdito tinha permissão de ver o rosto do filho do rei até que chegasse o momento em que assumiria o trono. “Era para sua segurança”, diziam os representantes da coroa. Mas eu já tinha o visto em diferentes ocasiões, a primeira delas foi em uma festa no palácio em que tive de tirar a vida da esposa de um aristocrata qualquer, não lembro do nome da moça tampouco de seu marido, porém me recordo bem de quando o príncipe removeu a máscara que cobria seu rosto.

— Posso ajudá-lo? — perguntei alto o bastante para atrair sua atenção quando alcancei o balcão. Seus olhos dançaram sobre o interior festivo da taverna até parar em mim.

Permitindo que um sorriso torto repuxasse meus lábios, puxei uma cadeira ao seu lado enquanto gritos e risadas explodiam ao fundo, o príncipe não parecia se importar tampouco se mostrava incomodado com a minha presença. O rapaz não ficava surpreso facilmente pelo visto.

— Estou procurando pelo Capitão Jung — respondeu com os olhos firmes nos meus. — Fiquei sabendo que ele voltou para a Capital.

Relaxei a postura e mantive nossa troca de olhares enquanto acenava com uma das mãos para o dono da taverna atrás do balcão. O príncipe queria conversar comigo? Isso poderia ser promissor, talvez a coroa quisesse fazer algum tipo de acordo de rendição e enviaram seu mais bem precioso para negociar.

Tão inocentes.

— Capitão Jung? — sibilei arqueando uma das sobrancelhas. — Por que alguém como você gostaria de falar com ele?

— Alguém como você sabe se ele está aqui ou não? — retrucou firme.

Por que todos da realeza tinham o nariz empinado? Pensei divertido enquanto suspirava fingindo um cansaço inexistente.

— Você não deveria estar em uma taverna como essa — falei olhando para o balcão onde um copo cheio de rum descansava —, pode ser perigoso sua Alteza — alertei olhando-o de canto.

Ele não se abalou pelo título.

Sorri torto enquanto levava o líquido até meus lábios, o príncipe renderia uma boa diversão se ficasse por mais algum tempo aqui. Era uma pena que eu não ser um tirano como seu pai para fazer algo contra o trono, sem dúvida seria escandaloso o que gostaria de fazer consigo, talvez algo com grilhões em seus tornozelos e lançamento ao fundo do mar. Seria uma morte incrível de se ver, mas dolorosa de se sentir. Provavelmente os aristocratas que cercam o palácio ficariam arrasados e iriam pedir minha cabeça em uma bandeja de prata, pois isto não era um afronte apenas a coroa como também ao povo que depositava suas vidas nas mãos de um jovem rapaz que ninguém ousou ver o rosto.

Seria um grande alvoroço e a caça ao assassino do filho rei começaria na Capital, não que eu ligasse, porém seria divertido ter alguém da realeza se curvando para um pirata implorando por sua vida.

— Como pode alegar algo com tanta tranquilidade? — perguntou calmo por fim enquanto me encarava.

Estalando a língua no céu da boca, ajeitei o corpo na cadeira enquanto inclinava o tronco para frente a fim de aproximar nossos rostos. Até onde ele poderia ir?

— Já vislumbrei o rosto do primogênito do rei algumas vezes — sibilei conforme os gritos ao fundo se intensificavam. — Sua Alteza pode se esconder de todos, menos de mim.

Ele arqueou uma das sobrancelhas enquanto controlava a respiração, um gesto que mostrava uma crescente irritação.

— Presumo que esteja falando com Jung Hoseok, correto? — questionou em um tom arrogante.

Deslizei a língua pelos lábios e fitei as linhas que desenhavam seu rosto enquanto pensava em quem teria lhe dito meu nome, poucas pessoas sabiam disso, pois todos me chamavam pelo título que recebi quando abandonei as terras de meu pai para me tornar um pirata.

Teria que averiguar isso mais tarde.

— Dispenso formalidades sua Alteza — respondi debochado enquanto gesticulava com uma das mãos. — Apenas Capitão Jung.

— Poderíamos conversar em um local mais privado?

Sorri preguiçoso sem afastar meu rosto do seu, se alguém estivesse nos observando achariam que estávamos flertando e não quase tratando de negócios. O príncipe deveria ter algum soldado infiltrado na taverna para estar tão seguro de si e de seus movimentos, ele não parecia idiota o bastante para não cogitar a possibilidade de algum mercenário estar no lugar procurando informações da coroa para invadir o palácio.

