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História O Secretário - Jura juradinho?


Escrita por: HQueenElla

Capítulo 28 - Jura juradinho?


Fanfic / Fanfiction O Secretário - Jura juradinho?

Hotel Saint Blanc de Mônaco em Bordeaux - Robin POV'S ON

Eu havia acabado de acordar e milagrosamente não via meus pés (significa que estou coberta), olhei para o lado e a outra cama estava vazia, mesmo que sejamos um casal, esta viagem até a França está contando como horas de trabalho, ou seja, estou trabalhando! (Que droga hein, Robin?!... Lê-se ironia nas frases). 

Meu cabelo me atrapalhava a enxergar melhor o ambiente (alguém me lembre de cortá-lo), mas uma coisa eu tinha certeza: Roronoa Zoro não estava no quarto. 

Levantei sonolenta e andei rastejando até o banheiro, tomei um susto muito, muito grande. 

— Bom-dia, Irritante-Sama... -ele estava lá, com uma toalha na cabeça e o resto do corpo sem nada! SEM NADA! 

— B-B-Bom-dia... 

— Ótima hora para ficar da cor de um tomate... -Zoro riu cínico e saiu andando como se não fosse nada demais estar nu na frente de alguém (ainda que eu já o tenha visto sem nada muitas vezes, mas não é algo com o qual me acostumei). 

— Pelo Amor de Deus, coloque uma roupa logo! -cobri meu rosto com as mãos e fiquei parada, com medo de escorregar no piso úmido do banheiro. 

— Que foi? Parece que nunca me viu assim. 

— Não pretendo me acostumar com essa visão, então se veste, idiota! 

— Sério? -ele riu malicioso, me deixando mais vermelha ainda- Eu não ligaria se você andasse pelada dentro de casa o dia todo. 

— C-cala a boca Zoro, isso não é coisa que se fale ás oito da manhã! 

— Você deveria ser menos rígida com essas coisas, sabe? 

— Já me sinto culpada o suficiente tendo transado com você na cozinha da Presidência, não preciso acordar e te ver pelado como se fosse a coisa mais normal do mundo! 

— Então quer dizer que Nico Robin aprecia o meu corpo nu, mas se sente culpada por causa de uma transa na cozinha? -sua risada provocativa realmente consegue me deixar nos nervos- Por que não experimenta abrir os olhos? 

— Nem ferrando! Você nem se vestiu que eu sei! 

— Verdade, não me vesti, mas se você presta mais atenção no meu corpo invés dos meus olhos, significa que não oferece amor como deveria. 

Parei para analisar sua frase e entre partes, foi a coisa mais idiota que já ouvi na vida! Tive que encara-lo de frente (mesmo parecendo um tomate) e meu pijama parecia não se importar estar com as alças caindo. Fiquei perto dele e resmunguei.

— Quanta babaquice logo de manhã! 

— Bom-dia, Tomatinho. -Zoro sorriu meigo e me roubou um beijo, não reagi a isso- Aliás, você fica fofa de pijama. 

— Hunf... -meu rosto estava queimando- i-idiota... 

— Também te amo. 


*

*

*

*


One Piece France Corporation

O verão na França é meio chatinho, mas também é agradável. De vestido azul claro, fui acompanhada do meu Assistente bobão até o andar da Presidência, fui recebida pelo Ondori-kun, que como sempre, está agitado e sorrindo. 

Do outro lado, vi Cavendish com os braços cruzados, encarando um monte de papéis, fiquei confusa. 

— Ondori-kun, o que ele está fazendo? 

— Ah, chegaram algumas solicitações ontem e Cavendish esqueceu de verificá-las. 

— Entendo... 

— Ele parece chateado com isso. -Zoro comentou breve e Ondori-kun deu risada- 

— E está, mas é um bem feito, falta de aviso não foi! 

Eu me aproximei da mesa do loiro e sorri, olhando aquela pilha de papéis, no mesmo segundo, Cavendish se assustou e caiu da cadeira, se levantando rapidamente e corando ao máximo. 

— Bom-dia, Booringu-kun! [n/a: na tradução= Senhor Chato]

— N-Nico Robin! 

— Parece ocupado. -encarei novamente sua mesa-

— Estou, então não me atazane muito hoje! 

— Gosta quando te provoco? Que interessante! -maliciei e ele corou ainda mais, ri de canto- Não quer ajuda? 

— N-não precisa! 

