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História O segredo de Molly Hooper - Sete


Escrita por: JaneDi

Notas do Autor


Digam olá a Rosie.
E Fitzwilliam Darcy precisa de fraldas.

Capítulo 7 - Sete


 

Ela passou o dia na cama, a adrenalina, o cansaço, as dúvidas e toda a pressão hormonal dos últimos dias tinham levado a melhor sobre ela, então, aproveitando-se de seu horário reduzido no trabalho, Molly simplesmente deu-se ao luxo de descansar.

No seu apartamento, com seus lenções felpudos com estampa de corações e sem nenhum detetive a vista.

Como havia prometido, ele não discutiu mais suas razões e após certifica-se que fora apenas um mal estar de manhã cedo e que Sherlock estava bem, ela tinha ido embora juntamente com seu gato para o conforto da sua casa. Apesar de alegar que o afastamento era necessário para pensar um pouco, na verdade, tudo o que ela não queria fazer era pensar sobre isso

Mais tarde, naquele mesmo dia, seus passos eram vacilantes em torno da maternidade onde Mary estava. Segurava sua bolsa contra sua cintura e navegava nas áreas tranquilas e silenciosas do hospital. Ao contrário de si mesma, Mary era alguém entusiástica, extrovertida, o que era exatamente o oposto de sua própria personalidade, além do mais, John a amava e isso era o suficiente para Molly admirar a mulher. 

A primeira pessoa que viu, foi não outro senão John, apesar de parecer surpreso com sua presença, ele parecia um pouco suspeito, os olhos estreitos, as rugas se destacando ao redor dos olhos cansados e uma mancha roxa agora ao redor do olho machucado (isso irá durar por mais duas semanas, ela pode dizer).

Mas sem sinal da camisa ensanguentada. Um alívio.

“Ei Molly! ” Ele a saudou imediatamente, parecendo desconfiado. Ela temia por isso, passou o dia não querendo pensar no assunto, mas aparentemente John Watson ainda queria saber o que havia acontecido nas últimas 24 horas. Ela reprimiu o impulso inicial de dá meia volta e fugir.

“John! Como está Mary e a bebê? ” Perguntou com um sorriso amarelo, meio forçado e um tanto nervoso.

“Sim, tudo bem com as duas” ele disse rapidamente.

 “Algum problema? ”

John então olhou para ambos os lados no corredor que se encontravam e vendo que ninguém os observava abriu a parte de dentro da jaqueta. Molly olhou surpresa as barras de chocolate Dayre Milk, Snickers, KitKats e Wispa rechearem os bolsos internos fazendo um volume considerável.

Ela ergueu uma sobrancelha para ele.

“Para Mary” John se apressou em esclarecer, “não deixaram ela comer nada que não fosse prescrito pelo nutricionista, mas ela me pediu que eu fosse buscar algumas barras de chocolate para ela. O que me deixa em uma posição constrangedora como médico”

Molly não evitou rir diante do tráfico ilícito que John realizava. “Então ela está bem! ”

John riu sem graça, “muito bem, parto sem maiores complicações e Mary já foi transferida para o quarto agora pela manhã”

“E sua filha? ”

O médico abriu um lindo sorriso e qualquer vestígio de cansaço, após uma noite bastante agitada desapareceu por traz dos seus olhos brilhantes.

“Tudo bem com ela” ele respondeu, mas Molly pode ver toda uma reunião de amor, orgulho e carinho na frase “ ela está em alguns exames de rotinas e já estará no quarto, venha” ele disse a guiando.

O quarto todo branco, tinha uma iluminação ainda clara do fim da tarde e algumas flores espalhadas ao redor, dentro Mary olhou ansiosa para o marido.

“Você os trouxe John?” ela pediu já erguendo as mãos para o esposo, “Ah, oi Molly! ” Ela gritou alegremente quando a viu.

Apesar do rosto um pouco pálido, Mary parecia muito bem, considerando que a poucas horas tinha expulsado um bebê pela sua vagina.

Hum.

Era melhor ela não ter essa linha de pensamento considerando sua própria condição.

