1. Spirit Fanfics >
  2. O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) >
  3. Parte 2 Bertrand e as Crianças Contrárias

História O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - Parte 2 Bertrand e as Crianças Contrárias


Escrita por: GegeXianle

Notas do Autor


E como eu digitei na nota anterior, aqui está o segundo capítulo do dia.

Boa leitura!

Capítulo 30 - Parte 2 Bertrand e as Crianças Contrárias


Fanfic / Fanfiction O Segundo Anjo (Crônicas de Antuerpéria) - Parte 2 Bertrand e as Crianças Contrárias

Parte 2 

 

Prólogo

 

Era tão quente e aconchegante.

Não lembrava a última vez que tinha experimentado um sono tão profundo e perigosamente despreocupado.

Não acordou fortemente abraçado à sua espada dentro da bainha como de costume.

Ao invés disso, abriu os olhos ainda pesados pouco antes do amanhecer e percebeu Shou ainda dormindo recostado em seu peito, evidentemente de mau jeito.

Agora se lembrava que ele tinha sentado ao seu lado e dito que estava sem sono na noite passada.

O que mais perturbava Jang era seu próprio braço acolhendo o corpo de Shou junto ao seu, sua visão ainda se encontrava ligeiramente turva quando notou sua espada caída à beira de onde estava sentado.

Em raras situações se apartava de sua arma.

Voltou com seu olhar para Shou, sentia-se cada vez mais desperto, pendendo ao irritado.

Mas... Que aroma era este? Aproximou-se um pouco mais do cabeça de Shou docilmente encostada em seu tórax e aspirou-lhe o longo cabelo azul, tomou uma mecha em sua mão e teve certeza que cheirava a hibiscos-de-fogo.

Era como ter na mão um pedacinho de céu perfumado com cheiro de flor.

Trazendo de volta lembranças remotas praticamente esquecidas em seu âmago.

Sua mão moveu-se cuidadosa a elevar levemente a face de Shou pelo queixo, a pele corada pelo calor compartilhado por seus corpos tão perto, um dos lados da bochecha marcada pelas tramas do tecido de sua blusa.

As feições tão delicadas e por conseguinte perturbadoramente belas.

Longe de parecer o corpo gelado e convulso que tinha encontrado à beira do rio perto dali há cerca de pouco mais de dois dias atrás.

E esse estranho tentador escolhera ficar ao seu lado.

Quando Shou antes não passava de um ser sem nome, ferido e sem consciência... Jang também se sentiu veemente atraído por aquele corpo à sua mercê.

Observar quase demoradamente a nudez de um estranho preencheu seu íntimo de desejos proibidos também quase irrefreáveis.

Tão profundamente guardados em si.

Desviou seu olhar para a claridade sutil que penetrava pelo telhado esburacado e Jang suspirou ao passo que Shou se ajeitava ainda entregue ao sono junto ao seu corpo inquieto em tantos sentidos.

 

                                                                                              ********

  Bertrand e as Crianças Contrárias

 

Ainda pairava o frescor da manhã, um pouco mais tardia.

__Para onde estamos indo?

__O que você acha, Shou?__ Jang indagou impaciente, como se a pergunta soasse idiota.__ Não podemos ir ao encalço de uma criatura assassina se você está desarmado.

__Isso não responde exatamente ao que perguntei.

__Já vai saber... Não seja tão curioso.

E tão contrário ao seu tom de impaciência, Jang lhe sorriu por um minúsculo instante.

Às vezes, Shou não entendia os sorrisos de Jang.

Não conseguia interpretar seus significados, eram sorrisos repentinos e de pouca duração, como a luz bonita de um farol que de súbito some e reflete em outro lugar, distante do alcance de seu olhar.

Por vezes seu falar também soava ríspido, quase frígido e destoava com a intensidade de seu olhar que refletia uma amigável e breve ternura.

Num caminho demarcado por pedras, depois de um certo tempo de caminhada, avistaram uma morada.

Não era como as construções exuberantes e pouco convencionais da Aldeia de Hanja. Não havia pinheiros e vegetação sobre o telhado. Era uma construção feita com pedras não lavradas, o telhado feito de cedro e nem bem se aproximaram da única casa a vista naquele caminho, duas crianças vieram correndo na direção de Jang.

Shou que estava logo atrás deduziu no ato que elas o conheciam e que gostavam muito dele, deviam ter por volta de nove a onze anos.

Um menino um pouco mais sério que o olhava com admiração e uma menina de cabelos ondulados que o abraçou esfuziante pela cintura.