— Bom, que seja. -beijei seu rosto- tenha um bom dia, então! 

Ele não disse nada, apenas ficou me encarando com uma cara de tacho e vermelho, pensei que Zoro faria pirraça, mas na verdade começou a rir da expressão do Vice-Presidente. Sabo e Koala estavam me fazendo o favor de ficarem no Japão para vigiarem uma certa Agi, além do mais, eu não acho boa ideia minha cunhada perambular de um país para outro, grávida (e enjoada como está). 

Portanto, apenas eu, Zoro e Luffy (que por algum motivo havia chegado mais cedo que a gente), estávamos dando conta de toda a situação. 

Hancock estava ocupada com outras coisas em Tokyo e por isso achei melhor que ficasse lá também, já Luffy, sem a minha supervisão, acabaria fazendo muita bagunça. 

. . .

A manhã toda ficamos ocupados em reuniões e discussões sobre as reformas do sistema universal da empresa, o que era padrão na Sede-Mãe, era padrão para todas as filiais; eu e Ondori-kun estávamos revendo alguns projetos de estruturação, tanto do sistema quanto da parte externa e como cada uma delas se adequaria em cada país. 

— S-Senpai, o seu cabelo é tão grande... -ouvi Ondori-kun dizer com os olhos maravilhados, sorri simpática-

— Ah, sim, preciso cortar as pontas. Obrigada por me lembrar, Ondori-kun! 

— Robin, têm mais cinco documentos pra você ver ainda hoje, são de transações internacionais. -o Roronoa me disse, entregando-me uma pasta preta com lacres especiais.

— Que tipo de transação? 

— Monetária. 

— Entre em contato com a Nami. 

— Aliás, o Presidente da filial da Espanha deseja falar com você. 

— Sobre? 

— Ele não disse. 

— Alguém mais? 

— Germânia, Rússia, Moçambique, Chile, Coreia, Austrália, Filipinas, Indonésia e Egito também entraram em chamada. 

— Faça uma convocação geral. -levantei da cadeira em que estava e olhei para o calendário na parede da sala da Presidência- A primeira convocação será dia 1 de setembro e a segunda, no dia 11 de novembro. 

— Certo. 

— S-Senpai, não me diga que... -Ondori-kun levantou-se eufórico e eu sorri altiva- 

— Sim, é exatamente isso. 

— ESSE É O DIA MAIS FELIZ DA MINHA VIDA! -ele saiu comemorando por todos os lados e eu ri alegre- 

— Ahn, desculpe a minha burrice afetar a existência do "Grande Ser Sábio e Único" -Cavendish irrompeu com sadismo, dirigindo-se a mim- Mas o que Uma Convocação Geral significa? 

— Significa que você irá participar da Reunião Extraordinária da Corporação, é uma reunião na qual todos os Presidentes e Vices são Convocados para discutirem sobre o andar da empresa, relatam e atualizam a Presidência da Sede-Mãe as falhas e melhoras de cada setor e cada negociação exterior. -expliquei calmamente e ele corou de novo- 

— E-entendo. 


*

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Residencial Nico - Cidade de Lyon

Depois de muitas reuniões, pedi ao Zoro para que me acompanhasse até um lugar bastante especial. 

— Onde estamos? -ele admirou a grande construção de pedra num bairro militar um pouco afastado do barulho da cidade- 

— Em uma das várias casas que a família Nico possui pelo mundo. -balancei as chaves da porta da frente e sorri- 

— Eu sei que é idiota dizer isso, mas tenho que perguntar... Qual é o tamanho do Império que seu pai conseguiu construir com esse tanto de dinheiro que recebe nos cofres da empresa? 

— Bom, te garanto que se eu fosse o Hitler, hoje seria dona de mais da metade do planeta apenas com esse poder financeiro. É poder suficiente para causar mais três guerras mundiais... 

— T-tá falando sério? 

— E desde quando os humanos levam o dinheiro na brincadeira? 

— Poder de Magnata. 

— Dê uma nota de cem na mão de uma pessoa e você pode conhecê-la de verdade. 

Entramos na casa, estava tão reluzente e limpa que conseguia ver meu reflexo do piso personalizado (papai sempre teve bom gosto com isso, nem posso reclamar). Zoro ficou admirando o local, enquanto eu andava corredor adentro com um sorriso feliz. A construção de pedra fazia tudo parecer mais bonito, e cresciam algumas plantas trepadeiras nas paredes de fora, o que a deixava com um ar mais antigo, porém, bonito. 