“Como você está? John não soube me explicar exatamente o que aconteceu, mas me disse que você tinha sido levada” ela continuou após rasgar uma barra de kitkat e enfiar na boca apressadamente.

Novamente seu estômago fez um salto e sentiu o rosto aquecer. Segurou a alça da bolsa com um pouco mais de pressão enquanto dava um sorriso amarelo, “oh, nada demais, você sabe... hum, eu fui levada apenas como refém e bom...”ela balbuciou nervosa, “eu estou bem agora, passou! ”

“Ah sim, eu vejo isso, John também já foi sequestrado por causa de Sherlock” ela disse com a boca cheia de chocolate, “duas vezes, eu posso ver um padrão nisso: você só é um amigo verdadeiro de Sherlock se tiver sua vida em perigo por isso” ela disse sorridente.

“Mary, por favor” John alertou revirando os olhos.

“Oh querido, vamos lá, você já foi e agora Molly e a senhora Hudson, eu estou em desvantagem aqui.... Greg!” ela saudou para o detetive investigador que acabava de fazer sua entrada, “você também já foi mantido como refém por causa de Sherlock?”

“hum, eu creio que não....” Greg respondeu cautelosamente enquanto jogava olhares duvidosos em direção a John.

Molly se absteve de responder sobre a época da “A Queda de Reichenbach”, segundo relatos do próprio Sherlock Holmes, Greg teve um rifle sniper apontado em sua direção. Hum.... ela podia entender a lógica de Mary.

“Eu acho que vou cortar esses chocolates Mary” John ameaçou, “eles não estão fazendo bem a você”

“Não ouse” ela o impediu, segurando os pacotes contra o peito, “eu estava morrendo por um desses aqui quando o meu médico disse que eu deveria só tomar as sopas eu que eles trazem” ela explicou para Molly e Greg, “mas depois de um parto de quatro horas eu *preciso* muito de qualquer tipo de chocolate ao leite que estiver ao meu alcance” ela disse dando mais uma mordida enquanto se recostava na cama com um rosto que parecia como se comesse um manjar dos deuses.

Eles trocaram sorrisos condescendentes.

Greg, que tinha sido o motorista de Mary para a maternidade na noite passada confirmou que fora Mycroft que havia o ordenado/pedido para que a levasse. Também tinha vindo visitar mãe e recém-nascida e agora estava ao lado de Molly, também a questionando sobre a noite anterior e se ela estava bem, sabendo que John e Mary estavam ouvindo, ela deu respostas vagas, na certeza que não era o momento de revelar nada. E então, foi com alívio que sua fala nervosa foi interrompida pela enfermeira que retornava trazendo finalmente a bebê.

Seu nome era Rosamund Mary Watson e ela era rosa, pequena e absolutamente perfeita.

Sem nenhum constrangimento diante da plateia, Mary a alimentou enquanto seus olhos esquadrinhavam seu pequeno corpo e John ao seu lado não tinha olhos para mais ninguém.

Uma linda cena de paz e amor.

“Olhando assim, dá até vontade de ter um próprio não é?!” Os pensamentos de Molly foram cortados por Greg que se aproximou dela, cruzando os braços e contemplando a cena.

Ela arfou por um instante, momento em que suas bochechas queimavam de vergonha, “eh... um, sim” ela conseguiu balbuciar. Greg lhe deu um sorriso bonito e então voltou a fitá-los. Graças a um momento (bastante constrangedor) Sherlock havia revelado há meses atrás que o detetive da Yard havia divorciado da esposa infiel, então ela bem sabia que o bonito inspetor estava solteiro.

“Até o momento em que crescem, tornam-se adolescentes rebeldes e grafitam os muros da cidade” ele completou como se falando para si mesmo, numa voz cansada que indicava que seu dia também tinha sido longo.

“Experiência própria? ” John perguntou em dúvida.

“Experiência própria de apreender adolescentes infratores” explicou.

John olhou para sua filha por um instante antes de responder, “bem, talvez, mas espero que seja esse o caso aqui”

“Não ligue para os meninos Molly” Mary alertou com um sorriso divertido vendo como perturbada ela estava se sentindo com essa conversa, e então voltando para sua filha, “você nunca seria pega pela polícia, mamãe vai ensinar tudo para você”.