Existiam muitos desgarrados da Capital perambulando pelas tavernas e centros da cidade para o príncipe Min estar caminhando sozinho, podia não ser fã de seu pai e a forma que ele governava o país, porém não gostava de ver espiões e assassinos de outros reinos andando por aqui. Eles ofereciam um risco aos meus negócios e ao trono. Não gostava de intrusos na terra onde eu era a maior ameaça.

— Então? — perguntou esperando uma resposta.

— Se seu pai quer que eu recue e me curve aos seus pés, mande ele ir a merda — falei sério enquanto me levantava.

Minha mente estava fervilhando com a ideia de mercenários na Capital, provavelmente outros países deviam ter mandado alguns para me capturar junto a minha tripulação, não tinha tempo para ouvir as propostas do rei quando tinha que planejar uma contra-resposta caso isso se concretizasse.

Às vezes eu agia por impulso, mas não gostava da estar desprevenido se algo acontecesse.

— Meu pai não tem nada a ver com o assunto que tenho para tratar com você.

Ele não parecia irritado pelo que tinha dito sobre o rei tampouco ansioso, o príncipe estava tranquilo enquanto suas mãos descansavam sobre suas coxas. Na bainha de seu cinto, o cabo de sua espada reluzia sobre as luzes das tochas presas nas paredes da taverna. Min Yoongi parecia calmo, mas não permitia a imaginação ficar nisso, ele deixava que todos soubessem que era perigoso. Eu respeitava isso.

— Adiante o assunto que direi se podemos ou não ir para outro lugar — falei por fim enquanto mexia nas mangas da camisa.

Minha expressão era relaxada, mas meu corpo estava tenso para um único movimento; sacar a espada e ver se o príncipe era um covarde como seu pai.

— Quero fazer parte de sua tripulação na próxima viagem — falou enquanto se levantava e ficava de frente para mim.

— Como é? — perguntei com as sobrancelhas arqueadas.

Uma risada soprada escapou de meus lábios enquanto o príncipe me encarava firme, seu semblante mostrava que não havia entendido a minha reação. Ele não poderia estar falando sério.

— Quando irá voltar para o mar, Hoseok? — questionou paciente enquanto inclinava a cabeça para o lado me observando com atenção.

— Escute, sua Alteza — falei enquanto aproximava meu rosto do seu. Este era um assunto sério e se alguém estivesse nos observando deveria pensar que estávamos realmente flertando, era uma tática de proteção própria e para futuro rei. — Eu sou um pirata que poderia te matar neste exato momento e jogar o que sobrar na frente do palácio. Se seu pai quer espiões dentro de meu navio ele terá que fazer melhor do que isso. — Sussurrei as palavras enquanto um sorriso de canto repuxava meus lábios, não entendia o motivo para exporem o príncipe nas ruas perigosas da Capital, ele poderia estar morto ou terrivelmente machucado. Se algo acontecesse consigo o trono seria passado para algum parente próximo.

Enrugando o nariz, lembrei da cicatriz que cortava o rosto de Seok Lee, um primo distante do príncipe e sucessor do rei caso seu filho não pudesse assumir a coroa. Não gostava de Lee, talvez por ele ser pior que seu pai e seu tio ou talvez por ele ter afundado Beija-flor, meu primeiro navio, na primeira oportunidade que conseguiu encontrar. De qualquer forma, não gostava da ideia de tê-lo regendo a Capital, preferia um príncipe arrogante e descuidado do que um bastardo desgraçado.

— Quer um conselho, Alteza? — comecei em um tom baixo e ameaçador. — Suma daqui antes que descubram quem é ou antes que eu decida fazer algo contra você.

A sugestão de um sorriso brincou em seus lábios enquanto seu corpo relaxava diante de mim.

— Você está muito preocupado com a minha segurança para um pirata que poderia fazer algo contra mim — falou no mesmo tom —, tem medo de que eu faça algo Hoseok?

Ele estava debochando.

— Capitão Jung pra você — respondi ríspido com os olhos afiados.

— Hoseok, quando voltará para os mares?

Fechando os olhos, respirei fundo enquanto levava uma das mãos para meu cabelo e me afastava de si, o príncipe era insistente e parecia convicto de sua decisão, porém não poderia aceitar alguém da realeza em Eleanor, o rei deveria estar sacrificando seu filho por algum motivo. Min Yoongi deveria saber dos riscos que o mar apresentava e o que aconteceria com o trono caso se afastasse dele ou morresse.

Alguém mais tinha conhecimento disso?

Estalando a língua no céu da boca, girei meu corpo minimamente enquanto levava a mão direita até a bainha do cinto onde minha espada repousava. O príncipe não estaria sozinho em uma taverna cheia de assassinos e saqueadores, alguém deveria ser um soldado esperando por um único movimento contra o futuro rei para se revelar.