As janelas eram grandes e fora isso, apenas longas persianas de madeira escura faziam o ambiente ficar mais claro por dentro. Os dois andares eram grandes e largos, com cômodos bem divididos, o que a fazia lembrar muito uma casa do século passado. 

Foi quando espalmei a mão na testa, Zoro deve ter se perdido em algum lugar. Desci e o procurei na cozinha, nas salas, no banheiro, no escritório, na área de serviço, nada. 

— Robin! -ouvi ele gritar do lado de fora, vi a porta do fundo aberta, corri até lá e bem, meu abacate estava admirando o gramado extenso. —O jardim é bonito, mas... 

— Sim? 

— O que caralhos é essa piscina?! -ele apontou para a casa dos fundos, olhou atentamente o tamanho de tudo- Parece um lago ou uma porra dessa qualquer! 

— Bem, digamos que ás vezes papai exagera nas coisas... -cocei a cabeça e ri de canto- mas isso não importa, eu te trouxe aqui por outro motivo. -puxei sua mão- 

— Qual seria? 

— Foi nessa casa que eu conheci o Sabo. 

— Sério? 

— Sim... -eu sorri simples- meu irmão é meu melhor amigo, eu não poderia pedir outro senão ele. Por esse motivo, esse lugar é bastante especial pra mim. 

— Acho que você é uma boa irmã pra ele. -seu sorriso sincero me deixa derretida, eu preciso mesmo aprender a me controlar melhor. 


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Residencial Nico | Cidade de Tokyo/Japão - Tia Ella POV'S ON

Depois de doze dias na França, o casal voltara finalmente, e ainda levaram Luffy para casa antes de se jogarem na cama. 

Robin retirou os sapatos e começou a ascender as luzes da sala, tomou cuidado para não esbarrar em nada e logo em seguida, jogou-se no sofá. 

— Ah, Japão, finalmente! 

— Meus pés estão acabados... -Zoro sentou no tapete felpudo e esticou as pernas- E ainda tenho que levar o Chopper no médico, amanhã. 

— No caso, hoje? 

— É... -bufou- 

— Zoro, você nunca se perguntou sobre o que aconteceu com ele antes de o entregarem na sua porta? -ela pousou a cabeça numa grande almofada, encarando o namorado, que olhava para cima e pensava na resposta- 

— Algumas vezes... Quando levei o Chopper pela primeira vez na Pediatra, ela ficou muito assustada com as marcas na pele dele. 

— Como assim? 

— Eram marcas muito feias... eram quase pretas de tão roxas e inchadas. Ela examinou-o de cima abaixo... Havia uma fratura no braço direito, um "amasso" no osso da bacia, os ossos do pé não pareciam estar crescendo direito por causa de uma pancada que ele deve ter levado antes. Quando eu o pegava no colo, ele chorava de dor, não conseguia dormir ou virar de lado, o braço do Chopper ficou engessado por 45 dias, e ele fez duas cirurgias de emergência para poder andar normalmente. 

— Isso é horrível... -a morena suspirou num choro silencioso- 

— É por isso que não pretendo saber nada sobre a família biológica do Chopper, não quero ter que imaginar quantas vezes fizeram isso com ele. Eu ficaria muito irritado em descobrir. 

— É cruel demais... para qualquer pessoa... o Chopper é uma criança. 

— Agora eu sei porque ele tem medo das pessoas. 


*

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Residencial Roronoa 

No dia seguinte, Zoro e Robin foram até a casa do esverdeado e para a surpresa de ambos, alguém além de Kuina já os esperava. 

— Duda-san?! -o Roronoa ficou pasmo- 

— Olá, Roronoa-san. -a mulher morena de belos olhos de safira vermelha dissera em tom sério- Ahn... -encarou Robin- acho que te conheço de algum lugar. 

— Nico Robin... -ela fez mesura- prazer em conhecê-la. 

— Então você é mãe adotiva do Chopper, certo? 

— B-bem... -corou- é... 

— Ótimo, significa que posso ser bem direta com o assunto. 

— Kuina, o que está acontecendo? -Zoro olhou em volta- Cadê o Chopper? 

— Ah, ele está dormindo, mas a situação é outra. -explicou tensa- melhor sentarem. 

Ambos o fizeram, temendo o rumo da conversa. Duda se endireitou e observou-os atentamente, bufou. 