Certo, ela deixou a estranheza dessa situação passar e considerar que sua vida era rodeada de pessoas um pouco loucas.

“Você quer pegar? ” Ela ofereceu já estendendo a menina em sua direção.

Molly foi relutante.

Oh, ela amava crianças, isso era fato. Mas ainda ela tinha segurado poucas nos últimos anos e, sobretudo assim, tão pequena e delicada.

Nos seus braços ela a recebeu e um misto de sentimentos se instalou no fundo do seu coração.

Tão pequenina e tão cheia de vida, fios loiros quase invisíveis despontavam da sua cabeça que remexia em seus braços.

Oh.

A gama de emoções não era explicável.

“Eu acho que já decidi quem será a madrinha” ela ouviu a voz de Mary e se voltou surpresa.

“Eu-eu?” Perguntou pega de surpresa.

Mary então olhou para John que confirmou com a cabeça, “não poderíamos pensar em ninguém melhor”

Ela poderia. Daria nome de pessoas muito melhores que ela, mas sensatas, práticas, ativas, vivazes, ela poderia listar na verdade, mas ela estava honrada e muito agradecida.

Molly Hooper, uma madrinha.

E olhando para aquela pequenina pessoa, ela bem poderia ver a linda menina que se tornaria e sabia que daria tudo para protege-la, assim como se fosse sua própria filha

Tal pensamento nessas condições era o mais improvável em sua vida, por que dali a pouco tempo ela poderia está segurando o seu próprio e só em saber disso fazia suas pernas tremerem e seu rosto suar.

“É uma honra, obrigada” ela disse baixinho para a criança um pouco emocionada, “espero merecer” adicionou ainda nos resquícios de não acreditar naquela oferta.

“Já está fazendo” John anunciou, “pelo menos muito mais que o padrinho”

O tom sarcástico não foi perdido.

“Só der algum espaço até que ele se acostume com a ideia” Mary conciliou, “você sabe que Sherlock lida com as coisas em seu próprio tempo”

“Sim, claro mas eu duvido que ele apareça por aqui, eu já liguei para ele e nem atendeu! ” John falou, no entanto não parecia chateado, antes mostrava um alento de ser muito bem conhecedor.

Greg, que tinha tomado um assento junto a um dos vasos de flores riu com a ideia, “será uma imagem única ver Sherlock segurando um bebê”

Ambos, John e Mary também riram e de repente Molly sentiu a costumeira sensação (muito comum nas últimas horas) de desconforto se instalando.

“Talvez ele queira fazer alguns testes nela? ” John riu.

“Sim, então tomem cuidado, Sherlock é muito bem capaz de confundi-la com um experimento”

“Sinceramente” John disse se sentando ao lado da mulher, “não espero que ele seja do tipo presente, apenas sei que Sherlock e crianças não combinam no mesmo contexto”

“Vocês estão sendo cruéis com Sherlock, meninos” Mary disse, “ele só não é bom com crianças”

“Mary, você lembra do pajem do nosso casamento? Archie? Por favor, ele comprou a obediência de uma criança com imagens de órgãos expostos de cadáveres, quem em sã consciência faz isso? ” John perguntou incrédulo.

“Ora, o importante é que funcionou! ” Ela rebateu.

John apenas maneou a cabeça, “de qualquer forma” e aqui ele suavizou o tom, olhando para sua filhinha nos braços de Molly “eu sei que Sherlock fará tudo o que tiver ao alcance para protege-la” ele disse enquanto segurava a mão de Mary e compartilhavam um sorriso

Molly engoliu o nó que se formara na garganta e começou a ninar a pequena Rosie, tentando, ao mesmo tempo gravar as últimas palavras de John:

Sherlock fará tudo...

E como se dando a deixa, Sherlock faz sua entrada, claro, para a surpresa de todos.

“Fico feliz que tenham tais pensamentos” ele disse fechando a porta atrás de si.

A pequena Rosie, então, de repente se tornou mais pesada nos braços de Molly assim que Sherlock a fitou e um calor profundo subiu sob suas faces. Tudo estava ficando pior e pior.

