POV NICO
Isso não pode estar acontecendo. – repeti a mim mesmo. – talvez ele não tenha visto, talvez eu possa convencê-lo que foi só um reflexo.
A quem estou tentando enganar? É claro que ele viu. Agora ele sabe.
Corri, corri e corri o quanto possível para dentro da floresta e afastar a dor. Quando ela sumiu o suficiente, prestei atenção em meus lábios doloridos. Me joguei na clareira familiar e respirei fundo.
Seu cheiro de morango ainda queimava minhas narinas, seu beijo e suas palavras ainda estavam presentes em minha cabeça e nas reações do meu corpo.
Acho que nunca poderei esquecer como me senti ao contar a ele, sua alegria, seus olhos brilhantes e seu sorriso estavam gravados em minha mente. Quando ele me beijou, eu quase pude esquecer a dor intensa, aguentei o quanto pude para apreciar seu beijo, mas era impossível. Eu não era forte o bastante para aguentar tanta dor.
Era como se eu estivesse tocando em uma panela fervente, em ferro quente. A dor me fazia querer gritar e correr para o mais longe possível dele.
E foi o que eu fiz. Não só pela dor, mas porque eu estava me transformando sem nem dar conta disso. Ainda era cedo, olhei para o sol baixando no horizonte e conclui que isso tinha acelerado minha transformação. Temi que ficar perto dele me deixaria em forma animal o tempo todo.
Enquanto eu refletia o ouvi entrar na floresta e choraminguei. Corri para a arvore de Karen e entrei na casa me escondendo lá.
Quieto, sentindo a dor crescendo com sua proximidade, eu apenas espere e desejei que ele fosse embora.
POV WILL
Corri o chamando entre as arvores, mas ele não estava em lugar algum.
Parei ofegante em frente da arvore de Jacaranda azul apoiando nos joelho para recuperar o folego.
- você deveria voltar para o acampamento. – a voz de Karen soou perto.
A encontrei a minha frente, com o olhar preocupado e triste.
- você sabe. – conclui, ela não disse nada. – onde ele está?
- vá. – pediu.
- não posso. – confessei caindo no chão ao me sentar. – não posso deixa-lo mais, não posso deixar que ele pense que eu o odeio, que estou com medo ou qualquer coisa ruim. – coloquei as mãos no rosto. – sempre soube que havia algo, sempre o achei diferente e sua aura... Eu sabia, no fundo eu sabia. Achei sua flor e folha na cama dele, ele sempre está ausente durante a noite...
- se você se importa, então deveria ir e digerir tudo isso em seu tempo dando o dele. Está o ferindo da pior das maneiras, aqui. – ela apontou para o coração. – e aqui. – e depois para a cabeça.
Balancei a cabeça, incrédulo.
- por quê? Porque estou o machucando quando só quero faze-lo feliz?
Karen torceu o lábio com pena.
- quem fez isso a ele garantiu que isso não acontecesse. – ela suspirou. – vamos, é melhor você ir logo.
Olhei para casa da arvore acima sabendo que ele estava lá.
- sinto muito. – falei antes de me levantar. – por favor, diga a ele que estarei esperando quando ele estiver pronto. – pedi a Karen que assentiu com um sorriso leve.
- Ei, filho de Apolo. – ela me chamou enquanto eu andava para longe, olhei para trás a vendo me fitar com carinho. – estou feliz que ele tenha finalmente encontrado você.
Dei-lhe um sorriso fraco antes de voltar ao acampamento.
Eu também estava feliz por tê-lo reencontrado, mas naquele momento nossa relação estava frágil demais para ficar feliz.
Nico não apareceu (pelo menos perto de mim) pelos próximos três dias. Logo eu teria que voltar para a faculdade e não sabia o que fazer sobre isso.
Eu queria conversar com ele, dizer que ficaria por ele, lutara com ele por uma chance de existir um nós. Mas ele não aparecia.
Então em uma ultima tentativa enquanto os campistas faziam comemorações ao redor da fogueira, eu peguei meu violão, uma caixa de comprimidos analgésicos e fui para nosso lugar de costume na praia.
A lua estava alta naquela noite, cheia e brilhante. O céu estava limpo e havia muitas estrelas visíveis apesar da poluição de NY.
Sentei na pedra a qual já estava acostumado e fiquei ali um momento observando.
- espero que você possa ouvir essa canção e me dê a chance de conversar. – falei para a floresta.
De alguma forma, sabendo que ele ouviria eu comecei a tocar com todo meu coração e alma.
