História O sanatório Harkley - Amigos

  Assim que me levantei do chão, tomei um banho, vesti uma roupa qualquer, desci as escadas com o lençol todo embolado mas mãos para entregar para Lucy lavar…assim que cheguei na sala olhei para o relógio de parede que marca 13:00 da tarde. — Nossa eu realmente dormi até tarde…
   — Bom dia senhorita Isabella.— Lucy apareceu atrás de mim me dando um susto.
   — Lucy, você me assustou! — respondia me virando para ela com a mão no peito.
   — Desculpe…mas oque a senhorita faz com esse lençol nas mãos?
   — Eu cortei minha mão e manchou o lençol de sangue, minha tia falou para eu te entregar.
   — Oh minha querida, deixe-me ver o corte, foi muito profundo?
   — Há, não está tudo bem. — mostrei o corte pra ela erguendo a mão esquerda.
   — Há, não foi muito grave…vamos me dê esse lençol e vá tomar seu café, sua tia está meio…"estressada" hoje.
   — Tá bom, obrigada Lucy. — entreguei o lençol para Lucy e fui para a mesa tomar meu café da manhã, encontrei minha tia com a pior cara possível.
  — vocês ou muito tarde hoje Isabella…— droga ela me chamou de Isabella, sempre que me chama assim é porque está brava comigo. — Mas não vou brigar com você por isso, afinal hoje é seu aniversário, temos muitas coisas pra resolver até a noite.
   — A noite? — perguntava confusa me sentando a mesa.
   — Claro, por acaso se esqueceu que hoje os Delacorte virão aqui em casa para o jantar? — droga, realmente tinha me esquecido.
   — Há, lembro sim….
   — Então, temos muita coisa pra fazer…primeiro, arrumar esse cabelo e essa cara sua de sono.
   — Isso eu mesma faço, obrigada pelo elogio. — terminei de comer e fui até meu quarto dar um "jeito" na minha cara. Assim que entrei lá encontrei Lucy limpando os perfumes quebrados.
   — Há Lucy me desculpe por essa bagunça posso te ajudar?
   — Não, tudo bem Bella, eu já estou terminando...teve uma noite bem agitada não é mesmo? — congelei. Meu Deus do céu será que Lucy sabia?
   — Como? Há, os perfume? Eu derrubei ontem sem querer, sabe como sou desastra-
   — Bella, não minta pra mim, ontem a noite  estava com falta de ar então fui caminhar um pouco no jardim…só não esperava encontrar Zach entrando no seu quarto em plena madrugada ainda mais pela janela...até pensei em chamar sua tia mas não queria causar um escândalo ou algum mal pra você, então fui dormir. Hoje de manhã quando nos encontramos na sala estava voltando do jardim…eu vi Zach saindo do seu quarto pela janela…ouvi muitos barulhos vindo de seu quarto ontem, fiquei preocupada que ele estivesse te fazendo algum mal então vim até a porta saber se estava tudo bem com você e devo dizer que melhor impossível não é senhorita Isabella…— estava chocada, Lucy realmente sabia de tudo, não sabia oque falar ou como agir, comecei a chorar de desespero mas não falava nada ainda. — Está chorando Bella? — Lucy se levantou do chão me envolvendo em um forte abraço. — Está tudo bem não vou contar nada a ninguém, fique tranquila, quero que você seja feliz…
   — N-não vai contar nada?
   — Claro que não, mas não dê muita bobeira, nem sei como sua tia nem desconfiou…
   — Você parece uma agente do FBI Lucy….— brinquei, já fiquei um pouco mais aliviada.
   — Foi muito fácil descobrir isso sua tola…sabe que correu muitos riscos não é mesmo?
   — Sim eu sei…
   — Bom, chega de drama! Me conta, como foi?! — Lucy estava toda empolgada…que situação eu fui me colocar…
   — Acho que não estou muito afim de falar isso pra você…
   — Há, deixa de ser chata! Conta…
   — Tá bom, tá bom…oque posso dizer? Hmmmmmm….Zach é um rapaz muito bem dotado e não chegou a me machucar se é que me entende.
   — Talvez você não tenha sido a primeira mulher da vida dele…
   — Será? Agora fiquei na dúvida…
   — O que está fazendo aqui ainda, vai perguntar pra ele!
   — Tá bom, tem certeza que não quer ajuda?
   — Vai logo Bella. — Lucy me jogou pra fora do meu quarto.