“Só estávamos falando a verdade, Sherlock” e John deu-lhe um sorriso afetuoso.

“E quais seriam essas verdades? ” Perguntou desconfiado.

“Que você será um ótimo padrinho” Mary disse com carinho.

“Há controvérsias” Lestrade apontou. Não passando despercebido o olhar venenoso de Sherlock em sua direção.

“O que há de desafiador em se ter uma criança? ” Sua pergunta não foi a ninguém em particular, mas ele estava definitivamente olhando para a menina nos braços de Molly.

“Que tal responsabilidades? ” John perguntou incrédulo, “manter uma casa segura, fazer com que cresça com saúde e se torne uma boa pessoa? ”

Sherlock parecia que tinha comido uma meia, talvez o pensamento o tivesse ficado enjoado com a ideia, ele engoliu, “eu posso fazer isso” mas sua voz não era muito certa quanto a esse ponto, “ser responsável, eu quero dizer” e para a muita surpresa dos presentes, Sherlock parecia emocionado. E ele fungou.

John e Mary trocaram olhares, “certo” John disse diante da reação improvável do amigo, “mas por enquanto, apenas os parabéns são bem vindos” ele disse.

Sherlock pegou a deixa e deu um breve beijo no rosto de Mary, e depois abraçando John, “parabéns John, pela sua filha”.

O médico o recebeu com um abraço forte, ter seu melhor amigo do seu lado nesse momento era a garantia de uma felicidade plena. O que mais ele poderia pedir?

 “Segure-a Sherlock” Mary pediu, a voz suave.

Ele franziu a testa olhando para a bebê. “hm, melhor não”  declinou, “a coluna vertebral ainda está muito sensível e realmente não deve ficar sendo....”

“Apenas segure Rosie, uma hora você terá que fazer isso...”

Sherlock iria protestar, abriu e fechou a boca, em uma rara amostra de incerteza, mas ele a olhou e então, como se tomado de uma alguma determinação acenou.

“certo”

E então, dramaticamente, tirou ambas as luvas de couro puxando deliberadamente cada dedo e as colou no bolso da calça;

Desamarrou o cachecol azul marinho e retirou o casaco Besltaf, dobrando em duas partes e depositando na poltrona do acompanhante;

Ajeitou as bordas do terno, retirou o Rolex e encaminhou-se até o vidro que continha álcool em gel. Pressionou a tampa e após o jato encher suas mãos, ele espalhou o gel, tendo o cuidado de lavar cada dedo e nó.

E então novamente, mais gel e repetindo a limpeza.

E novamente.

Na quarta vez, Molly podia ouvir as nuvens de irritação sobre John.

“Sherlock, já chega” ele pediu.

“Eu apenas estou me criticando que não há germes” falou rispidamente.

Mas cautelosamente ele se aproximou, as mãos atrás das costas e de repente estavam frente a frente, Rosie entre eles.

Sua garganta estava seca quando seus olhos a atingiram com aquela profundida desconhecida de azul e verde e então ele se voltou para a menina, ele piscou e então estendeu suas mãos para que Molly a depositasse.

E ainda estranhando a situação, assim o fez. Passar Rosie para seus braços. Ela notou um sorriso pequeno em Mary para eles.

Seguiu-se então um profundo silêncio de todos diante da visão que era Sherlock Holmes, de terno caro e reto como uma tábua, segurando um bebê. E quando ele abaixou seus olhos para ela, naquela sua maneira, Rosie se mantinha imóvel, ninguém ousou falar ou interromper.

Então, ele se preparou, abriu a boca e

_O importante é ter saúde. É o que dizem.

 

Oooooo000000000000000000000000000000000

 

O laboratório àquela hora zumbia de atividade. Processadores e centrífugas, computadores e ela para administrar e coletar os resultados. Dois estagiários rondavam as mesas e coletavam amostras, enquanto os técnicos faziam os laudos. Apenas mais um dia de rotina.