— Eu realmente estou impressionada com o que fizeram com o Chopper, ele está muito diferente do que há nove meses atrás, fico feliz que cuidem tão bem dele. Mas não vou falar necessariamente sobre ele. 

— Então... -Robin insistiu- Sobre o que é? 

— A Assistência Social encontrou os irmãos mais velhos do Chopper ontem à noite, no viaduto principal de Tokyo, pelo que entendi da situação, eles estavam sendo pagos por um dono de uma boate qualquer das vielas para venderem drogas a usuários de classe média, mas acabaram apanhando bastante depois de não conseguirem a quantia almejada pelo dono do lugar, algumas pessoas viram e nos contataram, fiquei espantada com a semelhança deles para com o Chopper e então, resolvi verificar. 

Nada além de silêncio. Processar as informações estava sendo doloroso e difícil. Robin não suportava esse tipo de situação, visto que já passara por ela quando mais nova, mas o caso ainda parecia tão pior quanto. — São um casal de gêmeos, ambos 5 anos mais velhos que o Chopper, eles me disseram que haviam levado o irmãozinho para outra pessoa cuidar, pra ele não passar pelas mesmas coisas... -Duda suspirou- eles reescreveram a mesma carta que você achou junto com as cobertas na qual o Chopper estava enrolado no dia que o conheceu. 

— Isso é... 

— Loucura?... -sorriu de canto- Eu gostaria que você os conhecesse e levasse o Chopper junto para vê-los, será uma boa hora para entendermos de onde os três vieram. 

— Bom, como eu disse a ela antes... -kuina olhou o irmão- Chopper têm consultas marcadas para hoje, então... 

— Podemos fazer isso depois dos exames dele? -Zoro entrecortara a irmã, totalmente pensativo- 

— Se é o que deseja fazer... -Duda deu de ombros e concordara- Cinco horas, eu estarei esperando na Fundação do Conselho Tutelar. 

— Mas... você sabe por que eles estavam tão longe de casa?... Quero dizer... pelo menos, tendo uma noção de onde o Chopper foi deixado até o viaduto principal é... 

Um choro alto o fez parar, Robin se levantou e subiu, chegou no quarto de Chopper dando risada daquela cabeleira toda para cima e um biquinho fofamente bravo.

. . .

 Desceu tentando acalmá-lo, mas talvez, a fome fosse maior que isso. 

— Chopper, apertar os meus seios não vai fazer sair leite... -a Nico ainda ria, levando a criança até a cozinha. 

Robin não sabia que tinha capacidade para cuidar dele tão bem assim. Em dois minutos, o fez parar de chorar apenas lhe dando uma mamadeira com leite morno. — Tô doida pra você começar a falar logo... Ainda que a médica diga que você irá demorar a fazê-lo, mas... 

Ao sentar-se na outra sala, Robin sorriu ao notar que o pequeno lhe sorria de mesma forma. Suspirou meio triste- Irmãos, não é?... Eu nem consigo imaginar as coisas você passou, então, prometo que vou ser legal... -beijou a testa dele- se você prometer não rasgar nenhum livro. 


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Clínica de Pediatria da Cidade de Tokyo 

Na Pediatra, Chopper olhava alguns brinquedos espalhados pelo chão e foi andando muito devagar até eles, quando se aproximou o suficiente, agachou com dificuldade e entre esbarrões, conseguiu ficar sentado, estava apenas de fralda enquanto Robin e Zoro lhe observavam com atenção, da mesma forma que a médica, Kaedra. 

— Bom, foi exatamente como te disse antes, Roronoa-san. -ela suspirou- Chopper vai ter dificuldades para andar quando crescer, mas elas serão muito mínimas, quase imperceptíveis, se a cirurgia não tivesse sido feita antes, talvez agora, nem andar ele poderia. 

— Ele ainda não está falando bem, você disse que demoraria a acontecer, certo? 

— Sim, o Chopper já possui alguns traumas devido a situação em relação a família biológica e o Conselho Tutelar, então, ainda que faça tratamento fonoaudiólogo, o  jeito é ter paciência mesmo, isso varia de criança para criança. Só o que me preocupa é o desenvolvimento mental. 

