História O rubi e o pedregulho! - O beijo.

Depois de assistir as aulas de Nila já era dada a hora de conhecer a pretendente do dia e será que meu coração iria disparar?

Frida e a rainha me apresentaram a moça e nos deixaram sozinhos na sala, sozinhos com o Voleri é claro.

— Então você é aqui de Robina mesmo?
— Sim, sou nascida e criada aqui. – Responde a moça. Essa garota era diferente, tem a mesma idade que eu e seus pais são duques membros da corte já a anos. Seu nome é Gulia. É um pouco mais baixa que eu e tem um lindo cabelo loiro acinzentado, sua pele é pouco queimada de sol e tem grandes olhos verdes. É a moça mais bonita que mamãe já me apresentou.
— Legal! – Exclamo – Por que você veio aqui? Por que veio se oferecer como
minha pretendente? – A moça sorri.
— Olha príncipe Rowl, não vou mentir, você é o próximo na linha de sucessão
do trono. Quem não iria querer se casar com vossa majestade? - Eu sabia! Ela não era diferente das outras! Mais uma interesseira egoísta que só pensa em ser rainha. Ela tinha conseguido acabar com meu dia!
— Bem eu achei que tivesse algum outro motivo. Se não se importa eu tenho
mais o que fazer, com licença! – Levantei-me e segui em direção da porta.
Estranhamente Gulia começou a rir. – Por que está rindo? Por acaso zomba
de vossa majestade!?
— Não! De modo algum, alteza! – A moça se ajeita no sofá e tanta conter o riso – Eu apenas fiz uma brincadeira para tentar quebrar o clima. Me perdoe se não fui feliz com isso!
— Se não foi pelo trono de Robina então pelo que veio?
— Por você bobinho! Ora Rowl! Eu sei que já faz tempo, mas não se lembra de mim?

Bobinho... já faz tempo que ninguém me chama assim, muito tempo, quem é
essa garota? Não me lembro dela, achei algo familiar, mas é que temos tantos nobres em Robina que nem me importe em lembrar se eu a conhecia ou não.
— Me desculpe, mas eu não me lembro.
— Sou eu Rowl! Gulia Analis filhas dos Duques Analis donos das fazendas de
maças da província noroeste!
— Bem isso a rainha me disse quando te apresentou, mas mesmo assim. -
Não conseguia lembrar, ela era pra mim uma memória vaga.
— Nos erámos amigos lembra-se?
— Espera! Você é.. Ai meu deus Gulia! - A abraço – Não nos vemos desde
quando? Desde os dez anos?
— Acho que desde os oito! – Responde a garota.
— Agora eu me lembrei, seus pais vinham muito aqui no palácio e nós ficávamos brincando no jardim! 
— Sim, eu contava os dias só para vir aqui e ver você!
— Era tão divertido! Mas, porque você parou de vir?
— Meus pais compraram as terras onde hoje ficam nossas fazendas, ai nos
mudamos pra lá e depois disso nunca mais viemos pro palácio.
— Isso é tão legal! Você aparecer depois de tanto tempo! Ei, quer ir até o jardim?
— Ele mudou desde aquela época?
— Não ainda é o mesmo! Vamos lá! – Saiu  arrastando Giulia pela mão palácio
a fora. Voleri nos acompanha.

Encontrar a Gulia de novo é tão maravilhoso, eu não me lembrava dela só
sei que depois que ela foi embora eu não tive mais nenhum amigo, e foi nessa época que meu pai morreu e eu me senti muito sozinho. Ter ela de volta agora me traz um alivio tão grande, pelo menos posso conversar com alguém que não me fale sobre casar.

— Nossa, ainda está do mesmo jeito! – Exclama a garota.
— Sim, eu te falei, não falei?
— É falou, olha ainda está aqui! - Gulia corre até debaixo de uma mangueira.
— Ficávamos deitados sob ela lembra?
— Mais ou menos, ainda estou tentando lembrar de tudo. – Deitamos no chão
— Voleri deite-se se quiser.
— Obrigado majestade, prefiro ficar em pé.
— Se assim deseja. – Respondo.
— Então Rowl, o que ouve nesses anos todos?
— Bem, eu passei a maior parte do meu tempo estudando e tendo aulas de
etiqueta e coisas do gênero, nunca tive uma grande aventura ou coisa parecida. E você?
— Eu viajei algumas vezes com meus pais, quando eles tiravam férias nós íamos
conhecer lugares diferentes, uma vez fomos pra um reino bem distante, eu
não lembro o nome, mas era um lugar muito bonito e tinha garotos lindos
também! – Rimos - Sabe, naquele país eles tem uma festa muito grande!
— Grande quanto?
— Uhm... Digamos que o país todo para por uns quatro dias!
— Sério?! Que prejuízo ora economia!
— É, eu também acho! Mas eles tem umas  música chamada samba! É uma ritmo tão agitado e envolvente que da vontade de dançar! E tem umas pessoas que desfilam fantasiadas! Ah! Tem uma carros alegóricos também!
— Assim como os nossos do desfile do dia da revolução? - Esse era um feriado antigo, onde minha tatatatatatatataravó liderou um exército contra o atual rei na época que era um tirano. Foi assim que minha família assumiu o poder.
— Mais ou menos! É tudo muito maior e mais enfeitado! Mais bonito! Eles realmente levam aquilo muito a sério! 
— Que sorte a sua, minha vida sempre foi o palácio, viajei muito por Robina,
mas sempre para algum evento real, nunca pude me divertir de verdade!
— Talvez um dia a gente faça uma viagem juntos, podemos conhecer algumas ilhas que ficam no sul, são muito bonitas!
— Eu não acho que vou viajar tão cedo, você soube dos atentados não soube?
— Sim eu soube. Isso é horrível, tentaram matar você e sua irmã. Como você se
sentiu?
— Eu fiquei com muito medo. Nossa sorte é que a guarda real agiu bem e
conseguimos escapar. – Nesse momento olhei para Voleri e ele sorriu pra
mim.
— Se nunca saiu muito também nunca arrumou uma namorada né?
— Não, talvez se eu tivesse achado alguém especial eu não teria que estar
procurando uma noiva mesmo que contra vontade! 
— Se você tivesse achado alguém especial não teríamos nos reencontrado!
— Isso é verdade... - Nos encaramos por um tempo.
— Você já beijou alguém antes Rowl?
— Não, eu não. – Gulia me beijou.

