Filipis
Já faz um mês desde a luta. Estamos organizando o reino, buscando aliados, reconstruindo as coisas, limpando o sangue e ajudando os que precisam. Nos ganhamos mas tivemos muitas baixas, nosso exercito foi muito reduzido, se não
tivéssemos recuperado o cristal a tempo, tenho certeza que seria o nosso fim.
Estou sentado na banheira, aproveitando meu momento de descanso. Mas não posso demorar muito, Dorian esta me esperando para continuar os serviços. Saio do banho e me arrumo, logo depois vou a sua tenda fora do castelo.
- Bom dia Dorian. Como vão as coisas?
- Bem, mas preciso de ajuda. Poderia ajudar nas reconstruções de novo, Alísia já foi para a enfermaria e Darcy esta com a equipe de limpeza.
- E a Mari? – Pergunto e Dorian parece ficar frustrado. – Não me diga que ela estrangulou outro soldado?!
- Seria ótimo se fosse so isso. Ela so pode estar de mal humor! Então pedi, com muita calma e educação, coisa que ela não e capas de fazer, para fazer a segurança em volta do reino. So para saber se estamos sendo vigiados.
- Ok. E a Thoren? Como ela esta? Ontem quando ela chegou parecia estar brava.
- Ela esta sempre brava, mas hoje esta com muita tontura e enjoou, então a deixei na cama.
- Ela esta na cama?! De boa assim?!
- Tive que acorrentar seus pés na cama e deixar 3 quartas de prontidão – nos rimos e logo após vou embora.
Passo o dia carregando pedra, madeira e grude, Dou somente algumas ordens de instruções sobre como quero as torres e quando a noite começa a cair, troco os turnos de trabalho e vou jantar. No pátio onde fazemos a refeição encontro Alísia e Lair comendo.
- Lobo! Sopa? – Lair pergunta apontando para a panela gigante á frente.
- Com certeza. Estou faminto! – digo me servindo. – como foi o dia de vocês?
- Corrido, a enfermaria estava lotada, ainda temos muitos feridos e acho que gastei todas as reservas de unguento – Alísia diz fazendo cara de esgotada. – E você pequeno?
- Brinquei de esconde-esconde com a Lucy e fiz mana com o cristal.
Ainda era estranho velo agir como uma criança sabendo a verdade. Dava calafrios saber que um ser tão pequeno e fofo podia ser tão antigo e poderoso. Me sento ao lado dele e pergunto a Alísia.
- Como esta Darcy? Ainda não a vi.
- Meio abatida e distante. Você devia ir falar com ela, ela sempre ti escuta mais.
Termino de comer, me despeço deles e vou indo ate os jardins. Os jardins são um dos únicos lugares não tão destruídos, Darcy fez questão de toda noite ir restaurar ele, chegando lá a vejo ajoelhada no chão cuidando das plantas, Lucy esta ao lado dela mexendo em um saco de adubo.
- Ainda não entendo por que você não usa magia nesse lugar. Seria muito mais fácil. – Digo me aproximando.
- Papaiii... – Lucy diz correndo ate mim, ela cisma em me chamar de pai mas ela e tão fofa que nem ligo– A Darcy ta colocando coco nas plantas.
Nos rimos e Darcy nos manda um olhar irritado. Me ajoelho ao seu lado e começo a arar a terra.
- Uma vez alguém me disse que nem sempre vou poder usa-la, e que as coisas feitas ao natural são melhores.
- Você não tem culpa, sabe disso né?! – ela permanece calada – Ele era um guerreiro, experiente e forte. Conhecia os riscos e seus deveres. Morreu com honra.
- O que adianta morrer com honra? Não posso trazê-lo de volta, a alma dele não quer voltar. Eu não posso fazer nada....
Darcy se cala e começa a chorar, largo a terra e a abraço fazendo carinho. Ficamos assim um tempo ate que a sinto parrar de chorar. Ergo sua cabeça e digo.
- Ele esta feliz e em paz, e tenho certeza que assim como eu, ele desejava sempre lhe ver sorrindo.
Ela da um leve sorriso e volta a me abraçar, Lucy vem ate nos e entra no meio do abraço. Após um tempo, levo Darcy e Lucy ate seu quarto. Coloco Lucy na cama e tiro a camisa e os sapatos me preparando para dormi. Darcy me joga a camisa de novo e aponta para a porta
- Você esta muito triste para dormir sozinha. – Ela faz cara feia, e eu resolvo apelar. – E a Lucy quer dormir perto de mim. Não quer filhota? – Pergunto fazendo carinho em Lucy.