— Como assim? -Robin a encarou curiosa e confusa- 

— Bom, devido a tantos traumas anteriores, Chopper pode acabar tendo receio em amadurecer no tempo correto, ele já tem esse atraso em andar e falar, para uma criança de sua idade, andar sozinha já é um grande fundamento, mesmo depois do acidente na escada, ele consegue se mexer bem. Quero que prestem bastante atenção quando ele for tentar fazer algo sozinho, como pegar brinquedos, comida, roupas, sapatos... Tudo. Não devem impedi-lo de bagunçar algumas vezes, isso será muito útil para saber se ele recusa uma proximidade maior ou aceita. Futuramente, poderei fazer exames mais aprofundados, mas o que posso dizer por agora, é que o Chopper tem medo de fazer contato com pessoas nas quais não se habitua, e quando não as vê com frequência, se ele sentir-se incomodado com elas, vai chorar o tempo todo. 

— Será por isso que ele chora tanto quando vê o Law perto da Nami? -a Presidente olhou o namorado de relance- 

— Deve ser... 

— Fora isso, o peso está ótimo e ele pode demorar um pouquinho a crescer, mas ficará bem alto. -Kaedra sorriu simpática- esse bebê está saudável apesar de ter um desenvolvimento atrasado. 

— Bom, então, está tudo ótimo com você, carinha! -Zoro sorriu para ele, que admirou seus olhos-

— Papa... 

— Também te amo. 


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One Piece Corporation - Robin POV'S ON

No dia seguinte a consulta do Chopper, eu fiquei bastante atarefada com a papelada que recebi do Ondori-kun, lá na França. Havia alguns assuntos que não podia adiar e muito menos, deixar de canto simplesmente por preguiça ou pirraça. 

Nami trouxera algumas liberações de pagamento para eu averiguar, já que se tratavam de compras importantes e importadas. 

— Bem, esse aqui foi um pedido da T.I, é um novo cabeamento de fibra óptica para o sistema interno dos cofres. -ela me explicava enquanto eu prestava o máximo de atenção- 

— Entendo... Só que este pedido está atrasado em dois dias e não sei se o financeiro irá conseguir pagar a tempo. 

— Por isso te trouxe e... 

— Com licença... -ouvimos batidas na porta e logo fiquei branca de nervoso, Agi estava parada no batente, sorrindo de forma doce ainda que estivesse segurando uma caixa de chumbo repleta de balas de prata para armas especiais.- Nico-Sama, eu achei isto jogado na mesa principal do mezanino, Dr. Vegapunk disse que não lhe pertence, então, será que algum militar esqueceu aqui? 

— P-pode deixar na mesa da televisão... -mal consegui responder normalmente, estava suando frio- obrigada... 

— Ah, sim, não sei se está ciente, mas o Zoro está na enfermaria. 

Senti meu coração parar de bater. Nami me encarava confusa e curiosa, Agi mantinha-se indiferente a isto- Seria bom ir lá, parece que sua Secretária não está muito bem. 


*

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Desci correndo, acho que Sonia já se acostumou com a minha capacidade de correr de salto por aí... Quando cheguei na enfermaria, vi uma Hancock com um braço todo engessado e arranhões pelo rosto. Zoro estava lá, com ela, suspirava meio irritado. 

— O que houve? -perguntei ofegante- 

— Eu tropecei e caí da escada... -ela respondeu com a voz falha e magoada- fraturei o braço. 

— Por sorte não foi a cabeça. -o Roronoa disse seco- Não devia estar assinando papéis? -ele me olhou com rabo de saia- 

— Agi estava lá... -desviei o olhar e ele fechou a cara totalmente- 

— Eu... -minha prima voltou a falar- bem, eu estava resolvendo um problema junto com o Zoro-san, quando ela apareceu. Nós havíamos terminado uma contagem de plantões do calendário e então, esbarrei na Agi-san, acabei tropeçando e caí na escada... Apesar... De que não pareceu tanto um acidente.

Essa mulher está me deixando nos nervos! 

— Zoro, por favor, tome conta dela, eu vou terminar de cuidar da papelada. 

Preciso tirar essa mulher daqui o quanto antes! 


*

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*


Após o horário de almoço, Sabo estava na minha sala, ficamos conversando questões importantes sobre a empresa, tivemos uma reunião online com a mamãe e logo em seguida, tive que entrar em contato com Aokiji, ainda que fosse contra meu gosto. 

O dia só pareceu piorar quando ouvi uma discussão dentro do andar, fiquei confusa, mas sabia que eram as vozes de Nami e Zoro. 