   Fui até o jardim bem devagarzinho sempre dando mais atenção as rosas do que meu passos, vivia caindo de cara no jardim pela minha falta de atenção, procurava por Zach mas não conseguia encontrá-lo nem no jardim ou perto do balanço, resolvi procurar dentro da estufa. Fui caminhando até lá bem animada eu diria, estava um vento bem fresquinho que fazia meus cabelos voarem, logo que abri a porta da estufa pude ver Zach de costas trocando as margaridas de lugar. Fui andando bem devagarinho na ponta dos pés, queria dar um susto nele mas fracassei, estava uns 5 passos atrás dele mas infelizmente ele percebeu.
   — Se pretende me assustar, desista eu já senti seu perfume.
   — Mas que droga! Você é um chato nem deixa a brincadeira fluir… — Zach se levantou e ficou de frente para mim me dando um beijo.
   — Você que não sabe assustar as pessoas.
   — Chato…adivinha?
   — O que?
   — Lucy sabe que você foi ontem a noite no meu quarto.
    — Está falando sério? — percebi que Zach ficou assustado, me virei de costas para ele indo rumo a um balcão que tinha dentro da estufa.
     — Mas pode ficar tranquilo…— me sentei em cima do balcão. — Ela não vai contar nada pra minha tia.
    — Isso me alivia muito….
    — Zach….
    — Sim?
    — Posso te fazer uma pergunta?
    — Claro, quantas quiser…
    — Você…quer dizer eu…gostaria de saber se eu fui…— droga quanto mais eu enrolava pior a situação ficava.
    — Quer saber se você foi minha primeira mulher?
    — É…
    — Fique tranquila você foi sim…mas por que a dúvida?
    — Há tudo bem, não era eu que estava preocupada pra descobrir isso, era a curiosa da Lucy. — obviamente eu também estava curiosa, mais do que ela eu diria, mas aproveitei e joguei a culpa toda nas costas dela.
    — Mais alguma pergunta senhorita White? — Zach se aproximava de mim.
     — Achou que não…— na verdade tinha muitas coisas pra perguntar mas não estava muito afim de entrar em outra situação completamente desconfortável.
    — Bom, tenho uma pergunta muito importante pra fazer…
   — Pode falar…
   — Você aceitou mesmo meu pedido de casamento? Quero dizer, vai mesmo se casar comigo?
   — Vou. Ainda tenho que falar com minha tia sobre isso, mas prometo que vou resolver essa situação, ela vai ter que aceitar…
   — E se caso ela não aceitar…você topa fugir comigo?
   — Vou pra qualquer lugar com você… — dei um beijo em Zach e fiquei por quase meia hora dentro da estufa mas tive que voltar já que a louca da minha tia estava me chamando aos berros…precisávamos preparar tudo para a visita dos Delacorte, teria que ser um ótimo jantar aos olhos da minha tia mas não estava nem um pouco a fim de recebê-los, queria que a noite chegasse mesmo mas não era para ver eles obviamente. Já estava anoitecendo eles viriam para nossa casa às oito da noite, comecei a me arrumar, na verdade nem me produzi muito, não queria impressionar ninguém mesmo, fiquei no máximo ajeitadinha, sempre com vestidos claros um pouco curtos com rendas, fitas e com o cabelo meio solto em um penteado. Já estava pronta, desci as escadas e fiquei sentada na sala olhando para o enorme lustre que tinha no teto, logo minha tia veio toda arrumada, de preto obviamente por ela ser viúva, parecia que ia em alguma festa.
    — Podia ter se arrumado mais senhorita Isabella…
    — Não quero impressionar ninguém, fique tranquila…
    — Você é tão teimosa quando Lize, sua mãe.
    — E você é tão séria quanto o vovô.
    — Bom, chega de papo furado, logo os Delacorte chegarão e- ouvimos a campainha tocar. — Devem ser eles, vamos se levante para recebê-los. — me levantei na maior lentidão, a preguiça que eu estava de receber essas visitas hoje era do mesmo tamanho da vontade que eu estava de ver Zach de novo. Assim que Lucy abriu a porta (esse era o dever da nossa antiga governanta Marrie se ela não tivesse se demitido à algumas semanas atrás pela grosseria da minha tia), os Delacorte entraram, todos com sorrisos enormes pareciam bonecos de porcelana, viviam sorrindo.
   — Olá Ana! — Christine sempre alegre com seus casaco de pele caríssimo. — Olá, Bella, feliz aniversário querida, nós viemos comemorar com vocês!
