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História O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - Meu Mago Repulsivo


Escrita por: GegeXianle

Notas do Autor


Saudações, Andarilhos.

Eis mais uma parte da jornada.

Desfrutem.

Capítulo 15 - Meu Mago Repulsivo


Fanfic / Fanfiction O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - Meu Mago Repulsivo

Meu mago repulsivo

 

Escolhera voltar para casa com Etzel porque precisava tirar suas próprias conclusões.

Era o único modo de descobrir a verdade a cerca do mago e acerca de si mesmo.

Também admitia que sem Etzel estava sozinho, não podia confiar em todos, em tudo que ouvia.

Mas... Será que podia confiar em Etzel?

Tinha medo que a resposta fosse não e que estivesse de fato sozinho naquele mundo onde não podia dar o menor voto de confiança a ninguém.

Chegou na casa ao pé da montanha antes de Etzel e sozinho naquele quintal evocou suas asas brancas luminescentes e voou até a fenda em meados da montanha Damion.

Antes de sumir para o interior da fenda, viu Etzel chegar e atender três clientes que tinham vindo atrás de sua famosa poção do amor.

De maneira que Shou teve algum tempo para ficar sozinho, fez o caminho por dentro da fenda com um fio de luz do dia que penetrava por pontos onde a parte rochosa sofrera erosão e não tardou a achar as fontes cálidas.

Os vapores tornavam o interior da montanha um pouco abafado, as paredes revestidas em pedras e fragmentos de quartzo úmidas, como se transpirassem e estivesse viva.

Shou tirou as sandálias, deixou os pés imerso nas águas da fonte e tirou a camisa com botões de madrepérola que lembravam pequenas conchas, o manto com capuz que usara para proteger sua identidade na Aldeia de Hanja.

Suas asas estavam à mostra, ligeiramente fechadas sobre suas costas.

Ficou perturbado quando enfim o desalento que sentia se manifestou na forma de lágrimas, morna e levemente salgada, correndo pela face, por seus lábios que hora se apertavam, ora se entreabriam para exalar um suspiro que não conseguia controlar.

Três pingos mornos gotejaram por seu queixo e um pouco de seu cabelo azulado cobriu parcialmente seu rosto.

Ali, completamente só, tentou orar a Deus.

Porém, em sua alma vigorava um frio desolador.

Todas as suas súplicas pareciam cair na água, sendo dissipadas junto com o vapor das fontes termais.

Toda vez que tentava orar, era sempre em vão.

E desejava que a noite caísse, não sabia a razão.

Mas, desejava.

Não soube por quanto tempo ficou sozinho no interior daquela montanha.

Todavia, soube que Etzel estava por perto assim que as candeias pelo caminho daquela fissura foram preenchidas por chamas.

Shou não se moveu, estava de pé naquele instante, os braços cruzados frouxamente sobre o peitoral nu, seu cabelo úmido e pesado por horas exposto ao vapor caía por suas costas tendo suas asas agora devidamente ocultadas, apenas aquela marca como que tatuada marcava sua pele alva.

__Shou... Quanto tempo pretende ficar aqui?

__Eu quero que anoiteça... Que tudo fique denso e escuro... Quero ver as luas.

Etzel estava logo atrás de seu corpo imóvel e Shou respondeu olhando para um ponto distante e profundo da caverna, palidamente iluminado pelas candeias.

__Vai ver que sempre fui um anjo caído...__ Shou prosseguiu.__ Por isso me perdi tão longe do plano Etéreo.

__O fato de gostar da noite, não o torna um anjo caído.__ Etzel observou tendo a cautela de moderar o tom de brincadeira na voz.__ Ninguém é mal por preferir apreciar as luas, ou o céu noturno... Mas, eu sim... Eu fui mal com você, Shou.

__Diga porque.

__Não era para você saber sobre as ninfas... Eu pretendia esconder esse fato de você, mas Svena tinha que dar com a língua nos dentes... Aquela maga de araque!

E um tom de gozação maior vazou em sua voz ao depreciar Svena, Etzel fez uma careta e deu um passo cuidadoso na direção de Shou, descendo um pequeno acidente na formação rochosa onde pisavam.

__Não me importa o que você faz com as ninfas... Mas, me machuca pensar que queira fazer o mesmo comigo.

__Ah, Shou...__ Etzel se encostou perto de Shou, rindo inevitável.__ Em primeiro lugar, você sentiu ciúme da minha relação com as ninfas e nem percebeu! Segundo, está enganado... Não tenho com as ninfas o mesmo tipo de relação que tenho com você.

__Não negue que tudo se resume a sexo... Não ouse pensar que sou tão tolo, Etzel.

__Com elas... De fato, não passa de desejo carnal.__ Etzel falou mais baixo, deslizando o dedo levemente no contorno da marca em forma de asas nas costas de Shou.__ Não vou mentir... É uma orgia violenta das boas.

Sentindo o dedo de Etzel percorrer suavemente a superfície da pele, estremeceu de asco ao ouvir aquelas palavras.

__Mas, nós dois nem chegamos ao sexo... Será que isso é que na verdade te aborrece, Shou?

Não se virou por inteiro na direção de Etzel, meramente moveu de lado seu corpo e o fitou por um segundo ou dois de soslaio.

__Não fizemos sexo?__ Shou indagou aturdido.

__Aquilo que começamos no meu quarto e terminamos na sua cama? Não...__ Etzel deu os ombros a rir.__ Foi como uma brincadeira para descarregar o desejo... Masturbação.

Voltou a fitar a fonte termal adiante e não se sentia muito melhor em verdade, tornando-se sombriamente calado.

Etzel ficou atento as mensagens subscritas no silêncio de Shou, deu meio passo e de súbito beijou-lhe demoradamente o ombro nu, a pele quente e macia.

__Ficou frustrado, anjinho?__ O mago sussurrou.

__Você é... Repulsivo.

Tinha sentido um arrepio frenético que desceu de seu ombro através de sua espinha e sua voz também saíra cava como um segredo, o estopim da bomba relógio que havia no lugar do coração do anjo tinha queimado até o limite.

 

 


Notas Finais


Meus agradecimentos aos que não desistem da jornada em Antuerpéria.


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