Eu me levantei e meu irmão me seguia, fomos até a sala de reunião, onde ambos estavam falando por cima do outro, fiquei bem confusa. 

— Hey, hey, o que foi agora? -falei chamando a atenção deles- 

— Zoro disse que é impossível enviar essa quantia de uma vez para o Banco Nacional da França. -ela me mostrou um papel e eu assobiei impressionada com tantos zeros ali. 

— Mas que dinheiro é esse? 

— É o depósito que o Fundador deixou ainda pouco na conta da empresa, disse que era para transferir para a França porque um General do Batalhão Especial do Exército Russo pediu uma encomenda para ele pessoalmente. -meu assistente me explicou e eu fiquei mais confusa ainda, olhei Sabo de canto- 

— E desde quando papai faz coisas assim? 

— Pois é... -ele levantou os ombros- 

— Não faz sentido algum. 

— O que não faz sentido é o Zoro achar que não dá para transferir de uma vez! -Nami parecia brava com ele, os dois sempre brigam bastante em relação a defenderem o próprio ponto de vista, então, não posso dizer que é anormal estarem batendo boca hoje. 

— É uma quantia grande demais para o banco aceitar de uma vez, tem que ser dividida na metade ou em três, para ser transferida de hora em hora. 

— Mas de hora em hora acaba sendo considerada atividade suspeita. 

— Por isso será feita uma solicitação especial de transferência! 

— Não pode! 

— É claro que pode! 

— É sério que vão discutir por isso?! -bufei entediada- 

O elevador apitou, mas quando olhei na direção do corredor, Agi estava lá, com uma careta estranha e cheia de cortes nos braços e manchas de sangue nas roupas, fiquei muito assustada. Ela por inteira me dá arrepios, ainda mais agora. 

— Agi... -Zoro ficou extremamente sério e se pôs na minha frente- O que você fez? 

— Ela estava lá, ela estava lá... -essa repetição era psicótica- ela... tocou em você... ela... estava lá... -seu sorriso neurótico brotou, virando-se na direção da Nami- é vermelho como sangue... ela estava lá... 

— N-não me diga que... -suspirei- Ela está surtando? 

— Se afastem! -o esverdeado dissera tão sério e alto que simplesmente travei, não sentia minhas pernas. 

E logo, para meu grande susto, Agi começou a andar na nossa direção, estava com uma faca grande nas mãos e suponho que tenha pegado na cozinha de seu andar. Não sei de onde vinha aquela força, mas ela conseguiu empurrar o Zoro para longe, antes que pudesse ao menos entender, ela já estava de frente para Nami, que estava realmente mais assustada que eu. 

— Vermelho como sangue... -Agi sorria mais ainda, psicoticamente, com a faca já levantada para fazer estrago, no mesmo instante, vi meu irmão puxá-la para o outro lado da sala. 

— Agi-san, você precisa se acalmar, isso está ficando perigoso de verdade! 

— Vermelho... como sangue... -ela nos olhou ainda sorrindo, Zoro a esta altura já tinha levantado e a encarava da mesma forma que antes- 

Não imaginava que ela fosse tão boa com facas, o Roronoa não conseguia fazê-la parar de jeito nenhum; abriu um corte em seu rosto, me apavorando por dentro, aquele sangue manchando o tapete branco, Zoro com a mão no rosto machucado, Agi olhou-o de cima abaixo... Pela primeira vez, tomei a atitude mais estúpida da minha vida. 


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Hospital Militar Brigadeiro Matsuoka Nida - Tia Ella POV'S ON

Koshiro estava na recepção do hospital, juntamente da filha e o neto. Esperavam notícias sobre Zoro e Robin. Até o momento, ninguém lhes dissera nada. 

Nami estava preocupada, assim como Sabo, que já tinha avisado a mais de metade da família e claro, todos os funcionários que acabaram vendo a confusão de mais cedo, também estavam alarmados. Na cabeça do loiro, as cenas se repassavam como o pior dos filmes de terror que já vira. 

. . . 

" — Mana?... -ele encarava pasmo, um Zoro com o rosto ainda muito machucado e uma Robin à sua frente. Deixando pingar inúmeras gotas de sangue escuro-

— Quem você pensa que é?... -Agi estava de fato fora de controle, seu distúrbio lhe causava muitas dores na cabeça- 

— Tsc... -a Nico sorriu mesmo com um corte enorme e profundo desde o colo dos seios até o início do baixo ventre- Arqueóloga, Osteóloga, Historiadora, Professora, Cientista, Tecnóloga, Presidente de um Império, sua Chefe e mãe do filho do seu ex...-respondera cínica- Mais alguma pergunta?... "

. . .