O que estava acontecendo? Não achei que ela fosse realmente fazer isso.
Seu beijo era calmo e pode sentir o sabor de seus lábios, toquei seu rosto e
senti o quanto sua pele era macia. Aquele beijo fez meu coração disparar, será que era disso que meu avô tinha falado? Só não sei dizer se realmente gostei do que aconteceu.
— Gulia o que foi isso?
— Me desculpe Rowl! - Ela olha para baixo e fica extremamente vermelha - Eu não me contive. Eu já gostava de você quando criança, crescemos e nos afastamos, mas eu continuei gostando de você. Eu não vim me oferecer como pretendente por causa do trono, eu vim me oferecer como pretendente por causa de você!
— Gulia... - Eu não sabia o que responder, eu apenas a abracei e então ela começou a me contar sobre outras viagens que tinha feito, acho que pra tentar disfarçar sua vergonha.

Passamos o resto da tarde conversando. Gulia e eu temos muita coisa em comum. Foi estranho saber que o amor dela por mim permaneceu vivo por tanto tempo.
No fim do dia ela foi embora, lhe pedi que voltasse amanhã pra passarmos mais tempo juntos.

No jantar eu pude ver a alegria de minha mãe e de meu avô com a notícia, Nila também ficou feliz, mas pareceu não ligar muito. Eu só me perguntava se aquilo era mesmo o que eu queria. Não entendia porque os mais velhos
ficaram tão animados, afinal foi só um beijo!

— Voleri, o que você achou da Gulia? – Estava deitado na cama, já era tarde e
logo dormiríamos.
— Ela parece gostar de verdade do senhor majestade.
— Também achei. Fiquei muito feliz por rever ela, mesmo não lembrando
direito. – Sorri.
— Majestade está parecendo uma garotinha apaixonada.
— Deixe de besteira Voleri! – Rimos juntos.
— Logo vocês se casam!
— Não sei, acho cedo para casar! Não sei nem se estou apaixonado! Não sei o que estar apaixonado! Tem a ver com o que meu avô disse sobre acelerar o coração?
— Uhm... Mais ou menos! Mas acho que sim!
— Entendi... – Sentei na cama - Voleri, se nos casarmos vamos acabar transando. – Nos encaramos por um tempo - Como é o sexo? – Voleri me olhou com uma cara estranha.
— Não sei se devo falar sobre isso com o senhor majestade.
— Por que não? Ah vamos Voleri! Se não for você quem vai ser? Minha mãe
nunca me explicou nada, meu avô também não. E depois deles só tem você,
acho que você é meio que um tio!
— Eu não quero ser seu tio! – Espanta-se.
— Ok... Não seja meu tio, mas por favor me explique! – Voleri respirou fundo
e se sentou.
— Bem, o sexo é a união carnal máxima de um casal. Quando duas pessoas
se amam muito ou tem uma atração incontrolável elas se entregam uma pra outra e permitem que usem de
seus corpos e dão prazer uma a outra. Pelo menos é assim que eu vejo o
sexo!
— Entendi, parece ser bom.
— Sim, é bom, muito bom aliás! - Nesse momento eu acabei reparando numa coisa estranha, Voleri estava com um volume incomum em suas calças. Alguma coisa estava rígida sob elas e parecia querer sair. Olhei aquilo por alguns segundos, ele me encarou todo o tempo. Foi então que eu percebi.
— Voleri você está?! Ai meu deus! - Me escondi de baixo das cobertas.
— Perdão majestade! – Coloca o travesseiro no colo para esconder aquilo - Era por isso que eu não queria falar sobre isso, já faz um tempo que eu não
faço então esse tipo de coisa acontece! 

Nunca vi ele tão envergonhado. Ele estava mais envergonhado que Gulia depois do beijo.

— Boa noite Voleri! – Desliguei o abajur e fomos dormir.