História O segredo da lágrima de âmbar - Terrível Cedric

O crepúsculo tomava o céu quando Elizabeth foi levada por Sofia ate o laboratório de alquimia de Cedric. 
- Senhor Cedric?! - Sofia chamou, mas não recebeu resposta.
- Daqui a pouco ele deve aparecer. - Elizabeth falou enquanto andava vagarosamente pelo lugar.
Seu olhos observavam tudo. Era curioso ver os diversos vidros com poções coloridas e brilhantes, o caldeirão fumegando enquanto preparava algo incrível, os livros com inscrições de línguas tão antigas que Elizabeth nunca ouvira falar. Ela bateu com o dedo em um tubo de vidro onde caiam pequenas gotículas de um liquido alaranjado vindo de um aparelho de destilação. Uma fumaça fina e rosada subiu do vidro, mas logo se dissipou no ar.
Cedric andava distraído em direção aos seus aposentos e se surpreendeu ao ver a porta do laboratório de química aberto. Tinha se esquecido completamente que daria aula a uma "pirralha" sobrinha do rei. Era mais uma criança para lhe tirar do sério. Apesar disso ele ouviu falar que a garota era sombria e isolada e só realmente interagiu com Sofia desde que havia chego no dia anterior.
- Talvez ela não seja um problema. Posso tentar pensar em algo usando ela para distrair Sofia e finalmente pegar o amuleto de Avalon! - Cedric falou e seu corvo se mexeu exaltado - Se acalme Wormwood. Tenho, infelizmente, que ser o tutor desta criatura.
Cedric passou pela porta com um ar de superioridade que não se desmanchou apesar da surpresa de ver Elizabeth. Seus cabelos eram longos e brancos como a neve, seus olhos brilhavam tanto quanto a pedra na gargantilha em seu pescoço e por acaso eram tão amarelos quanto a joia.
A beleza dela era única. Seu olhar melancólico parecia não querer estar ali. Cedric ignorou. Mal sabia ele que Elizabeth respirou fundo quando ele entrou naquela sala. Era Cedric que ela havia visto no dia anterior. Foi absurdamente difícil conter o vermelho que se apoderava de seu rosto.
- Então você é minha nova aprendiz? - a voz de Cedric era arrogante assim como seu olhar.
- Sim. - Elizabeth respondeu direta. Seus sentimentos recém descobertos pareceram se esvair junto com o rubor de seu rosto, pois ela não gostava de ser tratada como inferior.
- Worm, vá para sua gaiola. - Cedric falou para o corvo que voou levemente até a gaiola dourada. - E Sofia, vá. Só Elizabeth deve ficar já que devo ensiná-la.
- Certo senhor Cedric.
Cedric foi cruel com a garota durante todo o tempo de sua aula. Detestava ser obrigado a ensinar para crianças e principalmente para uma de um reino que baniu a magia. Elizabeth por sua vez se esforçou para entender suas primeiras lições e fazer o mais corretamente possível odiando os olhares de reprovação a cada erro. Apesar de ter estudado magia ela sabia pouco mais que Sofia.