— Ela tem que ficar bem... -rezava baixo enquanto esperava, assim como todo mundo. —Por favor, esteja viva... Por favor... 

Para a surpresa dele, sentiu uma mão forte apoiar-se em seu ombro, olhou para trás e lá estava Aokiji, com um semblante sério e preocupado. Não conseguiu dizer nada, mas sabia que do lado de fora, havia uma multidão de jornalistas esperando alguma resposta. 

— Garoto, deixa que eu cuido disso... 


*

*

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Madrugada. Nenhuma notícia até então. Chopper já dormia a fio no colo de Kuina, que mesmo preocupada, sentia o cansaço agir pesadamente. Sabo não pregou os olhos e também, deixara sua esposa sozinha em casa, esperando novidades. 

Até que finalmente, um par de médicos viera, um deles sendo Law. 

— Ah... -ele encarou Sabo e mais Nami- não vou mentir, foi complicado demais operá-la... -suspirou pesado- Robin perdeu bastante sangue, precisou fazer uma transfusão de emergência e mais uma transfusão de medula óssea para ajudar na recuperação dos nutrientes mais vitais... 

— Como ela está agora? -ele engoliu seco- 

— Instável, o tipo sanguíneo dela é muito raro e foi difícil encontrar alguém que pudesse doar tanto sangue em pouco tempo, já que na reserva do hospital, havia poucas bolsas para a quantidade necessária. -explicou- exceto por um estranho milagre... 

— Que seria? 

— O sangue do Roronoa. -ele olhou a namorada também apreensiva- os dois tem o mesmo tipo sanguíneo. 

— Então... quer dizer que... 

— Eu fiz o possível ao meu alcance naquele momento. Ela ainda estava perdendo sangue quando entrou em cirurgia, então, tive que parar a hemorragia e logo depois, o coloquei para fazer a transferência de hemácias. O Roronoa doou o suficiente para mantê-la viva, mas isso não muda o fato de que ela ainda está correndo risco de morrer. 

— Law... -Nami estava muito triste e chateada- Eles vão ficar bem? 

— Sendo sincero, o Roronoa está bem, mas precisa descansar, já a Robin... -suspirou profundamente- as próximas 12 horas serão bastante cruciais, só vai depender dela querer viver... 


*

*

*


Robin POV'S ON

"— EU VOU TE MATAR! 

— Não me importo com isso, mas nunca mais encoste neles!"

 

Era a única coisa que repassava na minha cabeça... Doía tanto... Meu corpo todo clamava por alívio daquela dor, uma dor aguda e incômoda. Não me lembro bem a última vez que fiz algo tão estúpido quanto me jogar na frente de uma psicopata. 

Eu senti a faca entrar em mim, eu senti ela me rasgar por dentro, eu senti a dor, a agonia, o medo... Eu senti a desordem dela. Agi não é uma louca de pedra, é uma mulher doente, seriamente doente... Por um lado, eu estava apavorada em toca-la, mas no instante seguinte a receber a facada, eu lhe abracei e sorri. Por que fiz isso?... 

 

"Dói estar sozinha, não é?"

 

Quando foi a última vez que tentei fazer uma coisa tão idiota quanto abraçar uma pessoa que acabou de tentar me matar? 

Ela largou a faca e chorou feito criança, estava com dores, muitas dores. Eu vomitava sangue por todos os lados, minha pele estava ficando azul e meu corpo estava tremendo de frio. 

Se eu morrer agora, o que irá acontecer com a empresa?... Quem vai ajudar o Sabo? Quem vai cuidar do Chopper? O que o Zoro irá pensar?... 

 

"Ele vai ficar sozinho, e a culpa disso é sua..."

 

Não acho que ele iria suportar outra perda em sua vida. Meus pulmões doíam quando eu tentava respirar normalmente, meu corpo estava tão fraco. Não sabia aonde estava e porque tanta gente a minha volta. 

Aparelhos?... Eu ouvia fracamente. Uma batida, duas batidas, três batidas. 

Nada. 

Uma batida, duas batidas, três batidas. 

Meus olhos estavam cansados; queria dormir... 