   — Oi…entrem…— dei um sorrisinho sem graça e um aceno de mão, já minha tia abraçou e beijou cada um, uma frescura do caramba na minha opinião. Logo eles entraram e se sentaram na sala, Christine, Raul e minha tia ficaram conversando sobre coisas do passado e finanças que conquistaram com o decorrer do tempo, já Thomas não falava nada só ficava me observando o tempo todo.
   — O que foi?
   — Nada…
   — Porque fica me olhando então?
   — Desculpe pela minha falta de educação mas é que você é muito linda….
   — Hm, obrigada então…
   — Você parece meio triste se me permite dizer…
   — Não gosto do meu aniversário e nem de casamentos arranjados.
   — Há, sinto muito por isso, havia me esquecido do ocorrido passado.
   — Você sempre precisa ser tão formal?
   — Como?
   — Formal sabe, desculpe-me, perdoe-me, se me permite dizer, é muita formalidade.
   — Há sinto muito, é só minha forma de expressar minha educação, mas se isso te incomoda vou tentar falar mais "normal".
   — Há não tudo bem, se quiser falar assim eu não importo, foi só um comentário.
   — Ok…se importa se eu continuar olhando para você?
   — Um pouco, mas tudo bem…
   — Mesmo?
   — Não, eu não sou nem um pouco compreensiva…poderia o senhor Delacorte olhar para outro lugar? — falei em tom sarcástico fazendo Thomas rir.
   — Claro madame, vou olhar para este magnífico lustre acima de nós. — repetiu ele sarcástico.
   — Muito obrigada… — esbocei um sorriso, já eram 20:45 da noite quando nos sentamos a mesa para nosso jantar. A comida estava muito boa, mas não parava de olhar para o relógio querendo que eles fossem embora logo. Terminamos de comer, me deu um certo alívio em saber que eles iam se mandar depois de forrar a pança mas me enganei.
   — Bella, não quer mostrar a casa para Thomas?
   — Pra que? Aqui não é um centro turístico… — fui curta e grossa.
   — Isabella, que modos são esses! Desculpe Thomas, essa garota anda impossível.
   — Por mim tudo bem, gosto de pessoas sinceras.
   —  Que seja, ela vai levar sim! Não é mesmo Isabella?
  — Claro…vamos Thomas! — logo ele se levantou da mesa e me acompanhou, subimos as escadas e começamos a andar pelos corredores. Não tinha nenhum assunto para puxar com ele, porém ele sempre achava alguma forma de quebrar o silêncio.
   — Isabella…
   — Sim?
   — Tenho um presente pra você…
   — Sério?
   — Sim, estava esperando chegar a hora certa…— Thomas tirou de dentro do bolso uma pulseira de rubis, completamente linda. — Essa pulseira, está na minha família há décadas, era da minha tataravó, que passou por várias gerações até chegar a minha mãe, que agora deseja que ela seja sua, estenda o braço, vou amarrar no seu pulso.
   — Thomas…ficaria muito triste comigo se eu não aceitasse? Quero dizer ela é linda mas não posso aceitá-la…
   — Por que não?
   — Sabe…não sabia se podia contar isso a você mas agora que decidi, promete que não vai contar pra ninguém?
   — Pode confiar em mim.
   — Como eu te disse daquela vez, estou apaixonada por outra pessoa, essa pessoa trabalha aqui na minha casa e nos amamos desde pequenos e ele me pediu em casamento ontem e eu aceitei, mesmo sabendo que já estou de compromisso marcado, eu sinto muito por isso, mas não posso controlar meus sentimentos...
   — Eu…estou sem palavras…é muito comovente isso, mas…
   — Mas?
   — Não quero mais me casar com você, sabendo de todo esse sentimento que você sente por essa pessoa, fique tranquila, vou tentar fazer a cabeça dos meus pais para pararem com essa ideia maluca de casamento mas prometo não contar nada sobre você, vou inventar uma desculpa qualquer…
    — Isso é sério?!
    — Sim…
    — Obrigada!!!— abracei Thomas totalmente aliviada.
    — Já que não seremos mais um casal, topa ser minha amiga?
    — Claro! — eu e thomas demos uma volta pela casa e logo voltamos para a sala. Me despedi dos Delacorte que logo foram embora, estava tão aliviada em saber que Thomas aceitou essa situação tão bem, logo subi para o meu quarto animada, teria uma surpresinha me esperando. Assim que entrei no meu quarto vi Zach sentado de costas para mim na minha cama, ele nem se virou para mim só disse a seguinte frase.
   — Demorou muito senhorita Isabella, sinto muito mas terei que castigá-la…— iria guardar isso na memória sempre, "chegar sempre atrasada".