Apesar de gostar de ficar naquela atividade, Molly sentia falta do necrotério e já agora, diante de sua situação, nem mesmo havia a possibilidade de pedir a Mike Stamford o retorno ao seu posto na equipe de patologia. Sua vida agora era bebês e bebês e assim, toda vez que lembrava a si mesmo que dentro de sete meses ela seria uma mãe uma onda de ansiedade e euforia a invadia e ela mal podia acreditar.

E havia tanto ainda a considerar e planejar e então fazer. Ela havia pensado acerca do seu plano original de sair do país, no entanto, após descobrir que Sherlock já sabia sobre, o que faria agora?

Enquanto assim pensava, foi subitamente surpreendida com o barulho repentino da porta de acesso ao laboratório e então, haveria um dia em que seu coração não saltasse na visão de Sherlock vindo em sua direção, mas não seria aquele.

“Molly” ele anunciou seu nome, muito confiantemente como sempre.

“Sherlock?!” Ela respondeu incerta, como sempre.

“Preciso falar com você um momento” e apesar do pedido ser feito a ela, Sherlock olhou para as demais pessoas que simplesmente entenderam a dica e foram saindo apressadamente do laboratório, porta a fora. Curiosamente, apesar dela ser a chefe ali, as pessoas atendiam a Sherlock ao invés. Quando ele estava em causa, era um hábito.

“Vamos nos casar! ” Ele anunciou simplesmente ao se verem a sós.

Como?

Talvez ela tenha deixado cair um tubo de ensaio no processo.

Sherlock ergueu uma sobrancelha e tomou ar, “sim Molly, vamos nos casar” ele repetiu e colocou apressadamente, “estive pensando que a senhora Hudson pode reformar o 221A até meados de agosto, até o tempo do segredo nascer. Então podermos dispor de um duplex totalmente habitável e espaçoso para uma ... criança habitar, e eu posso converter o ex- quarto de John em meu laboratório então comprar um novo refrigerador, para estocar amostras e experiências. E partes de corpo também. ” Ele terminou de maneira ansiosa, mas ainda muito determinada.

Molly ficou abismada. Olhou-o fixamente, corou, duvidou e não foi capaz de expressar um pensamento. Mas aparentemente, isso só fez encorajar o detetive.

“Assim, bem, apesar do casamento ser uma instituição totalmente ultrapassada e carente de qualquer lógica” ele continuou em sua maneira afiada, “posso ajustar os papéis necessários para a próxima semana” e então ele pareceu fazer alguma consideração enquanto franzia o cenho, “isto é, se você preferir um casamento tradicional em uma igreja, com comida e convidados” ele terminou se esforçando para pronunciar o que parecia ser palavras vis para ele.

Graças a Deus ela já estava sentada, caso contrário ela teria tombado sobre os próprios pés.

“Sherlock.... Você está me pedindo em casamento? ” Ela perguntou para ter certeza enquanto sua cabeça rodava.

“Sim” e ele piscou esperando para que ela reagisse.

“Mas por quê? ” Pediu abismada.

Isso pareceu desconcerta-lo e como para provar isso, começou a andar pelo espaço entre as bancadas.

“Isso é obvio, Molly” começou e então suas palavras ganharam um ardor que ela conhecia bem como inerente a forma Sherlokiana de ser, mas através de suas palavras, e ela tinha essa capacidade de *realmente* ver Sherlock, ela podia perceber uma profunda preocupação e senso de dever nele “você terá....nós vamos ter, quer dizer... o segredo irá nascer e então os ajustes precisam ser feitos, burocracia a ser cumprida, planos de saúde, poupança, e as férias de verão, a faculdade e esse tipo de coisa” ele abanou as mãos ao ar, “e fraldas também terão que ser compradas” ele concluiu muito sério.

Ela mordeu o interior da boca e assentiu lentamente, “é por isso que você quer casar comigo? ”

“E por qual outra razão seria? ” Questionou impaciente.

Oh meu deus. Molly estava perdida. Se Jane Austen pensava que Fitzwilliam Darcy era o detentor da pior proposta de casamento do mundo, bem, ela teria que rever seus conceitos.

“Qual razão Sherlock? ” Ela pediu, “as pessoas não casam pensando em... em planos de saúde ou simplesmente fraudas” ela disse.