 

"Você precisa acordar, sua preguiçosa! Zoro irá puxar as cobertas!"

 

Há quanto tempo não durmo assim?... Estava tão bom! Mas só ficaria melhor se ele também estivesse comigo. 

 

"Acorda, Mulher Irritante! Zoro vai ficar bravo e tirar fotos suas ainda dormindo!"

 

— Hm... -resmunguei com muita dor de cabeça e os olhos sendo queimados pela luz forte no meu rosto- Que horas são?... 

— Dez horas... -ouvi uma voz familiar, mas não era a que eu estava acostumada a ouvir todas as manhãs- está bem atrasada, Criança... 

— Aokiji... -falhei em tentar manter-me firme- O que... Aconteceu?...

— Você fez uma loucura. -ele respondeu num suspiro, senti as luzes diminuírem de intensidade- Ah, você é doida, Ohara! 

— Diga uma novidade?... 

— Ainda está viva, por sorte. 

Tremi de frio. Então sobrevivi ao ataque histérico da ex do Zoro?... Sim, Zoro... 

— Zoro... -falei sentindo a garganta seca- onde... 

— Ele está dormindo... -bufou em tédio- caramba, vocês assustaram todo mundo. 

— O que eu fiz?...

— Como eu disse, você é doida. Se jogou na frente de uma alucinada para salvar seu secretário e bem, os dois tiveram que vir pro hospital. 

— Aokiji... -tentei me levantar, mas a dor ainda me incomodava. 

Ele me segurou pelos ombros com cuidado, me ajeitando para encará-lo melhor. — O Zoro está bem? 

— Está. Ele quase ficou cego e ainda doou quase metade do sangue dele pra você. 

— Sangue?... 

— Você parecia um útero menstruando... 

— Suas comparações... são as piores... 

— Eu sei, mas o fato é que você perdeu muito sangue e ele te salvou. 

Sorri de canto. Eu me atirei contra a Agi para salvá-lo e ele me deu seu sangue para me salvar? Que ironia cruel. — Sua família está vindo pra cá, a mídia não parou com telefonemas e perguntas impertinentes. Precisa melhorar logo, Ohara. 

— Entendo... 


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Algumas horas mais tarde, comecei a me sentir melhor, mas não o suficiente para sair da maca. Meus pais ficaram o dia todo no hospital e também fizeram visitas ao Zoro, eu era a única que não podia vê-lo, me deixava triste. 

Nami chorava tanto que me senti um cacto absorvendo água em dias de chuva no deserto. Sabo e Koala me deram muitas broncas, Kuina me consolou bastante, assim como Koshiro-san me trouxera o Chopper para eu beliscar um pouquinho.

Soube que Law fez minha cirurgia, lhe agradeci pessoalmente assim que ele fora ver meu quadro clínico; mas eu ainda sentia um pedaço meu faltando. 

Dormi a tarde inteira e mal sei o que meu irmão disse para os jornalistas do lado de fora. 

Só sei que quando a noite caiu, acordei meio tonta por conta da fraqueza, porém, não era coisa da minha cabeça aquele ser de belos olhos castanho claros e sua cabeleira esverdeada me encarando. 

— Boa Noite, Irritante-Sama... -ouvir sua voz era a melhor coisa do mundo- 

— Boa noite... -respondi esticando o braço devagar, queria toca-lo- O que faz aqui? 

— Não posso ver minha namorada suicida debilitada numa maca de hospital? 

— Falou o namorado que me deu quase 1/3 de sangue numa cirurgia de emergência. 

— Mas eu não sabia que tinha doado meu sangue. 

— O quê?... -falei surpresa- Como assim? Law me disse... 

— Disse apenas que doei meu sangue, mas eu fiz isso também em cirurgia. Eu estava desacordado. 

Fiquei muda. Zoro me salvou sem ter ciência disso durante o ato? — Mas mesmo que eu tivesse sem nenhum arranhão, teria doado até os folículos do meu cabelo pra você... -seu sorriso apareceu, me deixando tímida- Estou feliz que esteja viva. 

— Estou feliz que esteja vivo também. 

— Promete que não vai mais me assustar desse jeito? 

— Se prometer não me deixar mais cometer outro "suicídio" como este... 

— Jura juradinho? -ele estendera seu dedo menor, tocando o meu, sorri meiga e olhei em seus olhos- 

— Juro juradinho... -apertei de leve e assim ficamos por um longo tempo. 

 

 

 

 



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