Segurando o cabo da espada, virei meu corpo em um movimento rápido e o ataquei.

Os sons ao fundo cessaram quando o príncipe defendeu meu ataque com a lâmina de sua espada, ele já estava esperando por isso ou foi rápido o bastante para desembainhar o objeto e se defender. As lâminas estavam pressionadas uma contra a outra enquanto nossos rostos permaneciam impassíveis e nossos olhos cortantes. Tinha que admitir que esperava menos para um príncipe que ficou escondido de tudo e de todos.

Ele merecia algum respeito no fim das contas.

Entreabrindo os lábios, príncipe Min sorriu torto enquanto permanecia com a lâmina da espada impedindo a minha de atingi-lo, sua respiração estava controlada e ele não parecia fazer esforço para se manter na posição de defesa. Definitivamente o rapaz deveria ter passado muito tempo treinando, eu sabia reconhecer algo bom quando colocava meus olhos nele e sem dúvida o futuro rei era alguém bom o bastante.

Mas ainda sim não deveria ter abandonado o palácio com os perigos da Capital.

— Onde está ele? — perguntei olhando por cima do ombro.

Alguém aqui deveria ser o soldado da coroa, por que ainda não tinha aparecido?

— Quem?

Ele parecia confuso.

— Você não pode ter saído sozinho do palácio, é perigoso demais sua Alteza.

— Eu sei me defender muito bem Hoseok, ao contrário do que pensa, não preciso de um soldado ao lado.

Revirei meus olhos enquanto recuava lentamente.

— Vocês dois, se querem brigar vão fazer isso fora daqui. — A voz do dono da taverna bradou até chegar em nós.

Afastando-me do príncipe, deixei que um suspiro escapasse de meus lábios enquanto embainhava a espada no cinto, ele era um imbecil por sair sem alguém por perto, talvez Yoongi não soubesse que se morresse Seok Lee assumiria o trono e arruinaria o que a Capital é hoje, todo seu povo estaria condenado e não teria como reverter. Eu conhecia seu primo melhor do que ninguém. Talvez ele se lembre de mim todos os dias por conta da cicatriz.

Eu tinha que vingar Beija-flor de qualquer forma.

Estalei a língua e olhei ao redor procurando meu chapéu enquanto todos ficavam em silêncio esperando por alguma ação minha ou de Yoongi, não gostava da ideia de um príncipe andar sem proteção, mas não por conta de simpatizar consigo e sim por conta do povo. Eles já sofreram demais na mão de seu pai, porém ainda tinham esperanças de que seu filho fosse melhor.

— Jimin, leve meu chapéu para Eleanor quando sair — falei alto fitando os olhos escuros do príncipe.

Eles precisavam ter algo para manter esse pensamento, Min Yoongi não poderia se descuidar.

— Sua Alteza — sussurrei enquanto caminhava e para seu lado —, esteja aqui antes do amanhecer, vamos conversar quando eu estiver sóbrio.

— Não consegue lidar com isso agora? — perguntou simplista.

Não existia provocação em sua voz, apenas uma urgência contida.

— Se quiser conversar sobre isso, apareça aqui amanhã antes da aurora despontar no céu — falei irredutível enquanto pensava no real motivo para isso. — Vá para o palácio sua Alteza, antes que descubram quem você é — avisei pela última vez antes de caminhar para longe de todos.

 

****

 

Caminhando pela rampa que ligava Eleanor ao porto, joguei a cabeça para trás contemplando o céu escuro da madrugada, eu gostava de observá-lo quando estava navegando, pois o cheiro do mar se misturava com a brisa que levava o navio para diferentes direções, talvez por isso tenha virado um pirata em vez de ser um acumulador de terras como meu pai.

Ele não sabia como lidar com dinheiro e pessoas.

Suspirando pesado, comecei a pensar no motivo que levaria o príncipe a pedir que o aceitasse em minha tripulação, ainda não acreditava que apareceria no horário marcado, porém seu olhar firme e a urgência contida em sua voz ainda me intrigavam.

— Não é educado deixar o futuro rei esperando.

Voltando meus olhos para baixo, observei com atenção o príncipe junto com um lampião em mãos enquanto soltava o ar. Esta seria uma conversa cansativa para um começo de dia.

— Usar seu título contra um desgarrado da coroa não é algo bom, Alteza — falei calmo enquanto parava no fim da rampa.