__Sae... Já disse para ter cuidado com a espada.__ Jang censurou ajeitando a espada presa à sua cintura, envolta na bainha.__ O que eu sempre digo a você?

__É que pensei que fosse demorar muito a voltar!__ Ela replicou sorrindo.__ Fiquei feliz em te ver!

Jang esboçou a intenção de um sorriso, mas em verdade apenas tocou a cabeça ruiva da menina com visível consideração.

__Jang! Já de volta por estas bandas?__ Um homem mais velho se manifestou a se chegar sem pressa.__ E quem seria seu amigo?

__Bertrand, é com você mesmo que preciso falar...__ E Jang olhou por três segundos para trás, a fitar Shou.__ Pode esperar aqui, Shou? Não pretendo demorar.

Shou sorriu desajeitado, seu lábio tremeu.

__Claro...

__Sae e Kim lhe farão companhia... Não é?__ Bertrand sugeriu e animada, Sae logo deu um jeito de se agarrar ao braço de Shou.

Já Kim, o garoto mais novo entre os dois irmãos apenas acenou com a cabeça em concordância com Bertrand.

                                                                               *********

Descobriu pouco depois que estava na entrada da Aldeia dos Contrários.

E aquele lugar fazia Shou pensar nas pessoas que existiam no planeta Terra, no mundo que conhecia criado por Deus. A casa na entrada da aldeia, aquelas duas crianças remetiam o anjo a uma nostalgia que ele nem sabia que era possível sentir.

 

Um tempo depois, Jang deixou a casa de Bertrand.

Trazia consigo um cavalo de pelagem marrom escura, exceto por marcas brancas sobre os quatro cascos, em seu lombo estava atrelado uma sela dupla. Conduziu o animal puxando-o pelas rédeas e acabou encontrando Shou sozinho à sombra de um carvalho.

Trocaram olhares, Shou sorriu ainda sem jeito porque Jang logo notou que o cabelo longo azul estava preso numa trança única ligeiramente frouxa.

__Foi a Sae... Ela pediu para trançar meu cabelo.

__Não me olhe assim tão sem jeito, Shou... Não ficou mal.

__Como foi com Bertrand?

__Nada além do esperado.

Jang puxou uma outra espada menor envolta numa bainha cor de castor antes presa a sela dupla no cavalo e jogou num movimento rápido na direção de Shou que a segurou no meio da bainha antes que caísse no chão de terra ou no caminho de pedras.

Evidente que tinha o conhecimento que era uma espada, mas Shou mirou-se a fitar Jang.

De modo algum podia considerar em tirar a vida de alguém com tal arma branca.

__Ao menos ficou menos parecido com uma garota.__ Jang sorriu acintoso.

__Não pretendo machucar ninguém com esta espada.

__E eu não pretendo que torne a se machucar.__ Jang rebateu.__ Na próxima paragem, eu te ensino como usar.

__Espero que não a extirpar lobos.__ Shou retrucou atrelando a bainha à sua cintura.

Jang ainda tinha um sorriso sagaz quando subiu no lombo do animal apoiando habilidoso o pé no estribo, tomando as rédeas.

__Pode ter ficado com dó do animal... Mas, bem que serviu para matar sua fome.__ Jang argumentou a estender-lhe a mão.

Shou segurou na mão estendida em sua direção, nunca havia montado, mas conseguiu dar impulso suficiente para conseguir montar no acento da segunda sela atrás de Jang.

__É melhor segurar em mim, isso está longe de ser um passeio.

__Jang... Você não perdeu o rastro daquele ser alado? Como sabe para onde devemos ir?

__Há rumores em que a criatura habita as ruínas de Ankh... Mas, algo me diz que ela não está muito longe.

Shou tinha uma impressão cada vez mais forte que Jang conhecia muito bem sua presa, a certeza na voz dele apenas confirmava que ele podia praticamente prever seus passos.

Segurou-se em Jang e ouviu sua voz comandar o cavalo juntamente com um movimento firme com as rédeas. O animal disparou com os cascos a se distanciar da aldeia, Shou teve vontade de olhar para trás, porém somente conseguiu agarra-se ainda mais forte em Jang.

O vento esvoaçava o cabelo ruivo que exalava um suave odor selvagem, toda a essência de Jang era edificada numa liberdade indômita, ardente e truculenta.

Uma trilha de poeira se ergueu enquanto se distanciavam a um novo destino.

 


Notas Finais


Depois eu vou mostrar para vocês o mapa que eu fiz dos lugares desse conto... Deixe só a estória se aprofundar mais um pouquinho, aí postarei o link para vocês visualizarem.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...