Agora era a vez de Sherlock parecer perdido.

“Como não? John passou as últimas duas semanas trabalhando em turnos dobrado para ganhar um pouco mais e poder depositar na conta conjunta com Mary. E fraldas são importantes, Molly! ” E ele parecia tão certo, tão absolutamente certo disso que ela sentiu pânico de repente ao perceber que ele teria certeza que ela diria sim e então casariam que o sangue começou a subir a sua cabeça.

“Mas nós não somos John e Mary, Sherlock” ela disse lentamente.

“Eu sou um homem e você uma mulher e então terá um bebê dentro de alguns meses, o que há de diferente? ”

“Eles se amam”

Sherlock, que tinha parado de andar e olhava fixamente seu rosto, recebeu sua resposta com clara surpresa.

“E-eles se amam e estão formando uma família por que querem isso e não por simplesmente estarem esperando um bebê feito numa noite em que ambos estávamos sensíveis e despreparados” ela continuou, pois apesar de profundamente decepcionada com essa proposta, Molly nunca seria indiferente a como Sherlock estava se preocupando, pois sim, ela podia imaginar como ele tinha vindo a formular tal ideia depois do encontro de ontem na maternidade e toda a conversa que se seguiu sobre responsabilidade. Ela poderia mesmo imaginar, ele, noite a dentro, com seu violino em mãos, tentando fazer o que era certo naquela situação.

Sim, casamento, uma casa, uma família.... Tudo o que mais desejava na vida. No entanto, não era justo, com nenhum dos dois.

Assim, seu olhar continuava fixo nela, e sabia que Sherlock estava a deduzindo, o quê ou com que propósito ela não sabia. E então ele parecia olhar para todos os lugares menos para ela.

“Eu vou ser pai, Molly” ele disse de forma baixa, voltando sua atenção aos documentos que antes ela estava trabalhando, “você me acusou de não me importar com você ou com o segredo, mas.... eu me importo, eu realmente me importo”

Oh.

Ela queria estar em um espaço aberto agora, onde ela poderia respirar profundamente, correr pelos seus pulmões e fazer o oxigênio circular pelo seu cérebro, pois Sherlock acabara de admitir, de falar que ele ia ser pai e seu coração inchou de orgulho e ainda outro sentimento, que a arrebatava, sempre quando estava com ele.

No entanto, ela não poderia fazer isso.

Ela se aproximou devagar.

“Sherlock, você sabe que as coisas não funcionam mais assim. Hoje em dia, as famílias, não precisam mais morar juntas” ela teve dificuldades em expressar seus pensamentos de uma forma que ele entendesse, “um pai e uma mãe, não precisam necessariamente está juntos para criar uma criança”

“E então? ” Ele perguntou, com seus olhos já sem o brilho de minutos antes, “o que eu faço? ”

Molly pensou um pouco, havia tanto que ele podia fazer, por ela e pelo filho dele. Mas ela tinha que ser realista, para o bem de ambos.

“Por enquanto teremos que esperar e...e depois podemos pensar a respeito de planos de saúde, férias e poupança” ela disse.

“E fraldas, Molly” ele  respondeu no que parecia ser um ponto importante para ele, "bebês precisam de fraldas"

“Sim, fraldas também"

 


Notas Finais


Estou particularmente feliz em atualizar antes do fim do mês e esse capítulo é dedicado a Mary Morstan, que merecia um final muito melhor na série (sim, ainda inconformada).

Outro motivo de felicidade são os comentários que vocês vem deixando, obrigada pela participação! E claro, sintam-se a vontade como sempre para postarem (ou não) suas opiniões ;)

Para registro, a proposta de Sherlock (muito romântica) foi inspirada diretamente do livro, se vocês foram olhar as sentenças e a reação de Molly é **exatamente** a mesma de Elizabeth, não é uma coincidência ou plágio, foi proposital para a história ;).

Para o próximo capítulo temos visitas médicas e o clã Holmes fazendo seus ajustes quanto ao futuro membro da família. E Sherlock continuará com suas preocupações fraldulescas.

Beijos e abraços <3


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