O som de meus homens na embarcação chegava alto até nós, eles estavam preparando Eleanor para voltar ao mar, a ideia inicial era ficarmos pela Capital por mais alguns dias, porém achei melhor antecipar os passos dos estrangeiros na cidade. Não queria alguém estragando os meus negócios tampouco tirando meu posto de maior ameaça ao rei.

Talvez eu não gostasse de dividir títulos no fim das contas.

Observando o futuro rei com atenção, tentei descobrir os motivos para ele se arriscar conosco, um grupo de opositores da coroa e assassinos. Seu rosto estava calmo para alguém que estava encarando o maior perigo dos mares, piratas como eu não tinham misericórdia tampouco paciência para pessoas como ele, nós tínhamos nos tornando exploradores de oceanos para ficar livres das correntes que os governantes impunham ao povo.

Muitos dos rapazes que partiram para este estilo de vida morreram em confrontos entre navios, alguns deles mal sabiam das disputas por territórios que nós tínhamos que enfrentar e poucos tinham o conhecimento do dinheiro que sustentava as embarcações eram vindos de assassinatos.

No fim, os fracos padeciam por sua ignorância.

— Quanto você quer para me deixar fazer parte de sua tripulação? — perguntou quebrando o silêncio que tinha se instaurado.

Inclinando a cabeça para o lado, permiti que uma risada soprada escapasse enquanto levava uma das mãos para a boca, o príncipe parecia ansioso para tratar de negócios, talvez ele estivesse nervoso pelos motivos errados, mas não poderia negar que isto estava me divertindo.

Observei com cautela a urgência em seus olhos iluminados pela luz do lampião, sua mandíbula trincada pela impaciência, sua mão no cabo da espada esperando um eventual ataque, o saco cheio de moedas de ouro preso em seu cinto. Ele estava pronto para qualquer coisa. Ele queria realmente entrar no navio.. Ele me daria tudo que eu quisesse se atendesse seu pedido...

— Me diga o motivo, sua Alteza? — questionei enquanto cruzava os braços.

— O motivo não importa. Me diga o quanto quer e lhe darei.

O príncipe estava realmente disposto a me conceder qualquer coisa, eu via em seus olhos negros o brilho da urgência e da impaciência.

Suspirando, joguei a cabeça para trás enquanto observava os tons dourados iluminarem o céu. Ele, o príncipe Min, estava sério sobre o assunto, não era somente sua postura que denunciava isto, talvez seu tom de voz ajudasse ou talvez, no fim das contas, eu estivesse ponderando deixá-lo vir conosco. Não por simpatizar consigo, mas sim para descobrir algumas coisas sobre a coroa.

Ele não cederia facilmente, Yoongi seria um tolo se o fizesse. No entanto, estava há tempo demais perambulando por ilhas e países como um colhedor de informações para saber o momento certo para arrancar o que precisava dele.

— Em meu navio, eu sou o rei e você será apenas Yoongi, um ex-corsário e agora um de meus marujos — falei olhando-o firme.

Sua expressão se mantinha neutra enquanto os raios do amanhecer atingiam seu rosto e minhas costas. O som das gaivotas começaram a preencher meus ouvidos como se dessem um sinal de que deveríamos partir antes que sentissem falta do príncipe no palácio.

Yoongi maneou a cabeça para mostrar que tinha entendido o recado, seus fios loiros balançavam no sentido do vento enquanto seu casaco ondulava em seu corpo, ele não demostrava com palavras, mas sua postura parecia aliviada pela resposta positiva.

Nós sabíamos que teríamos que manter a descrição sobre sua origem, mesmo confiando em meus marujos não poderia arriscar nada. Eu precisava de informações sobre a coroa e ele precisava sair da Capital. Tínhamos um bom acordo por enquanto.

— Você tem bons olhos Yoongi? — perguntei enquanto me virava para subir a rampa.

— Isso importa?

— Irá precisar deles — respondi com um sorriso nos lábios. — Você será um dos observadores, espero que não tenha problemas quanto a passar noites em claro.

— Não tenho — disse convicto enquanto andava apressado para acompanhar meus passos.

— Vou lhe dar mais um concelho, Alteza — falei parando no topo da rampa e olhando-o nos olhos —, não ouse tentar fazer nada contra mim ou a meus homens, nós estamos há tempos de mais no mar para saber lidar com traidores. Acredito que não gostaria de sentir a dor que os outros sentiram.

— Não irei fazer nada Hoseok — respondeu sério —, minha intenção é permanecer longe da Capital pelo tempo que sua jornada durar. Nada mais do que isso.


Notas Finais


A estória estava há algum tempo parada no meu computador, mas tomei vergonha na cara para postá-la.

Bjocas amoras até qualquer dia.


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