***

Elizabeth estava exausta. Já haviam passado dois meses. Sofia era adorável, mas não era o que ela precisava. O rei parecia sempre ocupado demais, ela mal conhecia a rainha, Amber pouco se importava e James era travesso demais para que ela o acompanhasse, mas o pior de tudo era ser constantemente humilhada por Cedric.
Ela misturava os ingredientes de uma poção, irritada, na esperança de que dessa vez Cedric não ficasse com "aquela cara de desaprovação". Apesar de tudo a garota queria agradar a todos, até a Cedric.
- Preste atenção no que está fazendo! - Cedric gritou.
- Estou prestando. - Elizabeth mentiu.
- Então você é mais idiota do que eu pensava. - Ele parecia se sentir orgulhoso sabendo mais que ela.
- Quer saber? Sabe qual o seu problema? Você adora ser o centro das atenções!
- Ora, sua insolente! Você só esta aqui por que não te quiseram no seu reino. Não passa de um fardo pra mim e para os outros. - Cedric respondeu e sorriu com crueldade.
- Você não sabe de nada! - Elizabeth gritou e saiu em disparada.
Ela encontrou um refugio escondida entra os livros da biblioteca. Odiava estar naquele lugar e tudo que queria era seu pai de volta. Cedric era cruel com ela sempre que podia e Elizabeth sempre tentava entender o que ela tinha feito de tão mal para merecer tanto desprezo.
Sua resposta veio com um homem velho que apareceu na biblioteca. Ele se aproximou de Elizabeth que escondia o rosto entre as pernas e chorava. O homem tocou seu ombro e a fez pular assustada. Seu rosto ainda tinha as marcas das lágrimas.
- Por que está chorando? Uma donzela tão bela não deveria estar neste estado. - ele sorriu.
- Não importa. Me deixe aqui sozinha, está bem? - Elizabeth respondeu malcriada.
- Ande, me conte. - ele insistiu.
- Certo. Cedric me perturba todo o tempo. Ele sempre é mau e parece que se diverte com isso. Não entendo o que fiz a ele. - Ela respondeu entre os soluços.
- Ah... Cedric... ele é uma pessoa um pouco complicada. Sabe, vivem comparando ele ao pai, que foi o feiticeiro real anterior, então ele se sente diminuído. Ele deve fazer isso com você por que está infeliz com sua própria situação, mas dê uma chance a ele, eu aposto que você descobrirá que ele vale a pena.
- Como você sabe de tudo isso? 
- Por que sou o pai dele. - o velho sorriu e sumiu em uma fumaça azulada.

Ela piscou surpresa ao ver que o homem sumiu e entendeu imediatamente que aquele era Goodwin o antigo feiticeiro real. Elizabeth se sentiu forçada a admitir que seu tio diminuía sempre Cedric citando Goodwin na frente de todos. 

- Não sei se eu conseguiria conviver com meu tio se ele ficasse me comparando a Amber ou Sofia...

Ela se sentiu culpada pelas palavras grosseiras que avia dirigido ao seu tutor e a pequena conversa a fez ver as coisas por outro angulo que não havia imaginado até o momento. Elizabeth precisava ter notas perfeitas para que o Rei não humilhasse ainda mais Cedric e dissesse que ele não era sequer capaz de ensinar.

Já haviam passado duas horas desde que eles haviam discutido e Cedric estava aparentemente cochilando em uma larga cadeira próximo a sua estante de livros de feitiço. Wormwood fez barulho ao ver a garota voltar.

Cedric, por sorte, não havia acordado com o farfalhar de asas e pios do corvo. Elizabeth se aproximou cautelosa. Pensava nas palavras do velho. Teria Cedric algo de bom no meio de tanta arrogância e crueldade? Ela o fitou e tocou de leve seu cabelo que lhe era tão exótico De olhos fechados Cedric quase não parecia aquele tutor malvado que sempre a criticava.

Então Elizabeth se aproximou mais e pode sentir a respiração dele. Tomada por um impulso colocou a mão delicada no rosto de Cedric e seus lábios macios e avermelhados tocaram os dele. Seu corpo foi tomado por um desejo tórrido e ela não pode conter um gemido baixo, quase inaudível.
Ela se afastou devagar. Não queria acordá-lo e ser pega naquele momento constrangedor. Colocou os dedos sobre os próprios lábios e riu incrédula.
- Meu primeiro beijo... - ela sussurrou. 
Virando-se rapidamente Elizabeth deixou aquele lugar e seguiu para seu quarto, pois a noite já havia tomado o céu. Deveria se preparar para o jantar, mas se sentia tão radiante e ousada, não conseguia parar de pensar no beijo que teve a coragem de roubar. Aquilo seria vergonhoso para uma dama como ela se fosse descoberto, mas fez seu coração bater mais forte.
Cedric abriu os olhos com certa surpresa. A garota não sabia que ele havia apenas fechado os olhos por alguns instantes pelo cansaço de tentar encontrar um feitiço para fazer o amuleto de Sofia desaparecer de seu pescoço e reaparecer nas mãos dele, ou algum que a transformasse em pedra somente por alguns minutos para que ele pudesse concluir seu plano.
Não acreditava que a garota tivesse feito aquilo. Ele era velho demais para ela, segundo suas próprias convicções, porém Cedric se sentia ótimo por ser o primeiro a beijar aquela donzela. Ele sabia que era atraente, mas não imaginou que a garota fosse se sentir atraída por ele, principalmente por ser uma princesa. 
- Primeiro beijo... - ele resmungou - Que garota louca. Talvez as coisas fiquem mais interessantes princesinha.