It's not that I'm afraid I'm not enough for her
It's not that I can't find the words to say
But when she's with him, she seems happier
And I don't want to take that away
How many times can I see your face?
How many times will you walk away?
I just have to let you know
I'm not tryna start a fire with this flame
But I'm worried that your heart might feel the same
And I have to be honest with you baby
Tell me if I'm wrong, and this is crazy
But I got you this rose
And I need to know
Will you let it die or let it grow?
Die or let it go?
It's not that I don't care about the love you have
It's not that I don't want to see you smile
But there's no way that he can feel the same
Cause when I think of you my mind goes wild
How many times can I see your face?
How many times will you walk away?
I just have to let you know
I'm not tryna start a fire with this flame
But I'm worried that your heart might feel the same
And I have to be honest with you baby
Tell me if I'm wrong, and this is crazy
But I got you this rose
And I need to know
Will you let it die or let it grow?
You can tell me stop if you already know
Though I'm not sure my heart can take it
But the look on your face says don't let me go
Não é que eu tenha medo que eu não seja o suficiente para ela
Não é que eu não consiga encontrar as palavras para dizer
Mas quando ela está com ele, ela parece mais feliz
E eu não quero tirar isso
Quantas vezes eu posso ver seu rosto?
Quantas vezes você vai ir embora?
Eu só tenho que deixar você saber
Eu não estou tentando iniciar um incêndio com esta chama
Mas eu estou preocupado que o seu coração possa sentir o mesmo
E eu tenho que ser honesto com você querida
Me diga se eu estiver errado, e se isso é loucura
Mas eu comprei esta rosa para você
E eu preciso saber
Você vai deixá-la morrer ou deixá-la crescer?
Morrer ou deixar pra lá?
Não é que eu não me importe com o amor que você tem
Não é que eu não queira ver você sorrir
Mas não há nenhuma maneira que ele possa sentir o mesmo
Porque quando eu penso em você minha mente vai a loucura
Quantas vezes eu posso ver seu rosto?
Quantas vezes você vai ir embora?
Eu só tenho que deixar você saber
Eu não estou tentando iniciar um incêndio com esta chama
Mas eu estou preocupado que o seu coração possa sentir o mesmo
E eu tenho que ser honesto com você querida
Diga-me se eu estiver errado, e se isso é loucura
Mas eu comprei esta rosa para você
E eu preciso saber
Você vai deixá-la morrer ou deixá-la crescer?
Você pode me dizer para parar se você já souber
Embora eu não tenha certeza que meu coração possa suportar isso
Mas o olhar em seu rosto diz, não me deixe ir
Quando terminei a musica pude sentir sua presença mesmo sem olhar.
- de alguma forma eu sabia que você viria desta vez. – falei me virando para olha-o. – é uma boa musica, não é?
Nico em forma de Felino estava parado imóvel como uma sombra há distancia no fim da floresta para praia. Sua distancia tão grande me magoou, mas eu respirei fundo e engoli a dor.
- sinto muito por não trazer nada para você comer hoje, acho que Quiron está cuidando disso, não é? – falei o analisando.
Ele balançou de leve a cabeça como se assentisse. Sua expressão era triste, seus olhos pareciam distantes e cheios de dor. Senti meus olhos marejar com a culpa.
- sinto muito por te causar dor. – disse falho pelo enorme nó na garganta. – eu só queria falar com você antes de... – engoli em seco. – tenho que voltar para Nova Roma Nico. – voltei meus olhos para ele que estava com os dele arregalados, as orbitas amarelas me fitando com um desespero contido. – eu sei, eu sinto isso também. – confessei. – não quero ir e deixar as coisas assim.
Nico parecia estático, seu olhar em mim era fixo e frágil. Respirei fundo para espantar as lagrimas.
- tenho até amanhã para decidir e – mordi o lábio. – queria conversar antes, se pudermos falar, os dois. – fechei a boca me xingando por falar bobeira. – desculpe, não quis... – ele rosnou me fazendo encara-lo incrédulo.
Ele estava nervoso, seus olhos agora fora do choque estavam estreitado para mim como se me xingasse mentalmente.
- não me olhe assim. – repreendi quase rindo. – você pode me xingar o quanto quiser amanhã. – me levantei com cautela, ele deu um meio passo para trás. Sorri tristemente. – vou te dar uma folga de mim. Boa noite Nico. – parei o fitando com tristeza, de repente ciente de que ele poderia não aparecer, poderia ser a ultima vez que eu o visse. – espero mesmo que você vá. Passo no seu chalé pela manhã.
Com isso virei às costas e sai sem aguentar mais ver que o estava machucando.
Aquela seria uma noite longa.
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