- Queroooo! – Ela solta um gritinho rindo.
Darcy vem ate nos, da um beijo na testa de Lucy e aponta o dedo para mim. Ela ia dizer algo, mas a interrompo.
- Relaxa, prometo não fazer bigodinhos enquanto você estiver dormindo.
Ela rir e deita ao lado de Lucy, pego a boneca de pano de Lucy a entregando e digo.
- Boa noite pequenas.
Me deito do outro lado, fecho os olhos e relaxo, de repente sinto algo me cutucar na bochecha.
- Sim, filhotinha?
- Me conta uma historia? – Lucy pede, abro os olhos e a vejo sorrindo – Por favor!
- Ela não vai desistir ate você contar! – Darcy diz de olhos fechados.
Suspiro e me acordo, Lucy se arrasta ate mim deitando no meu peito. Penso um pouco e tenho uma ideia. Cutuco Darcy ate ela abrir os olhos.
- Não conheço nenhuma historia de ninar. – digo baixinho.
- Inventa. E so ir falando ate ela dormir.- Darcy diz e volta a se deita fechando os olhos. – E nada de monstros, se não ela não dorme.
Ok! Nada de monstros ou coisas que dão medo. Uma historia para criança, fofa e tranquila que da sono. Não consigo pensar em nada. Então vou improvisando.
- Era uma vez, um menino lobo. Que adorava correr e comer frutas! Um dia ele estava procurando frutinhas e... e – deu branco! Olho pra lado e vejo a caixinha de joias de Darcy. – Ele encontrou um colar lindo e rosa, mas não sabia de quem era. Então foi andando pela estrada a procura do dono dele.
- Ele não tem nome papai? – Lucy pergunta.
- Sim, o seu nome era Gerarde. – Darcy abre um olho erguendo uma sobrancelha. – E ele era muito forte, alto, fofo, com pelo e cabelo brancos e olhos negros.
- Ele parece com o Lair. – Lucy rir mas volta a se deita, deita bem colada a Darcy.- Continua.
- Ele viajou muito procurando o dono do colar, ate que um dia ele parou pra beber agua. De repente surge uma menina linda, uma bruxinha sorridente com os cabelos pretos, olhos azuis e pele clarinha. Ele a achou linda e lhe deu uma flor perguntando. “oi, eu sou Gerarde, qual seu nome?”. A menina pegou a flor e saiu correndo. Gerarde correu atrás dela e quando a alcançou disse “Não corra, qual o seu nome?”. A menina sorriu e...
- E deu um Beijo nele! – Lucy diz fazendo biquinho e Darcy cora um pouco. Não entendo direito mas continuo.
- É! Ela deu um beijo nele e disse “Meu nome e Lunar”. Ele a reconheceu como a feiticeira da Lua e perguntou se ela era dona do colar, ela disse que sim, mas que so podia recolocar o colar se....
- Se ele se casa-se com ela! – Lucy diz , então Darcy abre os olhos. – Pois ela so podia se caçar com quem lhe devolve se o colar, né.
Lucy diz sorrindo com uma cara meio sonolenta. Eu fico meio pasmo, queria terminar a historia com algo mais heroico, mas se ela quer assim, e so faz de conta mesmo. Por algum motivo sinto bolhas no estomago, desconfortável. Tenho que terminar logo isso.
- Si-sim. Ele devolveu o colar, eles se cassaram e viveram felizes pa...
- Não. Conta como foi o casamento pai... – Lucy diz soltando um bocejo
- O casamento foi lindo. – digo enquanto eu e Darcy nos encaramos – Com flores, doces coloridos, bolo rosa delicioso e muitas frutinhas. Ele estava todo arrumado e ela com um vestido de noiva belíssimo. – Não conseguimos parar de nos encarar, então minha mente vai flutuando – Ela.... ela estava encantadora, com a aura da própria Lua envolta de si. Deslumbrante, e com apenas um olhar o lobo soube, que assim como o Lobo sempre uiva para a Lua, ele sempre a amaria...
Lucy solta um leve ronco e notamos que ela caiu no sono. Darcy sorri e eu as cubro com a coberta. Ela continua me encarando, Darcy sempre foi bonita e fofa, mas parece que algo se iluminou. Linda. Darcy desvia o olhar e fechou os olhos, eu faço o mesmo. Vou dormir pensando em como o dia foi agitado e trabalhoso, em como minha melhor amiga e irmãzinha de coração pode ter crescido tanto e ficado cada vez mais linda, em como eu so esteja percebendo isso agora.
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